Hoje era um dia qualquer. Para falar a verdade não era um dia tão normal, por quê?Fazia calor. Um dia bem quente diferente de ontem que não agüentávamos de frio.

Eu estava na quarta aula, o que foi horrível porque ainda havia mais duas aulas para terminar essa sexta-feira. Era dez e vinte e aula de matemática.

‘‘Só mais dez minutos e bate o sinal. ’’ Pensei.

Pelo rosto dos outros alunos, não era a única contando os minutos.

Triim.

— Finalmente! – não dava para disfarçar minha alegria.

— De novo contando os minutos. – Erick disse em um tom de certeza.

— Eu? Nunca. – Menti.

— É claro que não, você ama matemática.

— Claro. – Sorri.

— Fala sério? – brincou.

— Detesto. – Falei aliviada, ele apenas riu. – Vou sentar com você hoje, está bem?

— Sem problemas. – Sorri-me novamente. – Agora vamos ter História, uma aula de verdade. – Ele deu um soco no ar, pois era a nossa aula favorita.

Assim que Erick sentou do meu lado, algumas garotas ficaram olhando com um ar de quem não acreditavam.

Bem, se eu estivesse vendo essa cena de fora, também não acreditaria. Erick estava entre os garotos mais lindos do quarto ano. Com seus cabelos encaracolados em um tom castanho claro, os olhos mel, que combinavam perfeitamente com sua pele branca e contrastava com sua boca em um tom rosa claro.

Quando cheguei à escola nem acreditei que ele foi o primeiro a falar comigo. Ele era o meu oposto, por isso que as outras garotas não acreditavam que nós dois podíamos ser amigos.

— Então, sobre o que será que vai ser a aula de hoje? – perguntou-me entusiasmado. – Tomara que seja sobre a Grécia. – Completou. Grécia era o assunto preferido dele.

— Não sei. Sobre a Grécia não foi na quinta-feira passada?

— Foi sim, mas o professor poderia retomar o assunto.

— Sei lá. – Falei indiferente.

Hoje o Erick usava roupas bem simples, o que quase nunca acontecia. Quando você não é obrigado a usar uniforme o seu estilo aparece. Suas roupas eram em geral sociais, mas hoje ele estava com uma calça jeans, all star e uma camisa vermelha.

— Porque está com essa roupa?

—Sei lá. – Imitou-me. Só que completou com um riso no final.

Não tinha reparado que o professor já havia começado a chamada, só quando a Jessye deu-me um sinal.

— Presente! – gritei, e todos olharam para mim. – Obrigada. – Falei para ela que retribuiu com uma risadinha.

Quando o professor foi apagar a lousa virei para trás para nós podemos conversar.

— Oi. – Minha voz saiu animada.

Surpreendi-me com o que ela estava vestindo. Jessye sempre usou cores marcantes, e que chamasse bastante atenção. No entanto, claramente estava para‘‘matar’’, com um vestido justo pink e com seus longos cabelos loiros presos no alto da cabeça.

— Aonde você vai? – perguntei.

— Há. – Riu ironicamente. – Depois da aula, vou sair com o Lucas. – Os dois eram perfeitos um para o outro, ele era zagueiro do time da escola, alto e loiro. – Não é demais? – perguntou-me.

— Claro que é. Você estava interessada nele a um tempão.

—Fala sério, assunto de menina! – Erick abaixou a cabeça.

— Hoje vai ter uma festa na colina, e o Lucas falou que queria ir comigo. Logicamente que eu disse sim.

— Mas essas festas são só à noite. Oito horas para ser mais exato. – Completou Erick.

—Eu sei. – Jessye nos olhou. – Mas vamos ao shopping antes.

— Jessye, no shopping mesmo? – perguntei desconfiada.

— É claro. – Ela revirou os olhos.

—Vamos prestar atenção na aula? – o professor disse, olhando para nós três. – Hoje vamos falar sobre mitologia, lobisomens para ser mais exato.

— Isso só pode ser brincadeira. – Coloquei o rosto entre as mãos.

— O que foi Selina? – Erick perguntou curioso.

— Lobisomens. Com tantos assuntos em História, tinha que ser sobre lobos?

— Mas é ultra-legal. – Erick em geral amava essas ‘‘coisas’’. Grécia, vampiros, monstros e até lobisomens. – Porque você não gostou?

— Gosto de coisas que são reais.

— E lobisomens não são?

— Você já viu algum? – ele ficou quieto. – Então, nem eu. Por isso não são reais.

— Está bem, mas mesmo assim é ultra-legal.

Jessye riu no fundo e eu bufei.

A aula de História passou bem rápida, pois quando me dei conta, nós três já estávamos no corredor, falando sobre a aula.

— Nossa, a aula foi muito legal hoje, não é? – parecia que Erick iria perturbar-me com o assunto de lobisomens o dia inteiro. – Você não gostou Selina?

— Claro, foi fantástica. – Tentei mentir para ver se ele mudava de assunto. Porém, foi em vão.

— Eu não sabia que lobisomens tinham magnetismo e que podiam controlar suas transformações. Sabe Selina, isso é importante.

— Muuiito importante. Principalmente se no meio da rua, eu encontrar um cara que vira um lobo. Sendo assim,eu não vou precisar sair correndo,porque ele pode meio que se controlar.

Jessye e eu começamos a rir.

—Há, muito engraçado. – Poderia jurar que ele havia ficado um pouco bravo.

— Então qual é a graça? – Lucas abraçando Jessye perguntou.

— Lobisomens. – Respondeu ela.

— E desde quando lobisomens são engraçados? – ele perguntou desentendido.

— Desde que Selina fala sobre eles. – Jessye falou rindo.

— Ata. – Lucas olhou, vendo em mim uma incapacidade de fazer piadas. – Tanto faz. Amor vou te encontrar na festa sete e cinqüenta.

— Mas nós não íamos ao shopping? – Jessye perguntou decepcionada.

— Não vai dar. Vou ter que ajudar a arrumar as coisas para a festa. Mas te recompenso depois. – ele deu um beijo na testa dela e saiu.

— Amor, vocês dois já estão assim?

— Qual é Erick, os deixa em paz. – Falei puxando o braço dele.

—Tudo bem, eu deixo eles.

— Vocês dois tem que fazer as pazes. – Jessye olhou para mim e para o Erick.

— Só vou fazer, quando ela admitir que lobisomens existam.

— Mas eles não existem!

— Então ta. – Erick saiu pisando duro, deixando Jessye e eu para trás.

— Você vai ter que admitir. – Empurrou-me brincando.

— Sei disso. Aff, odeio essa teimosia dele. Nem tudo que está nos livros existe.

— É, mas você sabe como ele é.

— Sei, na hora da saída falo com ele.

— Mudando de assunto, você vai trabalhar hoje?

— Não, mas tenho muito dever de casa. E um deles é uma pesquisa detalhada sobre lobisomens.

— Ahá!Viu só. – Parou olhando-me.

— O que? – não havia entendido nada.

— Lobisomens estão no seu destino. – Abraçou-me e começou a rir.

— Você também não. – Falei brava.