Irmãos?! Não! escrita por sisfics


Capítulo 20
Capítulo Quinze: Passado - Pte 3




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Edward Pov

O celular tocou, me fazendo tomar um susto. Levantei da cadeira, largando o livro de biologia sobre a escravaninha e fui até a cômoda onde o atendi.

- Alô.
- Alô. Er, Edward? - uma voz masculina perguntou.
- Ele mesmo. Quem fala?
- Oi, cara. É o Mike. Nossa, acho que estamos conversando mais esse ano do que em toda nossa vida. - sussurrou.

Bufei e esfreguei os olhos com os punhos. Estava tentando me desligar do fato que em alguns minutos Bella entraria pela porta da sala e Mike me ligava me forçando a lembrar de tudo daquela noite.

- É mesmo. - respondi sem vontade - Não sabia que tinha meu número.
- Não tinha, mas uma pessoa arrumou para mim. Bem Edward serei bem direto.
- Que ótimo.
- Arranjei um grande problema para mim por sua causa e espero que você vá me recompensar depois. - não entendi nada.
- Como assim, Newton?
- Minha mãe achou uma tornozeleira embaixo da cama dela e cismou que eu trouxe uma garota para dentro de casa enquanto eles não estavam. Tenho certeza que foi daquela maldita festa. Agora estou de castigo por três semanas sem tv, computador, carro e até o salário na loja dos meus pais eu perdi.

Não entendi de novo aonde me encaixava nessa história.

- E o que eu tenho a ver com isso, Mike?
- Tem a ver com o fato de você e a dona dessa maldita tornozeleira terem transado no quarto dos meus pais e agora estou ferrado por causa disso. Valeu, tá Edward?

Uma luz surgiu na minha cabeça. Só podia ter sido isso. Eu estava com alguém no quarto dos pais de Mike quando Bella me viu e foi embora correndo. Então ela achava que a traí? Mas, espera, jamais faria isso. Amo minha Isabella e jamais faria uma coisa como essa.

Precisava achar a dona da tornozeleira para acabar com todo aquele mal-entendido. Eu conheço Bella o suficiente para saber que pode ter confundido tudo, apesar de não lembrar o que tinha sido 'tudo' graças àquela dor-de-cabeça que sempre me atormentava.

- Tornozeleira? - perguntei mais feliz.
- É, ela está aqui na minha mão. - fez uma pausa - De quem é, Edward?
- Boa pergunta, cara. - me levantei e busquei meu casaco dentro do armário - Está sozinho em casa, Mike?
- Sim, porque?
- Vou dar uma passadinha aí para buscar essa tornozeleira, tudo bem pra você?
- Bem não está não. Sabia que agora vou ter que ir a pé para escola? Meu salário, cara. Eu ia comprar um equipamento de skate maneiríssimo. Puta merda.
- Vai me dar a tornozeleira? - perguntei já saindo do meu quarto e descendo as escadas.
- Vou. Pelo menos um de nós vai ficar feliz, assim você pode ir atrás da sua Cinderela.

Ele não sabia, mas desse jeito eu ia recuperar minha Cinderbella.

Bella Pov

- Espero que tenha aproveitado bem porque sinceramente nunca mais quero ficar longe tanto tempo de você, minha pequena. - mamãe me abraçou mais uma vez.

Revirei os olhos e me soltei.

- Também senti sua falta. Mas agora já chega, mãe. Você veio me apertando a viagem toda da Alice até aqui. - joguei a mala sobre a cama e a abri - Vou ter que colocar tudo isso na máquina. - resmunguei.

Eu precisava estar ocupada para não pensar naquilo que não devia, naquele que não devia.

- Tenho também bastante material acumulado na minha mochila e tenho que arrumar toda essa bagunça.
- Hey. - apoiou a mão no meu ombro.

Renne ainda parecia preocupada comigo, mas estava receosa de perguntar novamente e passar por implicante.

- Como foi sua semana?

Sabia que ela gostaria de ser informada se eu estivesse triste, preocupada ou aborrecida com alguma coisa. Mas minha mãe já sofreu demais na vida para ter que aguentar as lamentações estúpidas de uma adolescente com problemas amorosos.

- Foi ótima, mãe. Quinta e Sexta foi ainda melhor porque a Rose também foi para lá e fizemos 'a festinha do pijama' que precisávamos. Antes que você diga qualquer coisa, não dormi na aula no dia seguinte, tá? - dei uma risada um pouco forçada, mas pareceu não perceber.
- Que bom que aproveitou. Essa casa fica um filme de terror quando não está por aqui.

Tirei o saco de roupas de dentro da mala e o segurei nos meus braços.

- Porque? - tive medo de perguntar.
- Houve uns problemas no hospital, burocracias, nada que vá entender, então Carlisle chegou tarde todos os dias quase sempre depois do jantar. Sempre um fantasma de tão pálido e cansado. E Edward que também ficou a semana toda andando feito zumbi pela casa. Foi a semana dos mortos-vivos.

O saco me escapou indo parar no meu pé o que me fez corar pelo absurdo que estava cometendo. Abaixei para pegá-lo e levantei um pouco mais recomposta.

- Ué, o que aconteceu com o Edward?
- Não sei, querida. Tentei conversar, mas ele não quis e sei que deve achar que não sou nada para me intrometer tanto, então deixei para lá. Acho que foi pelo que aconteceu no sábado. - deu de ombros.

Meu corpo gelou e tive que segurar de novo o saco que estava prestes a cair.

- O que aconteceu no sábado?
- Esqueci de te avisar. - bateu na própria testa, um gesto que herdei dela - Carlisle quer conversar com você. - meu coração acelerou.
- Sobre o que?
- Lembra que na madrugada de sexta para sábado quando abri a porta para você e James-
- Sim.
- Não se lembra da cara de Carlisle. Ele ficou muito irritado com aquele gesto irresponsável do Edward. Ele chegou oito da manhã do dia seguinte, amor. Você não viu porque estava dormindo. Carlisle ainda chegou atrasado no trabalho porque ficou esperando Edward, então decidiu que o castigo dele seria ficar sem o Volvo. Você não percebeu que ele foi sem o carro todos esses dias na escola? - evitava lugares onde podia encontrá-lo, então não tinha sentido falta do carro.
- Pra falar a verdade, não. Mas porque Carlisle quer falar comigo?
- Ele pretende te dar o Volvo.
- O que? - quase gritei.

Ela deu de ombros e puxou o saco dos meus braços antes que caísse de novo.

- Quando chegar do hospital você fala com ele, Bella. Não sei nada dessa história. Vai lavar roupa agora? - assenti ainda confusa com tudo e saí do quarto mais que depressa - Bella. - chamou quando eu estava na escada.
- Oi? - desceu os primeiros degraus e parou ao meu lado.
- Esqueceu a roupa, né cabeça de vento. - me entregou o saco e foi comigo para a área.
- Mãe, sei que você estava com saudade de mim, mas quais são as chances de me deixar sair amanhã.

Liguei a máquina de lavar e comecei a separar as roupas que colocaria dentro dela.

- Vai sair com as garotas?
- Não. Er, um encontro.

Não sei porque, mas tive a impressão de não parar de tremer.

Sabia que era coisa da minha cabeça, pois se esticasse a mão na minha frente, ela não estaria tremendo. Ainda assim, me sentia no meio de um terremoto. A última vez que tinha sentido isso foi um pouco antes de desmaiar no verão quando descobri que estava com anemia. A lembrança da viagem me fez palpitar e jogar uma peça de roupa com mais raiva dentro da máquina.

- Vai sair com James? - perguntou vacilante.
- Sim. Ele me chamou para ir no cinema e acho que vou.
- Vocês vão reatar? - tentou se segurar, mas não conseguiu.
- Não sei, mãe. Eu não sei. - fechei a tampa e apertei uma série de botões que logo fizeram a máquina funcionar.

Ainda apoiada nela, girei ficando de frente para Renne que me olhava curiosa.

- Porque está me olhando desse jeito?
- Ah, Bella, vocês já namoraram antes e sei lá. Só quero ser avisada se alguma coisa acontecer. Sabe que gosto de estar por dentro das coisas que você faz.

Dessa vez, senti minhas pernas não me obedecerem. Tive vontade de cair. Meu Deus, menti por tanto tempo para minha mãe que nem estava mais me reconhecendo. Edward tinha me afastado até mesmo da pessoal mais especial na minha vida.

- Aconteceu alguma coisa, Bells? - estranhou meu silêncio - Você ficou branca de repente, filha.
- Acha mesmo? - tentei disfarçar - Impressão sua, mãe. Voltando ao assunto: se ele me levar para ver um filme de ação é uma coisa, se for um romance é outra. Conto tudo para você quando chegar.

Sorriu, acreditando em mim.

- Que horas vem te buscar?
- Será cedo. Lá pelas cinco. Chego antes das nove.
- Tudo bem, querida. - deu de ombros.

Em seguida, a porta da sala se abriu. Meu corpo inteiro gelou de novo e queria estar no meu quarto para não ter que encará-lo.

- Boa noite. - Edward gritou da sala.

Me abracei com a máquina de lavar e olhei para a parede.

- Boa noite, querido. - minha mãe respondeu.

Em seguida, ouvi seus passos correrem na escada. Eu só queria chorar naquela hora.

[...]

Entrei sem dizer nada e senti James sorrindo ao meu lado.

- Que bom que está aqui. - sussurrou.

Em seguida, arrancou suavemente com o carro. Coloquei o cinto de segurança e tentei relaxar no banco, mas era uma missão quase impossível.

- Tudo bem, Bella? - perguntou antes de pararmos num sinal.

Assenti ainda desconfiada. James se virou para mim e esperou que o encarasse também.

- O que houve? - tentei não parecer abrrorrecida ao falar.
- Estou feliz. - enruguei o cenho.
- Por que?
- Pela primeira vez acho que posso conquistar sua confiança de novo. - ergueu uma sobrancelha - Senti sua falta, Bells.

Afastando um pouco o cinto de segurança do seu corpo atravessou o banco e deu um beijo da minha bochecha.

Ao contrario do que queria e imaginava aquilo não foi tão bom quanto era antigamente quando para mim só existia James e o mundo de coisas que ele podia me oferecer.

Se sentou de novo no seu banco e arrancou já que o sinal ficara verde.

- O que quer ver? Já decidiu?
- Sequer olhei. - dei de ombros.
- Não importa de qualquer forma. - respondeu sorrindo.

Me deitei no banco e olhei para fora. Queria me sentir confortável de novo, mas aquela sensação parecia cada vez mais distante até que pegou na mão que deixei largarda sobre meu colo. James entrelaçou seus dedos aos meus e continuou em silêncio até chegarmos ao cinema.

Ainda de mãos dadas me puxou até a fila e passou seu braço pelos meus ombros.

- Posso escolher?
- Tudo bem. Com tanto que não seja terror.

Resolvi colaborar um pouco mais. Se queria me abraçar, deixaria. Toparia qualquer coisa a partir de agora para voltar como era antes.

Enquanto me levava pela fila e falava alguma coisa que não conseguia prestar atenção, esqueci da dor de ver Edward e Jéssica naquela situação e me perguntei o que James estava fazendo na festa.

- ... e talvez você pudesse vir comigo. Já pensou nisso? - terminou.

Me afastei um pouco e o encarei.

- Sabe na festa na casa do Newton sexta retrasada? - fechou a cara sem motivos, então chegou nossa vez.

Comprou dois ingressos para um filme que nunca tinha ouvido falar e me puxou de novo só que dessa vez pelo braço com um pouco mais de rispidez até a sala doze.

- Quer comer alguma coisa? - perguntou sem interesse.
- Não, James. Eu queria que me respondesse uma coisa.
- Dentro da sala. - me cortou.

Entregou os bilhetes para o rapaz que ficava em frente a porta e depois me puxou para dentro de novo. A sala estava escura, mas nem tanto. James fez questão que sentássemos na última fileira da esquerda. Subimos até lá ainda em silêncio e pude perceber que estava tenso pelo modo que me segurava.

Assim que nos sentamos, evantou o braço da cadeira para ficar mais próximo de mim e segurou meu rosto com uma das mãos.

- Pode perguntar o que quiser agora.
- O que estava fazendo na casa do Mike? Como sabia dessa festa? Você não fala com mais ninguém da escola além de mim, fala?
- Isso é ciúmes?
- James, deixe de-

Antes que pudesse terminar a frase, seus lábios encostaram-se aos meus os pressionando com calma. Não sabia como reagir, então fiquei parada, sentindo meu coração mandar que o empurasse e ouvindo meu cérebro gritar que o permitisse fazer tudo que quisesse.

Continuou me beijando até que ouvimos o filme começar. James me soltou, mantendo sua testa encostada na minha com um sorriso estampado no rosto.

- Senti sua falta, meu amor.

Ainda estava confusa o suficiente para não responder nada e me senti até um pouco enjoada com aquilo tudo. Ele continuava acariciando meus cabelos, enquanto as cenas passavam na tela sem que as visse realmente.

Encostei o rosto no peito dele e acho que confundiu isso com um gesto de carinho, então beijou o alto da minha cabeça.

- Vou lá fora. - sussurrei.
- Está se sentindo bem, Bells?
- Não sei.
- Quer ir embora, meu amor?

Se dissesse que não estava me sentindo bem me levaria para casa e acabaria encontrando Edward, então neguei com a cabeça e o abracei mais forte.

- Vou ficar aqui, esquece. Está mesmo assistindo esse filme, James?
- Estava mais interessado em sentir sua respiração, você estava? - parecia tão feliz.
- Também não. - sorri de leve.
- Vamos numa lanchonete depois daqui ou quer andar por aí?

A conversa não passava de um sussurro apesar da sala não estar muito cheia.

- Acho melhor me levar para casa. Disse para minha mãe que chegaria cedo.
- Claro. - sorriu tirando uma mexa de cabelo do meu rosto - Não quero desagradar minha sogra. - fechei os olhos ouvindo suas palavras, enquanto o sentia roçar seus lábios nos meus.
- O que ela disse sobre a gente?
- Nada.
- Tô te sentindo meio distante. Está distraída. - meu enjoo aumentou e me recolhi em seus braços por causa do frio.

Devia ter trazido um casaco para não ter que me abraçar tanto a ele, mas também acho que estava me agarrando assim aos seus braços como se fosse uma bóia salva-vida. Não queria afundar, ainda assim estava enojada de mim mesma por tocá-lo.

- Já me perdoou?
- Pelo que? - levantei o rosto.
- Você sabe. Por ter te largado aqui. Sei que você não perdoa fácil. - era por não saber perdoar as pessoas que estava ali com ele.
- Não sei. - confessei.

Fechei os olhos e lembrei do meu primeiro beijo com James. Estava na sétima série e ele já no primeiro ano, então foi bem estranho, tinha sido na porta da minha casa num dia que me levou. Alternei aquela lembrança com meu primeiro beijo com Edward. Nós dois sozinhos em casa, quando num ataque de raiva me jogou deitada no sofá e seus olhos me invadiram de tal forma que foi quase irresistível. Veio então minha noite com James, a primeira da minha vida, alguns meses antes dele ir para a faculdade e eu ainda estava no primeiro ano. E quase um ano depois estava nos braços de Edward, lembrei de como tinha sido perfeita todas as vezes que nos tocamos na casa praticamente abandonada. Uma lágrima escapou, mas não deixei que percebesse.

- Eu era ruim demais para você, Bella. Sabia disso e mesmo assim sempre ficava ao meu lado. Sempre fui trapaceiro, covarde, menti para ganhar a bolsa de estudos na faculdade. - sabia que tinha usado remédios no dia do jogo em que os olheiros o viram para o time da universidade - Te envolvi em tanto problema quando te levei pra aquele racha em Seatle.
- James, não quero mais falar sobre isso. - rosnei.

Ainda me lembrava do acidente do pobre rapaz chamado Paul e não queria me lembrar disso de novo.

- Precisei ir embora para ficar melhor para você. Entende isso, não entende?

Assenti, sentindo meu corpo inteiro tremer ao som de sua voz.

- Vamos mudar de assunto, por favor? - implorei.
- Tudo bem, Bella. Não falo mais nada que não queira. - uma lâmpada acendeu na minha cabeça.

Me lembrei que não tinha respondido minha pergunta sobre a festa de Mike e por alguns minutos fiquei o avaliando para saber se responderia caso perguntasse novamente.

- Disse que não está vendo o filme e também não quero mais falar sobre esse assunto, então não vai responder a pergunta que fiz quando cheguei aqui?
- Qual? - estava debochando de mim ou falando sério?

Não soube responder minha própria pergunta então a repeti.

- Como soube da festa, como sabia que eu estava na parte de cima da casa e como soube para onde eu ia?
- A festa foi fácil, não falo só com você na escola. Falo também com alguns caras que eram reservas no basquete na época que eu era titular.

Só me lembrava de três nomes: Edward, Jacob e um loiro que eu não falava.

- Quem te disse?
- Andrew. - o tal loiro.
- Ah. - respondi simplesmente.
- Achou que fiquei sabendo da festa por quem? - fez uma careta.

Na verdade, algo travava na minha mente toda vez que pensava sobre esse assunto.

- Te vi subindo a escada quando cheguei lá, então te segui. E vi para onde você estava indo, aliás foi algo muito perigoso o que fez saindo na rua daquele jeito.

Deu um beijo na minha testa e me abraçou mais forte.

- Respondi tudo, não respondi? - assenti, mas a idéia de que tinha dado tempo suficiente para que pensasse em respostas convicentes para reproduzir não saía da minha cabeça.
- Já você não me disse o que viu para te deixar daquele jeito.
- E não vou dizer. - cortei rapidamente e rispidamente.
- Tudo bem. - se assustou - Não precisa ficar assim. Se não quiser me contar, não vou te pressionar.

Aquilo pareceu uma leve crítica, mas preferi ignorar e me aconcheguei em seu peito enquanto as últimas cenas passavam na nossa frente. Tive uma idéia de vingança para Edward, o faria me ver com James quando chegasse em casa. Queria ver seu rosto ferver de raiva.

Edward Pov

Ainda não entendi o porquê de estar ali. Era uma espécie de masoquismo ficar esperando Bella para vê-la com James. Saí de cima de sua escrivaninha e voltei para o meu qaurto. Ficar esperando os dois era rídiculo e, apesar de tentar me convencer disso a cada minuto, era inevitável não ir até o quarto dela e olhar pela janela que dava para frente da casa para espiar.

Sentei na minha cama e voltei a avaliar a tornozeleira entre meus dedos. Um fio fino de prata com um pingente de estrela. Não me lembrava de ter visto aquilo antes em qualquer garota da escola. Até porque era o tipo de detalhe que jamais repararia e já estava começando a ficar impaciente tentando entender de onde tinha vindo.

Uma semi-jóia tão comum e impessoal, sem nenhum traço da personalidade da dona, ou uma letra. Porque diabos tinha que ser uma estrela?

Assim que encostei a cabeça mais confortavelmente no travesseiro, as vozes no andar de baixo do sobrado ficaram mais frequentes, então desci também.

Antes de terminar todos os degraus identifiquei a voz de Bella.

- Muito chato. Não recomendo, mãe.
- Poxa, queria ver com Carlisle na próxima semana. - Renne se lamentou.

Os sons pareciam vir de dentro da cozinha e eu conseguia ver a sombra de uma pessoa alta da porta do cômodo. Era James.

- Vejam outro, esse é péssimo. - insistiu.
- Er, tudo bem. Jantará conosco, James?
- Não, Renne. É melhor ir para casa. Disse para minha mãe que jantaria com ela e meu pai.
- Ah, que pena. - estava realmente triste.

Não conseguia entender onde o instinto materno de Renne se escondia quando falava com aquele canalha. Era uma admiração absurda, pois não passava de um idiota.

- Vou levá-lo na porta. - Bella disse.

Subi mais dois degraus, mas não fui rápido o suficiente para não encontrá-los. James tomou um pequeno susto ao me ver, mas sorriu ainda abraçado a ela.

- Oi, Edward. Ouvindo a conversa alheia?

Cravei as unhas nas palmas da mão com força para não soltar um rosnado ou coisa parecida. Ela não pareceu muito abalada por me ver, muito menos se afastou de James mantendo o abraço. Isabella era minha, eu que devia estar a abraçando, aquilo me dava um ódio indescritível.

- Não sabe que isso é feio, irmãozinho. - praticamente rosnou.

Apertei ainda mais a tornozeleira na minha mão e jurei para mim mesmo que acabaria com a raça daquele desgraçado quando tivesse oportunidade.

Os dois foram ainda juntos até a porta.

- Nos falamos mais tarde. - repetiu para ela, mas olhava nos meus olhos.
- Definitivamente. - espiou pelo canto do olho e, percebendo que não me mexi nenhum centímetro, passou seus braços ao redor do pescoço dele e o beijou.

Era o cúmulo. Não precisava assistir aquilo. Recebi um soco no peito e senti minha garganta ardendo tamanha minha vontade de gritar. Como podia querer se vingar desse jeito? Não era só maldade comigo, mas com ela também. James era a pior espécie de pessoa que podia estar junto dela.

Subi cada degrau, fazendo barulho suficiente para que escutasse, mas nenhum dos dois se moveu. Meus olhos doíam por ter visto aquilo.

Então, pela primeira vez, entendi como deveria ter se sentido quando me viu com alguma garota, caso isso tenha mesmo acontecido. Era como se algo que fosse meu há muitos anos estivesse sendo roubado, arrancado de dentro de mim e não pudesse fazer nada.

Me apoiei no corrimão já no segundo andar e esperei vários minutos até que subisse. Ela me encarou com um sorriso debochado no rosto que me fez ficar ainda mais magoado. Não parecia nem um pouco triste.

- O que faz parado aí? - perguntou cruzando os braços.

Percebi que estava com medo de passar ao meu lado para entrar no seu quarto.

- Esperando você.
- Para que?

Não sabia para que, apenas dei de ombros e a observei.

- Era o que imaginava, Edward.

Tomando cuidado para não encostar em mim, passou pelo estreito e foi na direção da porta.

- E se lhe dissesse... - recomecei.

Parou com a mão pendurada na maçaneta, esperando me ouvir, mas não consegui terminar.

- Se me dissesse? -  incitou com deboche sem sequer olhar para trás.
- Se dissesse que a culpa de tudo é dele. Que James é uma mentira.
- Você também foi. - deu de ombros e entrou.


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Notas finais do capítulo

Queria desejar a todos um feliz natal, cheio de paz e alegria e tbm tudo de bom pra vocês. E queria tbm agradeçer por acompanhar a fic, e espero que estejam gostando. Bom é isso, FELIZ NATAL A TODOS!Amanhã eu não venho postar, mas domingo eu to aqui.



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