Irmãos?! Não! escrita por sisfics


Capítulo 23
Capítulo Dezessete: Me ame quando eu menos merecer




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Isabella Pov

- Valeu, Newton. Nos vemos amanhã. - se despediu também e desligou o telefone.

Joguei meu celular sobre o sofá e me esparramei mais.

- Isso é injusto, Bella. O menino está fazendo o trabalho quase todo sozinho. - Rose disse de boca cheia, enquanto sacudia mais um punhado de pipocas na mão.
- Ele que pediu. Disse que queria fazer a pesquisa e depois eu só terminava os relatórios e apresentava para o professor. Principalmente essa última parte porque ele é tímido demais e está com medo de travar.
- Entendi. - Alice falou do chão e pegou a bacia de pipoca das mãos de Rose - Vocês não querem ir para minha casa? Que tal a sua Rose? Nem falei direito com Jasper hoje no almoço. Tive que ir na biblioteca.

Eu tinha notado que Alice tinha sumido da mesa do almoço, mas ainda não estava sentando com eles. Não conseguia olhar para a cara de Edward, então Jacob, apesar de não saber do motivo, me acolheu nos meus momentos de "solidão". Não conseguia culpar Rose ou Lice por não ficarem comigo.
Elas estavam certíssimas em agir normalmente. Além do mais, Jake podia ser o amigo que eu não conseguia enxergar antes.

- Não vou ficar segurando vela do meu próprio irmão. - Rose rosnou.

Alice deu um cutucão na perna dela com o braço que estava sobre o sofá e as duas se olharam.

- Qual o problema? - Rose perguntou não entendendo nada.

Mas eu já tinha entendido.

- O problema é que Alice está com medo de que Edward chegue. Não é isso, Lice? - perguntei, cruzando os braços.

Não respondeu, mas se encolheu no chão.

- O que acha amiga? - perguntei a ela - Não confia em mim?
- Não é isso. É que-que... - procurou as palavras por alguns segundos, mas depois abaixou a cabeça sem ter o que dizer.
- "Que que que" - levantei tentando parecer calma apesar de não estar.

Caminhei até a cozinha para buscar suco para todas nós numa tentativa de agir naturalmente diante daquele assunto.

- Não confiam em mim, não é mesmo? - acabou saindo como um rosnado - Se estão com medo de mim porque não vão embora?

Rose apareceu em seguida na porta com o rosto retorcido numa careta.

- Que é? - cruzei os braços sobre as costelas até que todo o ar se foi.
- Pode parar com o show. Vamos ficar e confiamos em você, então é melhor arranjar mais pipoca porque a Alice acabou com tudo.
- Mentira. - gritou da sala.

Dei um sorriso fraco e comecei a providenciar mais coisas para nós. Lice veio também para onde estávamos e se sentou na bancada que dividia a cozinha e a sala. Ela tinha claras desculpas estampadas nos olhos. Só pisquei em resposta e continuei a aprontar tudo. Rose mudou de assunto dizendo o porque de ter brigado com Emmett. Pelo que ela disse, ele teria que fazer uma viagem por causa de uma festa de família e seria na noite do baile de inverno em dois meses. O resto da escola ainda não estava sabendo a data, mas nós sim pois ela era uma das organizadoras e estava responsável pelo buffet.

Imaginei primeiro que a briga era porque ela não queria ir sozinha ao baile, mas na verdade Rose disse para que ele fosse na festa de sua prima em Atlanta, mas Emm resolveu antecipar uma discussãozinha com os pais por querer ficar.

- A mãe dele já não gosta de mim, ela vai ficar achando que eu pedi que ele fizesse isso. O idiota não percebe. - rosnou enfiando um garfo no saco de pipoca que eu tinha acabado de tirar do microondas.

O vapor saiu pelos buraquinhos mínimos e espalhou o cheiro salgado pela cozinha.

- Disse isso na cara dele? - Alice perguntou.
- Sim. Ele não gostou nem um pouco, mas eu estava estressada, foi por isso.
- Você tá sempre estressada. - resmunguei.

Fez uma careta, mas ignorou meu comentário baixo. Tentei abrir duas vezes o saco com as mãos, mas estava quente demais, então peguei uma faca na gaveta e tentei cortá-lo. Nessa hora o telefone tocou, me assustando e fazendo com que a ponta da faca cortasse a lateral do meu dedo indicador.

- Merda. - gemi encolhendo a mão.

O sangue caiu em gotas no tampo da mesa antes que corresse para a pia para lavar o corte. O telefone ainda insistia em tocar.

- Alice, atende e põe no viva-voz para mim?
- Já está, Bella. - falou um segundo depois.

Rose veio para o meu lado e fez uma careta para meu dedo sobre a água corrente.

- Alô? - disse em voz alta o suficiente.
- Bella? - Carlisle parecia um pouco irritado.
- Ah, oi. Pode dizer.
- Desculpe se te atrapalhei, querida. Você devia estar estudando, mas é que eu queria te pedir um favor.
- Pode pedir.
- O Edward não está atendendo o telefone e só quero saber a hora que ele chegar em casa. - me lembrava bem do castigo que tinha imposto à Edward.
- Te ligo quando ele aparecer.
- Obrigado, Bells. Quando ele chegar da Jéssica peça para ele me ligar, tudo bem?

A dor, o chão, a clareza dos meus pensamentos, tudo sumiu num único nome. Girei devagar até encarar o telefone e me perguntei se tinha mesmo entendido aquilo, mas a voz estava alta o suficiente para eu escutar com certeza.

Tinha uma leve noção dos olhos delas no meu rosto, tentando avaliar a reação que nunca chegava e a voz de Carlisle perguntando mais duas vezes se estava tudo bem.

Senti uma pequena lágrima tentando se formar, mas lembrei do quanto nada valia a pena, do quanto ele não valia a pena e quando consegui recuperar o pouco de voz que me restara, sussurrei:

- Tudo bem, Carlisle. Eu peço.
- Alô?
- Tudo bem. Eu peço. - falei alto.
- Ah, obrigada, Bells. Preciso desligar. Até mais tarde.

Assim que o sinal de ocupado começou a ficar incômodo Alice se dispôs a desligar o aparelho. Ainda me mantinha absorta demais para perceber os movimentos delas quando passei direto pelas duas e subi para o banheiro.

Fechei a porta, me sentei no chão e achei dentro da caixa de remédio um band-aid para cobrir o ferimento. O que queria mesmo era poder curar tão fácil, como se curava um corte, toda aquela angústia que estava presa dentro de mim. Existia algum remédio para o ódio? Acho que levei tempo demais enquanto cuidava do dedo e me adaptava ao novo sentimento de perda. Agora confirmado pela boca do próprio pai dele.

Quando levantei do chão, o rosto no espelho da parede me encarava com suas feições distorcidas. Por não o reconhecer acabei ignorando e voltei para a sala. Alice e Rosalie estavam sentadas me esperando. Não conversamos mais, apenas continuamos sentadas juntas em silêncio, enquanto eu fingia não sentir o meu coração querer quebrar em mil pedaços.

Edward Pov

Meu corpo ainda estava impossibilitado de se mover quando Jéssica desceu as escadas. Tinha trocado de roupa e carregava alguns papéis entre os braços.

- Desculpe a demora. - murmurou terminando os degrais.

Um nó se formou na minha garganta tamanha era a vontade que tinha de gritar. Ainda fitava com inexpressividade a foto na minha frente. Mal notei que projetei tanto meu corpo na direção da imagem que estava embaçando o vidro do porta-retrato.

- Gostou dessa foto? - perguntou com um riso baixo.

Ela jamais entenderia o quanto gostei. Quando Jéssica tocou meu ombro, toda a minha imobilidade não fez mais sentido. Eu deveria mesmo ter saído dali no momento que tive a oportunidade, agora seria mais difícil não gritar acusações em seu rosto.

Respirei fundo, rezando por auto-controle, e girei até estar de frente para ela. Seu rosto estava calmo e com pontadas de excitação.

- Bem, então, vamos voltar para a sala começar logo isso aqui. - apontou com o queixo para os papéis em seus braços.
- Acho que não vai dar. - saiu como um rosnado.

Uniu as sobrancelhas, mas antes que dissesse qualquer coisa corri até a sala onde estava minha mochila e voltei para perto da porta de entrada.

- Me lembrei que tenho que fazer uma coisa essa tarde.
- Um co-coisa? - gaguejou quando girei a chave por conta própria e pulei para a varanda.
- Nos falamos mais tarde. - o mínimo de palavras possíveis para que não notasse meu estado de espírito.

Não que quisesse preservar Jéssica de alguma coisa, mas sinceramente tinha que ter certeza de tudo antes de querer estragar aquela farsa toda.

Mas como pude ser tão idiota e não ter pensado nela de imediato? É claro que Jéssica era amiga de James. Não eram próximos pelo que me lembrava, mas se falavam quando aquele desgraçado ainda estudava na nossa escola.

Como pude não lembrar dela e de tudo que tinha acontecido no início do verão com aquela história de fazer ciúmes em Bella?

- Desgraçado. - rosnei.

É claro que James não tem escrúpulos e seria capaz de qualquer coisa para pegar Bella de volta para ele depois que soube que estávamos juntos.

- Merda, Bella. - gritei chutando um cascalho coberto de limo na beira da estrada.

A pequena pedra se espatifou com um som abafado num tronco caído no chão, prendendo minha atenção por alguns minutos.

Se ela tivesse me deixado contar antes, se todos soubessem, nossos pais principalmente, eu tenho certeza que não teria sido tão fácil assim acabar com o que tínhamos. Eu conseguia ver na minha cabeça as imagens que nunca se realizaram de meu pai com os olhos arregalados enquanto Renne esboçava um sorriso com a notícia. Nós estaríamos mais fortes se isso tivesse acontecido e aquelas mentiras não entrariam na cabeça dela tão fácil. James não teria nem se aproximado dela.

Um rosnado escapou de meu peito quando voltei a andar. Só tentava entender o que teria que fazer para conseguir mostrar a verdade para Bella. Não seria fácil, mas talvez com... uma ajudinha.

Bella Pov

Jacob me chamou com o dedo discretamente para que me sentasse numa mesa ao lado da que ele estava. Quando me aproximei dela, ele se levantou deixando o resto do time de basquete e veio se sentar comigo.

- Hey, Bells. Tudo bem? - assenti aproximando minha cadeira mais dele.
- Tudo e com você? - perguntei por educação.

Nesse instante estava mais atenta ao fato de Alice não parar de olhar para mim do outro lado do refeitório e cochichar com Rosalie alguma coisa. Jasper também parecia atento a conversa, mas Emm estava completamente alheio.

- Bem também. Mas você não parece estar, er, confortável.

Olhei pela primeira vez em seus olhos forçando um sorriso e tentando não me lembrar da noite em claro que passei pensando em Edward e Jéssica fazendo aquele maldito trabalho juntos.

- Tô tentando saber da mais nova fofoca. - não deixava de ser verdade.
- Como?

Apontei com os olhos a mesa onde estavam minhas amigas e seus namorados, sorrindo comigo mesma de alívio por Edward ter faltado hoje de novo, e então sussurrei:

- Elas estavam cochichando hoje de manhã no carro quando entrei. Estavam assim na hora da entrada e estão agora de novo. Minha curiosidade está me matando.

Jacob olhou na direção delas com um sorrisinho sarcástico estampado no rosto moreno.

- Quanta humildade. Imagino que esteja pensando que a fofoca é sobre você.
- Eu sei que é sobre mim. - rosnei - Meus instintos femininos me dizem isso.
- E seus instintos assassinos estão me dando medo. Pode parar de me olhar desse jeito. - revirei os olhos e lhe dei um pequeno soco no ombro esquerdo.

Jacob riu e se reclinou mais sobre a mesa.

- Porque não pergunta a elas? - o olhei com uma sobrancelha erguida até que se mancou do que estava dizendo e se corrigiu - Esquece! Mulheres.

Assenti enquanto passava os olhos rapidamente pela mesa de onde tinha saído. Dois amigos dele olhavam na nossa direção. Um deles era o garoto que contou da festa de Mike Newton para James e aquilo me trouxe um leve arrepio, uma lembrança ruim.

- Seus amigos estão implicando com você por estar sentando comigo todos esses dias?

Ele pigarreou, parecia esconder algo, então se ajeitou na cadeira até estar de costas para eles e me encarou com um sorriso.

- Claro que não, Bella. Que pergunta idiota. Er, alguém te disse alguma coisa? - neguei o fazendo relaxar.
- Vamos mudar de assunto. Porque não dormiu essa noite? - parei com a maçã alguns centímetros da minha boca.
- Como?
- Suas olheiras estão enormes. Pensei que estivesse passando mal quando te vi de manhã.
- Ah, não. É só cansaço acumulado. Acredite. - seus ombros enrijeceram de uma hora para outra como se estivesse em perigo ou coisa parecida.

Estranhei sua reação e observei por mais alguns minutos, mas Jacob não mudava de postura e só acentuava ainda mais o vinco na testa.

- No que está pensando?

Não ouviu. Tive que me apoiar sobre o tampo da mesa assim como o via fazendo para que olhasse em meus olhos.

- Perguntei no que estava pensando. Quer que eu resgate meu instinto assassino mais uma vez para chamar sua atenção? - revirou os olhos, segurando um riso e tensionou de novo os ombros quando começou a falar.
- Bella, posso te perguntar uma coisa?
- Óbvio. - dei de ombros.
- Você ama o James? - abaixou o rosto e começou a encarar o próprio colo.
- Porque isso agora Jake?
- Porque eu ouvi uma coisa e acho que como seu amigo devia contar para você.

O rumo da conversa me assustou, pricipalmente o fato de seu rosto estar torcido numa máscara séria demais para Jake. Ele era o amigo engraçado e aquele papel lhe caía tão bem que era quase um insulto tirar de suas mãos.

- Uau. Você está sério. Deve ser mesmo importante. - sussurrei também.

Algo me dizia para deixar de ser idiota e falar em voz alta como antes. Estávamos afastados de todas as mesas, o que temia? Mas minha voz ficou tão presa que só consegui murmurar ainda mais baixo que ele.

- Acho que é. Antes me responda sinceramente o quanto gosta de James para que eu possa entender um pouco o que está acontecendo.
- Como assim "o que está acontecendo"?
- E, você não é muito boa em mentiras. Isso já notei faz muito tempo, mas não custa reforçar o pedido de que seja bem sincera quando for me responder, tá? - assenti mais nervosa dessa vez - Depois de James - um lampejo passou por seus olhos - , você gostou de mais algum cara?

Quando terminou a frase, reconheci outro lampejo. Era como uma curiosidade que necessitava saciar e ao mesmo tempo não queria. Ele mesmo havia dito que eu não sabia dissimular, mas também não queria contar a verdade. Se dissesse que não, ele saberia que eu estava dizendo uma mentira. Se dissesse que sim, saberia que não era por ele.

- O que isso tem a ver? - bufei e afastei a bandeja de mim - Curiosidade idiota. Porque esse tipo de pergunta agora?
- Sei que não fui eu, Bells. Não precisa se incomodar com isso. - abaixou o rosto e deu um sorriso triste.
- Acho que vou me sentar com os outros. - apontei para minha antiga mesa.

Teria que começar a valer a pena suportar a cara de Edward só para não ter que ferir Jake, mas eu era egoísta demais e não resistia quando se aproximava com seu jeito espaçoso e "excessivamente feliz". Hoje pelo menos tinha a vantagem de Edward não estar lá.

- Não foge de mim, Bella. É só responder. Sim ou não. Será tão difícil assim que confie em mim por um instante ou tem medo de alguma coisa? Eu só tô tentando entender para te ajudar com o que-
- Sim. - falei quando me cansei de toda a ladainha.

Se interrompeu pensando alguns segundos com a cabeça baixa.

- Então porque não está com esse cara? Quero dizer, James é um idiota.
- Você está sendo um idiota maior ainda quando percebe que não quero falar sobre esse assunto e continua insistindo. - rosnei.
- Calma, Bells. Só acho que o que ouvi ontem te faria refletir sobre continuar com ele ou não.
- E o que ouviu ontem? - cruzei os braços já impaciente.

Ele me avaliou de ponta a ponta, suspirando alto também com impaciência ao começar.

- Estava numa lanchonete perto da entrada de La Push ontem um pouco antes do anoitecer. Fui encontrar meu primo que mora na reserva e o esperei por bastante tempo. Não vi quando James chegou lá, mas ele estava falando no telefone e reconheci sua voz, então prestei atenção quando se sentou no reservado atrás de mim. Ele falava algo como problemas de baixa no estoque para a mãe dele e rosnava com um pessoa no telefone. Quis muito tentar ouvir nomes, mas só ouvi melhor o seu. Para mim é mais familiar. - admitiu ficando envergonhado.
- Acho natural que tenha falado sobre mim. Estamos juntos de novo. Você sabe disso.
- Não foi com carinho que falou sobre você. Falou como quem fala sobre alguém que precisava manter em rédeas curtas. - pensei em protestar, mas me interrompeu - Palavras dele. - assenti, então continuei ouvindo - Teve uma frase que não consegui esquecer. Ele disse: "Bella é minha agora. Se não ficar de bico calado, vou ter que te calar." - Jacob fez uma careta ao terminar.

Estava sem entender coisa alguma de toda a conversa de James e principalmente daquela de Jacob. É claro que acreditava nele, mas ainda não via motivos para meu namorado estar falando daquele jeito com alguém ao telefone.

- Fico com medo por você, entende? - sussurrou.

Pensei em algo para tranquilizá-lo, mas não me veio nada na cabeça. Talvez devesse seguir aquele conselho. Ainda que sofresse por Edward, talvez James não fosse a chave para nada. Eu já sabia que o encantamento que tinha sentido por ele no passado agora estava morto e enterrado.

- Acho que não precisa se preocupar comigo. O James-
- Bella. - a voz doce me interrompeu.

Jake olhou na direção dela antes mesmo de mim, mas já sabia que era Alice. Ele sorriu para ela que não devolveu a gentileza.

- Posso te pedir uma coisa, amiga? Antes que o almoço acabe.
- Pode dizer. - dei de ombros.
- Hoje, na Rose. Depois da aula. Acho que precisamos conversar.
- Ah, então vocês querem conversar. - debochei tentando fazer o ar ficar mais leve - Viu, Jacob? Agora confia em meus instintos femininos? - ele riu e Alice bufou por estar fora da piada - Não sei se vai dar, amiga. Tenho um trabalho importante de inglês que preciso terminar. Que tal amanhã?
- É importante. - insistiu.
- O trabalho também. Alice, sabe que eu preferia mil vezes chicotadas do que o trabalho de inglês, então não ache que estou evitando vocês. É mesmo preciso.

Ela deu de ombros, então assentiu.

- Só me prometa que não vai fugir de uma conversa, mocinha.
- E eu fujo de briga? - saiu com um sorriso um pouco mais preocupado e voltou para conversar com Rose - Viu a quantidade de problemas que já tenho? Amigas psicopatas, trabalhos que são quase chicotadas, será que você está me mostrando mais um deles? - perguntei a Jake.

Ele abaixou a cabeça e sem responder saiu da mesa na direção do pátio externo.

Edward Pov

Quando Bella chegou em casa passou direto pela sala fingindo não me ver como sempre. Ela subiu para o quarto com pressa e trancou a porta. A dor continuava a consumir cada músculo meu e nem o repouso de quase todo o dia tinha me feito melhorar um pouco sequer.

Digitei o número do celular de Alice e esperei que atendesse.

- Oi. - sussurrei.
- Uau, Edward. Sua voz está péssima. - Rosalie disse ao atender.
- Obrigado. Foi por isso que não fui hoje para escola.
- É. Super sentimos sua falta.
- Rose, sei que eu disse que encontraria vocês hoje na sua casa, mas acho melhor não ir. Estou péssimo mesmo. Então, será que poderíamos conversar amanhã?
- Olha Edward, eu e Alice conversamos melhor e sinceramente não queremos ouvir nada do que você tem a dizer. Não precisa se fingir de inocente para mim. Não é a minha confiança que está com falsidade tentando recuperar.
- O-que-você-tá-falando? - minha voz saiu rouca demais.

Ouvi alguns ruídos, então Alice assumiu a conversa.

- Oi. - saudou falsamente educada.
- O que vocês duas estão pensando de mim, hein.
- Edward, não temos nada a ver com a história de vocês dois. Conversamos muito e decidimos que amanhã quando pudermos conversar com Bella, nós vamos contar que você ligou para mim e pediu nossa ajuda para juntar vocês de novo. Sabe que gosto de você, mas minha cabeça diz para que não faça isso pelo que já fez a ela. Minha amiga já sofreu demais, sabe? Não vou ajudar em algo que pode decepcioná-la mais uma vez.
- Alice, você não está entendendo nada. Por favor, não contem a ela que pedi ajuda. Eu só preciso de um hora para mostrar que estou falando a verdade. Não aconteceu nada do que Bella disse que aconteceu. Está enganada. Por favor, Alice não a deixe cair nas mãos de James de novo.
- Não sei se posso confiar em você. - rosnou.
- Só preciso de uma hora. Meninas, somente uma hora, o que custa?
- A amizade de Bella. E se descobrir? - Rose perguntou.

Notei que estava no viva-voz.

- Não teria essa possibilidade se não tivessem pedido para conversar com ela. - minha garganta estava inflamada demais, então não passou de um murmúrio.

Pareceram concordar por causa do silêncio que se seguiu.

- Então, vamos cogitar a possibilidade que você tem provas de que não está mentindo. Acha que Bella vai acreditar? - Rose perguntou um tempo depois.
- Sim, se tiver ajuda de vocês.

Ouvi um silvo baixo de Alice que parecia estar parando o carro.

- Teremos que mentir para ela agora. - a mesma rosnou - Precisamos inventar um motivo para a conversa que eu disse que queríamos ter. Que ótimo, Edward.

Tentei sorrir, mas minha garganta estava doendo demais e o menor movimento a fazia queimar.

- Obrigado, meninas.
- Você está me devendo muitas. Se um dia precisar sumir com um corpo sabe quem eu vou procurar. - desligou o telefone em seguida, mas sabia apesar da reação exagerada que elas tinham um pouco de confiança em mim.

Alguns minutos depois, Bella desceu já de banho tomado e foi direto para a cozinha. Pelo barulho percebi que estava começando a fazer o jantar. Me encolhi ainda mais no sofá, tentando dizer para mim mesmo que a hostilidade que vinha do outro cômodo não tinha nada a ver comigo.

Quando o cheiro da comida já estava dominando quase toda a sala, senti meus músculos começarem a tremer involuntariamente. Os meus dentes antes trincados não conseguiram evitar o bater de queixo. Estava violento demais o frio que eu sentia cortando minhas costas e queimando meus pulmões.

Jamais voltaria de novo na chuva para casa. Tudo parecia fora do lugar. Meu corpo recebeu esporádicos espasmos e eu estava quase desmaiando de cansaço.

- Talvez seus dentes cáiam se continuar se fingindo de coitado desse jeito. - levantei o rosto quando o cobertor bateu em mim.

Encontrei Bella parada ao lado do sofá com cara de poucos amigos.

- Pare de bater o queixo. Está atrapalhando meu... - algo em seu olhar mudou - Você está suando frio. - disse um tempo depois.

Passei a mão na testa e sequei a água que estranhamente surgira ali.

Bella pareceu por vários segundos relutando entre o que queria fazer e o que devia. Mas quando fez não soube se aquela era sua primeira ou sua segunda opção. Ela pousou a ponta de seus dedos que pareciam mais frio que o ar que me cortava na minha testa e automaticamente os retirou.

- Você está pelando. - murmurou assustada.
- Está doendo. - foi a única coisa que consegui dizer.

Começou a agir de forma tão automática, robótica, que me perguntei se estava pensando em algo enquanto fazia ou se ainda estava em dúvida em me ajudar. O cobertor que jogou sobre mim, logo estava aberto e enterrado nas laterias de meu corpo pela sua pequena mão. Mais rápido do que eu faria, ela ligou a lareira e não parecia tão insegura e atrapalhada como normalmente. Os espasmos voltaram ainda mais forte, a fazendo olhar para mim com piedade. Ela foi até cozinha e algum tempo depois trouxe um pires com água, uma toalha de rosto e um copo com um remédio.

Fiz tudo que mandou com certa dificuldade, mas obedecendo cada letra. A ouvi falando no telefone com Carlisle e pedindo que ele voltasse para casa. Quando desligou, Bella veio para o meu lado, se agachando no chão para ajeitar a toalha no meu rosto.

- Seu pai está vindo. Ele disse que talvez não reaja muito bem ao remédio e vai trazer outra coisa para você tomar.
- Tô. Com. Dor. - falei com dificuldade.

Bella fez uma careta e olhou para o outro lado.

- Em vinte minutos eles estará aqui. Espere. - rosnou.

Fechei os olhos para não ver seu desprezo e mergulhei levemente na inconsciência. Meu corpo voltou num solavanco assustado com o barulho do meu próprio queixo batendo. Meus olhos semicerrados a observaram se sentar no chão e ficar afastada o suficiente do sofá sempre olhando para o lado contrário do meu rosto.

Meu olho parecia ser forçado a se fechar. Pisquei mais algumas vezes lutando contra a escuridão. A imagem de Bella na minha cabeça girava e girava. As vezes parecia real, as vezes não. Não conseguia mais distinguir. Assim como também não consegui diferenciar se aquele sentimento tinha sido real, se aquele toque tinha acontecido mesmo. Parecia tão leve e ao mesmo tempo absurdamente impossível de não notar.

Eram lábios, sim. Macios. Eram os dela. Nós dois de novo naquele sofá. E eu me enchi de esperança imaginando que ela me amasse, mesmo que eu não merecesse, mas ela sabia que eu precisava daquele toque porque sabia que precisava dela e definitivamente me amava. Tinha certeza disso e lutei para abrir os olhos e encarar seus rosto a centímetros do meu, mas quando o fiz só encontrei meu pai e Renne ao meu lado. Eu tinha sonhado.


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