Quimera escrita por Reky


Capítulo 9
Segredos


Notas iniciais do capítulo

...
O próximo fim de semana veio rápido, hein?
...
Hehe.
Okay, piadinhas infames à parte, estou de volta depois de quase nove meses de gestação deste capítulo, mas ele finalmente nasceu! (achei que eu tinha dito que as piadinhas infames tinham acabado...). Ai, como foi difícil organizar as ideias na cabeça!
Acho que perdi o jeito desse negócio de escrever coisas, então, se o capítulo tiver saído um lixo e tiver ficado estranho, sinto muito mesmo ): Faz quase sete meses que não escrevo ~absolutamente~ nada. Perdi o jeito, agradeçam à faculdade (e à vida!)!
Enfim, espero que gostem!
((ELE FICOU GRANDE, GENTE!))
Beijos e boa leitura!



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Ela não consegue saber exatamente o quê, mas Rose tem certeza de que algo a desperta. Não é como quando se acorda naturalmente depois de dormir a noite toda, espreguiçando-se enquanto ouve os passarinhos cantarem do lado de fora. Contudo, também não é como o súbito levantar arfante após abrir os olhos quando se tem um pesadelo.

Rose não sabe diferenciar, afinal, o que há de tão diferente neste despertar do que entre todos os outros de sua vida, mas há algo que a incomoda. Dessa forma, seus olhos tremulam levemente e, quando se abrem para o mundo ao seu redor, é como se tudo ficasse mais claro e ela pudesse saber todos os segredos do mundo.

E então ela está gritando.

Ela está em chamas. Seus dedos formam bolhas. Suas pernas estão carbonizadas. Seus cabelos encolhem-se e enegrecem em sua cabeça e, de repente, não há nada mais que tufos de penugem onde antes as madeixas ruivas se encontravam.

Um grito escapa de sua boca, mas Rose não consegue se mover. Como ela gritara sem se mexer? Rose abre os olhos. Ela está em um lugar escuro, sim, mas iluminado. Uma luz azul, quase prateada, entra pelas frestas das janelas acortinadas da Ala Hospitalar e, pela primeira vez, ela se dá conta de que estava sonhando. Mas tudo parecia tão real... A dor, seu medo...

O que diabos está acontecendo comigo?

Malditos terrores noturnos.

Algo se mexe ao seu lado. Rose se encolhe em seus lençóis, sentindo o corpo latejar quando se movimenta. Há quanto tempo ela estava deitada, em uma só posição? Era como se seus músculos tivessem atrofiado. Ainda tentando se esconder, ela não consegue conter um pequeno gemido que sai de seus lábios e a figura para, virando-se lentamente para ela. Rose prende a respiração.

"Maddie?" Murmura, surpresa, a voz mal saindo.

A mulher de orbes loucos abaixa a cabeça para olhar na direção da menina encolhida na cama. É um pouco difícil dizer com a iluminação escassa do lugar, mas Rose acha que vê uma grossa trilha de lágrimas na face de Maddie, que a encara com desalento e desespero. Um olhar vazio.

E louco.

Onde está Madame Humphrey?!

A enfermeira nunca permitiria que Maddie entrasse na Ala Hospitalar, para não incomodar os pacientes. Rose olhou por cima dos ombros para o restante do salão, mas todos os outros leitos estavam vazios e não havia sinal de Madame Humphrey. Que horas seriam? Estaria ela no jantar? Ou já era de madrugada? Rose não tinha a mínima ideia.

Ela queria gritar. Nunca admitira aquilo para ninguém, mas Rose tinha pavor da mulher. Era algo infundado, é claro que sabia disso, pois Maddie jamais havia feito mal a uma mosca. Porém, desde que Rose balançou a cabeça. Evitava pensar no ocorrido, já que, desde então, sempre que Maddie a via pelos corredores, seus olhos castanhos a perseguiam com uma fixação que enchia Rose de calafrios.

Naquele momento, porém, a mulher a encarava com um desprezo que a espantava. Atrás da camada de loucura naqueles olhos, de alguma forma Rose conseguia ver uma sanidade muito bem fundada e que estava mais do que disposta a acabar com ela.

"Maddie, o que você...?"

Ele não me quer mais A mulher murmurou, levando as mãos para perto do rosto. Olhava por entre os dedos como se pudesse ver um outro mundo ali.

"O quê?" Rose perguntou, confusa.

"Ele não me quer mais..." Ela disse novamente e, agora, seus olhos se fixaram na garota encolhida na cama. "Ele não me quer mais e é tudo culpa sua!"

Antes que Rose pudesse perceber, as mãos de Maddie se encontravam em volta de sua garganta, apertando-a. Rose engasgou com o pouco de ar que tinha em seus pulmões, agitando-se na cama enquanto sentia sua visão girar. Debatia-se, tentando empurrar a mulher para longe, mas ela tinha uma força colossal para alguém que aparentava ser tão frágil.

"L... Lar... Gue!"

"Você viu! Você descobriu! Você sabe e, ainda assim...!"

"M... Mad...!"

"Não me chame assim!"

E, então, ela a solta. Rose tosse, arfando para recuperar o ar que lhe faltara naqueles excruciantes segundos, apertando o pescoço como se ainda sentisse as garras de Maddie lentamente a matarem. Quando finalmente criou coragem, levantou os olhos para a mulher que ainda se encontrava ao seu lado. Ela estava parada, letárgica enquanto olhava novamente para suas mãos.

"Eu..." Ela começou, e mais lágrimas começaram a jorrar por seu rosto. "NÃO! Desculpe-me, perdoe-me, eu não queria... Eu..."

Rose percebeu que Maddie não falava com ela, mas com alguém dentro da própria cabeça. Um calafrio perpassou suas costas e Rose lembrou-se claramente dos sonhos com a fênix negra e com a voz que lhe atormentava há anos...

Alguma coisa não estava certa, e não era só com ela.

Um barulho as assusta e Maddie sai correndo da Ala Hospitalar como um rato foge do gato. Não mais do que segundos depois, Madame Humphrey entra pela porta e quase cai para trás ao ver Rose sentada na cama.

"Senhorita Weasley!" A enfermeira adiantou-se naquela direção e apoiou uma chaleira em cima do cômodo ao lado de Rose. Depois de checar a temperatura da garota, perguntou. "Como está se sentindo? Meu Deus! O que é isso em sua garganta?!"

"Nada," Rose falou antes que pudesse evitar. Surpreendeu-se consigo mesma, mas as palavras simplesmente jorraram de sua boca como se ela não tivesse controle algum. "Acho que me machuquei durante o sono, só isso."

Madame Humphrey a encarou desconfiada.

"Tem certeza disso? A pessoa que te amaldiçoou deve ter tido um motivo para fazer isso. Não me espantaria se..." A enfermeira deixou a frase no ar, como se percebesse que falara demais. Se tentassem te matar, também. "Tem ideia de quem poderia ter feito isso com você, senhorita Weasley?"

Mas Rose estava muda, atônita com tantas informações. Primeiro, Mad Maddie quase a matou. Então, ela descobriu que havia sido amaldiçoada. Desde quando? E, além disso, poderia ter mais alguém tentando matá-la? E quem era ele?!

Maddie estava trabalhando para alguém que estava tentando matá-la? Mas isso não fazia sentido Ninguém tinha motivos para querer acabar com sua vida. Durante três anos, Rose tentara se manter fora dos radares de todo mundo, como alguém cultivaria um instinto assassino por alguém como ela? Rose não havia magoado ninguém, que ela soubesse...

A imagem de Scorpius Malfoy foi a primeira coisa que lhe atravessou a cabeça. Imediatamente, a garota dispensou o pensamento absurdo. Scorpius podia odiá-la por tudo que havia feito a ele anos atrás, mas vontade de matá-la? Rose duvidava muito...

Quem, então?

Rose não conseguia pensar direito, não com a imagem do olhar assassino de Maddie ainda gravado em sua mente. Ela precisava descansar... Ela precisava...

Rose apagou sem ao menos responder à pergunta de Madame Humphrey.

Neline boceja ao lado dele e James revira os olhos pelo que parece ser a décima vez em menos de três minutos. A garota está mais para lá do que para cá, querendo ferrar-se no sono, mas não arreda pé do posto de observação que os dois instalaram em um dos corredores da escola. A ideia parecia brilhante algumas horas atrás, mas agora James se perguntava como pudera ser tão estúpido.

Montar guarda para ver se há algo suspeito pelos corredores de Hogwarts. Ha! A Quimera já não era o bastante?

(Mas a verdade é que ele era muito orgulhoso para admitir seu erro)

Já passava da meia-noite, o toque de recolher há muito já havia soado. Quando Neline solta um ronco ao seu lado, James a cutuca com o cotovelo ossudo sem temor algum nas costelas, fazendo-a estremecer.

"Se estiver com sono, vai dormir no seu quarto. Seus roncos estão me atrapalhando! Não consigo ouvir os passos!"

"Que passos? Não há ninguém andando por aqui a essa hora, seu doido."

James bufa.

"Se já desistiu, é melhor ir embora. Vou ficar aqui."

Neline o encara por alguns segundos antes de subitamente se levantar, a cara amassada de sono agora com uma ruga de irritação entre os olhos.

"Ótimo! Boa sorte em ficar plantado aí por mais oito horas, seu Bananão!" E sai pisando duro em direção à torre da Corvinal.

"Isso nem é um xingamento, sua imbecil..." Ele responde para ninguém em especial.

Os ponteiros do relógio parecem não se mover, embora horas já tenham se passado desde então. Filch já passara por ali algumas vezes e, cerca de duas horas atrás, um casal de Monitores também, e James teve de se esconder atrás de uma das armaduras. Contudo, já fazia um bom tempo desde que vira a última movimentação e o sono começava a espreitar seus pensamentos. Isso sem contar que aquele plano fora a pior escolha de sua vida (Ei, Neline! Por que não nos sentamos em um corredor completamente aleatório da escola e esperamos por alguém suspeito passar?!). Mas James não se deixaria vencer - seu orgulho era muito importante e Neline ficaria impressionada ao saber que ele aguentara a noite inteira.

Não que ele quisesse impressionar Neline. Enfim...

.

.

.

.

.

.

.

James acordou com seu próprio ronco. Imediatamente, ele levou às mãos à boca, como se assim pudesse disfarçar, mas lembrou que estava sozinho em um corredor qualquer de Hogwarts e que não havia vivalma ali que se importaria com seus roncos.

Mas então ele ouviu um passo. E outro passo. E outro. E mais outro.

Merda! Ele grunhiu, levantando-se para se esconder novamente atrás da armadura. Não fazia ideia de como não fora pego pelo breve instante que cochilara (ele não sabia, mas havia sido mais de meia hora), mas não iria mais pôr a sorte à prova.

Tarde demais.

"Quem está aí?" Alguém perguntou do outro corredor. A pessoa deveria estar perto da esquina que ligava ele ao que James se encontrava. "Eu sei que você está aí!" A voz estava cada vez mais perto, até que James percebeu que a pessoa havia parado bem em frente a sua armadura e apontando a varinha com a ponta iluminada em sua direção. Ele suspirou e levantou as mãos, rendendo-se.

"Okay, okay, você me pegou."

"Potter?" A pessoa parecia incrédula, surpresa por ser James ali. Era quase como se ele esperasse encontrar um bicho-papão ao invés de uma pessoa, tamanho o espanto em seus olhos.

"Malfoy?" Mas ele também não estava menos surpreso. O que diabos Scorpius Malfoy estava fazendo ali? "O que você está fazendo aqui?"

Abanando a surpresa para longe, Scorpius arqueou uma sobrancelha e sinalizou com a varinha um broche prateado com a forma de um M nas vestes.

"Monitor, lembra?"

"Na verdade, não."! James disse, sincero. Por que ele iria se lembrar disso? O cérebro dele precisava de espaço para guardar informações úteis, não lixo. "Então... Quão ferrado estou?"

"Ahm... Sobre isso..." Scorpius Malfoy estava desconcertado ou era impressão? Ah, em horas como essa James daria tudo para ter uma máquina fotográfica! "Vamos apenas manter isso entre nós, sim? Digamos que não era para eu estar aqui. A ronda acabou há algum tempo..."

"Bom, isso me leva àquela pergunta novamente... O que você está fazendo aqui?" Até parece que James iria deixar Scorpius se safar sem uma resposta. Aham, tá bom.

O sonserino pareceu incomodado com o interesse de James. Chegou até a remexer-se, olhando desconfortavelmente para o chão, e James chegou a pensar em como ele parecia uma menininha de doze anos agindo daquela forma. Enfim, Scorpius limpou a garganta e resolveu confessar.

"Vi algo estranho hoje, quando estava terminando minha ronda."

James ficou esperando o garoto continuar, mas Scorpius apenas não continuou a frase, como se toda a história fosse aquela.

"E?" Incentivou o grifinório, perdendo o pouco de sua paciência já curta.

Scorpius balançou a cabeça. Parecia estar saindo de um transe.

"Mad Maddie estava correndo."

"E daí? Mad Maddie é louca, vive correndo de um lado pro outro. Certa vez, eu a peguei correndo direto pra uma parede e..."

"Potter! Você quer saber a história ou não?" James se calou. "Enfim... Ela estava correndo, mas parecia estar mais perturbada do que nunca. Ficava repetindo umas palavras, não as de sempre - você sabe, meu filho isso, meu filho aquilo – mas ficava pedindo desculpas sem parar. Isso não é normal, nem mesmo para ela. Então, eu comecei a segui-la, primeiro para averiguar se estava tudo bem com ela, mas... Ela começou a falar outras coisas estranhas. Estava atrás dela, quando a perdi. Achei que era ela atrás dessa armadura." Ele suspirou.

Foi como se o coro dos anjos estivesse realizando um baile na cabeça de James. Coisas suspeitas! Estavam! Acontecendo! AHÁ! Neline ia ver só! Afinal, o que era mais suspeito do que a mulher louca da sua escola fazendo loucuras?

Uhm... Pensando bem, a garota não ficaria muito convencida se ele fosse por esse lado...

Mesmo assim, James não conseguia tirar o sorriso convencido do rosto. Satisfeito, jogou-se no chão e deu uns tapinhas ao seu lado, convidando Scorpius para juntar-se a ele. Estava de bom humor, agora. Quem se importaria de estar na companhia de um Malfoy quando coisas interessantes estavam prestes a acontecer?

"Sente-se," ele convidou. "Ela deve passar aqui logo, logo."

"Como sabe?" Scorpius perguntou, desconfiado.

"Bom," James empertigou-se. "Enquanto eu estava de vigia, não a vi passando por aqui."

"E por que você estava de vigia, mesmo?"

James calou-se. Estava tratando tudo como se fosse uma brincadeira porque aquele era seu jeito de lidar com as coisas. Pensar em Rose, deitada naquela cama, sofrendo, o fazia querer socar quem quer que tivesse feito aquilo com sua prima. Se dependesse dele, James seria o primeiro a dar uma lição na pessoa. Mas, enquanto isso, ele tinha que espairecer - deixar-se levar para não ficar se martirizando enquanto poderia muito bem estar fazendo coisas mais úteis para ajudar Rose.

E era exatamente isso o que ele estava fazendo no momento.

"Eu apenas não quero ficar parado enquanto minha prima está sem poder se mexer em uma cama da Ala Hospitalar. Quero ajudar."

Scorpius não disse nada, apenas acenou com a cabeça. James sinceramente não entendia a relação de Rose e do garoto ao seu lado. Talvez isso se devesse ao fato de que, três anos atrás, James não prestava muita atenção às pessoas ao seu redor - estava sempre muito ocupado tentando pregar a próxima peça para fazê-lo. Mas, sim, ele recordava-se de Rose e Scorpius (e Albus, como ele poderia se esquecer se Albus?) andando pelos corredores, conversando e rindo entre si. Então, um dia, James apenas percebeu que aquela cena não acontecia mais. Rose andava pelas sombras, agarrada aos seus livros como se tivesse medo de contato humano, enquanto Scorpius a encarava com rancor estampado nos olhos.

Ele até se lembrava de ter perguntado a Albus o motivo pelo qual os dois haviam brigado - pois, para James, a única explicação para aquilo seria uma briga -, mas seu irmão apenas deu de ombros.

"Não me obrigue a entender a mentalidade desses dois," foi o que ele disse.

Então, James apenas havia deixado as coisas para lá.

Até hoje.

"O que aconteceu entre você e Rose?"

O mais velho percebeu que, imediatamente, o garoto ao seu lado estremeceu. Seus olhos estavam baixos, o cabelo platinado quase cobria seu rosto, mas James conseguiu perceber a ruga profunda entre os olhos de Scorpius.

As pessoas estavam fazendo muito aquilo ultimamente.

"Não é da sua conta," grunhiu Scorpius.

"Ah, é, sim." Retorquiu James. "Porque, como eu disse, minha prima está deitada na cama de um hospital e eu estou – realmente estou - tentando entender o que diabos aconteceu com ela." Franziu o cenho. Diabos, aquilo era contagioso! "E isso me remete ao que aconteceu com você com ela. Deu pra entender?"

Scorpius suspirou e levantou a mão para massagear a ponte do nariz. James sorriu internamente - começo de dor de cabeça? É, aquele era o efeito que sua presença estonteante tinha nas pessoas.

"Você não vai sossegar enquanto não te contar, não é?"

"Tem alguma dúvida?"

O louro suspirou mais uma vez, olhando para algum ponto a sua frente. James sentia que Scorpius estava prestes a explodir.

"Para ser sincero, eu também não sei direito. Um dia, éramos amigos; no outro, ela havia afastado todo mundo. Não sei se é assim nas férias também - pelo que Albus me diz, é um pouco menos -, mas Rose não quer mais a companhia de ninguém. É como... Como se ela tivesse medo."

"Medo de quê?" James pergunta, interessado.

"Eu não sei!" Scorpius exclama, a frustração vazando por cada poro seu. Ele balança a cabeça repetidas vezes. "Não tenho a mínima ideia e, de verdade, acredito que nem Rose saiba do que ela tem medo..."

"Ela nunca conversou com você sobre isso?"

Scorpius solta uma exclamação exasperada.

"Rose simplesmente não fala comigo, se você não percebeu. Desde que..." E ele se cala, como se a história tivesse acabado por ali.

"Desde que...?"

Scorpius de repente o encara, fúria clareando seus olhos.

"ARGH! Você é incansável mesmo, não?!" James sorri inocentemente. "Digamos que... No terceiro ano... Rose e eu estávamos encaminhado nossa amizade para... Algo mais."

James conseguia sentir seu queixo tocando o chão. O quê?!

Um pequeno rubor tomou conta da face de Scorpius.

"É, mas aí ela resolveu pirar, e fim."

"É por isso que você a odeia?"

"Eu não a odeio. Nunca odiei, na verdade. Eu só... Não entendo. Nós estávamos tão bem. Eu tinha acabado de descobrir que ela também gostava de mim, e nós estávamos felizes, e então... Nada. Ela não deu explicações, apenas nos abandonou. Me abandonou. É claro que fiquei confuso. Ainda estou."

"Mas você sempre faz careta quando a vê!" James apontou.

"Não faço nada!"

"Faz, sim!"

"Ah, Merlin! Devo ter incendiado suas calças pra merecer isso..." Ele revira os olhos. "Eu não sei mais como agir com ela, tá legal? As 'caretas' devem ser de quando estou tentando desvendar o mistério que ela se tornou."

Desvendar o mistério que ela se tornou... Desde quando Scorpius Malfoy é tão poético?! Mas, enfim, era apropriado para descrever Rose.

James ia fazer mais uma de suas colocações quando passos apressados se fizeram ouvir no corredor adiante. Tanto Scorpius quanto James se esgueiraram atrás da armadura, esticando as cabeças para que pudessem ver quem se aproximava. E foi então que ela apareceu.

Mad Maddie caminhava com passos curtos, porém rápidos. Estava com a respiração entrecortada, talvez por causa da corrida que Scorpius testemunhara. Como o garoto havia dito, parecia estar falando consigo mesma, e passou reto por eles sem nem mesmo piscar.

Os dois garotos se entreolharam brevemente antes de correrem atrás da mulher - claro, tomando cuidado para não serem avistados ou ouvidos.

De repente, Maddie parou. Estava de frente para uma parede como qualquer outra da escola, mas, pelo que parecia, ela era uma grande amiga da louca. Maddie gesticulava aberta e trêmulamente para a parede, a cabeça abaixada como se estivesse dando explicações.

"Eu sinto muito..." Os garotos conseguiram ouvir ela dizer." Eu realmente não tive a intenção..." Ela se manteve quieta por alguns instantes, como se aguçasse os ouvidos para ouvir uma resposta. "Mas eu não tive culpa! Foi tudo por causa dela! Ela sabe! Ela sabe! Ela...!"

Nada.

Mas Maddie ainda parecia estar imersa na conversa.

"É, eu tentei matá-la, sim! Mas aquela Rose Weasley... Ela mereceu!"

"O quê?" James exclamou em um sussurro. "Eu ouvi bem isso? Maddie acabou de dizer que tentou matar a Rosie?"

Nenhuma resposta veio do garoto atrás dele. Preocupado, James se virou para encontrar um Scorpius pálido, imóvel e sem palavras. Pânico estava estampado em sua face. Tudo o que ele conseguiu dizer, naquele momento, foi apenas uma palavra, um nome, uma esperança e uma aflição ao mesmo tempo.

"Rose...!"

E, antes que pudesse impedi-lo - não que James sequer tivesse cogitado essa hipótese -, Scorpius já estava a metros de distância, rumo à Ala Hospitalar. Ele, no entanto, aproximou-se mais de Mad Maddie. O que ela estava falando agora?

Algo visto de relance, com o canto dos olhos, chama sua atenção. Aqui é...

E então ele ouviu.

O sussurro. A voz fria e gelada da pessoa - pessoa? - com quem Maddie conversava.

E todos os segredos do mundo foram estampados em sua face.


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Notas finais do capítulo

É, este capítulo saiu BEM diferente do que eu imaginava, mas até que eu gostei! James fez toda a diferença do mundo pra mim. No original, tinha planejado uma coisa totalmente diferente na cena Rose x Maddie (sério, não sei da onde o estrangulamento surgiu... Do nada, PUF!, estava lá) e, admito, NÃO haveria NADA de Scorpius. Na verdade, seria só o James de escuta mesmo. PORÉM, lembrei-me de que, acima de tudo, esta É uma Fic Scorose (embora muitas vezes não pareça) e decidi que, sim, meu Corpie iria aparecer e ele APARECEU e as coisas ficaram tão mais lindas assim! Pessoalmente, amei a interação James x Scorpius.
E essa Maddie, hein? Qual é o problema dela (além dos óbvios)?
Meninas que não tiveram seus comentários respondidos, não se aflijam! Não me esqueci de vocês! Muito pelo contrário, li cada um deles, eu só realmente não tive tempo para respondê-los ): Mas prometo que logo, logo essa situação será revertida! Até porque só tenho que agradecer vocês pelo seu imenso carinho e paciência comigo! Muuuuuito obrigada mesmo, suas lindas!
Não irei prometer quando o próximo capítulo sairá, pois eu raramente cumpro minhas promessas de postagem (porque vida, e blá). Mas já tenho uma noção de quando começarei a escrever o próximo, então...
Estarei esperando ansiosamente pelas reações de vocês quanto este capítulo! Até eu surtei em alguns momentos, admito! Hahaha.
Beijinhos! Até!



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