So What escrita por Mahriana


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi! Tudo bem? Vejo você lá no fim? espero que sim *--*
~ Apreciem sem moderação ~



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PDV Sahra:

– O que vocês estão fazendo no meu quarto? –ou não, choraminguei, tenho que encontrar alguns coelhos por aí.

Olhei alarmada para ver de quem era a voz e dei de cara com uma garotinha vestindo roupas largas e assistindo TV, suspirei mais calma, afinal ela era uma criança e seria fácil de enganá-la.

Bom, nós estávamos vendo quais portas estavam traçadas, abrimos essa e ela estava aberta, você não deveria deixá-la aberta. Desse jeito qualquer pode entrar –disse dando um sorriso enorme, ela me olhou como se eu fosse uma retardada.

Sei... E eu tenho um Digimon –disse isso ironicamente.

– Sério? –perguntei fazendo piadinha. –Pensei que só eu tivesse um –escutei Akim rindo e só nesse momento vi que ele estava ao meu lado. –Você não deveria estar na escola? –perguntei tentando desviar do assunto.

– Estou doente. –levantei as sobrancelhas para ela –Mas, tudo bem. Legal! Continua brincando. –disse novamente com ironia, e de repente deu um sorriso vitorioso que não entendi –Aposto que o papai vai adorar saber que você estava invadindo os quartos com um garoto desconhecido –agora eu havia entendido qual era o joguinho da garota, mas nesse jogo duas pessoas podem jogar.

– Com toda a certeza ele vai adorar, tanto quanto ele iria adorar saber que a sua filhinha forjou uma doença para faltar aula, e não tente me enganar com essa, pois eu conheço muito bem esse joguinho. Se você estivesse doente, não estaria dançando no meio do quarto, com uma escova de cabelos na mão fingindo ser um microfone –Ela rapidamente jogou a escova para qualquer lugar no quarto. –Se bem que... Para ficar fazendo isso você deve estar doente mesmo – disse sorrido, ela me olhou com os olhos crispados e depois suspirou, dei um sorriso e vi que já tinha ganhado.

– Tá legal! Você venceu! –disse jogando os braços para o alto. –Então como é que a gente fica? –perguntou me encarando meio furiosa.

– Você não diz nada –disse apontando para ela e depois apontei para mim mesma –eu não digo nada e tudo fica bem.

– Ok! Agora podem dar o fora daqui –dei de ombros, mas não sai do quarto e muito menos o Akim.

Passei a observar o ambiente, o quarto não era igual aqueles quartos de garotinhas de 10 ou 12 anos, parecia até com o meu. Com exceção das paredes cor de rosa. Tinha diversos pôsteres de bandas espalhados na parede e uma variedade de jogos de videogames.

Em um canto havia um violão branco, apesar da distância pude perceber a beleza do instrumento. Instintivamente me aproximei no intuito de vê-lo melhor, ao chegar perto pude ver que era um semi acústico TAYLOR 414ce, era um ótimo instrumento e muito bonito, meio que por reflexo, talvez, estiquei a minha mão para tocá-lo, no momento que fiz isso recebi um tapa, fraco devo admitir, mas me pegou de surpresa. Olhei para ver quem foi que me bateu e dei de cara com a garotinha me lançando um olhar reprovador.

– Não toca no violão –ela sibilou me olhando mortalmente agora, suspirei e dei de ombros, a garota deveria ter ciúmes assim como eu.

– Ok! –disse sem dar muita importância. –Por quê você faltou aula hoje? –perguntei sem querer saber realmente.

– Não queria ir para escola –disse dando de ombros e suspirando, nesse momento notei que os olhos da garota ficaram distantes e meio tristes.

– Sei... Você deveria aprender a mentir melhor sabia? –disse indo até a cama onde Akim se encontrava jogado horizontalmente com os pés saindo em um lado e cabeça pendendo para o outro.

– É você realmente deveria aprender a mentir melhor –Akim reafirmou. –Porque, ou o seu pai é muito idiota, ou ele quis que você faltasse sem perguntar o porquê –disse a mesma coisa que se passava pela minha cabeça, a garota suspirou e passou as mão pelos cabelos nervosas.

– Vocês nem me viram antes, não podem dizer que eu minto mal –disse isso com um evidente mau-humor, ignorei-a totalmente.

– Nunca faltei aula fingindo estar doente –refleti. –Bom, pelo menos nunca precisei. Não para matar aula, trabalho uma vez ou outra –disse balançando a cabeça e olhando para o Akim.

– Eu já fiz isso algumas vezes, mas acredite faltar aula, pelo menos na minha época, não era tão legal. –Akim disse fazendo uma careta –Geralmente ficava sem nada para fazer, não tinha TV no quarto, ou um videogame legal.

– Acredite faltar aula é uma porcaria –disse me jogando na cama ao lado do Akim.

– Vocês deveriam não gostar porque provavelmente tinham muitos amigos por lá –disse com uma voz baixa. –Então ficar em casa deveria ser chato.

Nesse momento Akim explodiu em uma sonora gargalhada e eu não tive outra opção a não ser acompanhá-lo, mesmo antes de a minha mãe morrer não tinha muitos amigos, sempre fui meio anti-social, as pessoas me chamavam de estranha por não me enturmar, mas depois de um tempo eu passei a relevar e aceitar de bom grado a indiferença das pessoas.

– Se você soubesse da sorte que tem só por ter essa família não estaria desse jeito pequenina –Akim disse com um tom que fugia do seu habitual, poucas vezes era tão doce e ao mesmo tempo sério com as pessoas.

– Ele tem razão, seu pai ama você, e se não gostasse tanto teria te mandado para escola sem se importar –disse da maneira mais doce que consegui, aposto que não foi o suficiente, mas pelo menos tentei. –O que fez você querer faltar aula hoje? –perguntei novamente, agora com interesse, a garotinha suspirou.

– Não precisa contar, se não quiser –Akim disse. –Só que as vezes contar é melhor –Confirmei com um aceno de cabeça.

– Tudo bem, vou contar. –disse se dando por vencida –Eu não sou muito sociável com as pessoas –nesse momento Akim e eu nos olhamos, aquilo foi realmente estranho, talvez pela semelhança entre a gente. –E hoje foi meu primeiro dia naquela escola patética. Sou um pouco mais inteligente que algumas pessoas e acho que isso as irrita. Todo mundo começou a zuar com a minha cara hoje –ela disse com raiva –, eu nem liguei, mas alguns garotos passaram do limite, pegaram meu dinheiro do almoço e na minha aula extra de natação roubaram a minha mochila. Então fui obrigada a sair de maiô e short pela escola e fiquei assim na frente de todo mundo até que Jason, o filho da Catherine, mandou eles me devolverem, e eles devolveram. Só que prometeram que não ia ficar assim e que ia ter volta. Por isso não fui a aula hoje, e pretendo ficar um tempo sem ir, acho que vou pedir para o meu pai me tirar de lá. –terminou dando um longo suspirou.

Apesar de a história ter sido triste e talvez até traumatizante para a garota, comecei a rir copiosamente e Akim me acompanhou, ri como não ria a muito tempo, o meu abdômen começou a doer , Akim conseguiu a proeza de cair da cama, mas mesmo assim não paramos de rir. Depois de me controlar um pouco mais olhei para a garota e vi que essa me olhava incrédula.

– Se vocês já acabaram de rir da desgraça alheio podem dar o fora do meu quarto –disse a garota rude, levantei as mãos em sinal de rendimento.

– Tudo bem, tudo bem. Me desculpe. –disse sendo sincera –É que esse seu “problema” não é tão ruim assim. Isso se resolve em você dando uma surra no garoto em que está te causando problemas –disse isso como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– É mesmo! –ela exclamou –Aí eu vou lá dou uma surra nele, depois bato no amigo dele e em todo mundo que estiver ao redor, vou para a diretoria, sou suspensa, ou talvez expulsa, o que é melhor. Aí tudo acaba –completou com uma voz cheia de sarcasmo e ficou me olhando com uma cara de deboche. Fiz um bico e balancei a cabeça.

– Esse é o espírito –disse com uma voz falsamente animada, a garota bufou, rolou os olhos e se jogou na cama ao meu lado.

Suspirei e olhei pedindo socorro com os olhos para o Akim, que só levantou os braços e indicou que iria deixar comigo. Não que eu realmente me importasse com a garota, só que por instinto, talvez, eu não queria deixá-la assim totalmente “desolada”. Por fim resolvi falar alguma coisa, tomando meus próprios exemplos quando tinha a idade da garota.

– O que eu disse foi sério –disse simplesmente, fazendo com que a garota levantasse a cabeça e me olhasse incrédula. –Claro que você não pode nem com um, quem dirá com dois ou três. O que eu quero dizer é que... Bom eu não quero dizer nada com isso –disse balançando a cabeça. –Enfim, você não pode parar de freqüentar a escola por causa de alguns idiotas, você tem que ir lá e mostrar quem é que manda, virar o jogo, tomar a posição, ficar por cima, se é que você me entende –olhei para a garota e ela me olhava com uma expressão estranha demonstrando que não havia entendido nada.

– O que ela quis dizer –Akim interrompeu tomando a palavra e olhando sugestivamente para mim pela minha falta de comunicação –, é que você não pode deixar que os garotos continuem a fazer isso, você tem que se impor e não deixar que eles façam isso, não é necessário que parta para violência, mas se isso for necessário você tem que estar preparada. Foi exatamente isso que a Sahra estava tentando falar, não é Sahra? –Akim terminou o pequeno discurso me olhando sugestivamente.

– Claro! Foi exatamente isso, com certeza. Agora quero que você me fale o que vai fazer a respeito –disse de maneira calma.

– Bom, eu não faço idéia. Não quero ser humilhada de novo, mas também não quero ficar presa em casa para sempre –suspirou. –Vou enfrentá-los –disse com a voz firme.

– É isso aí garota –disse animada, ela estava lutando, eu adorava pessoas que não se davam por vencidos.

– Não vou deixar que eles me humilhem –disse ficando em pé sobre a cama com um sorriso no rosto.

– É assim que se fala, ninguém vai te humilhar –encorajei.

– Vou lutar por meu ideais –ela estava bem animada e aquilo até que estava me contagiando.

– U-hu! É isso mesmo, lutar pelos ideais. –fiquei de pé sobre a cama também.

– E você vai me ajudar –disse e naquele momento eu estava bem animada.

– Com certeza, e eu vou te ajudar... –parei dando conta do que ela tinha falado –Eu vou o quê?

– Você vai me ajudar –disse pausadamente como se falasse com um retardado.

– Não vou não –disse negando com veemência.

– Vai sim, você disse com todas as letras “eu vou te ajudar”. Você não pode dar para trás agora –disse firme.

– Não disse nada –falei cruzando os braços e bufando. Desci da cama e fiquei encarando a parede.

– Tenho que concordar com a garota, Sahra –Akim finalmente tinha se manifestado. –Você falou que a ajudaria, e você não pode faltar com a sua palavra.

– Eu fui enganada –disse injuriada, os dois só deram de ombros.

– Agora nós temos que dar um jeito no problema da garota –Akim disse, só confirmei com a cabeça.

– Você er... Como posso dizer? Você sabe brigar? –perguntei de uma vez.

– Não podemos fazer com que a garota brigue sem motivo algum –Akim disse revirando os olhos.

– Por que não? E além do mais, não é sem motivo algum. Eles atacaram agora é só contra-atacar –disse me sentando em uma cadeira giratória e empurrando com o pé para que ela começasse a girar.

– Mesmo assim. Não podemos ser violentos –Akim disse impassível –Isso é imprudente e anti-ético, temos que agir de forma...

– Bláh, bláh, bláh... –interrompi o discurso de boas maneiras dele. –Você tem razão, não podemos chegar distribuindo socos e pontapés –disse com um sorriso se formando nos meus lábios enquanto empurrava a cadeira para que chegasse próxima a cama onde a garota se encontrava. –Vamos fazer diferente, você vai se tornar “a garota”, vamos mostrar para esse pirralho quem você realmente é. Todos vão rastejar aos seus pés e no final derrubamos todos com uma só cajadada –disse sorrindo vitoriosa no final do meu discurso.

– Sempre tão teatral –Akim disse em um suspiro.

–Acho que as aulas fizeram efeito –disse sorrindo.

– Será que a minha opinião não conta? –perguntou a garota.

– Você quer saber sinceramente? –perguntei. E a garota balançou a cabeça positivamente. –Pra mim não importa nadinha, mas se você quiser dar a sua opinião fique a vontade –dei um sorriso cínico para ela.

– Eu quero que você me ajude não importa como –ela disse firme, e eu sorri encorajando-a.

– É isso aí, parece que eu ganhei –sorri para o Akim que bufou e me mostrou o dedo do meio, continuei sorrindo. –Agora vamos ver quais são as suas roupas –disse me levantando e caminhando em direção ao closed dela.

As roupas eram legais, pelo menos eu achava, mas se ela quisesse impressionar não seria com ela. Elas eram largas demais para ela e muito compridas, muito pano para uma garota só, suspirei.

– Seu armário parece com o meu, mas as minhas roupas têm mais estilo –terminei com um sorriso o que fez com que os dois bufassem.

– Vejo todo o seu estilo –Akim disse, dei língua para ele.

– Muito bem, então está selado o acordo entre Sahra Bakers e... Er... –só agora havia percebido que não sabia o nome da garota.

– Clair! –Ela quase gritou.

– Isso mesmo Clair, você não precisa ficar nervosa –disse dando de ombros. –E você –falei apontando para o Akim que estava observando. –Vai nos levar para a escola amanhã –disse sorrindo.

– Eu? Nem pensar! –disse negando com a cabeça. –Eu já sirvo de guia, fui preso, tive que fazer pesquisas e agora vou ser motorista? No, está fuera de mi contrato. –rolei os olhos para ele.

– Você disse que tínhamos que ajudar a garota. E que maneira melhor de ajudá-la do que nos levar para a escola –disse dando um largo sorriso. –Tenho que ficar de olho nela e como não tenho carro nem nada do tipo... Você vai me levar, e espero que esteja pronto cedo, sem atrasos –sorri.

– O que foi que eu fiz para merecer você? –fez uma pergunta retórica.

– Cara eu não sei, mas você deve ter pecado muito –a pirralha falou.

– Hei! Podem parar de me xingar como se eu não estivesse aqui tá legal? –disse impaciente –Bom, mas mudando totalmente de assunto. Vocês viram o Jason? –Akim deu de ombros e a Clair balançou a cabeça, suspirei.

Como se estivesse ouvindo a conversa o tempo todo Jason saiu de baixo da cama e veio em minha direção. Dei um largo sorriso para ele e o peguei no colo.

– Oun! Que lindo! –a garota exclamou.

– Eu sei, ele é muito fofo! –disse também admirando o meu bichinho. –É a coisa mais linda desse mundo –disse fazendo carinho na cabeça dele e a garota também fez carinho nele, estava quase babando no meu bebê.

– Argh! Parem de babar por esse bicho –Akim disse irritado. –Se eu vou ter que buscar vocês mesmo então, acho melhor ir embora e dormir agora, passei muito tempo aqui –completou com um bocejo.

– Ok! Te levo até a porta.

– E eu acompanho vocês –Clair completou enquanto nos dirigíamos para fora do quarto.

– Isso me lembra quando eu tinha 11 anos –comentei nostálgica. Akim confirmou com a cabeça.

– Sempre correndo –ele disse sorrindo. –Sempre aprontando.

Saí do quarto e olhei ao redor do corredor, percebi que o quarto de Jonh já estava com a porta fechada, estremeci involuntariamente com isso, e em pensar que estive na “toca do leão”. Talvez o Akim tivesse razão, eu deveria ter dado uma vasculhada nele, mas agora com a minha nova aliada na casa minha vida vai ser um pouco mais fácil.

Akim foi até meu quarto pegar sua mochila, e logo depois voltou com um sorriso estampado no rosto. Aquilo com toda certeza não significava boa coisa. Resolvi deixar para depois, e levá-lo logo até a porta. Deixei Jason no quarto.

Assim que desci as escadas dei de cara com toda a família reunida, estavam conversando alegremente. Resolvi passar direto no intuito de não me notarem, mas como não tenho sorte alguma, o primeiro a me ver foi meu “adorado pai”.

– Resolveu descer Sahra? –perguntou ironicamente. Acho que a briga durante a madrugada o deixou assim, somente sorri –Quem é o seu amigo? –antes que eu pudesse falar qualquer coisa fui interrompida.

– Sou Akim Afonso Garcia –Akim disse se apresentando formalmente, com um sorriso simpático e estendendo a mão em sinal de cumprimento

– Muito prazer garoto, sou Jonh Benson –Jonh disse apertando a mão do Akim com uma força desnecessária, Akim ao invés de se intimidar alargou o sorriso no rosto.

– Oh! Eu sei –disse sorridente e largando a mão de Jonh. –Grande Jonh Benson, um dos advogados mais renomados dos Estados Unidos, se não for o mais –eu olhei de olhos arregalados para Jonh pelo choque do que havia acabado de escutar.

– Vejo que você me conhece –Jonh disse sorrindo, Akim somente deu de ombros.

–Não há como não conhecer –Akim disse.

– Então você é daqui? –Jonh perguntou com um súbito interesse e aquilo despertou algumas idéias em minha mente.

– Não, não sou daqui. Sou de Valencia, Espanha –disse falando de maneira mais séria.

– E está aqui por quê? Não quero ser grosseiro, mas fiquei curioso em saber o que o trouxe até aqui –Jonh disse.

– Ele veio me ver –disse sorridente. Todos olharam para mim sem entender nada. Dei um enorme sorriso. –Afinal, é para isso que servem os namorados, não é amor? –disse abraçando Akim de lado.

Todos me olhavam incrédulos Akim começou a tossir loucamente, e Jonh ficou vermelho, muito vermelho. Acho que não foi uma boa idéia, conclui com um suspiro.

– Vocês são... –Jonh se interrompeu para respirar profundamente. –Namorados?

– Somos? –Akim perguntou me olhando, eu o belisquei fortemente nas costelas ele gemeu de dor –Quer dizer, somos. Somos namorados, não é doçura?

PDV Jason:

Aquilo não tinha nada a ver comigo, mas confesso fiquei surpreso. Sahra não parecia ser o tipo de garota que traz o namorado em casa, e depois da discussão com o pai, nunca imaginei que o traria para casa e ainda o apresentaria a Jonh.

Mas aquilo estava muito estranho, pois a garota estava nervosa demais, e juro que a vi beliscar o tal Akim na cintura, achei melhor deixar para lá. Por hora só iria apreciar o espetáculo, afinal Jonh parecia que iria solta fogo pelas narinas de tão vermelho que se encontrava. Sorri.

– Sim amoreco –ela disse com uma cara estranha. –Eu e ele somos eternos apaixonados.

– Já que você é namorado da minha filha –Jonh disse austeiro. –Gostaria que você ficasse para jantar conosco, você não se importa não é?

– Pra falar a verdade ele se importa sim, pois ele tem que ir embora sabe. Ele já estava de saída quando você nos interrompeu –Sahra falava nervosa. Aquilo estava me divertindo muito.

– Você acha que o garoto sai vivo? –Drew sussurrou para mim, dei de ombros.

– Talvez –sussurrei de volta. Olhando novamente para o pequeno espetáculo acontecendo a minha frente.

– Mas eu insisto que você fique –Jonh pressionou, eu estava me divertindo muito com o cara nervosa que a garota estava.

– Quer saber, eu fico –o garoto deu a resposta, que surpreendeu a todo mundo. Pude ver que a garota arregalou os olhos para ele. –Ia mesmo em um restaurante, então porque não juntar o útil ao agradável? Como uma comida que deve estar maravilhosa e ainda janto com o meu sogro –disse com um sorriso, vi o rosto de Jonh ficar ainda mais vermelho quando o garoto proferiu a palavra “sogro” .

Jonh deu um passo para frente e parecia querer estrangular o garoto, nessa hora me levantei e fui à direção dele a fim de evitar um confronto.

– Sou Jason Sulivan –disse estendendo a mão para cumprimentar o garoto. Fiquei parado estrategicamente entre Jonh e ele.

– Muito prazer –o garoto sorriu apertando a minha mão. –Então, posso conhecer o resto da minha família? –perguntou sugestivamente. Se aquele garoto quisesse sair vivo dali acho melhor ele parar de dizer coisas como essa.

Todos levantaram e começou a série de apresentações, Jonh sempre que podia liquidava o garoto com o olhar, o mesmo parecia estar se divertindo com isso. Minha mãe foi muito educada e gentil, ficando sempre ao lado de Jonh para evitar qualquer eventualidade.

Estávamos todos sentados a mesa para o jantar e pela primeira vez realmente todos estavam. Não pude deixar de notar que Clair estava melhor, e por mais que isso seja irrelevante eu percebi que os olhos da garota, Sahra, estavam amendoados. É ela usa lente, apesar de ter percebido tardiamente.

– Então Akim –Jonh começou. –Você não parece estar no colegial.

– E realmente não estou –Akim respondeu colocando um pedaço de carne na boca, mastigou lentamente, para depois continuar. –Já terminei o colégio, conclui a faculdade e tenho diploma no curso de Web Designer.

– Quantos anos você tem? –Jonh perguntou um pouco chocado. Akim deu de ombros.

– Tenho 23 –disse simplesmente. –Terminei cedo o colégio, mas isso não impediu que entrasse na faculdade, na verdade fui bem admitido em Harvad para cursar direito –disse adquirindo um tom de voz sério, como quem quisesse encerrar o assunto. Percebi que Sahra o olhou rapidamente.

– Você foi admitido para cursar direito em Harvad? E mesmo assim preferiu cursar Web Design? Por quê? –Jonh o fitava curioso.

– Acho que já chega de perguntas não é Jonh? –Sahra perguntou de maneira retórica o olhando seriamente.

– Só estou querendo saber quem é o garoto que está tendo um relacionamento com a minha filha. Creio que isso não seja um crime –rebateu também sério. A garota fez uma careta quando ele disse “minha filha”, acho que aquilo a incomodava muito.

– Deixa Sahra –Akim disse baixo. Depois deu um sorriso meio amargo, mostrando que o que viria falar a seguir não seria muito agradável, pelo menos não para ele.

– Eu cheguei a cursar Direito –disse não fazendo muito caso. –Cursei durante um ano, depois larguei o curso. Não era bem o que eu procurava. Percebi que aquilo era o que o meu pai procurava, então larguei o curso –terminou dando de ombros.

– E o seu pai aceitou de bom grado, já que era um sonho dele? –Jonh inquiriu. E vi Sahra o olhar mortlmente.

– Senhor Benson, como o senhor mesmo disse, “era o sonho dele”. Ele realmente não aceitou de bom grado –deu de ombros e continuou –, principalmente quando disse que faria Web Design na Universidade de Cambridge. Ele surtou, alegou que eu sempre tive tudo na minha vida. Tudo. E estava jogando uma oportunidade única pelo ralo, “uma oportunidade de ouro” ele dizia –nesse momento ele deu uma risadinha amarga. –Me chamou de louco e disse que se eu passasse pela porta poderia me considerar órfão –dizia com uma calma que parecia ser sádica, em nenhum momento deixou transparecer quaisquer emoção. –Eu passei pela porta –disse com uma expressão estranha como se estivesse se divertindo mas havia uma mágoa contida na sua voz. –E faz alguns anos que não vejo a minha família, não que eu não tenha tentado é lógico. Mas meu pai sempre foi uma pessoa difícil.

– Me desculpe por tê-lo feito falar isso eu...

– Já se passaram seis anos, isso já não me incomoda mais –Disse dando de ombros, continuando a comer. –E antes que o senhor pergunte, eu trabalho e ganho relativamente bem. Aposto que não tão bem quanto o senhor é lógico. Mas poderia até levar Sahra para morar comigo –nesse momento Jonh cuspiu todo o suco que estava tomando e o olhou. –Mas... Eu não estou pedindo autorização ou algo do tipo para levar a sua filha para morar comigo, foi só uma suposição –disse dando um sorriso amarelo.

– É. Soou meio estranho –Jonh disse ainda se recompondo.

O garoto parecia ter sofrido um bocado, e por mais que tenha jeito e olhar arrogantes, possuía uma história de vida incrível. Confesso que não gostei dele logo que troquei as primeiras palavras, mas ver como desafiou o pai para ir atrás de um sonho e não se importar com isso, me fez enxergar que ele era uma pessoa legal. Ainda era metido e arrogante, mas ainda sim uma pessoa legal. Ele merecia o meu respeito.

– Esse molho está muito bom. Quem fez? –Akim perguntou, enquanto comia uma porção de comida com o molho.

– Foi eu que fiz –minha mãe disse. –Que bom que gostou querido.

– Está divino –então ele sorriu e degustou um pouco mais, com se tentasse adivinhar o que tinha no molho, passou um tempo com o alimento na boca. De repente ele arregalou os olhos, e virou para Sahra. –Você não comeu do molho não é?

– Comi por quê? –ela perguntou e percebi que ela estava adquirindo manchas vermelhas pelo pescoço.

– Eu não acredito nisso garota –Akim disse já levantando e indo para o lado dela. –Esse molho tem páprica querida –ele disse meio nervoso.

A garota arregalou os olhos e parece que foi instantâneo, pois começou a se coçar e a tossir loucamente. O garoto a olhava e ela parecia estar com falta de ar.

– Não... Consigo... Respirar –ela dizia entre lufadas de ar. Todos levantaram meio desesperados e isso me inclui também.

– Onde está o seu remédio? –Akim perguntou meio eufórico, já a pegando no colo e a levando para a sala. Quando a colocou no sofá ela somente apontou em direção as escadas. Acho que aquilo queria dizer que estava no quarto.

O garoto saiu correndo em direção as escadas, a deixando deitada no sofá. A garota já estava ficando azul, pela falta de ar, e se coçava feito uma louca. Cheguei a pensar que daria adeus a esse mundo pelo jeito que se encontrava. Akim chegou correndo com o remédio em mãos.

– PEGUEM ÁGUA! –ele gritou. Dentro de poucos segundos uma empregada apareceu com um copo com água.

Ele pegou um dos comprimidos que se encontravam dentro de um potinho e depois o colocou na boca da garota, virando o copo com água na mesma depois disso. Ela deu uns goles na água e parecia ter engolido o comprimido, o garoto suspirou e ficou passando a mão no rosto da garota, até ela conseguir respirar normalmente.

– Eu N-N-não Sa-a-a... Sabia que... Ela era alérgica –minha mãe disse entre soluços enquanto incontáveis lágrimas escapavam de seu rosto.

– Não se preocupe –o garoto disse com um sorriso. –Nada aconteceu, ela vai ficar bem. A culpa não é sua se essa cabeçuda –ele disse dando um peteleco na cabeça da garota –, prestasse mais atenção no que come –depois disso virou-se para ela. –Você me assustou. Nunca mais faça isso ta legal? Uma vez já basta –ele disse e depois a abraçou, não entendi o que ele quis dizer com “Uma vez já basta”.

Poderiam falar o que quiser, mas eu iria descobrir o que aconteceu na vida desses dois. Principalmente da Sahra “a garota dos olhos misteriosos”.

PDV Sahra:

Depois de comer a comida “envenenada”, pelo menos para mim, e do ataque do Akim, as coisas foram normais. Quer dizer, não que em algum momento a minha vida tenha sido normal, mas foi na medida do possível.

Depois da minha crise alérgica fui levada para o quarto com o auxílio do Akim. Ele me ajudou a entrar no banheiro para tomar um banho, pois sempre que tomava o remédio ficava meio tonta. Troquei as roupas e fui deitar, pense que ele ia embora depois disso, mas não foi, sentou na beirada da cama e ficou me encarando

– O que foi? –perguntei. Ainda me coçando, a falta de ar tinha passado, mas a coceira em geral demorava um pouquinho.

– Como assim “o que foi?”, quero explicações, AGORA! –disse o agora um pouco mais alto do que o resto da frase, eu acho que era para dar ênfase.

Por um minuto cheguei a pensar que Akim não iria perguntar nada a respeito do nosso “namoro”, já que ele entrou tão depressa na farsa. Por nos conhecermos tão bem, não iríamos ter problemas caso perguntassem sobre a nossa vida pessoal. Para minha sorte só Akim foi interrogado, mas me senti mal por tê-lo feito passar pelo interrogatório incômodo.

– Não há nada o que explicar –disse dando de ombros. –Nós somos namorados agora –disse fazendo uma cara cínica. –E você é o meu amorzinho fofo –disse apertando a bochecha dele, que rapidamente deu tapa na minha mão para soltá-la.

– Não faça isso, você sabe que eu odeio quando apertam as minhas bochechas –disse com raiva.

– Mas elas são tão fofas –disse tentando apertá-la de novo, mas ele se esquivou.

– Já chega –disse impaciente. –Ou você me conta agora, ou não vou deixar vocês dormir –disse cruzando os braços.

– Tá bom! Você é chato sabia? –perguntei retoricamente, ele só deu de ombros. –É simples, você sabe que não posso ficar sem trabalhar e essa coisa toda, além do que, sei que você estando por perto vai organizar as festinhas e as “corridas” –disse fazendo aspas com as mãos. – Então preciso de um álibi para sair sem dizer realmente aonde vou. Só preciso falar que vou sair com o meu lindo, maravilhoso e gostoso namorado. –disse piscando e olhando feito uma criança para o Akim que somente bufou.

– Você não existe –disse meio revoltado. –Olha... Você tá me devendo muito por essa tá legal? –só balancei a cabeça concordando. –Bom, agora eu tenho que ir. Você vai mesmo para escola amanhã? –confirmei novamente com um aceno de cabeça. –Então tá. Tchau do seu namorado, lindo, maravilhoso e gostoso –disse e saiu rindo.

Rolei os olhos, como um ego tão grande podia caber em uma pessoa só. Apesar disso não me imaginaria aqui, agora, se não fosse por ele. Temos nossas diferenças e algumas contas pendentes de ambos os lados, mas mesmo assim, somos inseparáveis. Sayuri era minha melhor amiga, mas o Akim esteve comigo em um momento bem conturbado, o que o deixou mais próximo a mim. Suspirei, quando peguei as cobertas para dormir ouvi batidas na porta, suspirei novamente.

– Entre! –mandei. E fiquei surpresa, pois não imaginava que Jonh viesse ao meu quarto, o fitei enquanto puxava a cadeira que ficava em frente à escrivaninha e a colocava perto da cama.

– Preciso conversar com você –disse sério. Continuei o fitando.

– Pode falar –respondi sem vontade nenhuma.

– Então, você tem um namorado? –ele perguntou. Somente dei de ombros. –Por que não me falou antes? –o olhei incrédula.

– Não devo explicações da minha vida pessoal a ninguém –disse séria. –E eu o conheci muito antes de você então... –deixei a frase morrer ali e virei o rosto em direção a parede.

– Por que você age dessa maneira? –perguntou com uma voz baixa e controlada. –Eu só quero o seu bem, será que é tão difícil entender isso?

– Pode até ser, mas se você levar em conta o seu histórico eu provavelmente não olharia na sua cara nunca –disse séria.

– Não devemos ficar revivendo o passado –ele rebateu. Dei um sorriso irônico.

– Claro que não, afinal por que manchar a reputação do tão renomado Jonh Benson? –estava me controlando ao máximo.

– Eu sei que errei, mas eu estou fazendo de tudo para concertar –ele disse dando um suspiro cansado, em nenhum momento o olhei nos olhos. –Eu... A partir do momento em que eu descobri você, eu não cansei de procurá-la até achar. E não foi porque sua mãe me pediu ou algo assim, fui porque é meu dever de pai proteger minha filha –ele frisou o minha filha e continuou. –Sem nem ao menos fazer idéia de como você era, eu já a amava. Você pode me odiar e me achar detestável, mas eu te amo você é minha filha.

Fitei o teto por um tempo, as palavras, apesar de serem ditas com o coração não me faziam sentir nada. Era como se elas só flutuassem a minha frente e eu me via perdida em meio delas sem realmente compreendê-las. Era egoísmo de minha parte ser tão fria, mas depois de tanto tempo sendo assim não conseguia mais ser como antes, talvez isso fosse ruim, mas por outro lado era a melhor coisa que tinha acontecido na minha vida. Não me deixar levar pela emoção.

Ainda fitava o teto quando Jonh colocou um envelope sobre a cama e levantou. Olhei para o envelope duvidosa, e depois vi que ele já estava quase saindo do quarto.

– É a carta que recebi da sua mãe –disse cabisbaixo. –Foi através dela que comecei a procurar por você.

Olhei atônita para a carta a minha frente e gelei. Jonh havia saído do quarto e eu ficara só, não tinha coragem de abrir a carta. Em um lugar da minha mente havia uma vozinha que insistia em gritar “covarde”, eu não entendia minha própria reação. Minhas mãos tremiam, minha respiração estava irregular. Não conseguia controlar, uma carta de minha mãe, uma coisa que eu nunca havia visto e que acima de tudo, por culpa dela, minha vida mudou totalmente.

Resolvi me acalmar. E mesmo não conseguindo, e não foi porque uma mão estava engessada era o nervosismo, peguei a carta em minhas mãos trêmulas para enfim abri-la, reconheci a letra da minha mãe na hora, uma caligrafia fina meio rebuscada, escrevia com precisão, mas sem perder a leveza. Comecei a ler a carta.

Olá Jonh!

Não sei bem por onde começar, ou o que escrever aqui. Talvez você não vá acreditar em nenhuma palavra aqui escrita, ou talvez essa carta nem chegue até você.

Dez anos. Dez anos se passaram desde a última vez em que nos vimos, mas apesar de tudo, aquele único ano em que passamos juntos deixou marcas. Marcas que não poderiam ser apagadas.

Eu realmente não sei o quê, ou como falar... Mas peço encarecidamente que você me ouça.

Aquele ano do seu intercâmbio em Londres foi mágico, cada beijo, abraço, toque, cada momento em que passamos juntos ficou marcado na minha memória.

Isso pode parecer estranho, mas... Você tem uma filha! Eu disse que ia ser difícil de acreditar.

Eu descobri que estava grávida um dia antes de você falar que teria que ir embora. Fiquei com medo, você poderia tirar minha filha de mim, por isso não contei.

Por mais que nos amássemos nunca daríamos certo. Você disse isso lembra?

E eu tinha certeza de que daríamos sim certo. Mas remoer o passado não adianta nada, sempre amei e sempre vou amar você querido. Não adianta, nunca vou conseguir esquecê-lo.

Estou dizendo isso agora, porque anos atrás não consegui colocar para fora um simples “Eu te amo”, e isso me matou a cada dia. Só queria que soubesse disso. Até hoje eu ainda esperava o momento em que você fosse romper a porta, me tomar em seus braços e sussurrar o meu sonhado e almejado “Eu te amo Judy”, mas como você sempre disse, eu sonho demais.

Eu estou morrendo, talvez quando esta carta chegar até você eu já não esteja mais entre os vivos, mas gostaria que você realizasse meu último pedido, fique com a nossa filha.

Tenho amigos que são a minha família, mas nada se compara a ter o pai ao seu lado sempre...

Eu sei que ela vai ser difícil de conquistar, desde pequena tem um gênio forte, mas peço, por favor, que não desista, vai ser duro, uma batalha que pode parecer impossível de ganhar, mas estou apostando todas as minhas fichas em você, não quero que ela fique perdida nesse mundo.

O nome dela é Sahra e ela é a coisa mais linda desse mundo. Tem os meus olhos, mas se parece com você.

Jonh faça isso para mim, é a única coisa que eu preciso que você faça.

P.S: Eu te amei mais do que tudo nessa vida.

Ass: Judy.”

Não acreditava em tudo o que tinha lido, mas era verdade, a letra inconfundível, a maneira de dizer as coisas. O papel já amarelado e cheio de marcas parecia pesar uma tonelada em minhas mãos. A minha mãe realmente queria que eu ficasse com ele e ela realmente o amou, mas a troco de quê?

Ele a abandonou sem olhar para trás, sem nunca ter dito nada, a usou, a magoou, nem ao menos tentou manter contato, não fez nada.

Meus olhos arderam, minhas mãos tremiam, não consegui segurar a carta, a larguei e rumei para fora do quarto. Caminhei a passos duros e bati na porta do quarto de Jonh com toda a força que tinha, minha mão protestou, mas finalmente a porta foi aberta, Jonh me olhava atônito.

[/My Chemical Romance – Helena/](Link no final do capítulo)

– Ela amava você –falava, ou melhor gritava em plenos pulmões. –Você a deixou. Ela te amou e você foi embora. –comecei a tentar bater nele, mas ele segurou as minhas mãos.

Da minha garganta saiam soluças, mas nada saia de meus olhos. Eles estavam vazios, nada passava por eles, era sempre assim.

– Calma! –ele disse me segurando com força.

– Calma? –ri ironicamente. –Você quer que eu me acalme? Minha vida é uma merda, você acabou com ela. E acabei de saber que você deixou a minha mãe, sem dizer nada que pudesse mudar algo –eu estava me controlando novamente, soltei-me do aperto das mãos de Jonh e o encarava de frente. –Poderíamos ter sido uma família, poderíamos ter sido felizes, mas você acabou com tudo. Você a largou pra ficar com quem? Com ela? –disse apontando para Catherine que nos olhava assustada.

– Meça as suas palavras –ele sibilou. –Você não tem o mínimo direito de falar algo da minha mulher ou da minha vida.

– Há-há! –ri carregada de ironia e sarcasmo. –Eu te odeio! –sussurrei. –Por que você tinha que acabar com a minha vida? Por que você tinha que ter arruinado tudo? –minha voz estava embargada.

Ele tentou me abraçar, mas me desvencilhei agilmente do seu abraço e saí correndo, com dificuldade, rumo ao meu quarto.

Me joguei sobre a cama e desabei, sem derramar uma lágrima sequer. Por que a vida tinha que ser tão cruel?

Por que tudo na minha vida tinha que dar errado? Será que já não brincaram demais com ela?

Talvez essa seja a minha sina. Sofrer. Passar o resto da minha vida assim, afinal uma hora outra temos que pagar por nossos erros, e estou pagando por tudo agora. Minha mãe dizia que quando sofríamos muito era sinal de que algo bom viria pela frente, “quando uma porta se fecha outra se abre”. Mas cadê a outra porta? Cadê a minha chance de viver tranqüila, sem ninguém por perto para me roubar esse momento.

Há muito tempo eu espero essa hora chegar. Há sete anos eu espero essa hora chegar. Mas infelizmente ela não chega.

Levantei da cama e fui em direção a minha mochila, joguei todo o conteúdo no chão atrás do meu objeto de desejo, a única coisa que me acalmaria agora. Dentre todas as quinquilharias ali dentro, achei o canivete que ganhei da minha mãe. Sorri ele era lindo, com um cabo de madeira e abertura manual.

O peguei com a mão boa, abri-o e fiquei olhando a lâmina prateada brilhante e afiada. Fui ao banheiro e o passei com dificuldade no meu pulso. À medida que a lâmina percorria toda a extensão do meu pulso eu era acometida por uma onda de prazer sem igual. O sangue escorrendo por minhas mãos. Era como se junto com ele, pelo menos por um momento, todos os meus problemas fossem juntos, isso era errado, mas eu não conseguia parar de fazer isso quando o meu nível de stress estava alto.

Depois de um tempo, lavei o ferimento e o cobri com ataduras que sempre carregava na mochila, um curativo simples que já estava acostumada a fazer. Arrumei a mochila com alguns objetos, afinal por mais que estivesse mal amanhã teria que ir a escola, prometi ajudar a Clair e não volto atrás com a minha palavra.

Só espero que não seja tão ruim assim.


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Notas finais do capítulo

http://www.4shared.com/audio/amqm3zFA/my_chemical_romance_-_helena.htm

¹Auto flagelação é o ato de causar flagelo (dor) a si mesmo, de se castigar fisicamente. Tal atitude geralmente é tomada motivada pelo sentimento de culpa (que leve a acreditar necessitar de punição, neste caso por consequência de remorso) ou então como uma forma de aliviar alguma dor (geralmente causada por depressão, stress ou síndrome do humor bipolar, acredita-se também quem na religião católica era um acto de purificação após ser cometido um ou vários pecados).

A auto flagelação pode estar presente em vários rituais de diferentes tribos indígenas ou religiosas.

Ela vem atingindo os adolescentes hoje em dia, que se flagelam com cacos de vidros ou com lâminas, decorrente da depressão ou da vontade de sentir a dor física para atenuar a dor mental que está sofrendo .


Nossa Shara não é doida, bom, talvez um pouco =x MAs ela se corta pelos motivos descritos acima, ela tá stressada e muitas emoções estão bombardeando ela de todos os lados e a única maneira que ela encontrou de se proteger foi essa.
Namoro de mentira... Tsc, tsc, tsc, tsc... Esses dois ainda vão se dar mau! Jason bem calado nesse cap. só observando, agora com vontade de descobrir o que aconteceu com a Sahra
. Ela na escola, acho que isso não vai dar certo, principalmente ajudando a Clair... Ai, ai...
Particurlamente não gosto desse cap. mas ele ajuda a entender algumas coisas dos personagens, viram como foi o passado do Akim... Tadinho dá uma vontade de abraçar e ficar com ele pra mim... *-*

Quero agradecer a todas as minhas leitoras que comentam e as que não comentam também [/Fantasmas/] vocês são demais... Sem vocês isso aqui não ia pra frente...
Desejo a todas um FELIZ NATAL... Que todas passem com saúde, paz e alegria :D
Ah! Queria saber se eu tenho algum leitor, porque acho tão difícil meninos lerem fics =x Se tiver algum dá um oi aqui... :D E leitores fantasmas apareçam nem que seja pra fazer "Bú" *rs*
Bom B'jão e um mais uma vez FELIZ NATAL A TODOS! HO! HO! HO!
*3* O/ P.S.: Esse capítulo me custou horas pra postar deu tanto erro que vocês não imaginam! ¬¬'