Irmãos?! Não! escrita por sisfics


Capítulo 18
Capítulo Quinze: Passado - Pt 1




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Bella Pov 

- Não sei, querida.

Minha mãe apoiou a xícara de café em cima da mesa. Eram raras as vezes que eu vinha até o escritório dela, só quando era algo bem sério.

- Poxa, mãe, já fiz isso várias vezes antes. E Alice também já dormiu várias vezes lá em casa.
- Eu sei, querida. Confio plenamente em vocês duas e sei que os pais da Lice vão tomar conta de vocês, mas é que uma semana é tempo demais.
- A tia vai ficar com saudade, entendeu? - Alice deu de ombros ao meu lado.
- É claro que vou ficar com saudade. - minha mãe girou a cadeira de couro enorme e se levantou - Mas acho que não tenho outra escolha.

Senti um alívio enorme que não pude explicar. Uma semana sem encará-lo seria suficiente. Pior seria na escola.

- Obrigada, Tia Renne. - Alice respondeu fingindo animação.

Nenhuma de nós duas estava realmente feliz com esse empréstimo que faria de sua casa e sua rotina. Talvez em outra situação, mas aquilo era uma fuga. Eu me sentia uma verdadeira fugitiva atrás de paz e não sabia se na casa de Alice a conseguiria, mas não custava tentar.

- E o que seus pais disseram? - Renne perguntou.
- Sem nenhum problema. Eles sabem que a Bellinha é um amor e por experiência não dá nenhum trabalho. Vou cuidar muito bem da sua filha, Tia. Não precisa se preocupar. - Lice segurou meu braço e deu um beijo no meu ombro.

Vi pelo canto de olho que estava preocupada. Aliás, muito preocupada, mas era discreta o suficiente para que minha mãe não percebesse. E graças a minha experiência de contar mentiras inocentes como essa para minha mãe e os quilos de maquiagem que Alice tinha posto no meu rosto, ela jamais desconfiaria como foi minha noite.

- Vamos para casa agora. Vou buscar minhas roupas e outras coisas. Te ligo assim que chegar na casa da Lice e nos falamos depois, tudo bem? - queria sair o mais depressa dali.
- Vou lá fora ligar o carro. - Alice disse antes de sair saltitante pela porta.

Minha mãe deu a volta na mesa e veio me dar um abraço.

- Você ficará bem, certo?
- Claro, mãe. Sei como me cuidar.
- Se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar e me ligue todas as noites antes de dormir porque quero saber como foi seu dia, tudo bem?
- Não vou esquecer.

Me soltou por um instante e então me avaliou de uma forma que não fazia há muito tempo. Me atravessando e notando algumas feridas.

- Aconteceu alguma coisa ontem na festa, querida?
- Não, mãe. Porque a pergunta? - tentei não gaguejar.
- Está indo para casa da Alice só mesmo para aproveitar uma semana de garotas, não é? Ou você brigou com alguém? Fiz alguma coisa em casa que nao gostou? É algo com Carlisle ou... Edward?
- Claro que não. - quase gritei, minha mãe ainda era insegura quanto ao que eu sentia por ter outro homem em casa no lugar de meu pai - Não tenho problema nenhum com eles. É só uma visita. Não fazemos isso já faz tempo. Além do mais, Rosalie também pretende ficar dois dias por lá. Clube da Luluzinha, entendeu? - forcei um sorriso.
- Então tá. Quando chegar me ligue.

Antes que fizesse mais alguma pergunta e me deixasse ainda mais nervosa, deixei a sala e fui sem falar com ninguém até entrar no Mercedes de Alice.

- Como fui? - perguntei.
- Ela não percebeu nada, disso tenho certeza, mas acha que ele não vai perceber?

O carro arrancou e pus o cinto de segurança.

- Não me importo com ele. Uma semana será suficiente, Alice.
- Suficiente para esquecê-lo? Tem certeza disso, Bells? Não acho que seja capaz de-
- Já conversamos sobre isso hoje de manhã.
- Não acha que deveria conversar? Você sempre foi tão apressada. Pode ter sido um eng-
- Cale a boca. - pedi sentindo lágrimas brotarem nos meus olhos.
- Desculpe?
- Como disse mais cedo: só uma semana e não quero que contem para Jasper ou Emmett. Só peço um pouquinho de ajuda, okay?

Ela assentiu silenciosamente e assim permaneceu até que paramos na entrada de carros da minha casa. O sobrado parecia esgueirar-se sobre mim e me ameaçar, enquanto caminhava até a varanda. Tentei dizer para mim mesma que tudo aquilo era psicológico, mas realmente a sala parecia mais fria e os ambientes mais escuros assim como de manhã. Subi os degraus bem devagar para não chamar atenção caso estivesse em casa, mas pelo silêncio não era o caso.

Fui até meu quarto e joguei todas as roupas que precisaria dentro de uma mala de mão que guardava embaixo da cama. Guardei também uma necessaire com escova de dente e coisas do tipo e joguei a mochila da escola no ombro. Não devo ter ficado mais de dez minutos lá. Ao sair pela porta da entrada, tive que me controlar para não gritar quando o vi junto de Alice em frente ao carro. Parecia um pouco atordoado, talvez por não estar mais entendendo coisa alguma.

Sequer olhei, passando direto e abrindo a mala onde joguei minhas bolsas.

- Como assim uma semana na Alice, Bella? - perguntou parando ao meu lado, enquanto eu fechava a mala.

Não respondi, o que o fez me seguir até a porta do motorista. Alice me olhou intrigada e saiu dali o mais depressa que pôde passando desajeitadamente sobre a marcha e se sentando no carona. Entrei no carro, mas Edward segurou a porta me impedindo de fechá-la.

- Acha que eu vou te deixar sair assim?
- Não acho. Tenho certeza. Agora, ou sai da minha frente, ou passo com o carro sobre você.
- Bella, por favor, vamos conversar. Não estou entendendo nada. O que fiz de errado? - um pouco de desespero passou por seus olhos - Pergunte a Ali... - não deixei terminar a frase quando puxei a porta com toda a força e dei a partida.

Olhei pelo retrovisor e desci a entrada, passando pela grama, o que deixaria minha mãe furiosa. Arranquei, cantando um pouco os pneus e fazendo com que Alice se segurasse na porta.

- Já está na hora de diminuir. - quase gritou.

Tirei o pé gradativamente alguns segundos depois.

- Meu Deus. O que foi isso? Bella, eu nunca te vi desse jeito.
- O que queria, Alice? Que o recepcionasse com um abraço e um sorriso?
- Nunca te vi com tanta raiva. - murmurou para si mesma.

Algumas lágrimas escorreram silenciosamente e só as notei quando se tornaram impecilho para continuar dirigindo.

Comecei a respirar pelo nariz e soltar pela boca, numa tentativa inutil de me acalmar.

- Não quer que eu dirija?
- Não vou matar nós duas se é o que está pensando.
- Só estou preocupada. Você parece muito transtornada. - respirei fundo mais algumas vezes.
- O que ele quis dizer com "pergunte para Alice"? - as palavras saíram tropeçando uma nas outras.
- Também não entendi. Acho que tem a ver com o que me disse na porta.
- E o que ele disse? - perguntei.

Por um segundo, repeti para mim mesma que o que ele tinha dito não importaria e jamais faria alguma diferença, mas logo em seguida me peguei contando os segundos e avaliando cada centímetro do rosto de Alice enquanto ela pensava no assunto.

- Perguntou se eu estava te procurando, então eu disse que na verdade estava te esperando. O impedi de entrar em casa por saber que poderia acontecer um crime passional e comentei sobre sua hospedagem na minha casa. Ele quase surtou, Bella. Tinha que ter visto as feições de confuso que fez.
- Mentiroso. Um belo ator, então. Confundiu até mesmo você. - rosnei.

Mas por algum motivo não conseguia sentir veracidade nas minhas palavras.

- Pode por um momento cogitar a possibilidade de ter visto errado? - se irritou.

Estacionei o carro na calçada em frente ao enorme sobrado dos Brandon.

- Se você visse o Jasper beijando e se deitando numa cama com uma garota da nossa escola que ele já ficou e a visse deitada sobre ele tratando de tirar as roupas bem rápido, acho que faria a mesma coisa que eu. Ou então se encolheria num canto qualquer, lamentando o fato de amá-lo, o que é mais o seu caso. Eu reconheço o Edward, okay? O conheço desde o jardim de infância e infelizmente tenho memorizado cada pequeno detalhe dele, então por favor não me diga que o confundi porque essa é a coisa mais estúpida que já ouvi e não está me ajudando nem um pouco.

Alice abaixou o rosto e não se moveu por alguns minutos.

- Pode me emprestar seu carro? - me encarou confusa - É longe demais para ir a pé. Você liga para minha mãe e diz que estou tomando banho.
- Aonde vai?
- Mais tarde te conto. - ficou um pouco desconfiada, mas logo desceu do Mercedes.
- Não vá fazer nenhuma besteira, tudo bem?
- Nada que você não faria. - resmunguei.
- Esse é meu medo.

Edward Pov

- Achei que você o viria buscar mais tarde. - a voz veio de trás de mim.

Acabei deixando a chave cair da minha mão. Mike apareceu com uma cara péssima logo atrás do arbusto. De início não soube o que falar, mas então deixei a implicância de lado e me importei um pouco com ele.

- Como foi a chegada dos seus pais?
- Foi tudo bem. Eles não perceberam nada. E você?
- Perdi meu carro. - abaixei para pegar a chave e abri a porta do Volvo.
- Como assim perdeu?
- Meu pai me proiubiu de dirigir até o final do ano. Perdi o carro para a Bella. - murmurei.

Na verdade, eu tinha perdido a Bella. Ainda não entendi o que estava acontecendo. Quero dizer, o que fiz de tão errado para ganhar aquele desprezo e todo aquele ódio?

Eu tinha acabado de encontrá-la e saber que ficaria uma semana longe de mim, pelo menos em casa. Devia ter feito algo de muito errado na festa para deixar marcas como aquela. Eu a conhecia e sabia que tinha o temperamento difícil, se estressava à toa, mas nunca daquele jeito. Dessa vez foi algo muito sério e quando tentava lembrar era como se tivessem passado uma borracha em metade da minha noite, além do mais, toda vez que o fazia minhas têmporas latejavam com muita força.

- Me desculpa, cara? Eu devia ter te acordado mais cedo. Mas não imaginei que aconteceria tudo isso quando te vi dormindo embaixo da cama da minha mãe.
- Você não tem culpa.

Aquela conversa acendeu uma pequena lâmpadazinha em cima de mim. Se Newton tinha me visto enquanto eu ainda estava dormindo, talvez soubesse como eu fui parar lá.

- Posso te perguntar uma coisa, Mike?
- Claro.
- A primeira vez que você me viu no quarto eram que horas?

Ele se esforçou um pouco pensando.

- Por volta de umas quatro da manhã, porque?
- Sei que você não ficou perto de mim, mas sabe a última vez que me viu com os meus amigos... Jasper, Emmett... - lembrei de quem ele realmente prestou atenção na festa e sempre prestaria - Bella.
- Você não me lembro. Mas a última vez que vi Bella, estava na cozinha tentando impedir que alguém quebrasse o vidro da janela dos fundos, quando a vi entrando e depois ela ficou parada olhando na direção da escada como se tivesse visto um fantasma, então saiu correndo. Eram quase duas da manhã. - parou e cruzou os braços.
- Continue - estimulei.
- Ah sim, er, demorei ainda um pouco a impedir a destruição da minha cozinha, então depois decidi ir atrás dela. Uns vinte minutos depois. Sei lá, podia precisar de ajuda, né.
- Tá. Continua logo. - estava começando a ficar apreensivo e essas pausas que fazia me deixavam ainda mais nervoso.
- Quando fui na direção da escada, a vi descendo bem depressa. Ela saiu com muita, muita, muita pressa mesmo. Foi lá para fora, fui atrás, mas ela seguiu para o sul e estava bem confusa. Tropeçando, e acho que chorando, mas não vi seu rosto.
- E você viu o James?
- É. Quando o vi saindo da minha casa achei estranho. Não o via desde o nosso primeiro ano, quando saiu da escola e foi para a faculdade, mas então outra coisa me chamou atenção. Ele estava correndo atrás da Bella, entrou no carro parecendo um foguete e arrancou na mesma direção que ela foi.
- Ele a viu indo para o sul?
- Não, mas parecia saber.
- Ah, sei. Viu se ele também veio do segundo andar?
- Não vi, mas acho que veio sim. E  parecia bem feliz.
- Ah, tá. Obrigado. - abaixei a cabeça, tentando formular alguma idéia do que aconteceu no quarto.

Havia um espaço de duas horas até a hora que Bella foi embora e Mike me viu. Como fui parar no quarto naquele espaço tempo? Se é que eu fui para lá durante essas duas horas e não fui antes, não é mesmo?

Tanta coisa que minha cabeça voltava a latejar com força.

- Você está bem mesmo, Edward? - Mike perguntou parecendo preocupado.
- Não. Eu-
- O que aconteceu para você ter feito tantas perguntas?
- Nada demais. Só achei a Bella estranha hoje de manhã. - essa resposta justificaria meu interesse por ela.
- Tá, mas o que isso tem a ver com você bêbado lá em cima?
- Nada demais. - menti.

Uma luz se acendeu na minha mente. Eu já estava lá em cima quando Bella desceu com James. Agora, ela tinha me visto no quarto dos Newton? O que eu estava fazendo? Ou o que eles estavam fazendo? Aquela última pergunta fez um choque percorrer todo meu corpo e um rosnado escapar entre meus dentes.

- Acho que eu preciso ir embora. Meu pai vai ficar ainda mais aborrecido se não chegar em casa e encontrar o carro.
- Tudo bem. Até segunda.
- Até.

Entrei no Volvo e arranquei. Eu sabia que faltava um único personagem nessa história, mas não sabia quem era. Talvez Mike não estivesse dizendo toda a verdade, mas que motivo teria para não fazer isso? Saber que estava lá em cima quando Bella e James me virão e então foram embora não era o suficiente para alimentar qualquer hipótese, muito menos criar alguma suspeita. Eu só sabia que o fato de James estar lá já não era nem um pouco legal, ainda mais com a forma que Bella estava me tratando a partir de agora. Nunca a tinha visto tao irritada, mas resolvi dar um tempo para que pensasse em paz. Sempre dava certo comigo quando estava mal, talvez com ela também fosse assim. E então, tentaria conversar, pedir desculpa e voltaríamos ao normal. Juntos como antes. Espero.

Logo agora que eu tinha comprado um anel de compromisso para lhe dar e a pediria em namoro na frente dos nossos pais. Até as falas já estavam ensaiadas na minha cabeça. Mas porque logo agora? Merda.

Bella Pov

O outono em Forks sempre foi um saco. Os primeiros meses de aula, todos ainda estavam chateados pelo final do verão e torciam para que o inverno nunca chegasse. Três meses de ventos e chuvas constantes, antes do frio e da neve. Abracei minhas pernas, sentindo meu queixo tremer ainda mais, enquanto o vento fazia meus cachos chicotearem ao redor do meu rosto. O parquinho estava vazio, e podia até parecer um pouco perigoso por já estar anoitecendo, mas eu não conseguia me mover, enquanto a cena de lábios descendo pelo seu abdômem insistia em voltar e voltar para minha cabeça. Tive a vaga consciência de que um carro que tinha passado alguns segundos antes estava dando ré. Tive a certeza quando buzinaram duas vezes seguidas. Soube que era comigo, não tinha mais ninguém no antigo parquinho, ainda assim não me virei. A buzina insistiu até que eu olhasse um rabbit estava estacionado na estrada e precisei apertar os olhos para entender o vulto que acenava para mim.

Ainda tentava processar toda aquela informação, quando desceu do carro e atravessou a grade dos portões que mal batiam em sua cintura.

- Oi, Bella. - disse ao se aproximar.
- Er, oi. - se sentou ao meu lado e me deu um grande sorriso que cobria quase todo seu rosto moreno.
- O que faz aqui essa hora? - olhou em volta - E sozinha.
- Eu precisava de um lugar para pensar. - fui sincera sem entrar em detalhes - E você?
- Vim trazer o jantar do meu pai na delegacia e quando estava passando de carro reconheci sua silhueta.
- Como conseguiu?
- O carro de Alice parado ali na frente também foi uma boa dica. - confessou abaixando o rosto.
- Ah.
- Você está se sentindo bem? - perguntou preocupado.

Apenas assenti.

- Tem certeza. Quero dizer, não parece.
- Estou bem. Pode acreditar. É só o frio. - continuei abraçada as pernas e apoiei o queixo no joelho.

Talvez se eu ficasse bem quietinha em silêncio ele fosse embora. Não que a presença de Jacob fosse desconfortável. Pelo contrário, eu o adorava, mas desde que tínhamos ficado juntos antes do verão me sentia culpada por saber que gostava de mim e seus sentimentos não eram correspondidos. Mas ao contrário do que queria, Jacob ficou. Soube disso quando pôs sua jaqueta de atleta da Forks High School sobre mim. O casaco me fez lembrar o que Edward usava em dias de muito frio na escola e que sempre ficava jogado atrás da porta de seu quarto. Então, um dedo quente percorreu minha bochechas e abri os olhos para encára-lo. Seu rosto estava a centímetros do meu e suas sobrancelhas erguidas em confusão.

- Se estivesse se sentindo bem mesmo não estaria chorando, concorda? - levantou o dedo que tinha acabado de passar no meu rosto e me mostrou a lágrima - Eu seria um irresponsável se fosse embora agora e te deixasse aqui sozinha nesse escuro e nesse frio. Posso te levar até o carro? - perguntou.

Sorri, vendo preocupação sem segundas intenções em seus olhos, e deixei que me guiasse com um braço em torno da minha cintura até seu carro. Entrei sem discutir e esperei que entrasse também.

Dentro do Rabbit estava bem quente, ainda assim não quis tirar a jaqueta.

- Acho que não está em condições de dirigir. Parece triste. Quer que te leve para casa?
- Não, não precisa. Eu não quero te incomodar.
- Você nunca me incomoda, Bella. Faço questão.

Abaixei o rosto, sentindo minhas mãos doerem de tão geladas.

- Posso te fazer uma pergunta pessoal? Se quiser não precisa responder. - dei de ombros - Bem, er, está triste desse jeito por causa do seu pai? - aquilo me surpreendeu.
- Por que essa pergunta?
- É que você está sozinha no parque que costumava vir com ele quando era pequena então associei.
- Nem me lembrava mais disso. - resmunguei olhando para fora onde os balanços pendiam de um lado para o outro com o vento forte.
- Você também vinha aqui com seu pai. Disso me lembro.
- Sim, perto da delagacia, então era mais fácil para eles que quase não tinham tempo para nós naquela época.
- Pelo visto, ainda não passa muito tempo com ele. Veio trazer o jantar em pleno sábado a noite.
- Pelo menos assim consigo o ver mais do que três vezes por semana. - sussurrou com um sorriso, mas sem humor na voz.
- Entendi. - apoiou a mão na chave.
- Vou te levar, certo?
- Não precisa. Não estou morando em casa agora. - meu peito apertou dolorosamente.

Jacob enrugou o cenho.

- Algum problema em casa? Com o marido da sua mãe? O Edward?
- Não. Imagine. Temos um relacionamento ótimo. - menti com sucesso ao incluir Edward naquilo - Estou morando com Alice só por uma semana. Amigas gostam de ficar até tarde da noite conversando e eu estava sentindo falta disso.
- Entendi. - deu um sorriso largo - Se precisar que alguém te tire de um parque escuro pode me chamar, está bem? Sempre que precisar.

Dei uma risada baixa e voltei a olhar diretamente para ele.

- Agora, falando sério, sempre que precisar conversar ou precisar de alguma ajuda, sabe que pode contar comigo, não é mesmo? - assenti - Sei que tem alguns amigos que não gostam de mim como Edward e Alice, mas tem meu telefone e pode ligar a hora que for.
- Alice gosta de você. - resmunguei.
- Não precisa mentir por ela, Bells. - respondeu sem mover os lábios.
- Okay. Alice pode mesmo te achar um pouco arrogante.
- Ela as vezes me dá medo.
- Então é melhor eu ir e levar o carro dela logo ou botarei a culpa em você.
- Ponha-se daqui para fora. - disse rindo.

Sorri mais uma vez e percebi que essa a primeira vez que sorria no dia. Jacob em menos de meia hora tinha me feito sorrir mais do que o fiz o dia todo. Eu precisava agradecer.

Avancei sobre o banco e passei meus braços ao redor de seu pescoço. Ele demorou um pouco, mas passou suas mãos pela minha cintura e devolveu o abraço.

- Obrigada. - sussurrei - Não sabe o quanto me fez bem.

Senti seus músculos do ombro ficarem tensos.

- O que disse para te fazer tão bem assim? - perguntou em seguida.
- Foi sincero ao querer me ajudar. Isso foi o bastante.

O soltei e desci do carro sem dizer mais nada. Vasculhei nos bolsos da calça a chave do Mercedes e, logo que entrei, arranquei. Jacob me seguiu pelo primeiro quilômetro, mas o carro de Alice era bem mais rápido que o rabbit que logo sumiu na estrada. Dei um última olhada no retrovisor para ver que ele tinha sumido mesmo e reparei que fiquei com seu casaco. Agora longe de Jake e com a imagem dos atletas de FHS vindo sempre à minha memória, acabei me encolhendo de novo no banco do carro e chorando mais uma vez. Esse era o último dia que permitia me sentir fraca. A partir de amanhã, seria a antiga Bella de volta.


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