So What escrita por Mahriana


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oiêe... Desculpa a demora e tudo mais eu tenho explicações pra isso tá legal... Espero você no fim *---*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/103724/chapter/4

PDV Sahra:

Acordei com uma tremenda dor de cabeça e com uma luz forte me cegando, pisquei os olhos várias vezes até me acostumar com a claridade, e finalmente vi que estava em um quarto de hospital, odeio hospitais. Só pelo fato de que já fui parar lá algumas vezes e minha mãe morreu em um.

Quando olhei ao redor e vi um rosto olhando para mim, confesso que me decepcionei com o que vi. Esperava algum dos meus amigos ou a minha “família”, mas infelizmente quem eu encontro não foi nenhum deles e sim o meu “pai”.

– Como você está? – Perguntou-me, não respondi somente o encarei. – Diga, por favor, se está sentindo alguma coisa.

– Eu não estou sentindo nada demais, você pode, por favor, chamar a minha família? – Ele somente assentiu e saiu do quarto em silêncio, o acompanhei com o olhar.

Suspirei e todo o meu corpo estava doendo, desde a cabeça até os meus dedos do pé, vi que no meu braço tinha uma agulha intravenosa colocada ali, me virei devagar pra olhar o soro é ainda estava na metade. Ouvi a porta ser aberta e me virei para encará-la o que foi uma péssima ideia, já que virei rápido demais e acabei por sentir uma dor tremenda na minha cabeça e as coisas rodaram um pouco, mas logo voltaram ao normal. Sayuri e os seus pais passaram pela porta e vieram em minha direção.

– Como é que você está? – Sayuri perguntou.

– Posso dizer que já estive melhor. – Disse suspirando e tentando me ajustar melhor na cama sem sucesso, agradeci mentalmente pelo pai dela ter me ajudado.

– Oh queria, nós ficamos tão preocupados. – Essa foi a mãe da Sayuri que até tentou me abraçar, mas não estava sendo muito confortável para mim, então me soltou rapidamente.

– E então... – Disse sugestivamente para saber o que aconteceu.

– Escute com atenção tudo bem? – Sônia falou e eu só assenti brevemente com a cabeça, ciente de que o que eu estava prestes a ouvir não seria muito agradável. – Nós tentamos conversar com o seu pai. – Fiz uma careta pela menção da palavra pai ser dirigida aquele homem. – Mas infelizmente nós não podemos fazer nada, já que ele tem a sua guarda e ao que parece o desejo da sua mãe era que você ficasse com ele, então por todos esses motivos não podemos nem ao menos entrar com uma ação judicial para que você fique conosco. – Eu disse que não gostaria do que estava prestes a ouvir e estava certa. Só não entendi o que ela quis dizer com o desejo da minha mãe era esse.

– Como assim o desejo da minha mãe era esse? – Perguntei.

– Bom, sua mãe escreveu uma carta. E ele tem como provar que realmente foi ela quem escreveu. Contudo sendo seu pai biológico realmente não podemos fazer nada, eu sinto muito querida. – Ela terminou de falar com um semblante triste. Só assenti brevemente, aquilo me matou por dentro, mas eu não podia me mostrar fraca, não em uma hora dessas.

– Como assim a gente não pode fazer nada? – Sayuri falou de repente assustando a todos. – A gente tem que fazer alguma coisa, pai você nos ensinou Karatê certo?! Nós podemos acabar com ele em dois segundos, e para que coisa melhor do que as aulas de kickboxing que você nos obrigou a faze mãe, elas tiveram resultado, se isso não adiantar, vamos comprar drogas e esconder no porta-malas do carro dele e dizer que é um narcotraficante, e se ainda não adiantar vamos contratar assassinos ou vamos nós mesmos ameaçá-lo de morte pra deixar ela aqui. Vamos fazer qualquer coisa, só não podemos “não fazer nada”. – Sayuri falou tão rápido que eu fiquei confusa com as palavras, e até fiquei com medo dela, todos olhavam para ela perplexos.

– Eu sabia que você era meio psicopata, só não sabia que era tanto. – Falei sorrindo, ela só bufou. – Qual é Sayuri?! Não vai ser tão ruim assim. – Ela apenas rolou os olhos pra mim.

Suspirei. Aquilo estava sendo difícil afinal éramos quase irmãs, pedi silenciosamente para que os outros saíssem e assim fizeram. Ficamos nos encarando, realmente não era fácil, Sayuri e eu éramos péssimas com a coisa de demonstrar sentimentos, acho isso desconfortável, bom, ambas achamos, mas enfim, às vezes é inevitável.

– Cadê a minha mochila? – Perguntei já me erguendo um pouco para me levantar.

– O que você tá fazendo? Não pode se levantar! – Disse isso me empurrando para que me deitasse de novo. Somente bufei. – Eu pego pra você tá legal?! Agora fica quieta aí.

– Espero que não tenham mexido em nada dela. – Ela me entregou a mochila e comecei a procurar o que eu queria. – Achei! – Tirei da bolsa dois aparelhos celulares novos, desses modernos que tem vídeo-chamada, fiquei com um e entreguei o outro a ela.

– Eu já tenho celular Sahra, dois, não preciso de mais um. – Somente bufei com o seu comentário.

– Francamente, você era mais rápida para pegar as coisas. – Ela só me lançou um olhar mortal, ao qual devolvi mostrando a língua. – Tá legal. Esses celulares são novos, é claro que você já deve ter percebido isso não é, ou você não percebeu? – Disse com sarcasmo.

– Claro que eu percebi. – Falou arrancando um dos aparelhos da minha mão. – Eu só não entendi o que você quer que eu faça com eles?

– “Eles” não. E sim “ele”, você vai ficar com somente um dos aparelhos minha cara japonesa que vive para atormentar a minha vida. – Falei sorrindo, ela fez uma reverencia para si mesma divertida. – Você vai ficar com ele e vai fazer como quando você foi para o Japão, nós mandávamos cartas certo? – Ela somente confirmou. – Agora vamos nos comunicar pelo celular.

– Então eu vou ter que ficar te ligando? – Perguntou e eu só assenti. – Você não acha que eu tenho coisa melhor para fazer? – Perguntou já rindo.

As coisas entre nós duas sempre terminavam assim, não ficávamos chorando pelos cantos ou nos lamentando, por mais crítica que fosse a situação tentávamos ao máximo levarmos para um lado mais leve, o que sempre acontecia.

– Você com coisas melhores para fazer?! Faça-me rir. – Ri fazendo com que ela me acompanhasse.

– É. – Ela suspirou. – Acho que finalmente estão conseguindo separar Deby e Loyde.

– Até parece. – Bufei. – Por que você acha que eu estou te entregando o celular? Garota eles tentam, mas não conseguem, de todas as maneiras, nem mudando de continente, nós vamos continuar a plantar o terror por aí. – Gargalhei, ela também gargalhou.

– Você tem razão, e no final das contas nós somos idiotas. – Falou com desdém , só ri dela, aquilo estava me divertindo muito.

– Tudo bem, agora vamos falar sério. – Como se isso fosse possível, completei mentalmente. – Eu quero que você me informe a respeito de tudo, tudo mesmo, quero saber como é que você e sua família estão e também quero saber dos rapazes do raxa, como o Adam está indo, enfim você me entendeu. Mas não dê o número para ninguém. – Ela me olhou de modo questionador. – Esse número ninguém pode saber, você só vai ter o meu número na agenda dele e eu o seu entendeu? – Ela concordou, mas ainda assim parecia confusa. – Quanto menos pessoas souberem... Melhor, a linha é segura nem o FBI pode rastreá-lo. – Conclui sorrindo.

– Você é retardada, certo? – Perguntou a Sayuri. – Para que você quer um celular com tanta restrição de linha?

– Porque não quero que ninguém saiba onde me encontrar através dele, porque acho legal e também porque eu tenho vergonha de você por isso não quero que ninguém saiba com quem eu estou falando. – Terminei sorrindo, e a Sayuri como é sempre gentil me mostrou o dedo do meio.

– Eu estou falando sério, garota por que você quer uma linha tão restrita? – Perguntou já impaciente.

– Olha sabe quando você fica com vontade de sumir? É assim que eu estou me sentindo agora. Não quero que ninguém tenha o número do celular nem o meu endereço, só quero tirar umas férias de tudo isso. Acho que todos têm direito certo? –ela somente confirmou com a cabeça meio pensativa, espero que ela acredite a verdade agora não seria nada boa, suspirei não gostava de mentir pra ela, mas era preciso.

Enquanto ríamos das nossas próprias idiotices a porta foi aberta e por ela entra um médico, que mata qualquer um de ataque cardíaco. Deixa eu dizer em que situação me encontro, nesse exato momento eu estou encarando um cara extremamente gato, ele estava vestido de médico também olhando na nossa direção, ele era alto, dono de um corpo que deixa qualquer um com inveja não é cheio de músculos, mas os tem na medida certa, cabelos pretos e curtos, com olhos também pretos, eu estou no céu. Olhei para o lado e vi a Sayuri babando por ele também, é “também” porque eu com certeza devia estar como ela.

– Vejo que a minha paciente já acordou e está bem animada. – Falou se encaminhando em minha direção pra checar o soro ficando de costas para Sayuri e eu, e confesso que adorei a visão dele de costas, posso dizer até que a Sayuri pensa o mesmo.

– Me desculpem interromper, mas eu vou pedir para que a senhorita se retirasse, vou ter que fazer alguns exames na paciente. – Falou o médico gostosão em um tom profissional, adorei.

– Tudo bem doutor. – Sayuri disse já se encaminhando para a porta. – Se você precisar de alguma coisa, vou estar lá fora e pode pegar meu número se quiser. – Terminou de falar piscando e jogando um beijinho pra ele. Indiscreta? Não. Imagina.

– Sua amiga acabou de dar em cima de mim ou foi impressão minha? – Perguntou meio chocado.

– Impressão sua. – Disse fazendo pouco caso, já que não ia adiantar nada do que eu falasse ou fizesse, aquela garota não era normal.

– Muito bem. Então vamos começar os exames? – perguntou em um falsamente animado, eu só rolei os olhos. – Acho que isso é um “sim”.

Começamos a minha tortura, ele me puxava de um lado, pegava em outro, apertava. Foi uma chatice total, e para completar ainda ficava me perguntando a cada segundo se o que ele fazia me causava dor. Aquilo estava muito chato mesmo, quando ele pediu para eu levantar toda a parte de cima, daquela espécie de túnica branca que usamos quando vamos ao hospital, para me examinar, não perdi tempo e o provoquei.

– O senhor quer que eu tire para quê? – Disse fazendo uma cara maliciosa.

– Não é nada do que você está pensando.  –respondeu visivelmente nervoso, e eu estava gargalhando por dentro.

– Sabe doutor, talvez a gente pudesse se encontrar mais vezes... Marcar mais “exames”. – Disse fazendo uma cara maliciosa e erguendo a sobrancelha, ele ficou visivelmente desconfortável e muito vermelho, e eu não consegui me conter e acabei gargalhando. Ele suspirou aliviado com aquilo. – Você é novo não é? –perguntei

– Sou sim, por quê? – Perguntou já anotando algumas coisas na prancheta que segurava enquanto tentava ficar menos vermelho.

– Onde é que está o doutor Cliverman? – O doutor Cliverman trabalha no hospital desde que eu me entendo por gente e vim parar aqui. Sempre que me machucava ele quem me atendia, era quase um médico particular, ele era amigo da minha mãe e era quase como um avô para mim, adorava ele.

– Ele está de licença, foi passar um tempo com a família.

– Hum. – Respondi simplesmente. – Você vai ter que me ajudar a tirar isso aqui e dessa vez eu estou falando sério. –disse tentando realizar a missão impossível de tentar tirar a porcaria do avental idiota, mas não obtive sucesso, já que com a mão esquerda engessada e todo o meu tórax doendo estava meio difícil.

– Certo vou ajudar você. – Então ele me ajudou – Nossa! – Ele disse meio surpreso. – Você tem uma tatuagem!

– Sério?! Eu nem sabia disso. – Disse com sarcasmo.

– Tudo bem nada de falar coisas idiotas perto de você, certo? – Somente confirmei com a cabeça, agradecendo mentalmente por estar com aqueles tops no estilo nadador, acho que alguém devia ter posto em mim.

– Isso dói? – O médico que até agora não sei o nome perguntou apertando as minhas costelas.

– Se você tem amor a sua acho melhor tirar as suas mãos daí. – Falei entre dentes.

– Então eu acho que deve estar doendo. – Disse parando de apertar o local. – Você deve ficar de repouso e quando digo repouso, é repouso mesmo, quanto menos se mexer é melhor, mais rápido irá se curar. Você não chegou a quebrar alguma costela, só tem pequenas fraturas em duas do lado direito.

– Você quer que eu fique parada o máximo que eu conseguir? – Perguntei e ele fez um aceno positivo com a cabeça. – Olha isso não é muito tempo. – E ele suspirou. – Você não acha que se eu usar uma cinta ortopédica ficaria melhor? – Perguntei, ele era médico deveria saber disso.

– Claro, mas mesmo assim deve ficar de repouso. – Eu percebi que ele não havia se lembrado da cinta, que otário.

– Você é médico mesmo? – Perguntei de forma direta.

– Claro que eu sou. – Disse com o cenho franzido.

– Não sei não, você é muito inseguro pra ser um médico. – Disse me aproximando dele. – Parece tenso. – Falei mais perto ainda dele, que estava ficando mais vermelho.

– E-E-E- Eu sou médico e você está bem. Então vou sair daqui agora e você vai ter alta ainda hoje. – Falou rápido e atropelando as palavras. – Eu já vou. A receita com os remédios a enfermeira irá trazer e você está muito bem. – Falava se dirigindo a porta, no meio do caminho tropeçou e eu estava quase gargalhando. – Ai! Er...  Com licença. – Saiu quase correndo do quarto e então eu comecei a gargalhar só que não por muito tempo, pois minhas costelas estavam reclamando de dor.

Ajeitei-me melhor na cama e suspirei, só então comecei a fazer uma auto avaliação, além de ter que usar a droga da cinta ortopedia, meu pé direito estava com uma tala, minha mão esquerda com gesso envolvendo três dos meus dedos e indo até o meu pulso, só podia mexer o dedão e o mindinho, passei a mão na cabeça e senti o curativo pressionei um pouco e senti alguns pontos que iam da minha testa até uma pequena parte do coro cabeludo. Tenho que dizer que já estive pior balancei minha cabeça negativamente.

A porta foi aberta e por ela passaram Sayuri e o capitão da polícia, somente suspirei. Os dois estavam sérios, o capitão até entendo, mas a Sayuri também estava, ela geralmente está sorrindo e ajuda a aliviar a minha barra com o capitão hoje ela está estranha. O capitão Mark era legal, bom se você não entrasse no caminho dele é claro, era jovem e muito bonito, nas várias confusões em que me meti ele sempre estava lá, me enchendo, mas mesmo assim estava. Adoro sacanear ele o que o deixava muito irritado e com um ódio mortal de mim, mas eu supero, sempre dizia isso a ele.

– Bom que você já acordou. – Disse o capitão Mark. – Estou esperando já faz algum tempo.

– Eu sei que o senhor não aguenta ficar muito tempo longe de mim. – Disse cínica, ele só revirou os olhos.

– Vim aqui para informar que você está com sérios problemas, garota. – Disse.

– Como assim com sérios problemas, não fiz nada demais dessa vez, acho que dar uma fugida não é considerado um crime federal certo? – Perguntei erguendo uma das sobrancelhas.

– Não. – Disse simplesmente, o que fez com que eu relaxasse um pouco. – Mas porte de drogas, sim.

 – O quê?! – Quase gritei o que acabou me causando uma dor estridente em todo o meu corpo – Do que é que você está falando? Eu não sei nada sobre drogas. Eu não sou usuária pode fazer aqueles exames, eu não estou mentindo. – Disse um pouco desesperada, eu nunca me droguei. Muito pelo contrário eu consegui fazer com que o Adam largasse essas porcarias. – Eu não fazia ideia do que ele estava falando.

Ele suspirou, puxou uma cadeira e sentou ao lado da cama onde eu estava. Ficou me encarando com os olhos estreitos, como se quisesse me sondar para descobrir alguma coisa.

– Sabe. Você sempre foi parar na prisão fazendo coisas que os advogados conseguiam relevar com a fiança, mas isso não vai ser qualquer um que vai te livrar. – Rolei os olhos não crendo nas palavras que ele estava dizendo. – Você realmente não é usuária, fizemos exames em você – Disse isso se recostando na cadeira. – Mas, vender drogas é bem pior.

– Mas, eu não vendo, como é que eu venderia se eu nem ao menos sei como comprar, ou fazer, sei lá. – Disse já irritada com tudo isso.

– Aparentemente você sabe sim. Bom, não sei se você compra, faz, contrabandeia... Para mim isso não importa, o que importa é que por mais que eu queira ver você atrás daquelas grades e usando aquele lindo uniforme da prisão, alguma coisa sempre dá errado e você escapa. – Disse um tanto frustrado, e eu franzi o cenho com o que ele disse.

– Como assim, alguma coisa dá errado? – Perguntei confusa.

– Você não vai ser presa.

– Não?! – Exclamei um tanto surpresa.

– Não, você vai ter duas opções. – Falava aquilo com deboche. – A 1ª você se entrega, vai presa e eu fico feliz por não ter que ficar aturando você naquela delegacia ou ter que te perseguir por ficar fazendo arruaça por aí. A 2ª e mais sem graça é você ir morar com seu pai nos Estados Unidos, assim isso vai ser assunto da delegação deles e o seu pai tem dinheiro e já mostrou que consegue reduzir a sua pena a prestar serviços comunitários por uns poucos meses.

– E onde está à opção em que eu sou inocente e que tudo isso não passa de uma armação? – Perguntei já vermelha de raiva.

– Infelizmente não temos essa opção, mas você deve escolher logo, não temos muito tempo. – Finalizou me olhando seriamente.

Eu realmente não acredito no que está acontecendo comigo, eu sabia quem estava por trás disso, era por esse motivo que eu estava querendo dar um tempo desse país, só que o meu tempo se limitava há no máximo um mês e não envolvia cadeia. A minha vida é uma porcaria.

– Eu já estava indo morar com ele mesmo, então creio que isso não vá fazer muita diferença certo? – Falei com sarcasmo.

– Não faz diferença alguma, se você me der licença vou ter que preparar uns papéis. E a propósito digo isso sinceramente, até posso sentir sua falta pirralha.

Somente rolei os olhos e mandei o dedo do meio pra ele, que somente balançou a cabeça negativamente e saiu rindo. Quando me virei para olhar Sayuri, ela estava balançando a cabeça de um lado para o outro, resmungado e batendo um dos pés nervosamente no chão.

– Você não acreditou que eu estava vendendo drogas mesmo não é? – Perguntei.

– O que é que eu vou pensar, quando encontram um pacote de cocaína na sua bolsa e ainda por cima com as suas digitais, o que você acha que eu vou pensar hein Sahra? Me responde, porque eu realmente não sei. – Ela estava histérica e não era bom conversar quando ela estava assim, suspirei e desviei meus olhos dos seus.

– Você não deveria acreditar em tudo o que dizem por aí. – Falei simplesmente.

– Ninguém me falou nada, isso não foi algo que chegou a mim através de terceiros, eu vi e é meio difícil argumentar contra provas concretas, é quase impossível.

– Acredite no que você quiser. – Falei simplesmente me cobrindo com minha autodefesa em não demonstrar nenhum sentimento. – Para mim não faz diferença alguma, eu vou embora mesmo, espero que todos se danem. – Respondi o mais indiferente possível, a vi olhando para mim de forma incrédula.

– Você não vai nem ao menos se defender ou fazer algo do tipo? – Balancei a cabeça negativamente. – Assim fica cada vez mais difícil acreditar que você é inocente. – Terminou com uma risada irônica.

– Não estou pedindo que ninguém acredite em mim, se você acredita neles e precisa que eu tente provar que sou inocente para enfim acreditar em mim, acho melhor você sair, porque você não vai escutar nenhuma explicação minha.

Ela me olhou incrédula e saiu do quarto batendo a porta com força, fechei os olhos e me recostei na cama, não poderia falar nada sem que ela fosse prejudicada, infelizmente eu estava com uma faca sobre a minha cabeça qualquer movimento brusco que eu fizesse a faca caia e eu estava ferrada, e não podia – nem queria – envolver mais pessoas nisso. Enquanto eu estava pensando o homem que se dizia meu pai entrou no cômodo, meus músculos se enrijeceram e o ar ficou tão pesado que a tensão era quase palpável ali.

– Olá! – Ele disse simplesmente vindo sentar onde antes o capitão Mark sentara anteriormente. – Como você está?

– Estou bem. – Respondi sem tirar os olhos dele, ficamos nos encarando pelo que pareceram ser longos minutos até que ele resolveu quebrar o silêncio.

– Me desculpe por deixar o policial vir até aqui, mas o máximo que eu consegui foi adiar até você acordar, não podíamos esperar mais. – Falava sem jamais deixar de me encarar.

– Tudo bem, não foi nada demais mesmo, estou acostumada com coisas desse tipo. – Disse relaxando um pouco, eu estava realmente cansada, não sabia se era dia ou noite meu corpo só pedia um pouco de paz.

– Vejo que você está cansada. Vou deixa-la dormir e provavelmente quando acordar já vai receber alta, bom... – Suspirou. – Provavelmente iremos depois disso. – Somente balancei a cabeça afirmando, ele levantou e saiu do quarto, depois eu dormi.

Acordei e realmente recebi alta, peguei a minha mochila e nenhum dos Yamagishi se encontrava no hospital, acho que eu realmente magoei a Sayuri e decepcionei os seus pais, passei minha mão boa pelo cabelo e puxei a raiz com força e depois comecei a esfregá-los, tinha o hábito de fazer isso quando estava com muita raiva de alguma coisa, já me encontrava com a cinta e andava devagar devido à tala no meu pé, fui na frente enquanto John ficava para quitar alguma coisa no hospital, fiquei feliz por poder respirar um ar fresco, enquanto o esperava vi um senhor alto parado a frente de um Mercedes preto, o carro era realmente muito bonito.

– Vamos? – Dei um pulo pela aproximação repentina do John, meu coração veio à boca e voltou. – Desculpe não queria assustá-la, mas temos que ir. – disse apontando para a Mercedes que estava estacionado e eu estava admirando, porque que eu me surpreendo?

– Vamos, quer dizer, vamos passar na minha casa primeiro certo? Preciso pegar as minhas coisas.

– Claro! Vamos pegar as suas coisas e ainda hoje estaremos indo rumo aos Estados Unidos. – Só balancei a cabeça entediada com toda a empolgação na voz dele.

A viajem fora extremamente silenciosa e até que foi melhor do que ficar preenchendo o tempo com conversas desnecessárias, quando enfim chegamos em casa vi que aquilo realmente ia me fazer falta, olhei para a casa vizinha querendo ver se a Sayuri estava ali, mas infelizmente não estava. Voltei-me para a entrada da casa já pegando as chaves no beiral e abrindo a porta, assim que entrei me lembrei do segundo morador da casa, como é que eu pude me esquecer do Jason? Assoviei e chamei.

– Jason! Vem aqui! –John me olhou meio atônito e eu não entendi o por que.

De repente o meu bebê aparece correndo com as suas perninhas curtas e todo o seu corpo longuinho, o meu amado furão, é eu sei que ter um furão como bicho de estimação às vezes é estranho, mas ele é tão fofo, é todo malhado entre marrom caramelo, preto e bege, era meio gordinho e era tão fofo. O peguei no colo e o abracei ele tratou logo de subir para ficar na minha cabeça e no meu pescoço.

– Calma aí, você não pode ficar aí garoto, mamãe tá dodói! – Disse retirando ele de mim e o aninhando no meu colo, quando viu o John se arrepiou por inteiro e quis avançar segurei firme e o tranquilizei.

– Você tem um furão como bicho de estimação? – Eu só o olhei. – Tudo bem então, acho que a minha filha mais nova vai gostar de você.

– Que bom. – Disse indiferente. – Acho que vou demorar para empacotar todas as coisas, então não poderemos ir hoje... – Ele me interrompeu.

– Não se preocupe já cuidei disso, dentro de poucos minutos algumas pessoas virão ajudá-la com isso. – Eu só balancei a cabeça positivamente.

Falei que ele poderia ficar a vontade para conhecer a casa enquanto eu fui colocar comida para o Jason. Depois de alimentá-lo fui cuidar para que os empacotadores colocassem tudo o que eu queria, não era muita coisa, eu só queria ficar mais tempo aqui, afinal aqui era o meu lar desde que eu nasci e estou partindo para uma vida diferente algo totalmente desconhecido, suspirei frustrada.

Caminhei para fora da casa rumo a garagem olhar meu segundo bebê – minha moto – ela era linda, perfeita e eu sempre estava fazendo com que ela ficasse cada vez mais rápida, afinal eu dependia da velocidade dela pra ganhar dinheiro, é uma Honda CBR1100XX Blackbird preta, com faróis de xênon, chegava a 310 km/h com facilidade – com o motor original é claro – como eu mudei o motor completamente consegui a velocidade de uma Suzuki Hayabusa com 397 km/h, mas se eu forçar bem o motor – o que só fiz uma vez, e somente para testá-la  – chega até 415 km/h.

– Bela moto. – Dei um pulo. – Desculpe assustar você. De novo.

– Tudo bem, não foi nada. – Disse indiferente, era minha personalidade. Totalmente indiferente em relação a tudo.

– Os empacotadores chegaram.

Me retirei da garagem e fui ajudar, bom não ajudar necessariamente, já que eu não podia fazer muita coisa, o máximo que eu fiz foi falar onde colocar as coisas e quais colocar. Não tinha tantos pertences assim então foi bem rápido, tomei um banho e desci para alimentar o Jason mais uma vez e me alimentar também.

Enquanto colocava a comida para o meu animalzinho, vi John se aproximar e tratei logo de tirar um pedaço de lasanha que estava dentro do forno e coloquei sobre a mesa.

– Pode se servir. – Disse olhando para ele. – E eu não aceito “não” como resposta. – Ele somente suspirou se sentado em uma das cadeiras.

– Você quem fez? – Perguntou se referindo a lasanha, só acenei positivamente com a cabeça e ele logo enfiou um pedaço dela na boca. – Nossa está uma delícia!

– Obrigada. –respondi orgulhosa de mim mesma, afinal aprendi a cozinhar com a minha mãe e trabalho em um restaurante, se eu não soubesse fazer nada seria estranho.

– Com quem aprendeu a cozinhar?

– Primeiro com a minha mãe. – Suspirei. – Depois como fui trabalhar em um restaurante acabei aprendendo mais. Eu vou subir para pôr uns itens pessoais na minha mala enquanto você come, se me der licença. – Disse já me retirando do local e subindo as escadas para fazer uma coisa que quase me esquecera.

Chegando ao meu quarto tratei logo de trancar a porta, consegui me abaixar e ficar em baixo da cama, arrastei-me um pouco e cheguei onde queria. Puxei um pedaço do assoalho, retirando uma mochila com vários pacotes de dinheiro. Vários bolinhos de mil libras e dólares também, suspirei aliviada por não ter trocado todo o dinheiro no banco. Peguei os pacotes e comecei a embrulhá-los em papel alumínio para não serem detectados naquelas máquinas e espalhei-os em todas as malas e caixas de coisas, assim não correria o risco de ser acusada de traficante internacional.

Quando terminei de colocar o último pacote dentro da minha “mochila da sorte” batem na porta.

– Só um minuto! – Gritei. – Já estou indo. – Abri a porta estupefata e dei de cara com John me olhando de modo curioso.

– Vim chamá-la, pois já temos que ir. – Disse ainda me encarando de forma curiosa.

–Tudo bem, então vamos. – Disse já saindo do quarto com a mochila nas costas. – Preciso pegar o Jason primeiro.

Depois de colocar o furão na gaiola, caminhei em direção ao carro o mais devagar possível, nunca imaginei que uma despedida pudesse ser tão dolorosa, olhei em volta a procura de alguém que pudesse dizer: “Calma! Vai ficar tudo bem.” Mas, ao invés disso a única coisa que eu encontrei foi o vazio, o que passei tantos anos para conseguir no final aprendi que tem um gosto amargo e que ao contrário do que pensei não estava tripudiando sobre ele, eu estava acuada como uma criança que acaba de se perder dos pais.

Era assim que me sentia, talvez fosse melhor ter contado toda a verdade para a Sayuri, pensei, mas logo aboli esse pensamento da minha cabeça que amiga eu seria se a envolvesse nisso. Suspirei pesadamente quando vi que John me esperava no carro e segui rumo ao desconhecido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom se você conseguiu chegar até eu fico muito feliz :DSério, olha só por favor relevem os erros de português please, o capítulo não foi betado, porque eu e a Beta estamos sem tempo, tipo daqui a duas semanas temos prova da primeira fase do vestibular então, tenho que estudar pra prova, aula de violão, escrever, fora os outros deveres sabe...Mas, prometo que depois do dia 28 de novembro os posts vão vir com mais frequência, e eu vou fazer o máximo pra postar antes, vou começar a escrever agora mesmo...Mas, e aí o que acharam do capítulo? Sei que muita gente tá achando a história chata -.-' Mas podem ficar calmos porque ela vai ficar mais interessante eu juro (yy'. Pelo menos eu espero que sim ;DEu queria perguntar pra vocês o que vocês acham de ter PDV de outros personagens. Me perguntaram se ia ter, e eu respondi que não sabia. Então mandem a opnião de vocês =DDeixem comentários B'ju'B'ju & Xa'u'Xa'u *3**3* o/o/