Um Conto de Fadas Diferente escrita por Karina Ferreira


Capítulo 7
Capítulo 6 - Trabalhar?!




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P.O.V Bella

“Eu estava sentada no que os caipiras pensam ser uma mesa de jantar.

Olhei para a caipirona que enfeitiçou o meu pai. Sim, porque só pode ser feitiço! A mulher não tem um pingo de classe, e muito menos senso de moda. Se veste com roupas largas, estampas ridículas e mega coloridas, cabelo amarrado para trás, e tenho certeza que nunca ouviu falar em maquiagem!

A coitada não chega perto nem da ponta do salto da minha mãe! Meu pai só pode estar cego!

– Quem vai querer comer? – perguntou a projeto de hippie

–EUUUU!!!! – todos à mesa se assustaram com o grito do gorila parado na porta.

– Que bom Emmett, entra! Alias, onde estava?

– No pasto – eu pensava que gorilas comiam bananas e não capim. Maldita professora de biologia que me ensinou errado!

– Pensei que só fosse chamar o Edward e já voltava – perguntou a mãe Joanna.

– Pois é, mas estava um fim de tarde tão bonito que resolvi voltar caminhando e admirando o por do sol – ele disse, lançando um olhar fulminante para o lesado do pintinho pequeno a minha frente.

A projeto de hippie/bruxa começou servir uma gororoba.

HAHÁ, você já deve estar pensando que é mais uma das minha implicâncias não é mesmo?

ERROU COMPLETAMENTE!

Ta vendo como só pensam mal de mim?

Realmente era uma gororoba. Um negócio amarelo e mole com molho de carne por cima.

Quando chegou em mim, ela me serviu e pude examinar melhor o que era.

CREDO! Parece cocô de cachorro com diarréia. QUE NOJO!!!

Olhei para o lado e vi Alice e Rosalie tão enojadas quanto eu, mas com certeza por educação elas iriam comer. Claro, porque elas são as filinhas bonitinhas, educadinhas e certinhas do Carlise, que fariam tudo pela felicidade dele! Me poupe, né?

Eu sou educada, mas até educação tem limites! Vou comer essa gororoba só por educação? Há!

Eu definitivamente NÃO vou comer isso!

– Que coisa é essa? – perguntei, com a voz e a cara demonstrando o máximo de nojo que podia. Dane-se a educação com esse projeto de hippie que fez meu pai me arrancar da minha preciosa selva de pedra.

– É angu, querida – a feiticeira respondeu docemente, achando que iria conquistar minha confiança. Bem, só nos seus sonhos, querida!

– E de qual diabo se tira isso? - perguntei rudemente.

– Onde moramos é chamado de polenta Bella, e é feito com fubá- meu pai quem me respondeu

– Polenta? Eu não vou comer isso! O Fluck, quando estava prestes a morrer, defecou uma coisa igualzinha a isso! – eu nem tentei me conter, até porque meu cachorro Fluck realmente defecava algo parecido com isso.

Alice e Rosalie que tentavam disfarçar a cara de nojo ao enfiar uma colher na boca cuspiram de volta e tomaram desesperadamente um copo de água, como se quisessem lavar a boca. BEM FEITO!

– Isabella! Isso são modos de se comportar a mesa? – meu pai gritou. Eu olhei a minha volta e todos me encaravam indignados. O que foi que eu fiz de mais? Nada!

E para comprovar isso, o gorila continuava comendo, completamente alheio a nossa presença.

– Estou mentindo? – perguntei – Disse e repito. Não comerei isso! – meu pai me fuzilou com o olhar. Sério, ele não sabe respeitar gostos diferentes não? Eu NÃO gosto da aparência, do cheiro e de quem estava servindo o troço, então NÃO VOU COMER! Difícil de entender?

– Calma querido, se ela não quer comer não precisa. Temos outros pratos além do angu – a feiticeira saiu e em questão de minutos estava de volta, trazendo em uma bandeja o que eu julguei ser um frango assado. Se ela ainda quer conquistar minha confiança, já vou dizendo que nem bajulando vai dar, muito menos bajulando com isso.

A projeto de hippie depositou a bandeja na mesa e o gorila praticamente se jogou em cima. Credo, que falta de educação desses caipiras! Urgh!

Quando conseguiram salvar um pedaço, me serviram.

– Urgh, o frango esta duro! – que ódio, que ódio! Vou morrer de fome ou de indigestão desse jeito!

– Isso não é frango Bella, é galinha. A carne é um pouco mais dura mesmo, devido a falta de remédios - a bruxa me explicou.

Olhei tristemente a minha volta. Não estava acostumada com isso e não iria me acostumar nunca!

Encarei os caipiras. URGH!!!

Será que nunca ouviram falar em garfo e faca? Eles comem com colher e mão!

QUE NOJO, QUE NOJO, QUE NOJOOOOO!!! E só para deixar bem claro... QUE NOJO DE NOVO!!!

Já sei o que esta acontecendo!

Morri e vim parar no inferno! Mas por quê? Sempre fui uma garota tão boazinha!

Vou recorrer da decisão do juiz!

...

Tive uma PÉSSIMA noite. Eu estava escutando um barulho incômodo. Meus olhos foram abrindo com dificuldade, só para identificar que o barulho vinha da porta do quarto imundo que me obrigaram a dormir.

Coitadinha, a estavam espancando.

Levantei me arrastando e abri a porta, encarei uma Alice sonolenta do outro lado. Ela SIM que estava parecendo um zumbi! Se eu não estivesse com tanto sono teria gritado de medo.

Detesto zumbis! São cheios de olheiras e a pele é horrível!

– O que você quer? – perguntei mal-humorada e sonolenta. Sem sono + sem conforto + SEM CIDADE GRANDE = Mal humor permanente. Simples assim.

– Papai mandou te acordar – se escorou na porta com os olhos fechados. Será que dormiu novamente?

– Por quê?

– Porque estão tomando café da manhã – ela murmurou sonolenta. Aliás, parecia mais um gemido. Além das olheiras e do péssimo humor, fala indistinta é um dos sintomas de uma noite mal dormida.

Caramba! Eu dormi demais?

– Que horas são?

– 5:30 da manhã – O QUÊEEEEEEEEE?!?!?!

– Você esta brincando comigo, não é? - só pode! Me acordar às 5:30 da manhã é pedir um atestado de óbito pendurado na sua porta.

– Bem que eu queria, mas não. Realmente estão tomando café. O dia por aqui começa cedo – bocejou – Gente doida, o sol nem nasceu ainda – ela se espreguiçou.

– Feliz por estar aqui maninha? Fala pro seu pai que eu não vou descer coisa nenhuma! Eu vou é dormir! – Bati a porta na cara dela e pulei na cama.

– Ele disse que se você não descer em 5 minutos ele vem aqui te buscar e te leva do jeito que estiver – ela gritou enquanto sua voz ia se afastando. Depois dele ter me trazido até aqui acorrentada, eu não duvido nada que ele realmente me carregue lá pra baixo sem passar sequer um gloss.

– Droga! Fala para ele que eu já vou! – gritei irritada, enfiando a cara debaixo do travesseiro.

Fui me arrastando para o banheiro. Arrumei-me e desci a maldita escada.

Já estavam todos terminando o café. Os rapazes e a feiticeira estavam bem dispostos, meu pai estava com sono, mas não deixava transparecer muito.

Rosalie estava com olheiras e toda mole, mexendo preguiçosamente uma colher dentro de uma xícara que julguei ser café. Alice dormia em cima de um prato de mingau.

Sentei e me escorei na mesa. Talvez eu também conseguisse dormir, sem o mingau, claro!

– Bom dia Bella! – a feiticeira falou eu mal abri os olhos.

– O que tem de bom nele? – para mim nada – Por que estamos sentados aqui enquanto poderíamos estar dormindo? – me dirigi ao meu pai

– Por que este é o horário que nossos anfitriões levantam para trabalhar, e como estamos na casa deles temos que nos adaptar ao modo de vida deles. A propósito garotas, nesta casa todos contribuem trabalhando de alguma forma, e nós não seremos diferentes. Vamos todos trabalhar na fazenda! – ele disse animadamente.

– SÊ TA TIRANDO ONDA COM A MINHA CARA?! – gritei e todos de assustaram

– O quê? Cadê a onda? É um tsunami?- Alice acordou assustada

– Volta a dormir no mingau! – empurrei a cabeça dela de volta para o prato

– Pai! Não sabemos fazer nada! – Rosalie acordou e ficou animada! Mentira! Ela adorou a idéia tanto quanto eu. Embora elas ainda queiram a felicidade do papai, a educação de Rose e Alice vai até aonde o esforço é físico.

– Eu sei disso Rose, mas vamos ajudar assim mesmo. Os garotos já até se ofereceram a ensiná-las – Carlisle ainda achava que iria nos convencer.

– Não vou fazer nada! – falei cruzando os braços, como se já não bastasse me obrigarem a vir para cá agora vão querer me fazer de escrava? Caipiras abusados!

– Aqui, quem não trabalha não come. Somos como um formigueiro, trabalhamos em equipe! – o caipira de cabelo ensebado falou. Blá blá blá...

– Edward! – a bruxa o repreendeu.

– Estou mentindo? É assim que sempre fizemos! – ele rebateu

– Tudo bem Esme, Bella seguirá as regras da casa – meu pai ficou louco? Deve ser o cheiro do campo afetando o cérebro dele.

– Seguirei? – falei, com uma sobrancelha erguida. Só não erguei muito por conta do sono.

– Você escutou o que Edward disse, sem trabalho, sem comida! – falou achando que assim me convenceria

– Estou mesmo precisando perder alguns quilos... – Todos me olharam. Tão olhando o quê? Esperando eu mudar de idéia? Pois sentem, esperem e olhem até seus olhos secarem e caírem, pois até eu aceitar essa loucura de trabalhar 2012 já vai ter chegado e não vai ter fazenda mais pra trabalhar! o/ Pensando bem, não vai ter mais shoppings, nem boates pra eu ir com as minhas amigas... Ah, deixa prá lá! Resumindo, eu não vou trabalhar nesse fim de mundo NUNCA!

– Quando a fome bater ela muda de idéia! – meu pai falou como se eu não estivesse presente – Agora quem vai ensinar quem? – os rapazes me olharam com uma cara de “eu não quero ficar sozinho com essa louca!”

(DE VOLTA A REALIDADE)

– Na verdade Bella, era cara de “eu não quero ficar sozinho com o demônio” – Emmett me corrigiu.

– Emmett, cala a boca! Só você para ter esse tipo de pensamento! – o mau-humor que eu estava na história me contagiou.

– Na verdade Bella, eu pensei exatamente a mesma coisa – fuzilei Jasper com meus olhos e ele se encolheu todo com medo do meu olhar.

– É... , vamos voltar a historia? – ele disse amedrontado

– É melhor mesmo!

(DE VOLTA À HISTÓRIA)

“- Que tal um sorteio? – sugeriu Edward

O caipira saiu correndo e em seguida voltou com uma caneta e papel na mão

– Vai me enganar que você sabe escrever? – zuei. Embora isso fosse brincadeira, eu ainda estava curiosa para ver se era verdade.

– É claro que sei! – se zangou. Depois voltou a escrever.

Me levantei e fui conferir de perto se ele realmente sabia e... *o*

Abri a boca em surpresa. E não é que ele realmente sabia escrever? E contrariando o que eu imaginava, tinha uma letra até que bonita, devo admitir que mais elegante que a minha.

– Algum problema Bella? – perguntou me encarando com um sorriso torto zombeteiro. Ridículo!

– N-não, NÃO! CLARO QUE NÃO! Estava cansada de ficar sentada, então levantei para esticar um pouco as pernas – fingi fazer alongamento – Mas, continue, continue, finja que não estou aqui – continuei meu exercício, fingindo que nada havia acontecido. É uma saída meio tosca, mas foi o que eu encontrei.

– Muito bem gente, o negocio é o seguinte. Tem o nome das três aqui dentro desse saco e cada um tira um papel – Jasper e Emmett se encararam nervosos – Emmett você é o primeiro – o bobão se aproximou relutante.

– MINHA NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, ME AJUDE PELO AMOR DE DEUS!!! – depois de gritar essas palavras absurdas fez sinal da cruz e enfiou a mão no saco tirando um papel. Em seguida assoprou três vezes e levantou o papel para o auto como se o apresentasse a Deus. Esquisito esse caipira, hein!

–Lê logo essa porcaria Emmett! – Edward se irritou. Tenho que simpatizar com ele, também já estava ficando irritada.

– Calma Edward, estou pedindo proteção – finalmente leu (para a minha surpresa mais uma vez) – ISSO! ISSO! ISSO! VALEU SENHORA, BRIGADÃO PELO LIVRAMENTO! Depois eu juro que dou o testemunho da graça concedida! – só faltou ele começar a fazer uma dancinha da vitória.

– Quem você tirou Emmett?

– Rosalie – falou mostrando o papelzinho

– Sua vez Jasper – o esquisitão relutou em enfiar a mão e... pelo amor de Deus, aquilo na testa dele é uma gotícula de suor? Parece até que tem algum bicho dentro do saquinho.

– Tira logo Jasper! – Edward falou. O estranho olhou para Emmett, que estava com um sorriso enorme no rosto, como se estivesse pedindo ajuda.

– Pede proteção. Tô falando, funciona - o gorila falou, como se fosse um sábio.

– Sem palhaçada você também, tira logo essa porcaria desse papel! – Edward finalmente se irritou e Jasper engoliu seco. Ele enfiou com todo o cuidado a mão no saquinho e quase cagando de medo leu o papel.

– ALICE! – quase gritou respirando aliviado.

Encarei o caipira a minha frente que sorria vitorioso, enfiou a mão no saco e tirou o ultimo papelzinho sem quebrar o olhar ameaçador que mantinha sobre mim

– Isabella – disse me mostrando meu nome

Agora quem engoliu seco fui eu!”

DE VOLTA A REALIDADE...

– Êbaa, agora a historia começa a ficar legal! – Emmett falou, todo empolgadinho.

– Você diz isso porque não era você quem sempre estava na linha de tiro! – Edward reclamou, ranzinza.

– Nem vem Edward, eu sofri bem mais na sua mão do que você na minha – eu tinha que me defender. Não vou deixar ele ficar fazendo o papel da vitima sempre, não é justo!

– Vamos fazer o seguinte, Edward. Vocês contam cada um a sua versão e depois nós vemos quem sofreu mais ok? – Alice realmente quer ver este livro pronto, não deixa a gente se dispersar um minuto se quer.

– Tudo bem então, mais eu começo! – como se começar fosse mudar alguma coisa!

– Tá bom Edward, fala que eu te escuto – Alice falou, pronta para escrever.

E lá vamos nós de novo ouvir mais lorota sobre mim! Ninguém merece!

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