Irmãos?! Não! escrita por sisfics


Capítulo 25
Capítulo Dezenove: Quem sou quando estou contigo.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe demorar tanto pra postar..
Por isso já vou postar o capítulo completo agora, e amanhã eu posto mais um. Até domigo concerteza já acabei de postar a fic.
Ela tem segunda temporada.



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Cheguei em casa batendo portas, subi as escadas o mais rápido que pude, mas quando cheguei no quarto de Bella não a encontrei.

Renne saiu do seu curiosa e me olhou assustada.

- O que houve, querido?
- Cadê a Bella? - quase gritei.
- Bem, ela foi passar uma semana na casa da Alice. Não sabia?
- Merda! - rosnei.
- Edward.
- Ah, desculpa Renne. É que eu precisava muito mesmo falar com ela. Sei que o meu pai ficaria muito chateado se chegasse em casa e não me encontrasse aqui, então será que você podia dizer pra ele que eu ainda estou na casa da Jéssica?
- Você não está mesmo me pedindo para mentir para o seu pai, não é rapaz? - meus ombros caíram de cansaço e decepção.

Eu sabia que uma vez em casa, Renne não me deixaria sair de novo e não que estivesse errada, mas queria ver Bella o mais rápido possível.

- Que diabos ela foi fazer na casa da Alice, hein. Será que não sabe que tem um teto? Por favor, Renne, juro que estou em casa antes do meu pai.

Percebi que ela estava curiosa e ao mesmo tempo preocupada, então apoiou a mão no meu ombro e parecia estar um pouco mais apreensiva do que na hora que cheguei.

- Eu não consigo mentir pra você, garoto. Vamos para o seu quarto, tudo bem? Tenho algo para te contar.
- Contar?

Estava exatamente naquela situação desconfortável que nunca queria ter entrado. Naquele instante, pensei que Renne estivesse falando de mim e Bella. Sabia que ela jamais contaria para a mãe, mas Renne poderia ter descoberto, então Bella estar fora de casa fazia um pouco de sentido.

Só me acalmei quando percebi que estava calma demais para uma descoberta como aquela e se fosse mesmo algo como aquilo meu pai já estaria em casa preparado para arrancar meu couro.

Fomos até o meu quarto, nos sentamos na cama e a assisti procurando as palavras para começar.

- Bem, er... A Bella não foi para a casa da Alice só porque ela quis.
- Como assim?
- Edward, é claro que o maior motivo para que eu não queira que você saia de novo é o fato de ter que mentir para o seu pai, mas também há outro. É importante que esteja em casa daqui a pouco e nos planos do seu pai seria uma surpresa, mas acho uma idiotice o que ele está fazendo.
- O que é? - já estava perdendo completamente a paciência.
- Seu pai não está trabalhando. Na verdade: ele foi até Seatle hoje de manhã bem cedo para buscar sua tia.
- Minha tia? - quase gritei.

Renne segurou meus pulsos para que não me exaltasse.

- Não é para te levar para Nova Iorque, querido. Acalme-se. Ainda não é para te levar para Nova Iorque.
- Ainda?
- Achei até burrice do seu pai ficar te escondendo que ela viria para cá, mas não se sinta tão traído, tudo bem? Eles só combinaram essa visita há três dias. Seu pai tinha um pouco de receio que fosse fazer alguma coisa se soubesse que vinha.
- Todos estavam mentindo pra mim? - consegui me livrar das mãos dela, então pude andar de um lado para o outro do quarto e evitar assim que explodisse - Impressionante como meu pai consegue ser idiota. - gritei.
- Edward, calma.
- Até a Bella? - perguntei - Até ela sabia? - Renne assentiu.
- Sim, foi para a casa da Alice para que a sua tia possa ficar no quarto dela. Mas é só por uma noite, depois ela disse que prefere ir para um hotel.
- Sorte a sua. - soltei sem pensar - A minha tia é uma bruxa e minha prima não fica atrás. Porque acha que não veio no seu casamento?

Apoiei as mãos no armário tentando normalizar a minha respiração, quando percebi que Renne não disse mais nada. A encontrei com um olhar um pouco triste e acuado quando me virei. Ela cruzou os braços e abaixou a cabeça.

Já havia me perguntado antes se Bella tinha puxado o jeito do pai. Só podia ser isso. Afinal, Renne era tão frágil, delicada, e apesar de no fundo ser também, Bella sempre tentava fugir desse esteriótipo. Me aproximei, pondo a mão no seu ombro.

- Me desculpa? Acho que te ofendi. Olha Renne, se a irmã do meu pai não veio no casamento de vocês não foi por nada. É que ela é mesmo uma amarga que não gosta de ver a felicidade dos outros. - deu uma pequena risada - Acredite quando digo que foi melhor assim.

Pareceu menos triste, então deu de ombros e segurou a minha mão que estava apoiada nela.

- Está mais calmo?
- Não. Estou aborrecido. Meu pai não tinha o direito de fazer isso.
- Eu concordo, querido. Mas ainda acho que você tem uma semana.
- Acha que posso lutar contra aquela bruxa que com certeza vai ficar fazendo a cabeça do meu pai? - deu de ombros - Renne, nem sei se estou mais tão espantado com o que ele anda fazendo, mas vamos mudar de assunto. - enrugou o cenho - Falar com Bella era mais importante para mim agora.
- Porque?
- Bem, eu queria conversar com ela. É besteira.
- Se fosse não teria entrado em casa como um furacão.
- Me desculpa?
- Tudo bem. Deve ser sério mesmo, você está até ignorando sua tia para falar com ela, mas não posso fazer nada. Me desculpe? É melhor que esteja aqui quando seu pai chegar e tenho certeza que está perto. Amanhã você poderá falar com Bella na escola.
- Se a bruxa vai ficar aqui só duas noites, porque ela decidiu ficar na Alice por uma semana? - deu de ombros.
- Acho que é também por causa do baile. - assenti ainda mais nervoso quando me lembrei que só tinha, praticamente, cinco dias para fazer Bella ouvir aquela gravação.

O celular agora parecia pesar toneladas no bolso da minha calça. O som da buzina na frente da casa fez Renne dar um pulo. Ela pegou meu braço para descermos as escadas.

- Seja paciente com eles dois. - aconselhou.
- Tenha um crucifixo no bolso para emergências. - resmunguei.

Me olhou repreendendo o que disse, mas apenas dei de ombros e sorri sem-graça.

A porta de casa se abriu, então meu pai deu passagem primeiro para minha tia que com seu sorriso mais falso e forçado entrou com um pouco de relutância.

Eu sabia que minha madrasta estava nervosa. Porque meu pai tinha que ser tão idiota comigo e com ela? Renne apertou sua mão ao redor do meu cotovelo e sorriu.

- Olá.

Meu pai entrou em seguida carregando apenas uma mala então tive a certeza que minha prima Tanya não tinha vindo e eu poderia respirar um pouco mais aliviado.

- Olá. - Elizabeth sussurrou.

Ele largou a mala dela ao lado do armário de casacos, trancou a porta, então guiou a irmã até nós.

- Bem, minha irmã, essa é minha esposa Renne. E o garoto, bem, esse só cresceu um pouco. - as duas se abraçaram.
- Oh Renne, é um prazer enorme te conhecer. Eu sou mesmo uma desnaturada, um ano depois é que venho conhecer a esposa do meu caçula. É tão bom sentir que você não guarda mágoas por não ter vindo ao casamento. - se soltaram por um instante - Espero que eu esteja certa.
- É claro que está. - sussurrou.

Ela me olhou com uma sobrancelha erguida e sorriu.

- Você cresceu mesmo, garoto. Pelo visto, os problemas cresceram juntos.
- Também senti sua falta, tia. - rosnei.

Meu pai cruzou os braços atrás dela e apesar de não poder ver seu rosto eu sabia que Renne essa hora estava me indicando para ser mais dócil.

- Que bom que eu não trouxe Tanya, não é mesmo?
- Concordo. - sussurrei baixo o bastante para que só eu ouvisse.
- Bem, então Elizabeth, como foi de viagem? - Renne tentou tirar a atenção de mim.

Minha tia se virou e começou a falar sobre o avião e as malas. Meu pai e eu tivemos a mesma idéia quando as duas estavam distraídas demais uma com a outra. Ele pegou a bagagem de minha tia e apontou com a cabeça lá para cima para que o seguisse. Teria que me controlar para não dizer umas verdades, mas subi atrás dele. Entramos no quarto de Bells, onde largou a mala e fechou a porta para que não ouvissem.

- Edward, o que foi isso lá embaixo? Há muito tempo sua tia não nos visita e espero que seja mais educado do que isso.
- Espero que não esteja com medo do que ela vai dizer sobre minha educação. Ou já veio dizendo no carro?
- Edward. - chamou minha atenção.
- Ai, que que é, hein pai. Não quer que eu esteja chateado? Poxa, você mentiu e fez com que todos nessa casa mentissem também para mim sobre trazer essa bruxa pra cá. Você quer tanto se ver livre assim do seu filho? O que eu te fiz?

Não que fosse minha inteção, mas acho que fiz exatamente o que Renne vinha me pedindo insistentemente para fazer com meu pai. Ele notou que eu estava sendo sincero, pelo menos naquela hora.

- Acha que estou tentando me ver livre de você?
- Quer que eu seja sincero?
- Filho, só quero seu bem. - seus ombros caíram, suas feições também pareceram mais cansadas.
- Pai, vou te confessar que quando recebi essa proposta de bolsa de estudos queria muito ir para lá. Queria mais do que qualquer coisa. Mas se decidi ficar, foi porque sabia que só aqui ia me sentir bem. Não quero ficar na casa daquela cobra com o filhote dela.
- Edward.
- Pai, eu estou apaixonado. - confessei de uma fez - É por isso que nunca quis ir para Nova Iorque. Porque eu estou apaixonado pela garota mais perfeita desse mundo. Por favor, não me force deixá-la.

Só depois de falar é que percebi a asneira que estava fazendo. Como ia dizer para o meu pai que estava apaixonado? Ele agora ia querer saber quem era. E se ficasse sabendo, antes mesmo dele querer me matar, Bella o faria porque contei sem que soubesse.

Acabei de pôr tudo à perigo. Minha única chance de estadia em Forks, minha única chance de voltar com Bella e agora também a confiança dos meus pais. Que ótimo! Por causa da minha língua enorme e da minha ânsia tinha estragado tudo. Depois de me chutar e culpar o suficiente, levantei o rosto e avaliei meu pai por alguns minutos. Sua expressão era de surpresa, ao mesmo tempo alívio ou sei lá o que. Talvez até felicidade, mas estava nervoso demais para continuar olhando seu rosto.

- Er, o que você disse? - a voz entalou na minha garganta - Apaixonado, meu filho? Isso é verdade? - pôs a mão na cabeça.
- Sei que não é motivo para querer ficar. Pelo menos, não para o senhor. - percebi que tinha ouvido minhas palavras com um pouco de espanto.
- Ah, que ótimo. Meu filho acha que sou um insensível. Porque não disse isso antes? Quero dizer, ah... o que me importa? Quem é a garota?

Era a única pergunta que não queria mesmo que fizesse porque essa não tinha respostas. Ou eu inventaria mais mentiras, ou arranjaria mais problemas. Enfiei as mãos no bolso, abaixei a cabeça, só queria sumir dali. Meu pai continuou no mesmo lugar e com a mesma cara esperando uma resposta que não veio.

- Quem é a garota, Edward? - tentou de novo.
- ... Bella, onde você ficará. - Renne disse entrando no quarto.

Nós dois olhamos para a porta. Eu com um pouco mais de surpresa pelo nome que me perseguia, então Renne olhou para nós e sorriu.

- Aqui estão eles.

Minha tia atrás dela também sorriu o que me faria ter náuseas numa situação diferente, mas até puxaria assunto agora para fugir de meu pai.

- Acho que nós atrapalhamos eles dois, querida. - Elizabeth disse pondo a mão no braço de Renne.
- É claro que não. - falei mais que depressa - Você estava mostrando para minha tia o quarto que ela ia ficar, certo? - Renne assentiu - Pode continuar. Tia, o quarto é ótimo. É melhor ir para o meu. Não estou me sentindo muito bem.
- Filho? - meu pai segurou meu braço.
- Outra hora a gente conversa, pai. Estou mesmo exausto. Só me deixa ir pra cama. - me soltou e fui para o meu quarto bem rápido.

Mas não o suficiente para não escutar minha tia dizendo:

- Ele parece mesmo estranho. Nova Iorque é a melhor opção.

Bella Pov

Na hora do almoço, quando nos sentamos na mesa com Emm e Jazz, Alice teve que sair com a pergunta que ela não parava de repetir:

- Onde está Edward?

Jasper olhou para mim parecendo um pouco decepcionado.

- Acabei de ligar para ele. - resmungou - Bella sabe da história. O pai dele pediu que ficasse em casa hoje por causa da tia que chegou e pretende arrastá-lo para Nova Iorque.
- Bella sabe da história, mas Bella não pode fazer nada se é o que você quer, Jasper. - rosnei - Não precisa dessa ironia.
- Bella. - Rosalie chamou minha atenção.

Olhei para o outro lado do refeitório e vi que Jacob ainda estava na fila para comprar o almoço. Antes que me irritasse mais, me levantei e fui até ele, deixando os outros para trás confortáveis o suficiente para falar o que quisessem sem a minha presença para inibí-los.

Não era culpa minha que Edward ia para Nova Iorque, mas Jasper não achava isso. E agora, estava com a ligeira impressão de que Alice achava o mesmo e Rosalie parecia decidir de que lado ficar. Me senti uma estranha noite passada na casa de Alice. Sabia que agora a tia de Edward tinha chegado e era uma questão de contar os segundos para vê-lo entrar num avião.

Só bastava decidir se estava feliz ou triste por isso.

- Jake? - chamei quando estava próxima o bastante.
- Oi Bells. - seu sorriso desmanchou de repente - Você estava chorando?
- Não. - resmunguei me abraçando - Posso passar o almoço com você?
- É claro. Aconteceu alguma coisa?
- Não quero falar sobre isso. - olhou na direção da mesa dos meus amigos, então apenas assentiu e deixou que eu ficasse em silêncio ao seu lado.

Tentei me imaginar acordando de manhã em casa e encontrando a porta do quarto da frente aberta. Nenhum móvel. Nenhum perfume. Tentei imaginar um lugar a menos na mesa do jantar e até um sorriso de Carlisle, mas não consegui.

Passei o recreio todo pensando nesse assunto e só acordei quando Jake sacudiu de leve o meu braço.

- Hey, moça. Dormindo acordada, mas é hora de levantar. Temos aula.

Esfreguei os olhos assustada com o refeitório que estava quase vazio. Então levantei me apoiando em Jake e caminhei com ele até o prédio cinco.

- Espero que esteja melhor para a aula?
- Tenho que estar. Pra casa é que não posso ir. - resmunguei.
- Passando mais uma semana na Alice?
- Meio que forçada, mas isso é uma longa história.
- Se quiser conversar. Estou aqui para ouvir, já disse isso antes. - ri mas sem humor.
- Vou entrar. Me desculpa pelo incômodo, Jake?
- Tudo bem, Bells. Sei que não é hora, mas posso te fazer uma pergunta antes de ir? - dei de ombros - Você vai ao baile com o James? - assenti sem entender.
- Porque a pergunta?
- Nada demais. Er, boa aula. - dei um pequeno aceno para ele e fui para biologia.

Lá a bancada de Edward estava completamente vazia, nem Jéssica tinha ido para escola. Quando as aulas acabaram, liguei para o trabalho da minha mãe para saber como estava.

- Alô? - atendeu na linha particular.
- Mãezinha, sou eu.
- Olá, querida. - ouvi alguns papéis sendo largados na mesa - Como você está?
- Bem, mãe. E você?
- Como sempre. Está bem mesmo? Comeu na casa da Alice, não é? Não pode dar uma bobeira com a anemia.
- Eu sei me cuidar. Só queria saber se correu tudo bem ontem.

Alice me olhou de canto de olho ao meu lado enquanto dirigia e eu nem quis ver a cara de Rose no retrovisor.

- Ah, querida, você podia vir para casa hoje só para conhecer a irmã de Carlisle, não é? Ela é um amor. Além do mais, um jantar aqui não te faria mal algum. Depois Edward te leva de volta para casa da Alice. Tenho certeza que os pais dela não vão se incomodar, muito menos ele. Ah, por falar nisso, o Edward precisava muito falar com você ontem. Assim vocês iam se encontrar.
- O Edward queria falar comigo? - me espantei.

Alice e Rosalie também trocaram olhares pelo retrovisor. Que ótimo!

Minha amiga pegou o desvio da rodovia, derrapando no virar da esquina.

- Ele não me disse o que era, querida. Ou então eu até diria. Parecia urgente. Chegou em casa ontem tão esbaforido.
- Não era para menos. Com a visita surpresa da titia dele. Acho que eu faria a mesma coisa. - rosnei.
- Bem, então você vem para o jantar?
- Não, mãe. Eu e Alice ficamos responsáveis pelo jantar de hoje e eu não vou deixar a mãe dela na mão. Sabe, Allie não cozinha muito bem. - nós duas rimos, mas minhas amigas não.
- Tudo bem, querida. Só pense bem em voltar para casa assim que Elizabeth for embora. Vou sentir sua falta.
- Eu também, mãe. Nos falamos depois. Beijos.
- Beijos, Bells. Se cuida. - desliguei o celular e o guardei na mochila.

Já estávamos bem perto da casa de Rosalie e Alice preferiu falar qualquer coisa já com o carro parado.

- E então, o que sua mãe disse? - sussurrou com cuidado.
- O que você quer mesmo saber?
- Poxa Bells, somos nós. Não precisa ficar tão na defensiva. - Rose disse pondo a mão no meu ombro.
- Não sei bem disso.
- Assim nos ofende. - Alice segurou minha mão.
- Ela só queria que eu fosse jantar em casa hoje. Só isso. Se vocês querem saber o que ela disse sobre o Edward, é que ele queria falar comigo, mas sinceramente vai ficar só na vontade. É melhor você descer Rose. Até o Jasper já entrou em casa. - apontei para o carro na porta da garagem.

Elas se entreolharam de uma forma que não entendi, então com um sorriso no rosto Rose desceu do carro e entrou.

Edward Pov

Meu celular tocou no bolso, fiz menção de atender, mas minha tia me olhou de rabo-de-olho medindo minhas ações. Eu estava sendo avaliado agora?

- Pai, posso atender o telefone? - perguntei.

Ele me olhou do outro lado da mesa de jantar e deu de ombros para felicidade de Elizabeth. Sempre odiei aquela mulher porque sempre que fazia alguma coisa que não gostava - e ela não gostava de nada do que eu fazia - ganhava um daqueles sorrisos debocheados como se só ela tivesse razão no planeta e meu pai não soubesse me dar educação.

Era meio óbvio porque minha mãe não a suportava e seria questão de tempo para Renne sentir o mesmo. Me levantei da mesa do jantar, fui até a área de serviço, então peguei o celular no bolso e o atendi.

- Alô?
- Você não atende a porcaria do celular, não é mesmo? Pensei que fosse o maior interessado. - Rosalie rosnou.
- O que aconteceu?
- Olha, resumindo um pouco a história: estou bestializada com essa história da sua tia na sua casa. O que seu pai tá pensando? Aliás, o que você tá pensando, garoto? Se você vai embora para Nova Iorque porque até agora não mostrou para Bella a tal "verdade" que disse que conseguiria provar. Sabe que faz mal a minha amiga desse jeito, Edward? Eu te odeio.
- Rosalie, calma. - respirei fundo antes de começar a responder todas suas dúvidas - Na verdade, eu não sabia que minha tia vinha, só a Bella e os nossos pais. O que o meu pai está pensando também gostaria de entender. E a "verdade", sei que meu tempo está acabando. Amanhã já é terça-feira e a festa é na sexta, mas Rose meu pai me obrigou a ficar em casa hoje. - rosnei esse último pedaço - E ontem a Bells não estava em casa. Eu não sei o que fazer.
- Ouvi a conversa de Bella e a mãe quando estavamos vindo para casa hoje. Tia Renne disse mesmo que você queria falar com ela. Mas vou logo avisando que não está nem um pouco disposta a convesar.
- Já esperava. - murmurei.
- Então, deixe-me ver, é agora que eu e Alice entramos no seu plano?
- Mais ou menos.
- Como assim?
- Olha, vou tentar conversar com ela amanhã na escola.
- Não alimente falsas esperanças. - me interrompeu.
- Obrigado, Rose. Mas voltando ao assunto: se não conseguir fazer com que me ouça, aí então vou dar um jeito de fazer com que a gravação vá para você e Alice.
- Gravação?
- É, Rose. É complicado demais explicar e me desculpe por ter conseguido tão tarde, mas fiz uma gravação com a Jéssica falando o que fez comigo naquela noite.
- É sério? - parecia um pouco surpresa.
- Sim, é sério. Você ainda esperava que estivesse mentindo, não é? - procurou algo para falar enquanto gaguejava, mas a interrompi - Não há problema, Rose. Basta que me ajudem.
- Tudo bem, Edward. Até amanhã. - desligou o telefone e soube que teria que voltar para a mesa, mas estava completamente sem vontade de encarar minha tia de novo.

Por isso, quando passei para a cozinha disse que estava sem fome e pedi para ir para o quarto.

- Tudo bem, querido. Só coloque o prato na pia para mim. - Renne pediu.
- Claro.
- Esse menino se sente tão mal assim tantas vezes? - minha tia perguntou - Estou perguntando não para te ofender, sabe Edward? Mas é que é realmente muito estranho. Me preocuparia com a saúde da minha filha se ela ficasse tão mal o tempo todo assim como você. Ontem a noite, hoje de manhã enquanto conversavamos sobre Nova Iorque e agora. Bem, é só um aviso.

Minha vontade foi de jogar toda a comida no meu prato em cima dela e ainda quebrá-lo em sua cabeça, mas respirei fundo e saí de lá o mais rápido possível. Renne inultilmente ficou tentando explicar que era porque ainda estava fraco de saúde pelo princípio de pneumonia que tive a pouco tempo, mas o problema mesmo era que a cara dela me fazia passar mal.

[...]

Assim que desci do Volvo, olhei o estacionamento em volta para achar o carro de Alice. Alguns segundos procurando o achei duas fileiras de vagas depois do meu, mas nem sinal delas por perto. Já deveriam estar lá dentro, aliás a escola inteira já estava lá dentro, menos eu por causa da minha tia e seu sermão na hora do café.

Aquela mulher parecia ter nascido para me importunar e - sem esquecer - me jogar para cima de sua filha também.

Mal entrei no primeiro prédio, o sinal tocou e precisei correr para a aula. Contei até os segundos de cada tempo para chegar na hora do almoço e encontrar Bella, eu sabia que o refeitório não era o lugar mais propício, mas teria que ser logo. Quando o último sinal bateu, fui o primeiro a levantar, pegar a mochila e sair da sala.

Cheguei lá antes mesmo do que qualquer um dos meus amigos e tive que esperar. Os primeiros a aparecer foram Jasper e Alice de mãos dadas indo direto para a mesa onde costumamos nos sentar. Fui ao encontro deles.

- Oi, gente. - Jasper abriu um grande sorriso.
- Edward, você anda sumido. - nos abraçamos - Sabe que a gente precisa conversar, né.
- Sei, amigo. Mas não será hoje. Alice? - se levantou em alerta - Onde está Bella?
- Ela está vindo por aí. Deve estar com Jacob. - respondeu desanimada.
- Certo. Preciso que fale com Rosalie e peça a ela para te contar o que nós conversamos ontem quando me ligou.
- O que? - Jasper perguntou.
- Ela e Emmett também já estão vindo. Pergunto assim que chegar a... Oh, Deus. Edward. - apontou para trás de mim.

Quando me virei, vi Bella e Jacob se sentando em uma mesa do outro lado do refeitório que já estava quase todo cheio. Meu coração acelerou sabendo que estava próximo demais dela, acelerou mais ainda quando vi seus olhos aflitos rodeando o refeitório, evitando nossa mesa e parando de propósito em suas próprias mãos enquanto conversava com Jacob.

"Sabe que faz mal a minha amiga desse jeito, Edward?" - a voz de Rosalie voltou na minha cabeça.

- Hey, Edward. - Jasper estalou os dedos perto dos meus olhos.
- Sim?
- Poxa cara, acho que a gente precisa conversar, né. Parece que minha namorada está sabendo mais da sua vida do que eu. - abaixou o tom de voz e se aproximou mais de mim - Desde que você e a Bella terminaram, a gente nunca mais conversou. O que tá acontecendo?

Queria sair dali, mas estava segurando meu braço, então sabia que precisaria dar pelo menos uma desculpa.

- Olha, eu sei que ando meio distante, mas-
- Quero falar sobre Bella, sobre Nova Iorque, Edward?
- Jasper, juro que a gente conversa outra hora. - agora alto o suficiente para Alice ouvir resmunguei: - Lice, conte tudo para Jasper e Emm. Todos somos tãos amigos. Não há problemas.

Ela deu de ombros.

- Tudo bem. - sussurrou.
- Cara, você está mesmo estranho. - reclamou antes de me soltar.

Não eram muitos os passos que tive que dar até estar na mesa dos dois, mas pareceram quilômetros. Quando parei ao lado da mesa, apenas Jacob notou minha presença.

- Bella. - chamei com minha voz falhando no final.

Ela levantou os olhos castanhos assustados, então seu rosto perdeu um pouco da cor e seus ombros se tensionaram. Não sei se ele estava olhando para mim ou se qualquer outra pessoa no universo também o estava fazendo, nem pensei duas vezes antes de falar:

- Jake, você pode dar licença para mim e para Bella. Quero conversar com ela a sós. É particular.

Bella Pov

- Não seja idiota. - ri enquanto nos sentávamos na mesa habitual.
- Eu idiota? Mas é verdade. É como se ele cheirasse alguma coisa antes de dar aula. - confessou bem baixo - Esse homem me dá medo.

Ri novamente, dessa vez um pouco mais alto e me reclinei mais sobre a mesa. Jacob era o único que me fazia rir desse jeito depois de uma aula entediante de história. Ele imitando nosso professsor então, era hilário.

- Mudando de assunto: você parece um pouco melhor hoje do que ontem. Pode confessar que minha presença te alegra demais, não é por isso? - perguntou com um sorriso debochado.
- Ah, mas é claro que é. - ironizei também.

Então por um minuto me lembrei dos problemas que jogava para um canto da minha mente e me senti de novo um pouco mais isolada. Durante esse tempo, vasculhei pelo refeitório em busca de algo que prendesse minha atenção, e evitei de propósito a mesa dos meus amigos. Não achei nada muito interessante, então olhei para minhas próprias mãos jogadas no meu colo e puxei assunto com Jake.

- Não está com fome? - deu de ombros.
- Quer que eu vá comprar comida para mim e para você?
- Não, é claro que não precisa, Jake. Vai fazer o que depois da escola?
- Dormir. Provavelmente. Ah, droga. - deu um soco na própria perna - Esqueci que tenho treino. Aliás, Bella, você sabe do Edward? Ele faltou os últimos dois e o treinador está começando a ficar muito aborrecido com isso. Está quase perdendo o lugar dele no time.
- Sério? - me preocupei por um instante

O basquete era muito para Edward, mas aí foi quando lembrei que ele provavelmente estava faltando os treinos porque não se importava mesmo e logo estaria longe daqui. O que um time faria diferença na vida dele? Ele devia estar louco para viajar.

- Sim. - Jake sussurrou - Mas então, não quer ficar aí até mais tarde? Me esperar no final do treino para. - se interrompeu.
- Bella. - de repente a curiosidade foi a única coisa que me fez mover.

Senti o sangue escapando do meu rosto, meu corpo se tensionando, e encarei suas esmeraldas como se só nós estivéssemos naquele refeitório. Senti um misto de raiva e saudade. Eu só queria que ele continuasse me olhando daquele jeito pelo resto da eternidade e ao mesmo tempo queria que alguém o fizesse sair dali o mais depressa possível pois não aguentava mais aquela dor.

- Jake, você pode dar licença para mim e para Bella. Eu quero conversar com ela a sós. É particular.

Um choque percorreu por todo o meu corpo, então tive vontade de gritar para que me deixasse em paz.

- Er, Acho que tudo bem. Tudo bem, Bella? - Jake perguntou segurando meu braço.

Não consegui responder, na verdade não consegui tirar meus olhos dos dele.

- É claro que está tudo bem. - Edward respondeu por mim.

Jake bufou, então se levantou de forma um pouco ríspida e foi se sentar na mesa de outros caras que jogavam basquete com ele. Com um pouco de relutância, Edward deu a volta na mesa e se sentou no mesmo banco que Jake estava. Automaticamente, afastei minha cadeira da dele. Seus olhos caíram numa mágoa que eu não tinha visto antes. Tentei vestir a minha máscar mais fria, mas era quase impossível com aquela lágrima que começava a brotar nos olhos dele.

- Bells. - sussurrou - Não faz isso, tudo bem? Preciso te mostrar uma coisa.
- Não estou te impedindo de fazer nada. Só não quero que se aproxime. Não é um direito meu, Edward? - rosnei.

Cobriu o rosto com uma das mãos e na outra segurava o celular com tanta força que tive medo que o quebrasse. Um pouco de vento veio do outro lado do refeitório quando alguém abriu a porta. Uma mistura de cheiros veio com ele, mas o único que consegui sentir foi o perfume daquele garoto perfeito na minha frente.

Afastei ainda mais minha cadeira da dele, mas me conteve agarrando a lateral da cadeira. Seus dedos roçaram na minha coxa me fazendo dar um pulo pelo susto. Desde o beijo que dei nele naquela noite enquanto estava meio inconsciente, não tinha me permitido chegar mais perto de Edward por medo do que eu poderia fazer. Ele levantou seus olhos que estavam vermelhos e sussurrou:

- Não se afaste mais, Bella. Só preciso que você me ouça.
- Sabe que não quero nem mais ouvir sua voz, porque ainda fica me importunando?
- Você não entende, meu amor.
- Não me chama de meu amor. - rosnei.

Minha voz quase sumiu quando terminei de o dizer e sinceramente não sabia se tinha sido convicente o suficiente para que fosse embora.

- Quero te contar uma coisa. Preciso te contar a verdade.
- Você está de brincadeira com a minha cara, não é? - segurei seu pulso e empurrei sua mão para que não me tocasse mais - Você ainda acha que quero ouvir essa história de que era mentira e de que não tem culpa alguma e blá blá blá? Poupe-me disso, Edward.
- Só preciso que você ouça isso. - me apontou o celular - Tenho uma gravação aqui, Bella. Eu-
- Porque não vai procurar sua namoradinha e me deixa sozinha? Jéssica deve estar sentindo sua falta.
- É disso mesmo que quero falar, Bells. Foi uma mentira aquilo que viu aquela noite. A Jéssica-
- Cale-se. - falei um pouco mais alto do que os sussurros que estavamos trocando até agora - Não quero saber os detalhes do que vocês dois fizeram aquela noite. Na verdade, vi uma pequena parte e não acho que vou querer saber de tudo de novo.
- Você não está entendendo. - segurou meu pulso - Se um dia na sua vida sentiu mesmo alguma coisa por mim, então Bella faça o que estou te pedindo. Apenas ouça e saberá da verdade. Você-
- Não quero mais te ouvir, Edward. - puxei o braço, mas não o soltou - Porque não vai logo para Nova Iorque, será melhor para você, será melhor para mim. Não fará falta.
- Algum problema aqui? - A voz de Jake me fez saltar.

Edward olhou para trás onde o esperava com os braços cruzados.

- Acho que não é impressão minha, mas Bella não quer falar com você. - rosnou.

Acabou me soltando mas sabia que não era por causa do meu amigo ali e sim pelas mentiras que eu tinha acabado de dizer antes de chegar.

- Jacob, nos dê licença. - sua voz estava embargada como se quisesse chorar.
- Bella. - chamou minha atenção.

Engoli minha vontade de gritar e levantei.

- Vamos lá pra fora, Jake? - pedi.

Esticou a mão para mim, então a segurei e dei dois passos para sair o mais rápido dali, mas Edward segurou minha cintura fazendo um novo choque e uma nova dor percorrer por mim.

- Por favor, Bella, é só ouvir.
- Me solte. - pedi.
- Larga ela. - Jake rosnou alto demais.

Não queria que ninguém prestasse atenção em nós e se ele fizesse aquilo de novo meus planos iriam por água abaixo. Edward levantou seus olhos com raiva e o encarou da forma que nunca tinha o visto fazer. Ele voltou a olhar para mim e sussurrou:

- Vou te fazer ouvir, Bella. Se você é teimosa, não se esqueça que sou mais.

[...]

Não consegui evitar as lágrimas quando cheguei na casa de Alice. Ela quis me consolar, mas apenas me tranquei na suíte de seu quarto e desabei no chuveiro. A parede fria de azulejos já estava machucando minhas costas, o chuveiro não estava mais ligado há muito tempo, mas não conseguia sair de lá e tinha noção de que Alice estava completamente preocupada do outro lado da porta.

Não me surpreendi quando bateu novamente, mas dessa vez precisava responder.

- O que foi? - gritei.
- Bells, você está bem? - perguntou.

É claro que não estava. Não estive bem para assistir nenhuma outra aula depois do almoço e não estava bem para encarar qualquer outra luz lá fora. O odiava tanto por fazer isso comigo. Era como se uma ferida estivesse sendo curada, então vinha Edward para abrí-la ainda mais. Seria bom que fosse logo embora, talvez assim não houvesse mais nada para me impedir de cicatrizar meus machucados.

- Estou. - menti.
- Er, sua mãe ligou. Disse a ela que você estava tomando banho, e que não ligaria de volta para ela porque dormiria logo em seguida, mas amiga já faz quase três horas que você está aí. Não quer sair?
- Já vou, Alice.
- O Jacob também ligou. Ele está muito preocupado. O que digo se ele ligar de novo.
- A verdade. Que falo com ele amanhã e que estou bem.
- Tudo bem. - gritou de volta, então ouvi o barulho do seu sapato até a porta do quarto.

Estava importunando demais a minha pobre amiga. Sabia que ela ficava preocupada comigo nesse estado, então resolvi me recuperar por ela. Levantei do chão, joguei uma água fria da ducha no rosto para impedir que ficasse inchada por causa das lágrimas, me sequei e vesti a roupa que trouxe para o banheiro. Quando saí de lá, Alice não estava no quarto. Aproveitei para jogar minha pequena mala em cima da cama e arrumar o espaço das roupas sujas ali dentro.

- Oh, meu Deus. - a voz dela me pegou de surpresa uns minutos depois.

Veio da porta até mim e me abraçou com muita força, quase o suficiente para me esmagar.

- Oh, Alice, me solte. Por favor? - supliquei.

O fez em seguida, mas ainda tinha um sorriso só que agora triste estampado no rosto.

- Fiquei preocupada, meu amor. Porque não me deixou conversar com você? - tirou um fio de cabelo do meu rosto e o prendeu atrás da orelha - Há muito o que eu quero lhe dizer, Bella.
- Alice, estou tão exausta. Podemos conversar amanhã, certo? Você também precisa tomar um banho e jantar. Te prendi por muito tempo minha amiga.
- Não me importo com nada disso, Bells. Quero falar sobre o que aconteceu hoje. Quero falar sobre Edward. Você precisa me escutar.
- Não dá. Não me force a ser rude com você. - me soltei de seu abraço - Não quero ouvir nada dele.
- Mas, Bella-
- Alice, chega. - rosnei.

Me sentei na cama, terminei de arrumar as roupas e depois guardei a mala embaixo dela. O colchão onde dormia e os cobertores já estavam prontos no chão ao lado da cama e eu só queria mergulhar neles e tentar ter uma boa noite.

- Eu quero dormir agora, você deixa? - perguntei o mais mansa possível porque não queria magoá-la.

Murmurou alguma coisa que não entendi.

- O que? - perguntei já indo para minha cama.
- Nada, minha amiga. Amanhã nós nos falamos. Acho que também vou dormir. Boa noite.

Me deitei, me cobri e fechei os olhos.

- Boa noite, Alice.

[...]

Mais uma vez, Edward não tinha ido para a escola hoje. Evitei novamente sentar com meus amigos na hora do almoço apesar da insistência de Alice e fiquei mais uma vez com Jacob. Ele era um ótimo remédio para mim e se preocupava de verdade com o que estava acontecendo comigo. Consegui evitar o assunto da pequena discussão que tive com Edward ontem e ele também pareceu ignorar aquele fato.

Era por isso que eu amava Jacob e era tão bom ficar com ele. Na hora da saída, me acompanhou até o carro de Alice e ficou esperando lá até que Rose e ela chegaram. As duas pareciam um pouco alvoroçadas ao parar do nosso lado.

- Bella, vamos embora? - Rose pediu.

Até esperaria aquela reação de Alice, mas vindo dela me surpreendeu um pouco. Era a nossa outra amiga que demonstrava certo receio com Jacob.

- Er, acho que vamos. - eu e Jake nos abraçamos, então ele sussurrou no meu ouvido:
- Nós nos vemos amanhã.
- Sim, nos vemos amanhã. - saiu ainda sorrindo e foi na direção do Rabbit.

Entramos no Mercedes de Alice que arrancou com certa violência e pressa do estacionamento.

- O que houve, Li? - perguntei quando passamos do portão.
- Estou com pressa de chegar em casa. - murmurou somente.

Estranhei seu gesto e estranhei ainda mais quando passou direto da casa de Rosalie.

- Não vamos deixar a Rose? - perguntei.
- Não, amiga. Vou passar a tarde com vocês hoje. Alguma problema?
- É claro que não. - dei de ombros.

Alguns minutos depois estávamos na casa de Alice e elas duas desceram às pressas para entrar.

- Porque vocês estão correndo tanto hoje? - perguntei enquanto trancavam a porta.
- Porque, nós queremos te mostrar uma coisa. - Rose respondeu, enquanto Alice me puxava pelo braço pela escada até estarmos em seu quarto.
- O que pode ser tão importante assim, hein?

Me jogaram na cama, confesso que a situação era até um pouco engraçada se não fosse angustiante, tirei as mochilas das costas bem devagar e me ajeitei sobre as almofadas da cama de casal.

- Porque estão tão agoniadas assim, hein.

Se ajeitaram também na minha frente, mas Alice pegou antes o laptop na gaveta de seu armário.

- Bella, nos prometa que não vai sair correndo, ou vai gritar quando nós falarmos o que esta nos.. agoniando tanto como você mesma disse, está bem?
- Parece sério. - concluí.
- É sério, Bells. - Rose segurou minha mão - Nós queremos falar sobre o que aconteceu ontem entre você e Edward. - suspirei já irritada com aquele nome - Ouça. - me lembrou antes que dissesse qualquer coisa.
- Gente, já disse que não quero falar sobre esse assunto.
- Mas é preciso. - Alice teimou - Quis muito te mostrar isso ontem a noite, mas ainda não tinha nas minhas mãos e Edward tentou te mostrar ontem na hora do intervalo mas parece que Jacob atrapalhou um pouco.
- Vocês estão ajudando o Edward? - me indignei.
- Estamos fazendo só o que achamos que é certo. Juro que achei que não devia fazer isso no início, Bells, mas o Edward está mesmo falando a verdade. Você precisa ouvir uma certa gravação que ele fez.
- Não vou ouvir nada, meninas. Me desculpa?
- Por favor? - Rosalie suplicou - Olha, Bella, confia na gente. Não faríamos nada para o seu mal, então faz o que estamos pedindo. Ouve a gravação e depois não te pediremos mais nada.

A dúvida cruel me corroeu por alguns segundos. Talvez se conseguisse vencer minha teimosia, mas era tão instintivo repugnar qualquer coisa que viesse dele.

- Vocês ouviram? - perguntei vacilante.

Estava quase me permitindo a ouvir. Mas será mesmo que podia ser idiota ao ponto de me deixar enganar pelo que vi? Era tão cega a minha dor que cegava também meu amor?

- Não ouvimos. Mas confie em nós, tudo bem?

Relutei mais alguns instantes, enquanto os olhares suplicantes me atingiam em cheio e eu só me sentia ainda mais culpada. Acho que ficamos vários minutos assim, até que assenti bem baixo.

- Coloque, Alice. Vamos ouvir isso logo. - Rose murmurou.

Abracei um travesseiro, numa tentativa quase inútil de me proteger de qualquer coisa que saísse do auto-falante. Fechei os olhos quando vi Alice dando o play e esperei. De imediato não houve som nenhum. Algo muito abafado bem longe até que um pequeno gemido feminino pegou nós todas de surpresa.

Abri os olhos e comecei a encarar o computador como se tudo aquilo fosse uma brincadeira de muito mal gosto das duas. Houve um outro suspirar bem alto e algo como um móvel rangendo.

- Você confia em mim Jess? - Edward perguntou.

Sabia que era a voz dele. E, imediatamente, meu corpo inteiro gelou. Eu tive vontade de gritar, de jogar o computador pela janela. Ele estava com Jéssica na gravação, então aquele gemido baixo...

- Oh, meu Deus... - sussurrei antes que a fita continuasse.
- Confio. Eu gosto de você, Edward. - Jéssica sussurrou.

A voz parecia mais distante agora.

- É bom saber que posso contar com a sua sinceridade. - o móvel rangeu de novo, então deduzi que era uma cama - O quanto você gosta de mim?
- Chega. - disse antes de fechar o laptop.

Minhas amigas pularam na cama, e não reagiram quando me levantei e joguei minha mochila nas costas.

- Que ótimo. - rosnei.
- Não, Bella, er... - Rosalie tentou se explicar.
- Sinceramente, não quero acreditar que vocês fizeram isso por mal, mas pra isso preciso ficar longe de vocês um pouco, tá? - tentei sair do quarto, mas Rose segurou meu braço.
- Bells, me desculpe? Devíamos ter ouvdo essa merda antes. Eu devia saber que o iní-
- Rosalie, me solta, preciso sair daqui o mais rápido possível. - sentia as lágrimas queimarem vindo pelo meu rosto, deixando um rastro, mas não queria ser fraca de novo.

Não na frente delas. Alice abriu de novo o laptop e tentou reiniciá-lo.

- Droga. - gritou - Bella. Vamos ouvir até o fim, por favor? - pediu quase soluçando.
- Eu não posso. - suspirei já exausta - Me deixa ir, Rose.

Com o meu pedido, soltou meu braço e deixou que saísse do quarto, mas antes ainda ouvi Alice gritando com ela para que me impedisse. Desci as escadas com pressa e quando ia chegando na porta da casa de Alice esbarrei em sua mãe.

- Oh, Bells. Quanta pressa.
- Me desculpa, tia. - não contive as lágrimas.
- Você está bem, querida? - tentou alcançar meus ombros, mas fugi.

Saí de lá o mais rápido possível. Ela gritou ainda o meu nome uma vez, mas continuei andando. E fui assim até um lugar que precisava estar: fui procurar James.

[...]

Alguém bateu na porta o mais baixo possível.

- Entra. - James disse me abraçando.

A mãe dele entrou em seu quarto com um copo na mão e um sorriso largo no rosto.

- Está melhor, querida? - perguntou para mim deitade na cama dele.

Assenti, tomei o copo de suas mãos e tomei a água com açúcar.

- Bem melhor. Obrigada mesmo. A senhora está sendo muito gentil.
- Não há de quê. Vou deixar vocês à sós.

Ela saiu do quarto então James me segurou de forma que pudesse olhar em seus olhos.

- Vai me dizer o que aconteceu, meu amor? - neguei com a cabeça - Tudo bem. - suspirou vencido - Mas sabe que eu estou aqui, não é?
- Sim. - murmurei.
- Eu te amo, minha pequena. - envolveu meu rosto com suas mãos e tentou me beijar, mas escapei. Fui delicada o suficiente para não magoá-lo, então pude soltar o pedido que quis tanto fazer.
- Posso dormir essa noite aqui, James? - enrugou o cenho.
- Se sua mãe deixar, meu amor. Você pode ficar até para sempre comigo. Aliás, é o que eu quero que você faça. Pensou naquilo que disse sobre irmos para o Alasca, não é? - assenti.
- Se eu conseguir ingressar na faculdade de lá. Bem, não há problema. - dei de ombros.

Abriu um enorme sorriso.

- Então, agora deite-se e descanse um pouco. Quer que pegue seu celular para falar com sua mãe? - fiz que sim então me deu o aparelho.

Estava mais calma agora que a lembrança da gravação tinha se afastado da minha mente. Apesar da relutância da minha mãe, que me fez ficar no telefone quase uma hora para convencê-la, deixou que dormisse na casa de James. A mãe dele garantiu que dormiria no quarto, enquanto ele ficaria na sala e que ela tomaria conta de nós dois. Mas minha mãe amava James de paixão então não ficou tão incomodado assim. Eu tinha uma blusa dentro da mochila da escola e a usei pra dormir, mas fiquei com a calça jeans mesmo. Me atrasei para o primeiro tempo da escola no dia seguinte, mas foi ótimo para não ter que encará-los.

Na hora do almoço, me escondi deles, passeando pelos corredores e ate fui na biblioteca. Matei a aula de biologia para não ter que encarar Edward e na saída da escola James me buscou e me levou para a casa de Alice onde peguei todas as minhas coisas com a mãe dela e garanti que estava bem para minha tia.

Voltei para a casa de James e fiquei lá até depois do jantar, quando me levou para casa. A tia de Edward não estava mais lá e nem tinha mais sinais dela no meu quarto. Passei o resto da noite trancada no colo da minha mãe e só dormi depois que me fez muito carinho. Sexta-feira não tinha aulas, por causa do baile à noite, e depois de muito pedidos de Rosalie o diretor deu o dia livre. Não desci para o café ou para o almoço. Minha mãe me trouxe a comida na cama e sempre perguntava se estava sentindo alguma coisa. Evitei o dia inteiro ficar sem ela para que Edward não se aproximasse. Sabia que ele queria, pois via suas sombras rondeando a porta do meu quarto. No final da tarde, pedi ajuda a Renne para me arrumar para o baile. Meu vestido vinha até um pouco abaixo do joelho de um rosa claro com um pouco de brilho. Minha mãe me paparicou pedindo que me ajudasse com a maquiagem e os cabelos. Aceitei só para não me sentir sozinha. Estar naquela casa estava se tornando cada vez mais difícil.

- Está gostando assim? - Renne perguntou depois de pôr uma presilha na lateral dos meus cachos.
- Está perfeito, mamãe. Obrigada.
- Então filha, você e James estão firmes mesmo? - parecia receosa ao perguntar
- Sim, mãe. Estamos. A senhora não ficou chateada por ter pedido para dormir na casa dele, não é?
- Claro que não. Vocês tiveram juízo?
- Claro, mãe. - respondi mais que depressa - Que idéia.
- Acho que você está pronta. Só falta uma cor nessa boquinha, certo? - pegou um batom rosa em cima da minha estante e me entregou.

Enquanto passava, me rodeou com um pouco de apreensão e sabia que queria me contar alguma coisa.

- O que houve, hein?
- É que queria te falar uma coisa, querida.
- Sobre?
- Bem, Edward não foi na escola na quarta-feira e queria te contar o porquê. - respirou fundo, esfragando as mãos umas nas outras - Eles foram comprar as passagens na quinta, querida. Ele vai embora na segunda.
- Segunda? - perguntei assustada. - assentiu segurando meu braço.
- Queria que esse final de semana fosse algo especial para nós quatro, tudo bem?
- Claro. - respondi com a voz presa na minha garganta.

Alguns segundos depois, Carlisle entrou no quarto dizendo que James me esperava lá embaixo. Nós descemos e fomos para o baile. Não que eu quisesse me divertir, dançar, ver pessoas. Era só uma formalidade. Só queria me esconder de tudo. E foi como eu pensava que seria. A decoração bonita que Rosalie tinha feito, as pessoas que dançavam animadas, os pouquíssimos flocos de neve que se preciptavam em alguns galhos de árvores. Toda a quadra de Forks High School estava decorada. Esperava que essa noite fosse perfeita para Alice e para Rosalie com seus respectivos namorados, enquanto tentava me divertir com o meu. James me levou para a parte de fora, com bancos e só um poste de iluminação ao nosso lado. O bosque dos fundos nunca estava aberto, mas Rose mais uma vez tinha conseguido tudo com o diretor. Ele disse que ia pegar uma bebida, então enquanto o esperava, meu celular tocou com uma mensagem de voz. Liguei para o número da caixa de mensagem, digitei minha senha, e foi quando eu ouvi:

- Também me deu chance aquela noite? Sabe do que estou falando. Será que você não pensou que eu pudesse me sentir mal enquanto me drogava? Você não deu chance alguma, certo? Se gostasse de mim, teria me deixado ficar com a garota que eu amo.

Era a voz de Edward. Havia o mesmo chiado da gravação que eu tinha ouvido com Alice Rosalie, mas diferente daquela hora, a voz dele agora estava com raiva, pressa, rancor. E eu? Estava completamente paralisada sem chance alguma de conseguir fechar o celular. Houve um ruído muito alto, alguém gemendo de dor, então algo que caiu no chão. Ouvi passos muito longe e precisei aproximar mais o fone do celular para escutar tudo.

- Me solta. - Jéssica gemeu.

Parecia muito assustada.

- Cala a boca, garota. Nós vamos conversar, não vamos? - Edward gritou.
- O que você quer comigo, Edward? Me solta. - houve um outro barulho, mais uma vez um móvel rangendo seus pés no chão.
- Quer que eu comece por onde? Pela cara-de-pau do James, pela tornozeleira ou pelas informações do Mike.

Alguém correu, dessa vez mais perto do fone que capturava os sons.

- Eu não vou fazer nada com você, Jéssica. Eu não sou como o James e não quero te machucar. Só quero a verdade.
- Que verdade? - gritou.
- Aquela que eu já sei, mas preciso que você diga. Sei que ele arrumou a droga e que você a colocou no meu copo. Sei que você arrumou um jeito de fazer a Bella ver a gente e é claro que o James estava lá para ampará-la logo depois que nos visse. Você sabe de tudo, só preciso que confesse.
- Eu não sei de nada. - gritou alto demais.

Edward drogado por Jéssica? James? Meu Deus, espere. Eu não estava mais entendendo coisa alguma.

- Anda, Jéssica. Não temos o dia todo.
- Você me usou. Você só estava se aproximando de mim para ficar falando essas mentiras, Edward? O que está pensando?
- Que você vai ser decente o suficiente para me contar a verdade. Será que me enganei?
- Sai daqui, por favor. Me deixa em paz. Não sei sobre nada do que você está dizendo. - parecia estar chorando.
- Porque continuar mentindo?
- Não estou mentindo.
- Acha que tenho cara de idiota?
- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. O que está acontecendo? - engasgou na última palavra.

Então, Edward disse algo de uma forma que nunca o tinha ouvido falar antes, com um ódio que até me fez sentir medo.

- O mais deplorável é o fato de não aceitar que a única coisa que pode continuar existindo aqui depois de tudo isso é o meu ódio por você.
- Edward, pára.
- Eu estou te dando uma última chance de se redimir. Será que você é burra de continuar dizendo que não quando já sei de toda a verdade? - chorou ainda mais - Vamos garota. Fala logo tudo. Vai tentar proteger o idiota do James que não está nem aí pra você?
- Não estou protegendo ninguém.
- Então prova.
- Ele que fez tudo, merda. - gritou antes de chorar ainda mais.

O silêncio que se seguiu depois foi longo, mas só não desliguei porque o chiado permanecia.

- Ele bem que me avisou que você só estava tentando me usar. Ai, Edward. Eu não sei onde estava com a cabeça. Ele me deu a droga e mandou que fizesse aquilo. Só queria acabar com as chances que ela tinha com você. Era injusto você nunca ter olhado para mim como olha para ela. Sabe o que acho? Você mereceu tudo isso. Você me usou primeiro para fazer ciúmes nela e aquela vagabunda também usou o Jacob para fazer ciúmes em você. Acho que no fundo só queria que você provasse do próprio veneno. Então, é bom ficar sem quem a gente gosta?

Alguém pegou o gravador e aproximou mais das vozes.

- Então, você colocou a droga e fingiu que ficou comigo enquanto eu estava apagado?
- E faria de novo.
- Que ótimo! Era tudo que eu precisava ouvir.

A mensagem tinha acabado e a voz feminina perguntou se eu queria que a mensagem fosse armazenada ou apagada. Eu não sabia o que responder ou como agir.

Tinha uma leve noção do celular caindo da minha mão até o meu colo; dos soluços que queria dar, mas ficavam presos na minha garganta; do casal que estava dois bancos depois do meu e se levantaram me deixando completamente sozinha no bosque.

Acho que demorei vários minutos para entender tudo. James deu uma droga a Jéssica para que ela colocasse na bebida de Edward na noite da festa de Mike para que o levasse para cama e fizesse com que eu visse, então James estaria lá como o salvador, o porto-seguro, para me tirar da minha dor. Todo esse tempo mentindo de novo para mim como sempre fez. O mesmo caráter de antes, o meso idiota e canalha que me enganou antes, que tinha me enganado agora e pretendia continuar me enganando. Até proposta para eu ir morar com ele no Alasca aquele desgraçado tinha me feito.

Eu fiquei esse tempo todo sem Edward por causa dele? Toda aquela dor que sentia pela falta do homem que eu amava por causa dele?

Cobri o rosto envergonhada do quão estúpida tinha sido todo esse tempo com Edward e do quanto havia sofrido inutilmente. Agora podia entender o tamanho da mágoa em seus olhos quando tentou me mostrar a gravação na escola e o quanto eu tinha sido injusta quando passei uma semana na casa de Alice depois que tinha visto ele e Jéssica. Eu ao menos o deixei explicar o que aconteceu. Me deixei cegar, me deixei levar por duas pessoas sem escrúpulos como James e Jéssica. Principalmente James, que ainda por cima me levou para casa naquela noite, cuidou de mim e esteve comigo esse tempo todo.

Como Edward deve ter se sentido sabendo que estava com ele? Chorei ainda mais, abraçando as pernas. Eu não tinha forças para fazer nada porque agora que eu sabia a verdade, a única coisa que não conseguia deixar de pensar era que em três dias meu Edward iria embora.

Meu celular vibrou de novo no meu colo, demorei um pouco para pegá-lo, mas vi que era uma nova mensagem de voz que tinha acabado de receber e dizia assim:

- Bella, sai de perto do James agora. Sei que errei, mas estou arrependida e preciso que você saia do baile agora mesmo e venha encontrar Edward. Ele está perigoso, Bella. E ameaçou fazer coisas com você que eu não quero nem imaginar. Sai daí agora. Agora. - a voz mecânica de Jéssica saiu do fone.

Ficava mais chocada a cada instante que passava e estava com medo da próxima coisa que poderia vir do celular. A mensagem acabou, me fazendo soltar o aparelho de novo sobre o colo e então alguém tocou meu ombro. Com um susto imenso me virei depressa e acabei caindo no chão por causa disso. James deu um pulo também por causa da minha reação, deixou os copos que carregava no banco e me ajudou a levantar. O toque dele me enojou. Tentei empurrar suas mãos, mas ele era bem mais forte, então não permitiu que me movesse.

- Bella, o que houve?
- Me solta. - gritei.

Quis sair correndo também, mas me segurou contra seu peito.

- Diz o que aconteceu, Bella. Porque você está assim, meu amor? - soltou um dos meus braços para poder pôr a mão no meu rosto.

Aproveitei a chance para fazer o que mais queria agora: despejei um soco no rosto de James e corri. Mas não consegui ir muito longe. Ele me agarrou por trás, tapando minha boca com sua mão e imobilizou meu braço.

- Quietinha, Bella. Agora preciso que você fique bem quietinha.

Edward Pov

Não sabia mais o que fazer. Estava tomado de ... desespero. Bella tinha saído de casa com aquele idiota para o baile e eu só pude ficar assistindo ela descer as escadas protegida pela mãe e ser entregue nas mãos dele como um verdadeiro banquete.

Eu ainda não entendia como podia ter saído tão rápido da casa de Alice. Onde eu estava com a cabeça que não cortei os primeiros segundos daquela gravação? Agora eu já tinha o feito, mas parecia tarde demais. Onde Renne estava também com a cabeça deixando ela dormir na casa de James? Eu tinha vontade de partir para cima dele e arrastá-la a força para que ficasse comigo. Iria embora na segunda, eram minhas últimas horas em Forks e eu estava sem ela. Ainda seria obrigado a passar o meu último final de semana numa despedida silenciosa, apenas a observando de longe. Meu amor. Meu peito estava vazio, como se nada mais pudesse me encher de novo. Parecia que nunca mais conseguiria sair desse redemoinho de angústia.

Alguém bateu na porta do meu quarto, sequei as lágrimas e pedi que entrasse. Renne apareceu da porta com seu sorriso triste.

- Tem alguém aqui que quer te ver, Edward. - sussurrou.

Me sentei na cama um pouco surpreso.

- Quem? - abriu a porta e deixou que a pessoa que estava atrás dela entrasse.

De primeira não acreditei no tamanho de sua cara-de-pau de vir falar comigo, mas não daria nenhuma demonstração na frente de Renne, então deixei de Jéssica entrasse no meu quarto.

Ela estava com o rosto abaixado, parecendo envergonhada e não disse nada até muito depois de Renne nos deixar sozinhos. Eu que precisei começar a conversa.

- O que faz aqui, garota? - rosnei.

Jéssica entrelaçou os dedos das mãos e sussurrou:

- Eu vim aqui para te ajudar.
- Me ajudar? - gritei. Sabia que precisava me controlar por causa de meus pais, mas não estava nem um pouco afim de manter minha paciência com ela - Você, me ajudar? Faça-me o favor de sair da minha casa.
- Não, por favor. Me escuta, Edward? Eu tô arrependida. Quero te ajudar.
- Me ajuda muito se sair da minha casa.
- Você não vai fazer nada? Edward eu vim aqui para falar com a Bella. Eu quero... - ela secou algumas lágrimas - Oh, caramba, eu só quero falar com ela e dizer a verdade. Só quero que você me perdoe.
- Esatá vendo ela aqui? - gritei.

Se encolheu ao som da minha voz e deixou escapar uma lágrima.

- Me desculpa, Edward?
- Eu não posso. Por sua causa, agora a Bella está com o James. Eu estou aqui sozinho e nada vai fazê-la me ouvir.
- Você poderia-
- Eu já tentei, sua idiota. Acha que aquela conversinha que eu e você tivemos na sua casa foi por acaso? Eu gravei tudo. Acha que eu seria burro o bastante para cair duas vezes no mesmo erro com você?
- E você não mostrou para Bella?
- É claro que mostrei, mas ela não ouviu até o final, então não entendeu nada. Agora que você está satisfeita com suas explicações, pode sair saltitando da minha casa. Eu não sou mais dela, Jéssica. Pode comemorar.
- Não, Edward. - começou a chorar - Eu não queria isso. Eu só queria... queria... Me desculpe? Eu faria tudo para que você não estivesse sofrendo assim.
- Estou, realmente, emocionado. Mas agora sáia daqui. - fui até a porta e a mantive aberta para que Jéssica fosse logo, mas não se moveu - Não me ouviu, Jéssica? - rosnei.
- Tive uma idéia. - sussurrou.
- O que disse?

Antes que perguntasse mais alguma coisa, pegou meu celular em cima da minha mesa de cabeceira e me entregou. Depois fechou a porta do meu quarto e tirou o próprio celular do bolso.

- Me envie a gravação, Edward. Eu reenvio para Bella como mensagem de voz, ela não tem meu número na agenda então não vai evitar de ouvir. É só você cortar o ínicio da gravação e enviar. Você só precisa fazer isso rápido porque James está ficando louco. - fiquei chocado de início, então ela mesma começou a fazer tudo sozinha com os dois celulares nas mãos.
- Você quer mesmo me ajudar? - perguntei confuso.
- Posso parecer uma canalha, Edward. Mas no fundo eu só queria sua atenção. - murmurou - É essa aqui? - perguntou me mostrando no celular a segunda gravação.

Eu assenti ainda desconfiado, e assisti ela enviar para Bella.

- Está feito. - sussurrou.

Me entregou o aparelho em seguida com seu olhar mais triste.

- Não sei se seu pai vai deixar, mas diga a ele que vai sair comigo, talvez seja uma boa desculpa, então você pode ir para a escola. É melhor que esteja lá depois que Bella ouvir essa mensagem. E, Edward, se lembre que James é louco. Se ela tentar fugir dele, é capaz de arrastá-la para o Alasca. Não duvide do que ele é capaz, tudo bem?

Esperou que abrisse a porta.

- Acho que.... obrigado, Jéssica. - sussurrei completamente confuso.
- Você não precisa agradecer. Só estou consertando a besteira que fiz.

Nós dois descemos para a cozinha, onde encontrei meu pai e disse que levaria Jéssica em casa já que tinha vindo me trazer uns papéis do trabalho. Ele não viu problema algum, então pegamos o Volvo e na esquina seguinte deixei Jéssica a pé. Ela ainda me prometeu que tentaria falar com Bella antes que eu chegasse na escola.

Mas não esperei. Acho que nunca corri tanto com o Volvo e o percurso que normalmente demorava quinze minutos, diminuiu para cinco. O baile precisava de convites, mas entrei pela lateral e procurei Alice ou Rosalie.

Logo achei minha amiga loira com seu namorado brutamontes e eles se assustaram ao me ver. Perguntei onde estava Bella e Roslaie disse que a última vez que a tinha visto foi indo com James para o bosque dos fundos que estava aberto para a noite de hoje. Atravessei o salão, mas quando cheguei lá, não encontrei ninguém. O único sinal dos dois era a bolsa rosa clara de Bella largada no chão perto de um banco, um copo em cima do mesmo e um outro quebrado no chão. Aquilo não era bom sinal.

Bella Pov

- Quietinha, Bella. Agora preciso que você fique bem quietinha.

Ele foi me puxando para trás e na minha tentativa de fugir acabei jogando minhas pernas sobre o banco. Derrubei um dos copos e deixei minha bolsa cair no chão. James percebeu que eu estava mesmo inquieta e me puxou ainda mais para trás.

Agora não estávamos mais pisando no concreto do chão, mas na grama do jardim atrás dos bancos e depois a grama foi substituída por folhas secas.

Soltei um dos meus saltos altos só por precaução, eu não confiava nem um pouco em James. Não mais.

Quando já estávamos longe o suficiente, ele soltou minha boca e não tardei a gritar por ajuda. Ele a tapou de novo dessa vez com mais força.

- Mais que porra. - rosnou no meu ouvido - Se você não se calar, eu não vou te soltar, ouviu bem? - deu um puxão no meu braço torcido que me fez gemer de dor.

Ele me soltou de novo, me girando em seguida para que o encarasse. Eu tinha tanto nojo de ter deixado ele me tocar de novo depois que voltou. Não acreditava no quão idiota podia ser.

- Que que tá acontecendo, hein querida. - perguntou com deboche.
- Eu só descobri o quanto você é canalha. - tentei me soltar dele - Me solta, James. Agora.

Me sacudiu, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e quase caísse sobre as folhas secas. Ao nosso redor havia muitos arbustos, eu simplesmente estava morrendo de medo por estar ali. Tinha medo de que quisesse fazer alguma besteira comigo. Algo que o estava negando desde que chegara e eu resolvera ficar com ele de novo.

- Meu amorzinho, não fique tão nervosa assim. Vai estragar sua linda maquiagem. Porque não me diz o que está acontecendo? - me sacudiu de novo, agora me fazendo ficar ajoelhada - Fala, Bella.
- Jéssica me contou. Como você pôde, seu desgraçado? Como você pôde me enganar desse jeito? Como você descobriu que eu e Edward nos amávamos?

Ele riu amargamente, então começou a explicar:

- Não era algo tão difícil de ver, bemzinho. Ele quase rosnava quando eu chegava perto de você. Além do mais, aquele caderno que você escreve em cima da sua mesa foi de grande ajuda. - não acreditei que tinha sido por causa do meu caderno. Fiquei com tanto ódio de mim mesma e me prometi internamente que jamais escreveria ali de novo - Você sempre foi tão fácil de manipular, meu amor. É tão impulsiva.
- Idiota.
- Shiii, Bella. - tapou minha boca com um pouco menos de força - Eu só te tirei de uma boa. Já imaginou se Renne e Carlisle descobrem o que os filhinhos deles faziam enquantos estavam trabalhando. Ah, Bella, não seja boba. Você sabia que aquilo nunca daria certo. Eu só adiantei um pouco o processo e devo confessar que Edward gostou ou ele não teria demorado tanto para tentar ter você de volta.
- Duvido que ele não tenha tentado.
- É, pra falar a verdade, ele bem que tentou. Teve inclusive aquela vez que nos seguiu até Port Angeles. Onde já se viu? - deu outro tranco em mim, fazendo com que eu me sentasse no chão - Mas é claro que eu dei um jeitinho nele bem rápido. - lembrei dos hematomas de Edward no dia seguinte.

Então, eu era culpada.

- Seu desgraçado, porque fez isso comigo?
- Porque te queria pra mim de novo, meu amor. - segurou meu rosto pelas bochechas, me espremendo com mais força a cada palavra - Ah, você sempre foi minha, Bella. E sempre gostou. Seu primeiro beijo. Nosso primeiro beijo. Sua primeira vez. Foi tudo tão perfeito enquanto estávamos juntos. Mas... - ele segurou meus cabelos e puxou para cima me fazendo levantar e gemer de dor - Mas ele tinha que estragar tudo. Tinha que entrar na sua vida. Vida que é minha, Bella. Você sempre foi minha.

James puxou meu rosto e me beijou. Tentei virar para o lado, mas mantinha suas mãos me segurando. Dei socos no seu peito, mas só me soltou mesmo quando atingi em cheio sua canela com o bico fino do meu salto.

- Ah, cachorra. - gemeu - Bella, você é arisca.
- Me solta agora. - falei com dificuldade.

Ele tapou de novo minha boca, me virou de costas e começou a distribuir vários beijos no meu pescoço. Eu o chutava, me debatia, tentava gritar, mas era quase inútil.

James colocou a mão por dentro do meu vestido, a passando em minhas coxas e gemeu na minha nuca. O medo me congelava, sabia que de certa forma tinha alguma chance de escapar do que ele estava prestes a fazer comigo, mas não conseguia pensar em nada. Ele rasgou meu vestido na lateral esquerda até o meu quadril e sussurrou:

- Se acalme, meu amor. Vai ser como antes.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto até molharem as mãos dele. James se distraia brincando de abrir o meu vestido aos poucos. Eu preferia estar morta, a estar com ele de novo. Foi quando se distraiu demais e pôs a mão que segurava minha boca na minha cintura. Aproveitei para soltar o grito mais estridente que pude. James logo me calou de novo.

- Cala a boca, Isabella.

Me girou de frente de novo para tentar arrancar as alças internas do tomára-que-cáia. Era uma tortura. Mas foi quando aquela voz trouxe paz e alívio para mim de novo:

- Solta ela. - Edward gritou.

James não sabia de onde vinha, então me soltou e assim que o fez, ganhou um belo soco no nariz que o fez cambalear para longe. Edward me olhou com seus olhos assustados. Não pude evitar abrir um sorriso enorme, enquanto me jogava nos braços dele de novo. Era como se minha ferida tivesse sido curada e não houvesse mais nenhum sinal dela. Ele me abraçou com força, beijou o alto da minha cabeça varias vezes, sentindo tambem o meu perfume. Eu mal areditava que era mesmo os seus braços que estavam me rodeando, que era o seu perfume que eu sentia.

- Oh, Edward. - consegui dizer um segundo depois - Eu te amo tanto. Me perdoa? Me perdoa? Eu te amo. - falei tudo de uma vez, enquanto distribuía beijos em seu peito.

Ele segurou meu rosto.

- Acalme-se, Bella. Vamos sair daqui, tudo bem?
- Não vai mesmo. - James rosnou vindo até nós ainda cambaleante. Edward me afastou dele, e assim que James estava perto o suficiente desviou de seu soco por baixo e deu um outro nele. James caiu no chão, mas com um sorriso no rosto.
- Ah, Edward, parece que finalmente alguém aqui aprendeu a lutar.
- Pena que já sujei minhas mãos com seu sangue. - respondeu.

Deu um passo para trás, se virou de costas e pediu minha mão. Eu ia segurá-la para que saíssemos de lá, mas vi James se levantar e gritei para Edward. Completamente raivoso, James se jogou sobre ele os fazendo cair no chão, e tentou dar dois socos, mas só conseguiu um. Logo estava no chão de novo e, se estava com raiva, Edward estava com muito mais. Ele deu tantos socos em James que o sangue de seu nariz já tinha até espirrado em sua blusa de mangas cumpridas azul clara.

- Edward, pára. - gritei.

Se levantou, um pouco tonto e ainda deu dois chutes na barriga de James o fazendo arquear no chão de dor.

- Isso foi por tudo que você fez a Bella, seu desgraçado. - rosnou antes que o segurasse.
- Vamos logo embora daqui? - pedi o abraçando por trás.

Segurou minha mão, me puxou para fora daquela clareira entre os arbusto e logo estávamos de volta sobre a claridade do poste de iluminação perto dos pequenos bancos. Edward avaliou meu rosto na claridade, me analisando como se procurasse qualquer pedaço que faltava.

- Estou bem. - afirmei.

Sorriu aliviado, me abraçou e deu vários beijos no alto da minha cabeça.

- Hora de ir antes que ele volte. - sussurrou no meu ouvido.

Antes disso, me lembrei de pegar minha bolsa no chão onde tinha deixado cair e fechei meu vestido. Edward logo me levou para seu Volvo parado em uma das últimas vagas da estacionamento da escola.

Mal acreditei quando estava segura dentro do carro. Não acreditei no fato de estar com Edward de novo e muito menos no fato de ter sido salva antes que James me machucasse. Acho que agora eu estava chorando de alegria, mas Edward não conseguiu identificar a direferença e de tão preocupado pediu com as mãos para que eu viesse para mais perto dele.

Me aconcheguei em seu peito, enquanto dirigia tentando não me importar com os problemas que o carro criava para essa aproximação.

- Bells. Ah, Bells... Se acalme, meu amor. Você já está bem. Nós já estamos longe daquele monstro. - murmurou nos meus cabelos.

Tínhamos mesmo acabado de passar dos portões da escola. Ele beijou minha testa o que me fez derreter. Eu era tão afetada por Edward e qualquer coisa que tivesse a ver com ele. Senti tanta falta de seus braços, seu cheiro, seu gosto. Eu não conseguia me conter perto dele. Comecei a beijar seu peito, clavícula, pescoço até não suportar mais. A distância amarga tinha finalmente acabado e eu amava aquilo.

- Pare o carro, por favor. - supliquei.
- O que, Bella?
- O lugar mais deserto que você achar, Edward. Pare o carro. Nós precisamos conversar. Eu não quero ir pra casa. Não agora que eu tenho você.

Ele assentiu em silêncio, dando mais um beijo na minha testa e continuou andando por mais alguns minutos, até que ele achou um lugar que pudesse parar o carro e estacionou no acostamento. Só queria o mais rápido possível esclarecer todas as coisas com ele.

Eu sai de seus braços, apoiando minhas mãos no painel do carro. Edward puxou mais o carro para frente, mais perto das árvores da floresta que corriam paralelamente com a estrada. Estava escuro ali. Se não fosse pelas luzes do painel, não enxergaria nada dentro do carro. E foi assim que fiquei quando ele desligou o Volvo. Nenhuma alma passava ali. Não tão tarde como era agora, já tínhamos passado de meia-noite.

Tentei normalizar a minha respiração, mas ficou ainda mais difícil quando senti a mão quente dele envolver meu braço.

- Bells. - sussurrou no escuro.

Tateei pelo espaço entre nos até achar suas pernas, seu tronco, então pude enlaçar seu pescoço e me aproximar o máximo que pude. Eu estava quase sentada em seu colo, enquanto Edward respirava fundo o meu perfume.

- Ah, Bella, eu estava com saudades de você.

Minhas lágrimas caíram sem parar.

- Me perdoa Edward? A culpa foi minha. Eu acreditei nele, confiei no que me disseram, deixei que aquela noite afetasse tudo que eu já tinha construído com você...
- Shii, meu amor. Calma. - segurou meu rosto e eu só conseguia ver suas esmeraldas no escuro.

Tive uma idéia para que eu pudesse o abraçar melhor, então desci de seu colo e fui para o banco de trás, puxando Edward comigo. Ele se sentou ao meu lado, não perdendo tempo em me puxar para seu colo. Eu me sentia muito mais feliz ali.

- Também senti sua falta, Edward. Tanta falta. - confessei.
- Não parecia. Não com todo aquele ódio, Bella. Eu sofri tanto por ter você longe de mim.- secou uma lágrima no meu rosto - Fiquei com tanto medo de que nunca conseguisse provar para você a verdade.
- Eu ouvi a mensagem que Jéssica deixou no meu celular. O que aconteceu?
- Ela se redimiu, Bella. Percebeu que tinha feito uma coisa errada e me ajudou enviando a mensagem para você.
- Eu ouvi a gravação. Você... como fez aquilo?
- Conseguindo. Dei meu jeito. Porque acha que fiquei tão próximo de Jéssica por todo esse tempo?

O abracei com força.

- Pensei que você e ela-
- Eu te amo. Tudo que eu fiz foi com o intuito de ter você de volta no final.
- Me perdoe por ter confiado em James?
- Ele também conseguiu me enganar, Bells. Eu também tenho culpa por não ter insistido com medo de que alguém descobrisse a gente. Deveria ter jogado tudo para o alto antes e ter corrido logo atrás de você. Me perdoa?
- Não há o que perdoar. - segurei seu rosto, encostei nossas testas aproveitando a sensação de suas mãos circulando minha cintura.
- Eu te amo. - sussurrou.
- Também te amo, Edward. Mais que tudo. Eu quero tanto você de novo.

Ele tirou uma de suas mãos da minha cintura, segurou meu queixo e aproximou ainda mais seu rosto do meu.

- Eu sempre fui seu. Nunca deixei de ser. Desde aquele beijo que demos no sofá de casa no meio de uma briga. Ah, Bella, desde aquela hora eu sabia que era seu. Eu te amo.

Aproximou sua boca da minha, então num toque tao suave que mal percebi, ele me beijou.

Era como o nosso primeiro beijo de novo. Eu acabava de redescobrir o quanto era bom estar com ele. Algo que realmente não tinha esquecido, mas preferido ignorar minha vontade. Sua boca se moldou a minha devagar, senti a textura de seu lábio se encaixando sutilmente no meu.

Nos movemos sem pressa de início, era como se estivessemos tentando relembrar a presença um do outro. Meu sangue correu em jatos pelas minhas veias, meu coração perdeu o ritmo algumas vezes e Edward, soltando o meu rosto, entrelaçou nossos dedos. Eu só podia estar mesmo imaginando que isso tudo estava acontecendo. O perdão sempre esteve dentro de mim implorando para sair, mas como pude ser tão orgulhosa por tanto tempo?

Jamais pensei que seria fácil assim estar com ele novamente, mas tão difícil de encarar o meu próprio jeito errado de ser. Eu devia ser mesmo muito estúpida para acreditar em qualquer coisas que me dissessem. Jamais faria isso de novo, agora eu estava prometendo para mim mesma que teria que mudar. Tudo ia começar pelo modo como eu passaria a viver com ele. Se eu fazia parte dele e ele de mim, então o bem-estar de nós dois seria prioridade.

Afastei nossos rostos quando o ar já faltava, então assisti, apertando os olhos por causa da escuridão, ele abrir seu sorriso torto mais lindo.

Seus dedos caminharam lentamente pelas minhas costas até o meu quadril, entrando em contato com a minha pele pelo rasgo do vestido.

- Me desculpa por ter chegado tão...tarde. - sussurrou com dificuldade.

Passei minha mão em seu rosto e identifiquei a expressão de dor e preocupação em seus vincos na testa.

- Pare de dizer esse tipo de coisa, por favor?
- Mas... - o beijei para que se calasse.

Ficamos daquela forma por mais algum tempo, até que, sem nos separar, me levantei um pouco e passei uma perna de cada lado de seu corpo. Edward passou meus cabelos para o lado e desceu sua boca até meu pescoço. Amava cada sensação que ele conseguia me proporcionar.

Trilhou um caminho do meu lóbulo até minha clavícula, subindo e descendo algumas vezes, fazendo com que me arrepiasse completamente.

- Edward, eu quero... - não me permitiu terminar de dizer.

Como eu tinha feito antes, me interrompeu com um beijo, era só isso de início. Mas depois, suas mãos começaram a caminhar por todo meu corpo como se quisesse me conhecer de novo. Minha respiração se tornou pesada e minha mente girava em círculos mais perdida do que antes.

O abracei, enquanto abria meu vestido e escorregava a ponta de seus dedos pela minha pele.

- Te amo. - sussurrou nos separando.
- Eu também te amo, Edward.

Algumas lágrimas de nervosismo e felicidade ainda escorriam pelo meu rosto, mas nós as ignoramos. Levantei os braços quando necessário para que Edward conseguisse tirar minha roupa e depois ele as colocou sobre o banco e isso fazia eu me sentir insana. Ajudei com sua camisa, desenhando devagar com os dedos sua pele, sentindo o calor que emanava dela.

Os movimentos pareciam repetidos e ao mesmo tempo completamente novos. Quase tudo ali me fazia lembrar da nossa primeira noite.

Com sua ajuda, inclinei meu corpo para trás, dando espaço para que beijasse todo meu corpo. Não consegui notar quando o resto das roupas sumiram, mas não me detive logo nos conectando. Ele murmurou algo incompreensível, enquanto afundava o rosto no meu pescoço. Era me sentir completa, me sentir afundada num mundo que eu só conseguia e queria alcançar com ele.

Suas mãos seguraram minha cintura, fazendo com que eu me aproximasse ainda mais, provocando um gemido alto que escapou de nossos lábios. Acaricei sua nuca, suas costas, sentindo o êxtase tomar conta de cada célula do meu corpo. Edward também segurou meu rosto, pedindo por um beijo que não neguei.

Meu peito queimava como minha garganta, e comecei a me mover com mais pressa. Estava ansiosa demais para me conter e amava me sentir em casa de novo em seus braços. Ele aumentou também seu ritmo e sua força.

- Isabella... - murmurou beijando meu ombro - Minha. - gemeu sem forças.

Guiei uma de suas mãos da minha perna até meu rosto.

- Meu. - repeti também.

Suportamos só por mais alguns minutos, até que meu interior se apertou. Joguei minhas cabeça para trás, gemendo seu nome. Edward se afundou mais em mim, mordendo os lábios para não gritar. Ele segurou meu corpo de novo que caía aos poucos e passou a me beijar, enquanto sentia seu próprio ápice chegar de abalo.

Minha respiração estava falhando, meu corpo tremendo, só conseguia enxergar a beleza de tê-lo de volta. Meu amor me puxou mais uma vez para perto, pressionando nossos corpos, e me fazendo apoiar minha cabeça em seu ombro.

- Oh, meu amor. - sussurrou.

Eu sorri feliz, um sorriso bobo, e ele passou suas mãos em minha boca para enxergar aquilo.

- Senti falta desse sorriso. - circulou meus lábios - Principalmente, desse.

O abracei mais forte, relaxando cada músculo sobre os seus.

- Eu também, Edward. Eu também.

[...]

Ele desligou o Volvo, mas não nos movemos por muito tempo. Eu continuava imóvel, sentindo um de seus braços em volta do meu ombro e aconchegando meu rosto em seu peito.

Respirei fundo de novo sentindo seu perfume, quando com a outra mão dele começou a acariciar meus cachos.

- Sei que é hora de ir, mas não quero sair para a realidade. - murmurei.

Suspirou, fazendo minha cabeça subir e descer com sua respiração.

- Muito menos eu, meu amor. Ainda está tudo confuso.

Apertei meu braço ao redor de cintura.

- Não quero passar essa noite longe de você.

Só de pensar que dormiríamos em quartos separados e que amanhã seria de novo como era sempre meu coração apertava muito dolorosamente. Eu queria poder ficar com ele o quanto quisesse, da forma que quisesse, onde quisesse. Mas nossos pais. Era impossível agora. Olhei no relógio em seu pulso e vi que eram mais de duas da manhã. As horas que passamos juntos teria que ser o suficiente pela noite toda, mas era tão impossível me separar dele logo agora.

- E se eu te prometer que isso vai acabar logo? Você confiaria em mim? - perguntou nos meus cabelos.
- Confiaria apesar de achar que está errado. - confessei.

Puxou meu rosto para cima e nós selamos nossas bocas mais uma vez antes de descer do carro. Ele primeiro, depois dando a volta para abrir a porta para mim, então entrelaçamos nossos dedos e caminhamos até a varanda.

- Acha que estão acordados? - perguntei me agarrando a seu braço.

Parou com a chave no tambor da porta, olhou para as janelas da sala de jantar e a outra da sala de estar. Não havia nem sinal de barulho lá dentro.

- Meu pai deve mesmo ter ficado acordado até tarde me esperando já que disse que só ia levar Jéssica em casa, mas com certeza já deve estar dormindo. Não se preocupe, meu amor. Eu vou te colocar na cama agora e amanhã nós nos preocupamos com essas coisas, tudo bem?
- Claro. - assenti, passando meus dedos logo embaixo de seus olhos.

Suas olheiras estavam grandes demonstrando todo seu cansaço, ainda assim seus olhos brilhavam como se estivesse completamente renovado.
- Hora de entrar. - murmurei.

Edward abriu a porta, me puxando consigo, então trancamos tudo sem fazer barulho algum e acendemos a luz para subir as escadas. Passou um de seus braços sobre meu ombro, enquanto andávamos até o primeiro degrau.

Mas antes que subissemos, um barulho chamou nossas atenções. Olhamos na direção da cozinha e sua luz estava acesa. De lá saíram Renne e Carlisle, os dois vestindo seus roupões e levavam uma expressão muito preocupada. No rosto de minha mãe consegui enxergar algo mais: mágoa. A tentativa dela de secar lágrimas não tinha funcionado. O brilho delas ressaltava seus olhos sobre a penumbra.

- Edward? Isabella? - Carlisle parecia rosnar.

Edward me soltou, já ficando com seu corpo tenso.

- É comigo, Bella. Acho melhor subir. - sussurrou para que só eu ouvisse.

Mas sabia que ele ainda não tinha parado para olhar para minha mãe. Eu sabia que não tinha a ver com ele. Não só com ele.

Tive certeza disso quando vi a outra sombra sair de dentro daquele cômodo. Pensei que já estaríamos livre daquele fantasma. Edward tinha prometido que já estávamos livres dele, mas pelo visto tinha cometido um pequeno erro.

James com seu blusão sujo e rasgado apareceu segurando uma bolsa de gelo no rosto e um pequeno sorriso debochado que só eu conseguia ver. Meu corpo se tensionou da forma que nunca tinha sentido. Era como se a corda em volta do meu pescoço estivesse só apertando, apertando e o ar indo embora.

- Renne, Carlisle, eu avisei. - falou alto o suficiente para que todos ouvissem - Não que eu quisesse mesmo que fosse verdade, mas agora vocês têm a prova, não é?

O saco de gelo que segurava caiu no chão quando imitou perfeitamente estar sem forças.

- Eu falei que eles estavam juntos. Agora vocês acreditam ?


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Notas finais do capítulo

Aguardem a Segunda Temporada.



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