So What escrita por Mahriana


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu sei que todo mundo quer arrancar minha pele, mas er... Mas nada não desculpa mesmo não é?! Então vamos ao capítulo, dedicado a chrikadsm, uma das minha queridas leitora! *-*



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PDV Sahra:

A aula de Ed. Física havia sido extremamente divertida. Estava precisando me exercitar, ainda sentia certas dores em alguns lugares do corpo. Tentei evitar o máximo possível de contato com Daniel, mas acertar uma bolada na cabeça dele foi algo irresistível de se fazer.

Assim que troquei o uniforme pela roupa que tinha ido para escola Marjorie me abordou fazendo as suas centenas de perguntas. Não sabia com ela conseguia elaborar tantas perguntas em tão pouco tempo.

 –O que você vai fazer hoje? – Ela perguntou.

–Tenho que trabalhar. Por quê?

–Bom, é que como hoje é sexta, nós vamos a uma lanchonete, sabe? Fazemos isso quase todas as sextas! – Ela falou empolgada.

–Parabéns! – Falei sem nenhum entusiasmo. – Eu vou deixar para uma próxima vez.

–Droga de armário idiota! Você vai queimar no mundo inferior... VAI SE FERRAR! – Alguém estava gritando do outro lado vestiário.

Comei a andar em direção ao ser que falava aquilo, junto com Marjorie e me deparei com uma cena no mínimo inusitada. A garota que jogava queimado como uma louca estava com um casaco colocado apenas em seus braços e cabeça, como se ela estivesse o vestindo e com o mesmo preso no armário, ela estava de joelhos no chão e puxando os braços em uma tentativa inútil de sair dali, mas a única coisa que ela estava conseguindo era se enrolar mais ainda. Andei até o armário dela e o chutei com força, fazendo com que a porta se abrisse. Já que estava mal fechada devido à roupa da garota, assim que a porta abriu ela caiu no chão totalmente desengonçada.

–Ai... – Ela reclamou enquanto se ajeitava.

–Você está bem? – Marjorie perguntou, ajudando ela a levantar.

–Tudo sim! – A garota disse ajeitando a roupa. – É só esse armário idiota, que sempre faz isso comigo. – Então sem mais nem menos a garota foi até o armário e o chutou, mas ao contrário de mim, que utilizei toda a planta do meu pé, ela chutou com o bico do seu. – Droga! Ai... Ai... Ai... – Ela resmungava enquanto pulava com uma perna só.

–Tudo bem. – Interrompi a loucura que acontecia ali. – Já que entre mortos e feridos, só você se ferrou, – falei apontando para garota que ainda segurava um dos seus pés – acho que tenho que ir. – Disse isso e saí.

–Espera! – A garota estranha gritou. – Eu sou Laila Haskel! – Ela falou entrando na minha frente e bloqueando a minha passagem.

–Azar o seu. – Respondi com um sorriso sarcástico.

–Por que você sempre fala isso? – Marjorie me perguntou. – Todos que perguntaram seu nome hoje, você deu essa mesma resposta.

–Força do hábito. – Falei com um sorriso de canto.

–Você é Sahra Backers, não é?! Foi você que bateu na Alexia. – Laila falou ainda bloqueando a minha passagem.

–Talvez. – Falei dando um passo para lado, fazendo com que a garota também desse. – Você poderia me dar licença? Tenho que ir para detenção.

–Ah! Claro, eu acompanho você.

–Muito obrigada. – Falei destilando sarcasmo quando ela começou a saltitar, sorrindo. Caminhava apressadamente para a sala de detenção com Marjorie, caminhando em meu encalço, e Laila saltitando. Parei em frente à porta da sala e agradeci mentalmente por estar de detenção. Não estava com paciência para aturar as duas que estavam me seguindo.

–Então você fica aqui Sahra, tenho que ir. – Marjorie falou. – Qualquer coisa, se mudar de idéia me liga, você tem o meu número. Tchau! – Ela acenou e saiu caminhando pelo corredor. Dei um suspiro e coloquei a mão na porta para abri-la.

–A sala de detenção. – Laila falou e meu corpo se arrepiou por inteiro. Gelei dos pés a cabeça. Uma das reações quando me assustava.

–Quer fazer o favor de assustar o seu pai? – Perguntei grosseiramente.

–Hey! Tudo bem, não precisa ofender. – Ela falou fazendo um bico e levantando as mãos. Só rolei os olhos.

–Claro, agora se me dá licença. – Falei passando por ela e abrindo aporta logo em seguida.

–Estão atrasadas. – Uma mulher, que reconheci como a professora de biologia, falou de forma entediada. Assim que ela pronunciou o “Estão”, olhei para trás e vi Laila sorridente parada perto a porta. – Sentem-se, por favor.

Caminhei até a última cadeira e sentei baixando a cabeça. Clair estava na cadeira ao lado e me olhava interrogativamente.

–Não pergunta nada. – Falei em tom baixo.

Laila sentou em uma cadeira do outro lado da minha e ficou olhando a sala como se estivesse fazendo a coisa mais interessante do mundo. Ela cruzou as pernas e ficava as balançando, olhava para o teto e depois começou a brincar com as mãos batendo uma na outra e mexendo os dedos. Durante todo o tempo de detenção ela simplesmente não ficava quieta, ela poderia sofrer de algum distúrbio, ou tomava energético no café-da-manhã. Assim que o sinal tocou levantei pegando as minhas coisas e me dirigindo até a mesa da professora. Era algo totalmente automático, poderíamos mudar de continente, mas os hábitos eram os mesmos, sempre ao final da detenção deveríamos levar um papel até o responsável, para que assinasse. Era como uma frequência, já estava tão acostumada com aquilo que fazia o ato de maneira inconsciente.

–Você está liberada. –A professora falou para Clair, que abriu um imenso sorriso.

–Por obra do destino Sahra Backers não estará liberada também? – Perguntei, já sabendo a resposta.

–Me deixa ver... – Ela remexeu em alguns papeis. – Não, você está como tempo indeterminado.

–Claro que estou. – Respondi rolando os olhos.

–E o seu? – A professora perguntou olhando para Laila.

–Meu o quê? – Ela perguntou confusa.

–Como assim: “Meu o quê?” – A professora perguntou. – Você deve ter recebido um papel como este, não? – A professora perguntou levantando o papel. – Laila ficou sem graça.

–Bom... Não. Na verdade eu não estou de castigo.

–Se você não está de castigo, o que veio fazer aqui? Eu poderia deixá-la de castigo agora sabia? Isso vai contra as regras da escola e... Espera um minuto... – A professora se interrompeu analisando Laila minuciosamente. A essa altura eu estava parada ao lado da porta observando toda a discussão, que estava se tornado interessante. – Você é Laila Haskel?

–Sim senhora! Eu sou Laila Haskel. – Ela respondeu com um imenso sorriso.

–Não foi você que soltou todos os sapos que seriam dessecados, na aula de biologia, ano passado? – A professora perguntou com raiva. Eu gostaria de bater palmas para Laila, soltar sapos na escola era algo espetacular.

– Sim, mas... Err... Eles estavam tão tristes e me olhavam com aqueles olhinhos...

–TRISTES?! Eu passei uma semana inteira procurando por sapos no prédio da escola e não duvido nada que alguns ainda estejam por aí! – Enquanto a professora falava Laila dava pequenos passos em direção a porta. – Você simplesmente acabou com uma semana inteira de aula, fora o trauma para as pequenas crianças. – A professora enumerava todas as situações distraidamente enquanto Laila estava a centímetros da porta. Em um movimento rápido ela simplesmente abriu a porta e saiu correndo para fora. Estava com vontade de rir, mas me controlei. – VOLTA AQUI HASKEL! AINDA NÃO TERMINEI DE FALAR COM VOCÊ!

– Acho que tenho que ir. – Falei saindo devagar e puxando Clair pelo braço. Saí o mais rápido possível da sala e parei perto da entrada para rir. Meu estômago estava doendo, fazia anos que não ria tanto. Clair me acompanhava rindo e eu simplesmente não conseguia parar, em súbito ela parou de rir e olhava algo atrás de mim.

– Acho que você não vai gostar nada disso Sahra. – A encarei confusa e virei na direção em que ela apontava.

Naquele momento qualquer traço de sorriso e alegria sumiu do meu rosto. No mural de avisos estavam vários folhetos, no tamanho de uma folha de caderno, com uma foto de Alan e eu na festa em que havia ido. Ele estava segurando uma das minhas pernas ao redor da sua cintura enquanto nos beijávamos selvagemmente. Caminhei até o mural e arranquei todos os folhetos, os jogando em minha mochila.

–Precisa de ajuda. – Nem ao menos me virei para saber que Laila estava lá tirando os folhetos e os jogando na mochila. – Quem fez isso? – Ela perguntou analisando o folheto com as grandes letras garrafais: DÊEM AS BOAS VINDAS A NOVA VADIA!

Estava tentando a todo custo me controlar, mas coisas estavam fora do meu controle. Sai marchando para fora da escola sem nem ao menos saber se ela ainda continuava lá, passei a procurá-la. Passei pelo estacionamento, banheiros, recepção, salas de aula, quadra de treinos e por fim o campo aberto.

Assim que cheguei me deparei com Alexia aos beijos com Jason. Uma imensa vontade de vomitar me atingiu. Afinal ela simplesmente ao tentar acabar com a minha imagem usou o próprio irmão. Ela estava entre as pessoas mais baixas que havia conhecido.

–LOIRA SEBOSA! – Gritei fazendo ela se separar rapidamente do namorado. – É VOCÊ MESMA ALEXIA BOSS! VADIA É VOCÊ E A SUA MÃE! – Caminhei a passos largos em sua direção. Ela virou vagarosamente em minha direção com um sorriso presunçoso no rosto, antes que eu a alcançasse ela caminhou em minha direção me interceptando no meio do caminho.

–O que você quer querida? – Ela falou destilando veneno.

–Se você quiser pode simplesmente colocar fotos minha pelada por toda a escola, fazer uma montagem comigo transando com qualquer um... – Falei totalmente tomada pela raiva. – Eu não dou a mínima para a porcaria da minha reputação, se eu sou ou não tachada de vadia não me importa nenhum pouco. Agora deixe os outros fora disso. – A ameacei.

–Isso é uma ameaça? – Ela perguntou de modo cínico.

– Com toda certeza é! – Falei de dentes trincados. – Se eu fosse você teria vergonha de sair na rua mostrando esse rosto idiota. Você usou seu próprio irmão.

–Está defendendo o namoradinho? – Ela falou sarcasticamente. – Ele pode pegar você em festas, mas acredite, garotas como você não são permitidas na minha família. – Dei uma gargalhada irônica.

–Se todas as mulheres da sua família forem como você, – falei apontando o dedo em frente ao seu rosto – acredite, eu não quero mesmo fazer parte da família. – Ela me olhou com fúria.

–E você? Pensa que só porque a sua mãe dormiu com um cara rico, pode simplesmente chegar aqui e mandar em alguma coisa? Você não consegue nada sendo uma vadia.

Era como se simplesmente a minha mente estivesse fora do meu corpo, agi instantaneamente. Minha mão voou para o seu rosto acertando um tapa forte e antes que ela ao menos se recuperasse do choque, minhas mãos embolaram em seu cabelo. Forcei meu corpo junto com o dela para baixo e logo em seguida ela estava deitada de bruços no chão, comigo em cima dela acertando seu rosto no chão, uma vez, duas, três...

PDV Jason:

Assim que Alexia virou comecei a andar atrás, não poderia deixar as coisas tomarem o mesmo rumo da última vez, mas antes que pudesse chegar ao meu destino uma mão me segurou pelo ombro. Virei imediatamente e vi Daniel com o mesmo sorriso de sempre, um sorriso divertido.

–O que você quer? – Perguntei enquanto caminhava em direção da Alexia novamente.

–Calma aí. – Ele disse entrando na minha frente.

–O que você está falando? Se eu deixar as coisas rolarem, provavelmente as duas vão acabar se engalfinhando aqui. – Falei tentando passar, mas novamente fui impedido.

–Não vai acontecer nada demais. – Ele me garantiu.

–Como você sabe disso? – Perguntei.

–Intuição... Bom nada irá acontecer se Alexia não falar demais, aí nós teremos que interferir. –Ele falou. Olhei em direção as duas, e uma roda de pessoas já havia se formado. Elas pareciam estar totalmente alheias a todos ali.

A discussão estava totalmente provocativa e aquilo não me deixava menos nervoso. Daniel analisava tudo minuciosamente. Parecia estar estudando todas as reações da Sahra. Eu ainda não estava entendendo o que ele realmente queria com ela. Voltei minha atenção à discussão bem na hora em que Alexia falou algo da mãe da Sahra que eu não havia entendido.

–Alexia falou demais. – Daniel falou balançando a cabeça.

Por um pequeno instante Sahra parou e parecia que nem ao menos respirava logo em seguida ela esbofeteou o rosto da Alexia e depois pegou seus cabelos a jogando no chão, ficando por cima dela, enquanto batia com o rosto de Alexia inúmeras vezes no chão. Fui em direção a elas um pouco desesperado, tentei passar pela parede de alunos que estavam observando, mas parecia que quanto mais eu tentava passar mais pessoas se metiam em minha frente.

Sahra simplesmente batia a cabeça de Alexia no chão com força e uma expressão feroz no rosto. Nesse momento agradeci por estarmos no gramado e não em uma parte de concreto. Assim que consegui chegar à parte onde não havia mais alunos Sahra simplesmente foi arrancada de cima da Alexia e jogada sobe os ombros de alguém. Olhei e vi o tal O’conner com o rosto sério e caminhando para longe com Sahra sobre seus ombros, no entanto ela estava parada sem fazer nada, simplesmente estava deixando ser levada.

Agachei-me ao lado de Alexia e a ajudei a levantar, ela estava tonta, então a peguei no colo e levei para enfermaria. No caminho para enfermaria vi Sahra com Marjorie, O’conner e a Haskel. Não iria deixar Alexia prosseguir com essa idéia estúpida de se vingar.

Sahra era simplesmente perturbada. Ela provavelmente sofria de sérios problemas, a agressividade que ela possuía não era de nenhuma pessoa normal, somente pessoas psicóticas fariam o que ela havia feito com Alexia, provavelmente ela não teria parado se alguém não tivesse interrompido.

Na enfermaria Alexia foi tratada pela enfermeira da escola, aparentemente nada de grave havia acontecido com ela, mas ela havia recomendado que Alexia fizesse uma tomografia, afinal sua cabeça havia sido batida no chão por diversas vezes.

– Eu vou simplesmente acabar com ela. – Alexia falou pela centésima vez.

–Não vai. – Falei entediado. – Você viu o que ela fez com você hoje? Aquela garota tem sérios problemas, não interessa o que você diga e mesmo que você queira continuar com isso, eu não vou ajudar.

–Mas Jason ela simplesmente acabou comigo...

–Não interessa Alexia, para mim já chega. – Disse irredutível.

–Tudo bem, por enquanto não vou fazer nada. – Ela disse. – Mas eu não prometo que vou deixar as coisas do jeito que estão afinal ela mexeu com Alexia Boss.

–Certo. – Falei suspirando.

–Você tem que me ajudar. – Ela falava em tom suplicante. –Não vou mais provocá-la, vou dar somente um golpe certeiro.

–Pode ser, mas eu peço que, por favor, não a provoque mais do jeito que você fez hoje.

–Ok! – Ela respondeu empolgada. – Sahra Backers vai se ver comigo.

PDV Sahra:

Red Hot Chili Pepers - Snow (Hey oh)

Eu simplesmente não parava. Bater a cabeça de Alexia no chão estava sendo como um exercício para relaxar, uma parte de mim gostaria de parar e essa parte sabia que o que eu estava fazendo era errado. O controle que sempre costumava ter simplesmente havia se esvaído, talvez aquilo fizesse com que eu recuperasse o meu controle novamente, mas era difícil voltar a si quando se perde.

Parecia que não existia mais nada além da minha mão envolta em cabelos jogando “algo” no chão diversas vezes. Parar seria algo bom, mas o êxtase de continuar batendo era muito melhor. Repentinamente meu corpo foi retirado de cima do de Alexia e de repente me dei conta de tudo ao meu redor, vi Jason perto de Alexia, Daniel me encarando misteriosamente, Laila ao meu lado e Jô também. Meu corpo estava sendo carregado para fora dali e eu estava indo de bom grado, não poderia simplesmente bater em alguma pessoa até a morte. Fui colocada no chão e vi o rosto de Nick me encarando seriamente.

–O que deu em você? – Ele perguntou um pouco exasperado.

Simplesmente sai sem dar nenhuma explicação. Liguei minha moto e dirigi em direção a casa. Não era o lar que eu desejava, mas era o único que tinha, então simplesmente dirigi. Era como se eu estivesse ligada no modo stand by, estava no quarto e não fazia ideia de como havia parado ali.

Me joguei na cama e fiquei encarando o teto. Jason subiu na minha barriga e ficou deitado lá. Minha cabeça parecia que explodiria a qualquer momento, então levantei e fui ao banheiro, parando no caminho para pegar meu canivete. Dei um longo suspiro e entrei no banheiro já me despindo, fiquei sob o chuveiro enquanto a água batia em minhas costas e passei a navalha no meu pulso esquerdo. O sangue passou a escorrer do meu pulso e naquele momento parecia que todas as preocupações, problemas e dores haviam ido junto com ele. Tudo parecia ter ido direto para o ralo, quisera eu ficar com essa sensação para sempre, mas logo depois de poucos minutos as coisas simplesmente voltavam e a sensação que antes era tão boa, acabou se tornando dolorosa, o ato passou a ser sujo e algo totalmente insano.

Já estava acostumada a me sentir assim, então simplesmente ignorava todo o sentimento de culpa e me concentrava em ficar com a sensação prazerosa. Fiz o curativo em volta do meu pulso e coloquei uma munhequeira preta de velcro ao redor. Troquei as lentes vermelhas por pretas e pus roupas menos extravagantes. Um tênis vermelho, uma blusa preta e uma calça simples. Para trabalhar aquela roupa estava muito boa.

Desci as escadas e analisei o meu tempo, ainda teria um bom tempo antes do trabalho, resolvi ir a cozinha beber água, enquanto colocava água no copo minha cabeça pensava em coisas que provavelmente me trariam muitos problemas.

Daniel era amigo de Nate, se ele me reconhecesse e ainda possuísse vínculos com Nate provavelmente me delataria. Natanael gostava sempre de estar um passo a frente de todos os adversários, “é algo necessário”ele dizia. Se Daniel contasse a ele onde eu estava provavelmente estaria em maus lençóis, pois Nate deveria estar querendo o meu pescoço na melhor das hipóteses. Por outro lado Daniel poderia não estar mais tão próximo de Natanael como antes e então mesmo que me reconhecesse não faria nenhum alarde.

Algo que também poderia ocorrer seria eu me esconder de Daniel a todo o custo, evitando que ele me reconhecesse, contudo isso seria totalmente desgastante e se ele não mantivesse mais nenhum contato com Nate seria algo desnecessário. Seria viável me aproximar de Daniel, pois conseguiria coletar informações e mesmo que ele se lembrasse de mim e contasse a Natanael, eu estaria um passo a frente dele e totalmente preparada para o que viesse a acontecer.

Por outro lado seria algo bom se eu mesma entrasse em contato com Nate, ele poderia interpretar esse contato como um rendimento e um pedido de paz, ou ele imediatamente viria para onde eu estava e arrancaria a minha cabeça, o que era a opção mais provável, se ele me matasse, uma chance grande de acontecer, provavelmente Adam, Sayuri e Akim seriam os primeiros a iniciarem a “guerra” e se o grupo do Nate entrasse em conflito com os meus “aliados”, as coisas não ficariam nada bonitas. Akim contataria o mundo e me usaria como desculpa para acabar com a raça de Nate, que não ficaria parado e trataria de eliminar meus amigos um a um. Talvez nenhum dos lados vencesse e no final não restaria nada.

Bati minha cabeça na geladeira tentando formular alguma coisa, mas nada vinha e qualquer mínimo deslize poderia acabar comigo e levar os outros também, olhei para o lado com a minha testa encostada na geladeira e vi uma cesta cheia de maçãs em cima da mesa, um pequeno sorriso saiu dos meus lábios, observei o relógio e vi que ainda tinha tempo. Peguei as maçãs e olhei em todos os armários procurando ingredientes para fazer a minha especialidade. Torta de maçã.

Cortei as maçãs e depois preparei a massa, o recheio e a cobertura. Preparei tudo e depois a coloquei para assar. Enquanto a torta assava eu tratei de lavar a louça e guardar todo o material que havia sobrado. Terminei de arrumar a cozinha bem a tempo de a torta ficar pronta. Peguei um prato e cortei um pedaço da torta, ela estava com uma aparência perfeita, a massa estava macia ao corte o cheiro adocicado da maçã subia. Coloquei o pedaço de torta bem ao centro do prato e depois coloquei um pouco de calda de chocolate por cima, minha boca já salivava de antecipação, contudo ainda faltava um último ingrediente, abri a geladeira tirei o vidro de Ketchup apimentado, fechei os olhos por um segundo imaginando o gosto e assim que me virei vi Jason comendo o meu pedaço de torta.

– Você vai morrer. – Eu disse entre dentes.

– O que eu fiz? – Ele perguntou me olhando assustado com a boca suja de torta.

–Não me venha com essa. Eu juro que você é um homem... – Fui interrompida pelo alarme do meu celular que estava no meu bolso. Peguei minha mochila e sai da cozinha lançando um último olhar mortal para ele.

PDV Jason:

 Sahra sofria de graves problemas, disso e tinha absoluta certeza. Havia chegado em casa tomado um banho e descido para a cozinha. Tudo bem que eu tinha pegado a torta que provavelmente era dela, mas era só uma torta. Mas se pensarmos bem, aquilo não era somente uma torta e sim torta. A massa era maravilhosa praticamente derretia na boca junto com o recheio e a cobertura, a calda de chocolate era um adereço que não precisaria estar ali para que a torta ficasse perfeita.

– O que você está fazendo com essa cara de idiota? – Drew me perguntou enquanto entrava na cozinha e pegava água na geladeira.

–Nada. – Respondi enquanto me concentrava em comer a torta.

–Sei. – Ele falou desconfiado. – E o que é isso que você está comendo?

–Torta. – Falei sem interesse algum em conversar. Agora eu sabia o porquê da Sahra ficar com tanta raiva por um pedaço de torta. Aquela torta era surpreendente.

–Então quero um pedaço. – E então ele cortou uma fatia e deu uma mordida. – Nossa! – Ele disse enquanto colocava mais um pedaço na boca.

–Eu sei disso. – Falei.

–O que vocês estão comendo? – Clair perguntou olhando para a torta e já tirando um pedaço. – Nossa isso aqui está maravilhoso!

–É, sei disso – Drew e eu falamos ao mesmo tempo.

–Quem fez? – Ela perguntou.

–Não faço à mínima ideia. Entrei aqui e vi a Sahra comendo. – Omiti a parte de que ela não havia comido. – Então experimentei e... Nossa.

–É...  Nossa. – Drew falou enquanto comia.

–Olá crianças. – Minha mãe chegou beijando minha bochecha e a de Drew. – O que vocês estão aprontando?

–Você tem que provar isso. – Drew disse e praticamente enfiou um pedaço de torta na boca da minha mãe.

–Hum... Isso é uma delicia. Vocês compraram ou foi Margareth quem fez? – Ela perguntou já separando um pedaço de torta para ela.

–Não sabemos, ela simplesmente estava aqui e agora estamos comendo. – Clair falou.

–Tudo bem a torta é uma delicia, mas agora eu quero todos na mesa para o jantar, estão ouvindo? Vamos logo. – Minha mãe falou nos expulsando da cozinha. –E antes que me perguntem, eu irei guardar a torta para sobremesa.

Saímos da cozinha fomos para a sala de jantar. Olhei ao redor e não vi Sahra, o que me deixou curioso, pois ela já deveria ter decido para o jantar. Uma conversa leve e descontraída estava rolando na mesa até Jonh chegar.

–Onde está Sahra? – Ele perguntou assim que sentou a mesa, olhando para cada um de nós.

–Foi trabalhar. – Mellany respondeu enquanto se servia do jantar.

–Como assim trabalhar? – Jonh perguntou novamente olhando para Mellany.

–Trabalhar, é algo que fazemos para ganhar dinheiro. – Ela falou despreocupadamente. – Encontrei com ela no corredor e perguntei aonde ia e ela me respondeu que iria trabalhar.

–Onde ela vai trabalhar? Só é uma aluna do colegial, o máximo que vai conseguir é algum emprego de meio período em alguma loja ou algo do tipo. – Jonh estava começando a se alterar e eu enxergava uma possível discussão.

–Isso não é problema algum, na idade dela eu já trabalhava. – Minha mãe interveio. – Ela só quer ganhar o próprio dinheiro.

–Mas a Sahra é diferente Catherine, ela não...

–Ela é como qualquer outra garota, só quer ser um pouco independente, o que ela era antes vir para cá. – Minha mãe o interrompeu novamente. – Agora vamos voltar ao jantar.

Depois disso o jantar não foi mais o mesmo, Jonh batia seus talheres furiosamente contra o prato. Mellany comia mais do que todos que se encontravam a mesa, repetindo várias vezes e Clair mal tocava na comida. Aquela família tinha sérios problemas de relacionamentos que eram perceptíveis a quilômetros de distâncias, mas os únicos que não enxergavam eram os próprios.

Depois do jantar resolvi dar um pequeno passeio pela casa, ao passar pelo banheiro principal da casa escutei barulho de alguém que parecia estar vomitando, apesar de já saber quem era resolvi bater na porta.

–Está tudo bem ai dentro? – Perguntei. Mellany saiu lá de dentro e me olhou com uma expressão um pouco abatida. – Você está bem? Se quiser eu posso falar com a minha mãe para fazer algum remédio.

–Não precisa. – Ela falou com uma voz um pouco rouca. – Eu vou ficar bem, foi só um mal estar. O meu banheiro não está muito bem então eu tive que vir para esse aqui.

–Certo. – Falei suspirando. –Qualquer coisa que precisar é só me chamar ok?

–Pode deixar. – Depois disso ela entrou no seu quarto.

Mellany era uma garota bonita e simpática, não merecia estar passando por esse tipo de problema. Já de volta ao meu quarto, após uma caminhada pela casa me joguei na cama e fiquei encarando o teto.

As coisas não estavam muito boas ali, eu me encontrava bem no meio de uma família problemática e estranha, isso era uma das últimas coisas que eu queria: problemas.

PDV Sahra:

Red Hot Chili Peppers - Scar Tissue

Ao chegar à lanchonete pensei que ia ser bombardeada de perguntas da parte de Nick, mas aconteceu justamente o contrário. Ele havia ficado com a responsabilidade de me monitorar, para saber como eu me sairia, então simplesmente sorriu e ficou no meu pé a noite inteira, somente andando atrás de mim e fazendo perguntas e brincadeiras idiotas.

Parecia que o incidente que acontecera pela parte da tarde tinha sido completamente apagado de sua memória. Lógico que aquilo me deixou bem mais relaxada, seriam problemas para outra hora. O trabalho era uma maravilha, nada que eu já não tivesse feito antes, então aquilo facilitou muito a minha vida.

–Você se saiu bem hoje. – Nick falou enquanto me ajudava a arrumar as cadeiras para fecharmos. – Acho que posso dar uma nota sete.

–Você está de brincadeira comigo? – Falei fazendo uma cara de falsa indignação. Eu não estava nem um pouco preocupada com a nota. – Acho que vou ficar chorando a noite inteira por isso.

–Eu sei que vai. – Ele disse rindo.

–Por que você não perguntou nada a respeito do que aconteceu mais cedo? – Perguntei curiosa.

–Se você não me falou àquela hora não precisa me falar agora. Não é da minha conta se você espanca ou não uma garota. – Ele disse com um pequeno sorriso nos lábios. Aquele sorriso o deixava, sem sombra de dúvidas, mais bonito.

–Muito bem, todos estão dispensados, por hoje é só. – A mãe dele apareceu falando alto enquanto batia algumas palmas. Depois virou para onde eu me encontrava. – Espero que o Nick não tenha sido muito duro com você. Às vezes ele é um tédio. – Ela completou mais baixo.

–Ele é realmente um tédio. – Falei como um uma garotinha mimada.

–Vocês sabiam que eu ainda estou aqui? – Nick se pronunciou. – Agora vamos todos embora, vejo vocês amanhã e até mais gente.

Depois disso todos foram embora. Um mês inteiro se passou no mesmo padrão: escola, creche, lanchonete e casa.

Na escola as coisas estavam normais na medida do possível, pois eu não estava mais de castigo, mas me incomodava o fato de Alexia não estar mais se importando comigo. Ela simplesmente esqueceu que apanhou e ao que parecia não havia contado ao seu pai a respeito da nossa última briga, ela poderia estar tramando algo, mas não me importava muito com isso. Agora Laila fazia parte do “grupo” e apesar de duvidar da sua sanidade mental ela se dava muito bem com os outros, talvez fosse pelo fato de que todos ali não eram totalmente normais. Mas uma coisa simplesmente me incomodava profundamente, depois da primeira semana, todos os alunos foram obrigados a usar uniforme, garotas de saia pinçada, camisa social branca e um terno com o emblema da escola. Os garotos de calça social, camisa social e o terno com o emblema. Fora os sapatos idiotas.

O trabalho comunitário estava me saindo melhor que a encomenda, as crianças me ajudavam a estudar e ainda por cima aprendiam. Eu simplesmente lia algum texto escolar e pedia para que elas formulassem alguma pergunta, claro que isso acontecia depois de explicar inúmeras palavras que elas não sabiam. Estava sendo bom ficar com elas conversando e respondendo a perguntas absurdas.

Na lanchonete as coisas iam muito bem, Nick ajudava e muita das vezes atrapalhava, mas sempre estava lá. A mãe dele sempre se preocupava com o que eu fazia, segundo ela apesar do trabalho eu não deveria nem por um segundo sequer me descuidar dos estudos. O que eu não fazia claro, mas que demorou quase o mês inteiro e um jantar, para que Jonh entendesse que estava tudo bem. O jantar havia sido na casa de Jonh e claro que Nick estava presente, junto com o seu modo irritante e engraçado ao mesmo tempo, o que fez com que Jonh o adorasse.

Em casa eu já havia decorado cada espaço daquele lugar, exceto os quartos. Clair estava se saindo bem na escola, feito alguns amigos e as outras crianças pararam de irritá-la. Drew e Jason continuavam os mesmo, só que Jason havia parado de tentar qualquer tipo de aproximação comigo. Mellany era estranha, por vezes a peguei falando sozinha e tinha oscilações de humor frequentes, parecia que ninguém além de mim percebia isso, ou se importava. Depois de pensar por um tempo decide não me importar, se o próprio pai não se importa esse pode ser um comportamento comum.

Já estava subindo pelas paredes e não sabia mais o que fazer. Akim havia sumido, não soube nem uma notícia sequer a seu respeito. Todas as pessoas com quem falei simplesmente não tiveram contato com ele. A única que me dera à notícia de que ele ao menos estava vivo foi Sayuri, que me disse ter recebido uma ligação do mesmo avisando isso. As únicas coisas que fazia quando estava em casa era cozinhar tortas e por mais que escondesse pedaços na geladeira eles simplesmente sumiam.

Estava em um dia extremamente monótono, além de não ficar depois da escola, tinham me dispensado do trabalho. Somente o restaurante seria aberto, então simplesmente me dispensaram. Ia até a cozinha beber água quando passe pela sala de jantar e encontrei Jason e Clair ao redor de uma caixa de papelão. Resolvi ignorar, peguei um copo com água e quando passei os dois continuavam em volta da caixa, cheguei perto e olhei por cima da cabeça de Clair. Dentro da caixa se encontrava uma pequena bola de pêlos preta bem aninhada em um monte de jornais.

–Um gato! – Falei com as sobrancelhas erguidas. Os dois não haviam percebido minha presença e saltaram de susto.

–Você é louca? – Jason perguntou assustado. – Não se pode chegar e assustar as pessoas desse jeito. – Somente dei de ombros.

–De quem é o bichano? – Perguntei enquanto bebia meu copo de água calmamente.

–Eu o achei na rua e nós estávamos pensando em um nome. Tem alguma sugestão? – Clair perguntou.

–Gato. – Falei.

–Sim ele é um gato. – Clair falou.

–Eu sei. Gato. – Falei novamente.

–Nós sabemos que ele é um gato Sahra. Agora se você quiser ajudar na escolha do nome ficaríamos gratos. – Jason disse rolando os olhos.

–É isso o que eu estou tentando dizer, coloquem o nome dele de Gato. – Falei rolando os olhos.

–Não posso colocar esse nome. – Clair falou fazendo careta.

–E por que não? – Quis saber.

–Porque ele já é um gato e não podemos colocar o nome de Gato nele.

–Claro que podem. Eu tive um cachorro que se chamava Cachorro e ele nunca reclamou. – Falei entediada.

–Você é estranha. – Jason falou.

–Que tal “Neko”? – Falei com um sorriso.

–Legal. Tem algum significado? – Clair perguntou.

–Significa gato em japonês. – Abri um sorriso debochado.

– Não vou colocar esse nome. – Ela falou irritada.

–Tudo bem. Calma. – Falei levantando as mãos. – Que tal “Katze”?

–Nada mal. – Clair falou e eu dei um sorriso. – O que significa?

–É gato em alemão. – Falei rindo enquanto ela me fuzilava com os olhos.

–Eu me pergunto como você colocou meu nome naquele bicho que você tem. – Jason disse me olhando com uma careta no rosto.

–Acredite Jason, você não vai querer saber. – Falei balançando a cabeça.

–Sahra. – Margareth chamou da porta da sala de jantar. – Tem uma pessoa...

–Amorzinho? Cheguei! – Olhei em sua direção e dei de cara com Akim de braços abertos e uma enorme mochila nas costas. – Não vou ganhar nem um beijinho de boas vindas?

Olhei para ele com os olhos crispados, enquanto o mesmo sorria abertamente para mim.

–Mas é claro querido. – Falei dando um sorriso irônico. O abracei ficando de costas para Jason e Clair. – Onde você estava? – Cochichei ameaçadoramente. – Eu vou matar você. – Logo depois ele me tirou do chão e rodopiou ficando de costas para eles.

– Logo conto para você. Precisamos ter uma conversa séria. – Ele nos separou e encostou seu rosto no meu roçando nossos lábios enquanto falava. – Quero saber o que você queria falar comigo.

–Se você não aparecesse logo... – Falei e rolei os olhos, ainda com os lábios roçando. – Eu te mataria!

–Tem crianças presentes aqui. – Jason falou alto.

–Parece que sim. – Akim falou olhando sugestivamente para Jason. – O que temos aqui?! – Ele foi em direção a caixa e pegou o gato pela pele do pescoço o levantando acima da sua cabeça. – Eu conheci um cara que comia esses bichos, ele tinha algum traço chinês ou coreano, não sei. Mas me falou que o gosto de gato é muito bom. – Conhecia Akim muito bem a ponto de saber que ele simplesmente não faria nada ao gato. Mas que Clair pensava o contrário.

–Solta ele. – Eela disse puxando a manga do casaco que Akim usava, fazendo com que ele abaixasse o braço e ela pegasse o animal. – Você não vai comê-lo. – Clair falou seriamente, o que fez Akim rir.

–Acredite pequenina eu não comeria esse bicho de modo algum. Tenho amor ao meu paladar. – Akim falou e depois virou para onde eu estava. – O que você acha de conversarmos lá em cima? Estou com saudades e com fome. – Ele falou com um sorriso malicioso.

–Vou pegar algo na cozinha e depois vamos para o meu quarto. – Fui rapidamente até a cozinha e peguei um pedaço de torta e alguns pacotes de salgadinhos com duas garrafas de refrigerante.

Akim estava parado na mesma posição em que eu o havia deixado quando fui à cozinha, joguei alguns pacotes de salgados e cima dele e sai sem olhar para trás. Subimos as escadas em silêncio, abri a porta e depois que ele passou entrei no quarto e tranquei a porta atrás de mim. Coloquei os salgadinhos no chão, tirei um dos meus tênis e o joguei contra Akim, que por obra do destino desviou, fazendo com o tênis passasse longe.

–Hey! Isso podia ter me acertado sabia? – Ele falou me olhando com os olhos arregalados.

–Infelizmente não acertou. – Falei com os dentes trincados.

–O que eu fiz dessa vez?

–Você simplesmente sumiu... Evaporou durante o mês inteiro. O que você queria? Que eu te abraçasse e enchesse de beijos? – Perguntei ironicamente.

–Talvez. – Ele respondeu com outro sorriso malicioso. – Estava resolvendo alguns problemas e também estava trabalhando. – Ele colocou as coisas em cima da cama e depois tirou a camisa.

Eu poderia não gostar do Akim como um namorado ou alguém com quem eu beijaria de verdade, mas ele era muito gostoso. O abdômen parecia estar mais definido e com algumas pequenas cicatrizes que davam um charme e um ar de bad boy. Ele jogou a blusa sobre a cama e depois colocou uma das mãos atrás das costas retirando uma arma. Levantei as sobrancelhas em sua direção.

–O que você estava fazendo? – Perguntei.

–Você não vai querer saber. – Ele falou comprimindo os lábios.

–credite, eu vou. Agora você pode começar a falar tudo.

–Certo. Bom... Tudo começou quando...

–Espera. – Falei o interrompendo. Depois disso me encaminhei até o computador e coloquei uma música, peguei todos os salgados e doces e fui em direção ao banheiro indicando que ele me seguisse.

–Vai me levar para o banheiro? Você estava com tanta saudade assim? – Ele falou sendo sarcástico.

–Claro querido. Passei um mês inteiro sem você. – Falei jogando as coisas no chão do banheiro e ficando na porta enquanto passava as mãos pelo meu corpo. – Fiquei com saudades, pensando em nós dois juntos, principalmente à noite. – Ele tentava conter o riso.

–Então vamos resolver esse problema. – Akim falou pegando a mochila e as suas coisas entrando no banheiro logo em seguida.

PDV Jason:

Assim que Sahra subiu com o seu namorado, também subi para o meu quarto. Liguei o computador e ativei a câmera, fazia muito tempo desde que fiz isso pela última vez. Depois que decidi não ajudar mais Alexia e Daniel, nunca mais havia ligado de novo, no entanto, ainda não tinha tido a chance de tirar a câmera do seu quarto. Claro que agora estava sendo útil, já que fiquei extremamente curioso a respeito do seu namorado.

Assim que liguei ouvi os dois conversando e quando o garoto tirou a camisa uma arma estava colocada na calça jeans, meus olhos simplesmente se arregalaram e o contrário do que pensei Sahra não se assustou ela simplesmente perguntou o que ele estava fazendo, a essa altura eu estava gravando tudo, aquilo seria realmente interessante, entretanto, Sahra acabou com todas as minhas expectativas, ela simplesmente colocou uma música e se trancou no banheiro com o garoto.

Podia não gostar dessa garota, mas a cena dela passando as mãos pelo corpo, e falando coisas que não consegui compreender, era simplesmente sexy. Aquilo realmente ficaria na minha cabeça por um bom tempo.

–O que você está fazendo? – Daniel apareceu de repente no meu quarto.

–Nada. – Falei.

–Você está olhando o quarto da Sahra, é? Muito bem, mas achei que você havia dito que não queria mais fazer isso. – Ele falou me olhando com as sobrancelhas levantadas.

–Agora eu vou ajudar vocês com certeza. – Falei convicto.

–O que fez você mudar de idéia?

–Essa garota está envolvida com coisas muito estranhas e nós vamos descobrir o que são.

–É assim que se fala. – Daniel falou visivelmente animado.

PDV Sahra:

Estava sentada na pia e Akim estava dentro da banheira vazia comendo um pacote de M&M’s.

–Pode começar a falar. – Inquiri.

–Minha história é um pouco longa, chata e eu estou com fome, então o que você acha de contar a sua primeiro? – Ele devolveu jogando um pacote vazio no chão e pegando outro.

–Tudo bem. O que eu vou contar tem algo a ver com Natanael. – Akim me olhou pelo canto do olho e depois voltou sua atenção para os seu doces. – Não sei se você lembra, mas na época em que o conheci, Sayuri também conheceu um garoto. Isso parece ser algo insignificante, mas acho que não é tanto assim. Você deve lembrar que ela ficou extremamente evasiva e nós nunca víamos o garoto, a única coisa que sabíamos era que ele e Nate eram grandes amigos.

–Desculpa interromper, mas eu realmente não sei aonde você quer chegar com isso. – Akim me interrompeu com uma expressão cética no rosto.

–O que eu quero que você lembre é que quando Sayuri conheceu esse garoto, ela ficou distante. Nunca a vimos com ele, somente algumas vezes devido a grande amizade de Nate com o rapaz. – Falei tentando colocar o maior número de informações possíveis na sua cabeça. – Sempre que perguntávamos sobre ele a Sayuri, ela o cobria de elogios e depois desviava do assunto. Com Nate era a mesma coisa.

–Eu lembro disso, mas...

–Antes que você fale alguma coisa eu quero que você lembre também de quando Sayuri terminou com o garoto. Você lembra que ele simplesmente a traiu e sumiu a deixando arrasada. Depois quando perguntamos sobre ele, ela simplesmente contou tudo o que sabia, mas ela contava praticamente a mesma coisa de antes que ele era lindo e perfeito. No entanto quando perguntamos ao Nate ele disse que não sabia o que havia acontecido e que iria conversar com ele. – Dei uma pausa e Akim apesar de parecer estar distraído com o seu pedaço de torta prestava atenção a todas as palavras que eu falava. – Só que depois de algum tempo nós meio que “esquecemos” do assunto. Principalmente Sayuri, que não curtia muito falar disso...

–Você está enrolando demais. – Akim me interrompeu. – Vá direto ao ponto, por favor.

–Claro. – Falei bufando. – Daniel era o melhor amigo de Natanael e mesmo com o problema com a Sayuri, os dois ainda continuaram com a amizade.

–O que eu tenho haver com isso? – Akim perguntou com uma sobrancelha erguida.

–Caso você não lembre... Daniel está aqui. – Falei rolando os olhos, já sabendo que ele não lembraria disso. – E se a amizade dele e do Natanael continuar a mesma... Creio que Nate em breve virá me visitar. – Akim parou com o pedaço de torta no meio do caminho em direção a sua boca.

–Você está me dizendo que Burnier pode saber onde você está a qualquer momento? – Akim perguntou. Ele nunca chamava Natanael pelo primeiro nome, ele seria sempre Burnier.

–Basicamente. – Falei suspirando. – Só não sei se Daniel ainda mantêm contato com ele, do contrário eu posso estar me preocupando a toa.

–Se tratando do Burnier, cuidado nunca é demais. – Ele falou franzindo as sobrancelhas. – E você sabe disso.

–Sei. – Falei não me importando muito. – Mas você deve levar em consideração que ele está preso. Não pode fazer muita coisa nessa situação.

–Era sobre isso que eu queria conversar. Burnier não está preso, não mais.

–Como assim?

–Eu realmente viajei a trabalho. Em Nova York soube de rumores a respeito de que ele estava na ativa de novo. Tive que conferir pessoalmente, então fui até a Inglaterra. Conversei com algumas pessoas e até fiquei uns dias na casa da Sayuri. Fiquei observando se ele estava rondando a sua casa ou não. De qualquer maneira ele não apareceu e não está agindo. Não fez nada. Absolutamente nada. Isso está me intrigando muito.

–Você foi até Londres? – Perguntei incrédula. – Eu vou matar você. Como você não me avisou sobre o que estava acontecendo, eu estava tendo um treco sem saber nada a seu respeito?!

–Não queria deixar você preocupada. – Ele disse me olhando com os olhos um pouco crispados. – Você poderia ir atrás de dele.

–Eu não sou idiota a ponto de ir atrás do Natanael. – Falei ressentida. – Você acha que eu iria atrás dele? Depois de tudo o que aconteceu? Não iria trair você.

–Não falei isso. – Akim falava como se não se importasse muito. – Eu sei que você ainda deve sentir alguma coisa por ele...

–Eu não sinto mais nada por ele. – O interrompi ferozmente.

–Talvez ódio. – Ele disse dando de ombros. – Mas de qualquer forma é um sentimento, e isso poderia ocasionar alguma coisa.

–Acho melhor você calar essa sua boca. – O ameacei. Ele levantou as mãos em forma de rendimento.

–Só estou dizendo que talvez você fizesse algo. Não que você iria fazer, a natureza humana é desconhecida. E você mais do que ninguém deveria saber disso. – Bufei, enquanto ele falava.

–Isso não justifica a arma. – Falei de modo exigente.

–Melhor prevenir, não é? – Ele falou com as sobrancelhas arqueadas. – A questão é que se ele vier até aqui, as coisas podem não ser tão legais assim. O que você está fazendo a respeito?

–Até agora nada. Só evitando me aproximar de Daniel o máximo possível.

–Você poderia fazer o contrário. – Akim falou coçando o queixo onde crescia uma barba rala.

–O que eu ganharia com isso? – Perguntei retoricamente. – Já pensei em fazer isso, mas não vou ganhar nada além do risco de ser apunhalada pelas costas por ele.

–Você não está pensando direito. – Akim falou. – Daniel deve ter amigos não é? Ele não é aquele garoto quase da família? Você poderia se aproximar dele de forma indireta.

–Ele é praticamente irmão dos garotos. Mas porque eu me aproximaria dele? – Perguntei sem querer achar um jeito de encontrar com Nate.

–Sahra, minha querida. Você pode não querer encontrar Burnier, mas isso não quer dizer que ele não queira encontrar você. – Ele falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

–Então você quer que eu me aproxime de algum dos garotos e fique perguntando sobre o Daniel? – Perguntei fazendo uma careta.

–Basicamente. Os garotos são amigos dele, então provavelmente o conhecem como ninguém. Você se aproxima, ganha confiança, descobre coisas e depois ficamos um passo a frente do Burnier. – Ele falava como se as coisas fossem extremamente fáceis.

–Tenho que saber sobre Daniel e depois sobre Natanael. – Conclui. – Isso vai ser um saco. A propósito, quem garante que algum deles saiba sobre Natanael?

–Eles têm que saber. Se forem tão amigos assim uma coisa dessas fica explicita numa amizade. – Ele disse dando de ombros. – Agora você só precisa escolher qual dos dois manipular.

–Isso é algo complicado. – Murmurei.

–Gosto do grandão, ele parece ser um cara simpático e seria quase fácil demais arrancar as coisas dele.

–Não tão fáceis assim. Eu convivi com ele, Drew, durante todo o mês e percebi que ele poderia simplesmente dar um chute no Daniel a qualquer momento. – Falei cruzando os braços. – Drew não é a pessoa com quem Daniel ficaria horas contando seus segredos, ou tudo o que acontece na sua vida. Já Jason é bem próximo. Conversam muito.

–Então achamos o seu alvo. – Akim falou levantando da banheira. – Você irá se aproximar de Jason.

–Só tem um problema com esse seu plano perfeito. – Falei rolando os olhos.

–Qual?

–Jason me odeia.

–Por quê?

–Eu dei uma surra na sua namorada duas vezes. – Falei coçando a nuca.

–Droga. – Ele praguejou. – Por que você simplesmente não consegue se controlar? Agora teremos que dar outro jeito de nos aproximar.

–Você está mais interessado nisso do que eu. – Falei bufando.

–Sahra, tenho desavenças pessoais com ele e você mais do que ninguém sabe disso. – Ele disse me encarando. – Voltando ao assunto, você pode fazer esse tal Jason começar a confiar em você, afinal vocês moram juntos. Uma aproximação não vai ser tão estranha assim.

–Talvez, mas eu não estou com a mínima vontade de me aproximar desse garoto. Ele é o tipo de amizade que eu não gostaria de começar.

–Ótimo. – Akim falou impaciente. – Então esqueça tudo o que eu disse, quer saber? Liga pro Burnier e manda um convite para o chá das cinco.

–Tudo bem, eu faço o que você falou. – Falei descendo da pia. – Mas que fique claro que a ideia foi sua, eu mato você depois por isso.

–Você é quem sabe. – Ele disse dando de ombros. – Agora começa o nosso plano e acredite...  As coisas vão ficar interessantes.

O sorriso no rosto dele se alargou. Eu simplesmente dei de ombros, de qualquer maneira eu sabia que no final das contas eu iria me ferrar.



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Notas finais do capítulo

Nota da Beta II: [/Biand-chan/]
Oi pessoas felizes 8D!
A Mari-chan está melhorando muito o seu PT ^^.
Mil perdões se tiver algum erro!
Está ficando muito interessante, né? Eu tô louca pelo próximo!
Comentem e façam essa escritora e essa beta felizes!
Kiss, see ya!

Obrigada Biand-chan!
Sério gente, foi muito mal e peço milhões de desculpas por ter demorado décadas pra postar, mas teve o lance das provas e tudo mais... Estudar é cansativo vocês devem saber disso. Fora que eu fiquei meio depressiva porque perdi meu celular, eu anotava tudo lá... Ele era a minha "Máquina D'umau" :'(
Aí só depois de um tempo foi que eu terminei o cap. e mandei pra Beta! Aí foi só esperar ela Betar e correr pro abraço!
Vocês me perdoam não é?! >.
Não vou demorar pra postar o próximo. Eu prometo! Sério mesmo!
A propósito, eu sei que já faz um tempo*dia 20 de junho*, mas eu não consigo deixar de comentar que um dos caras mais *desculpem o termo* Fodões morreu! Ryan Dunn! Ele era muito, mas muito foda. O cara fazia parte do elenco de Jackass! Todos vão realmente sentir a falta dele. Se alguém que lê gosta de Jackass, sabe que ele vai fazer uma tremenda falta. :'(
Até o próximo gente! Espero vê-los lá viu?! Respondi todos os comentários e deixo B'jus e cheiros pra todo mundo!
Seus Lindos! E minhas leitoras fofas que queriam me matar, não façam isso, sem mim vocês não vão saber como termina. *----*
Convenci?! Não?!
Tá... Então é melhor eu começar logo a escrever não é?!
B'jinhus *3* o//