Irmãos?! Não! escrita por sisfics


Capítulo 14
Capítulo Doze: Alice será dindinha. - Pt 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, estava com problemas pessoais.



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- Acho que todas as anteriores.
- E como você acha que me senti quando entrei em casa e vi você e Edward se beijando na cozinha?
- Você o que? - me surpreendi.
- Vi vocês se beijando no primeiro dia de viagem.. quando fomos ao supermercado.

Como pude ser tão idiota? É claro que ela estava estranha comigo desde aquela "besteira" que eu e Edward fizemos.

- E porque não falou antes?
- Porque estava esperando você tomar coragem de chegar na minha cara e falar. - insistiu.
- Eu. - tinha que ser agora - Me desculpa não ter contado Alice? Fiquei com medo pelo que vocês iam pensar de mim.
- Você é nossa melhor amiga e o Edward também. Seria quase uma benção saber que estar na mesma sala que vocês pode não ser uma terceira guerra mundial.
- Mas você não se lembra da conversa com Rosalie? Vocês diziam que ia ser muito estranho.
- Porque seria, mas também é um alívio. É estranho explicar e, por favor, esqueça o que dissemos naquele dia, mas até que é legal tudo isso e... - não sabia as palavras que ia usar.
- O dia que te entender, garota, acho que consigo ganhar o Nobel da ciência. - resmunguei.

Ela sorriu e eu sequei a lágrima que brotou nos seus olhos.

- Me perdoa, Bells? - outra lágrima caiu - Não queria ter te batido, foi meio que impensado... eu me senti tão posta de lado. Não queria ter gritado com você, não queria ter te humilhado na frente de todo mundo, ter tratado de forma que não merecia. Eu te amo, Bells. Eu-eu. - estava prestes a explodir.
- Alice, calma ou você vai pirar.
- Eu quero é me bater. - quase gritou.

Pronto, a Alice desenbestou, agora não tem que bote no lugar.

- Alice, calma.
- Me desculpa ter falado de você pelas costas e ter feito tudo que fiz? Fui muito infantil e burra. Desculpa? Desculpa mesmo?
- Desculpo você. Pra falar a verdade, no seu lugar, agiria da mesma forma e-
- Aiin, Bella. - pulou em cima de mim num abraço que nos fez cair da cama.

O ar saiu completamente dos meus pulmões com o peso dela.

- Sai de cima. - ofeguei.

Rolou até estar do meu lado e nós nos levantamos.

- E quando tudo volta ao normal?
- Assim que você disser que me perdoa - sussurrei.
- Não tem mais o que perdoar. - respondeu, segurando a minha mão.


Edward Pov

Uma semana depois.

- Você está achando a Bells estranha? - perguntei à Jasper.

Ele parou um pouco o jogo e a olhou num canto com Ali e Rose.

- Não. - deu de ombros e voltou a se concentrar no pinball na sua frente - Porque a está achando estranha?
- Sei lá, algo nas feições. Me parece preocupada.
- Pergunte se está acontecendo alguma coisa. - sugeriu.

Logo depois nós nos olhamos e começamos a rir.

- Não, esquece. Falei besteira. Mulheres não falam e quando falam botam a culpa na gente. Esquece. - aconselhou me fazendo rir.
- Tão rindo do que, hein. - Emmett perguntou, parando do meu lado com um cachorro-quente na mão.
- Estávamos falando sobre fusão à frio e as suas várias aplicações no mundo da ciência moderna e da biomedicina. - Jasper resumiu.
- Mãe de quem? - perguntou quase deixando o cachorro-quente cair.

Dei uma gargalhada ainda mais alta. Emm era mesmo um demente.

- Estão rindo tanto que ficamos com inveja. - Rose disse se aproximando.

Alice foi para o lado de Jasper e começou a olhar o jogo dele.

Bella se aproximou de mim, passei meu braço pelo seu ombro, mas ela se esquivou um pouco amedrontada. O que estava acontecendo?

Desde que Bella e Alice haviam feito as pazes, inclusive na frente de todos, onde as duas resolveram fazer uma pequena "reunião" para se desculparem na frente de todo mundo, nós estávamos muito bem. Agíamos agora normalmente na frente de todos os nossos amigos, mas desde ontem ela estava nervosa.

A segurei pelo braço e aproximei minha boca de seu ouvido.

- Aconteceu alguma coisa?

Negou com a cabeça.

- Você parece assustada. - completei a abraçando.
- Estou bem, Edward. - mentiu, encostou a cabeça no meu peito e respirou fundo sentindo meu perfume.
- Quer ir embora? - perguntei de novo no seu ouvido.
- Acho que sim.
- Vou dizer que você não está bem.

Suas mãos percorreram devagar a minha cintura até que me abraçou por completo.

- Pessoal? - todos me olharam - Vou levar a Bells para casa, ela não está bem.
- O que que está sentindo? - Alice disse se aproximando.
- Eu só não estou bem. - Bella murmurou ainda contra a minha camisa.
- É melhor levá-la mesmo. - Emmett concordou.
- Nos vemos mais tarde.

Saímos no corredor do shopping devagar e a levei para o estacionamento.

- Já estamos chegando no carro. - avisei quando apertou ainda mais o abraço.

Vi o Volvo mais perto e destravei o alarme com o botão da chave.

- Chegamos. - avisei, abrindo a porta.

A coloquei sentada no banco do carona e depois a levei para casa. O caminho foi silencioso, Bella estava entrertida demais na estrada. Ou entrertida demais em algo que pensava, mas não queria me falar. Eu não sabia. Não sabia mais de nada.

Chegamos na casa da praia e ela desceu antes mesmo que desligasse o carro. Abriu a porta e pulou numa velocidade estranha para quem estava tão mal a alguns minutos. Desci do carro também, indo atrás dela que entrava.

A segui até a varanda da frente que era colada mesmo na areia. Se sentou no degrau ainda pensativa e me sentei ao seu lado.

- Bells. - chamei num sussurro.

Me olhou com as feições cansadas.

- Estou preocupado com você. - comecei.
- Porque?
- Me parece estressada, cansada, preocupada.
- Acho que já entendi que pareço uma morta-viva. Obrigada por me animar. - me cortou sorrindo.

Sorri também e me aproximei dela.

- Não quis dizer isso, você sabe.
- Eu sei.
- É só preocupação mesmo.
- É besteira minha. - tentou fugir do assunto.
- Você... está com medo? - ficou um pouco nervosa como se tivesse acertado o motivo de tudo aquilo - Bella, se é porque nós vamos voltar na semana que vem e decidimos contar para nossos pais. Bem, acho que você não precisa se preocupar. Estive mesmo pensando e quem melhor para namorar a "pequena filha de Renne" do que o próprio enteado dela, entende? Acho que... eles vão gostar. - não fui muito seguro nessa última palavra - Ou pelo menos, o máximo que vão fazer é um pequeno escândalozinho, mas estive pensando também e acho que nós poderíamos mentir. - palavra errada - Quero dizer, omitir o tempo de namoro e assim contar que estamos juntos desde a viagem. Bem, seria mais fácil para racionalizarem tudo, entendeu?

Completei meu discurso e voltei a olhar nos seus olhos. Bella me olhava com uma cara extremamente "O que você disse?".

- Fui rápido demais? - perguntei temeroso de ter que dizer tudo outra vez.
- Não. - respondeu me trazendo alívio - Entedi tudo. E, pra falar a verdade, você tem total razão. É melhor mesmo nós "omitirmos" - fez aspas no ar com os dedos - o tempo que estamos juntos.

Suspirei tirando um peso dos ombros. Agora, ela estaria melhor, certo? Errado.

Bella voltou a observar o pôr-do-sol no horizonte sem mudança nenhuma em suas feições.

- Não é isso que está te preocupando, né.
- Vamos esquecer isso? - perguntou se virando para mim numa súbita lufada de vida.

Se aproximou ainda mais e apoiou as mãos na minha coxa.

- Vamos caminhar na praia, que tal? - perguntou forçando um sorriso.
- Não entendo.
- Esquece isso. Já estou melhor e quero te pedir que me faça esquecer tudo que aconteceu nas últimas horas.
- Mas-
- Não me pergunte nada. Só me faça esquecer. - quase implorou.

Seus olhos caídos em sinal de cansaço me fizeram pensar em algumas possiblidades para seu jeito estranho, mas nenhuma delas atraiu tanto minha atenção.

- Tudo que você me pedir, Bells. - respondi.

Ela ergueu seu olhos cor de chocolate e deu um sorriso fraco. Segurei seu rosto entre minhas mãos e lhe dei algo que a faria realmente esquecer de tudo: um beijo.


Bella Pov

- O que acha que está pensando? - Alice gritou.
- Bella, isso é loucura. - Rose gritou também levando as mãos na cabeça.

Me encolhi no sofá tentando ver qual era a besteira que tinha feito para elas gritarem comigo desse jeito.

- Meninas, o que eu fiz? - perguntei depois de muito pensar.
- O que você fez? - Alice perguntou indignada - Ela ainda pergunta. Ó meu Deus.
- Bella, você está louca? - Rose gritou de novo.

Começaram a falar um monte de besteira, mas simplesmente não conseguia ouvir e raciocinar. Levantei correndo e estava em casa.

Como assim em casa? Estava na casa de praia da tia de Alice e agora meu quarto. Olhei em volta, era mesmo meu quarto, mas estava diferente com uma decoração mais infatil, bonecas e uma cama de criança, um berço. O que estava acontecendo? Sai de lá às pressas e já no corredor vi a porta do quarto de Edward aberta, talvez ele pudesse me explicar. Entrei correndo.

- Edward. - chamei o vendo de costas para mim sentado na cama.

Se virou devagar.

- Shiu Bella. - chamou minha atenção.
- O que está acontecendo? Rose e Alice, elas est... - me calei quando se levantou e veio andando na minha direção com uma criança no colo.
- Sua vez de ninar. Estou morto. - resmungou jogando a criança nos meus braços.
- O que é isso? - tentei impedir que ela caísse.
- Sua sobrinha ou filha. Chame do que quiser. - resmungou antes de sair do quarto.
- Edward. Volta aqui. Por favor, eu-

A criança começou a chorar no meu colo e o desespero aumentou ainda mais. Como assim minha filha?

- Bella, acorda. - senti alguém me sacudindo.

Eu estava respirando com dificuldade.

- Você está bem, Bells? - Edward perguntou.

Assenti nervosa.

- Tá... Vou descer para o café, okay? - assenti ainda sem nenhuma palavra.

Será que falaria de novo depois de um sonho desses?

Ele sorriu mais calmo e saiu do quarto. Me sentei na cama tentando me acalmar do pesadelo. O desespero voltou a tomar conta como a dois dias quando ouvi aquilo.


Flash back on

- Meninas, preciso voltar para casa. - Rose disse de repente.
- Que aconteceu? - Alice perguntou já quase choramingando por ficarmos sozinhas na praia.

Os rapazes continuavam batendo uma bolinha, enquanto Rosalie se levantou e enrolou uma canga no quadril. Acho que eu já tinha entendido o que estava acontecendo. Me levantei também e puxei Alice.

- Vamos contigo. - avisei.

Ela sorriu e nós começamos a caminhar na direção da casa. A sorte era que sempre íamos a praia bem perto de casa.

- O que houve? - Alice perguntou ainda desentendida.
- Fiquei menstruada, Alice. - rosnou - Deixa de ser lesada.
- Hum. TPM em pessoa. - respondeu de má vontade.

Ri das duas e tive uma certa pena de Rose quanto ao seu ciclo menstrual cair justamente no melhor das férias e-

Espera, era para eu ter ficado. Ó meu Deus. Há três semanas, eu e Edward já tínhamos feito antes disso e comecei a enjoar.

- Bella? - Alice me chamou.
- Oi?
- Vou fazer um sanduíche para mim, quer? - neguei a vendo entrar na casa.

Fiquei na varanda ainda pensando. Não, Bella. Deixe de ser estúpida, se você estiver não daria sinais tão cedo. Você deveria ter usado camisinha. Porque você sempre esquece de tomar o maldito anti-concepcional que sua mãe compra pra você? Mas e se?. Não fizemos assim, bem... fizemos, mas não comigo, certo?

- Será? - perguntei para mim mesma olhando para Edward bem longe da casa sorrindo e brincando com uma bola nos pés.

Flash back off

Cambaleei até o banheiro onde o enjoo me atingiu mais uma vez. Isso não podia estar acontecendo comigo. Não posso estar grávida.

Quero dizer, posso estar grávida, mas não quero. Porque tinha que ser tão burra dessa maneira? Minhas mãos tremeram apoiadas na pia. Estava tremendo de nervosa, de tanto medo que sentia pela idéia que me acometia cada vez que me deixavam sozinha. Que idiotice! Não podia estar grávida. Eu e Edward fizemos sexo quantas vezes? Sete ou Oito? Não é o bastante. Não, não estou falando coisa com coisa. Espera, uma vez basta. Como pude ser estúpida o suficiente para permitir que isso acontecesse? Caso eu esteja grávida, minha vida vai acabar. Minha liberdade, meu futuro. Minha mãe iria, definitivamente, acabar comigo. Sem falar Carlisle, que não é nada meu, mas é pai de Edward. E Edward?

Ele ficaria comigo? Me ajudaria? Me culparia? Me forçaria a fazer alguma besteira?

Eu faria essa besteira? Não. Claro que não. Que idiotice! Precisava de um minuto sem ficar pensando e pensando nisso. Remoendo essa angústia dentro de mim. Continuava tremendo muito forte. Comecei a me despir e tive uma certa dificuldade nesse assunto, mas depois de um tempo entrei no chuveiro. Estiquei a mão na frente do meu rosto para ver se ainda estava tremendo tanto quanto sentia que estava, mas meus dedos estavam parados.

Merda, o que está acontecendo comigo?


Edward Pov

Subi de novo as escadas com todo mundo. Passei no meu quarto antes de ir para o de Bella para saber porque não tinha descido para o café e porque estava tão nervosa essa manhã. Ontem, enquanto estávamos passeando pela praia, pareceu esquecer um pouco das suas preocupações que não queria me contar. Não entendia que deixava a mim mesmo preocupado tentando me poupar da conversa. Queria me tirar do assunto, mas acabava me colocando ainda mais nele. Remexi a mala tentando achar minha camisa com gola V azul marinho, mas nada dela. Procurei dentro do armário e da gaveta. Até debaixo da cama. Mas não achei de jeito nenhum.

- Socorro. - ouvi um grito muito distante.

Era Alice. Não dei muita atenção. Devia ser uma barata ou um inseto qualquer que a deixou gritando com medo como uma criança.

- Alguém me ajuda, por favor. Socorro. - mais uma vez.

Dessa vez, algo na voz dela me chamou atenção. Levantei do chão onde procurava a camisa e fui na direção da porta.

- SOCORRO. - gritaram de novo.

Abri a porta e encontrei Alice no corredor.

- O que está acontecendo? - perguntei assustado.
- Me ajuda agora. A Bella está desmaiada lá no banheiro. Eu não consigo abrir a porta.
- A Bella?
- O que houve? - Emm perguntou, aparecendo também no corredor.

Corri até a porta do quarto de Bells onde Alice estava.

- Cadê ela? - perguntei gritando desesperado.
- No banheiro. A porta está trancada. Olha pela fechadura. Olha.

Fiz o que disse. Olhei pela fechadura e vi Bella caída no chão enrolada numa toalha. Devia estar ali desde o café.

- Merda. - me desesperei vendo a porta trancada por dentro - Bella. Acorda. - gritei, batendo na porta.

Rose e Jasper se juntaram a Emmett e Alice na porta do quarto.

- Edward? - Emm chamou me tirando da frente - Vamos ter que arrombar.

[...]

A falta de resposta era incômoda. Como assim num hospital desse tamanho e ninguém sabia como ela estava?

- Tudo bem. Assim que recebermos notícias peço para ele ligar, Renne. - Alice sussurrou no celular ao meu lado.

Ela me fitou com os olhos arregalados. Renne gritava tanto que ouvia de longe.

- Não vou deixar de ligar. - falou de novo - O Edward vai falar com você da próxima vez. Eu prometo. É que ele está mesmo tentando saber notícias. - mentiu.

Eu não estava conseguindo raciocinar direito sobre tudo que estava acontecendo, logo não conseguiria explicar nada para Renne. E ela precisava ficar sabendo que Bella tinha sido hospitalizada. Não que fosse fazer algo de útil para ajudá-la, mas pelo menos ser informada. Era assim que me sentia nesse momento: inútil.

Sem poder ajudar Bella. Alice desligou o aparelho e entregou para Rose que guardou dentro da bolsa. Foi então que Emmett me deu uma cutucada no braço e apontou para o final do corredor onde o médico vinha passando por uma porta.

Levantei o mais depressa e corri até ele, antes mesmo que eu dissesse alguma coisa ele pediu calma com as mãos.

- Mas, doutor.
- Calma, rapaz. Sua namorada está bem. - avisou calmo.

Suspirei aliviado e logo Alice veio para o meu lado.

- Doutor o que aconteceu? - perguntou.
- Bem, primeiro eu gostaria de saber se vocês avisaram à família. - tentou se ajeitar entre os cinco que se amontoavam ao seu redor.
- Sim, falei com nossos pais. - expliquei.

O doutor cerrou um pouco os olhos sem entender nada. Mas estava pouco ligando para o que ele pensava.

- Doutor, será que o senhor pode ser um pouquinho mais ágil e falar logo o que a Bella teve? - Alice quase gritou.
- A Isabella está bem. Só teve uma crise de stress. - simplificou.
- Como? - Rose perguntou.
- É uma coisa um pouco difícil de explicar, seria fácil exemplificando como uma sobrecarga de informações. A cabeça dela estava muito cheia, então apagou.
- Mas ela está bem? - insisti - Quero dizer, bem mesmo?
- Claro, até já acordou. Fizemos uma série de exames para ter mesmo a certeza do diagnóstico, por isso demoramos tanto. Porém-
- "Porém" o que? - me desesperei.
- Temos certeza que o desmaio poderia ter evitado se ela não estivesse com uma séria anemia
- Anemia? - perguntei já me enchendo de ódio.

Tantas vezes que enchi a paciência dela com isso.

- É, o estresse foi o estopim, mas não teria causado nada mais do que um mal estar se já não estivesse com a saúde muito debilitada.
- Eu vou matar a Bella. - sussurrei cruzando os braços.

Ah, mas assim que ela saísse desse hospital, ouviria umas boas.

- Bem, er, eu teria mesmo que entrar em contato com a família dela. Se me dessem um meio. Queria falar diretamente com os pais.
- Ah, mas o senhor não se preocupe porque já está falando diretamente com um familiar dela e um familiar puto da vida. - rosnei.
- Podemos vê-la? - Alice tirou a pergunta da ponta da minha língua.
- Esperem mais um pouco. Está indo para o quarto. Assim que puderem vê-la eu aviso.
- Ah, sim, claro. - disse decepcionada.
- Volto daqui a pouco, tudo bem? - o médico se afastou voltando pela mesmo porta que veio.
- Vou dizer umas poucas e bocas para Bella - sussurrei para mim mesmo.

Allie segurou meu braço.

- Talvez na volta, Edward. Agora não. Ela ainda não está em perfeitas condições.
- Não tem idéia do quanto fiquei preocupado.
- Também fiquei. - respondeu batendo nos próprios quadris - Todos ficamos, mas não vamos perturbá-la com mais nada, entende? Você ouviu o médico. Ela teve uma crise de stress, não vamos causar outra.
- Crise de stress? - repeti para mim mesmo.
- É. - alguém respondeu.
- Alice e Rose, venham aqui. - chamei dando um passo para trás.

Jasper e Emmett voltaram a se sentar nos bancos onde estávamos, enquanto elas se aproximaram de mim.

- Garotas, sei que vocês contam tudo umas para as outras e queria perguntar se-
- Não. - responderam juntas.
- Não o que?
- Não, a Bella não comentou nada com a gente. Também percebemos que ela estava estranha. - Rose completou.
- Então não fui o único.
- Acho melhor você conversar com ela, Edward. - Alice recomeçou - Mas só depois que sair daqui... e de preferência num dia que esteja de bom-humor. - sugeriu algo óbvio.
- Acredite: não seria diferente.

Rose riu baixinho.

- Garotos? - a voz do médico veio de trás de nós.
- Sim?
- Bem, ela já está no quarto. Mas vamos com um de cada vez, tudo bem? - sugeriu percebendo que todos já estavam na cara dele.
- Eu primeiro. Tudo bem? - perguntei às meninas.
- Tudo. - Li respondeu.

O médico me guiou até um corredor com vários quartos com os números indicados na porta. Entramos no 1.030 tentando não fazer barulho.

Ela estava na maca, com uma daquelas camisolas azuis comuns em hospital e um soro na veia ressaltada das costas da mão. Não estava com os olhos abertos, então não notou nossa presença. Me aproximei devagar da cama e toquei seu braço. Abriu os olhos e sorriu ao me ver.

- Oi. - eu disse sem graça.

Toda minha raiva se dissipou quando ela respondeu sorrindo:

- Oi. - não passava de um sussurro.
- Tudo bem? - perguntei tirando um fiapo de cabelo de seu rosto e prendendo atrás da orelha.
- Corpo mole, cansada. - olhei para o médico.
- É normal. - explicou mais que depressa.

Suspirei aliviado.

- Não lembro do que aconteceu.
- Te acordei hoje de manhã, desci para tomar café. Nós percebemos que você estava demorando, mas pensei que só estivesse sem fome, e quando subi, a Alice te encontrou desmaiada no banheiro.
- Quem me trouxe?
- Eu te peguei no colo na mesma hora e te trouxemos para o hospital.
- Trouxemos?
- É... tá todo mundo lá fora esperando para te ver.
- Incomodando todo mundo como sempre. - resmungou ajeitando a cabeça no travesseiro.
- Isabela, eu não quero interromper vocês, mas nós temos que conversar um pouco. - o médico começou.


Bella Pov

- Isabela, eu não quero interromper vocês, mas nós temos que conversar um pouco. - o homem de jaleco sussurrou.

Meu coração palpitou nervoso no meu peito, senti o sangue fugir do meu rosto, só de pensar na tal conversa. Lembrei do que ouvi das enfermeiras que me trouxeram para o quarto.

Flash back on

- Você viu o exame de sangue dessa menina? - uma delas comentou pensando que eu estava dormindo.
- Tão nova. Essas meninas não tem cabeça mesmo, né. - a outra criticou.

O que tinha dado no meu exame de sangue para estarem falando de mim desse jeito? 'Talvez uma gravidez, tolinha.' - aquela maldita voz ecoou na minha cabeça.

Flahs back off

- Bella. Você tá bem? - Edward perguntou cortando o médico.

Assenti positivamente com a cabeça, mas negativamente com os olhos. Estou desnorteada, okay?

- Ela ficou branca de repente. - ótima conclusão, amor.

O doutor chegou perto tomando o meu pulso e checando meus batimentos. Ele me olhou enrugando o cenho.

- Bem, Bella, eu só ia dizer que o seu problema é uma anemia e que terei que entrar em contato com seus pais para informá-los da seriedade da doença e do tratamento. - as palavras me fizeram abrir a boca num "o".

Como assim? E a gravidez? Ele não vai falar da gravidez? Quero dizer, tomára que não fale, mas como assim?

- Bella. - Edward me chamou e o olhei ainda de boca aberta.
- Você está bem, meu amor? - perguntou fazendo carinho no meu braço.

Não respondi, apenas fiquei olhando para frente.

- Edward, acho melhor chamar os outros, ou pode ficar tarde e como Bella vai dormir aqui essa noite, daqui a pouco já vamos dar os remédios dela. - o médico sugeriu.

Edward deu um sorriso fraco, depois deixou um beijo na minha mão e saiu do quarto. Eu continuava atônita, sem entender nada da minha vida. O médico andou em volta da cama até estar no lugar antes de Edward e ajeitou o soro.

- Doutor? - chamei, tentando ser paciente.
- Sim.
- O exame de sangue só acusou isso? - já estava ofegante - Quero dizer, nada mais grave, certo?

Fez uma expressão que não pude identificar.

- Certo. Nada além da anemia. Como se já não fosse o bastante. - brincou sorrindo.

Sorri também, mas de alívio. Talvez as enfermeiras estivessem falando mesmo da anemia e não de uma possível gravidez. A respiração saía ruidosa pela minha boca.

- Isabella. - recomeçou encostando a mão no meu braço - Caso estivesse grávida, seria informada. - fiquei boquiaberta mais uma vez - E, da próxima vez, tome providências para não ficar com essa preocupação na sua cabeça. - concluiu me dando um tapinha no braço antes de ir para a porta.

Como ele...?

Edward Pov

Alguns dias depois.

- Vê para mim qual é a saída que a Alice disse, Bells? - falei chamando sua atenção.

Me olhou confusa por um instante, mas depois abriu o porta-luvas e pegou o mapa.

- Já vi. Quando chegar te aviso. - sorriu e guardou a folha ali dentro.
- Porque está tão pensativa? - perguntei segurando sua mão.
- Preocupada com o esporro que vou levar quando chegarmos em casa e em como estraguei nossa viagem. - resmungou.
- Quem disse que você estragou a viagem, boba?
- Tivemos que voltar cinco dias antes, Edward. - deixou bem claro.

Suspirei vencido. Realmente, Renne e Carlisle nos obrigaram a voltar antes assim que Bella saiu do hospital. Os outros ficaram na praia, o que tinha chateado bastante Bella, mas eu não estava chateado. Ela não tinha motivos para isso.

- Não é porque voltamos mais cedo que está sendo ruim. Pelo contrário, me diverti muito. Você não? - me olhou de rabo-de-olho.
- Tirando esses últimos dias, pode se dizer que sim.
- Então, tire essa carinha triste daí, está bem?

Me estiquei para dar um beijo na sua bochecha, ela sorriu automaticamente e apertou mais minha mão.

- Eu. - tentou começar.
- Fale.
- Estou um pouco preocupada sobre o que vão dizer quando contarmos.

Me lembrei do que tínhamos combinado ontem a noite no hotel de beira de estrada que paramos para pernoitar.

- Podíamos ensaiar. - tentei aliviar o ambiente.
- Hey, pai, mãe... as famílias se uniram novamente, baby! - sugeriu.

Rimos logo em seguida.

- Pensem assim: economia de comida. Assim nenhum namorado abusado vai abrir a geladeira da sua casa, Renne.
- Até porque você já faz esse serviço muito bem, não é. - começou a gargalhar, mas me mantive sério.
- Gracinha você. - resmunguei.
- Eu sei. - completou cheia de si.
- Acho que nossos pais não vão se importar. - disse o que estive pensando nos últimos tempos.
- Mas só não vão ficar se dissermos que começamos agora na viagem. Antes tenho certeza que pelo menos minha mãe ficará muito chateada.
- Só mais essa mentira.
- Mentira não, omissão. - era uma forma de tentar tirar a culpa.
- Okay. Omissão. - concordei.

Gostaria de ter coragem de perguntar a ela o que estava pensando, mas me preocupava se iria mesmo me responder.

- Próxima saída, Edward. - disse me tirando daquele mundinho.

Entrei ali e logo reconheci a estrada.

- Em duas horas estaremos em casa. - suspirou.
- Considero isso ótimo. - tentei animá-la - Tô com saudade da minha cama. - resmunguei.
- Tô com saudade da minha mãe.

Continuamos a conversar pelo resto do caminho. Disse a ela que já tinha tomado a decisão sobre a escola em Nova Iorque e que tinha decidido ficar em Forks. Seria difícil demais me adaptar ao colégio novo, cidade nova. Pior, ter que morar de favor com minha tia e minha prima Tanya. Era melhor ficar mesmo na minha cidade. Ainda mais com Bella. Nao ia estragar tudo agora, não mesmo.

[...]

- Rápido. - pegou na minha mão.
- E as malas?
- Pegamos depois.
- Você quer dizer eu pego depois, né.
- Exatamente.

Me puxou para fora do carro sem dar tempo de fechar a porta direito.

- Abre logo isso, Edward. - implicou, me dando um tapa no ombro.
- Abre você.

Dei a chave de casa na mão dela. Ela bufou e a colocou no tambor, depois girou. O cheiro de biscoito quente invadiu meus pulmões.

- Mãe. Chegamos. - entrei encostando a porta - Manhê.

Essa mulher quer me deixar surdo. Renne apareceu de repente na porta da cozinha secando as mãos num pano de prato e sorrindo.

- Crianças. - exclamou vindo na nossa direção.

Num só abraço, ela nos pegou desprevinidos. Mais uma vez senti uma pontinha de remorso vendo como me tratava igualmente com Bella, mas isso acabaria daqui a pouco.

- Senti tanto a falta de vocês dois. - sussurrou.
- Também sentimos. - Bells respondeu por mim.
- Querem tanto se livrar de nós e quando se livram ficam com saudades. Isso eu não entendo. - meu pai resmungou descendo a escada.

Renne nos soltou e ele veio nos abraçar da mesma forma que ela.

- Fiquei preocupado com você, Bella.
- Já estou melhor. - nos separamos, mas ela logo correu para debaixo do meu braço.

Eles não pareceram perceber o carinho acanhado entre nós.

- Vamos ter que conversar sobre isso mais tarde, mas só mais tarde. - Renne lembrou.
- Como foi de viagem?
- Ótimo, pai. Sem nenhum problema.
- Bem. - Renne começou mordendo o lábio - Bells, como sabia que chegariam hoje, preparei uma surpresinha que está te esperando lá na cozinha.
- Hum. Bem que senti cheiro de biscoito quando entramos. - deu uma gargalhada.
- Não, querida. Não é essa a surpresa. - corrigiu rindo - É muito melhor. Surpresa? - chamou.

Foi quando de dentro da cozinha ele saiu risonho. O que James estava fazendo em Forks?


Bella Pov

- Supresa. - minha mãe chamou.

Fiquei sem entender nada. Foi quando James apareceu na porta da cozinha vindo na direção da sala com um sorriso enorme no rosto. Fiquei paralisada, em choque. Como James estava em Forks? Ele tirou as mãos de dentro do casaco e veio na minha direção como quem pede um abraço. Não o via desde antes do verão passado, quando concluiu o terceiro ano em Forks High School e foi para a universidade em Phoenix. Depois disso, ninguém mais aqui na cidade ficou sabendo do filho pródigo dos Stewart, nem sua mãe ou pai ficavam se gabando pelo filho ter passado para uma ótima faculdade, ou espalhando notícias para os pobres mortais. Na realidade, os pais de James sempre foram uma espécie estranha de pessoa. Sempre muito reservados e discretos, totalmente o contrário do filho. Ex- capitão de basquete da escola, ex-líder de grupos que eu nem sabia que existia, e meu ex-namorado. A minha única reação foi tirar o braço que estava entrelaçado com o de Edward, antes que se aproximasse demais
e eu acabasse me atrapalhando toda ao abraçá-lo.

Mas, acho que meu atual namorado não tomou esse gesto como esperava. Afinal, o cíume era um ponto forte na personalidade daquele ser de 1, 85m que estava rosnando ao meu lado.

James me abraçou com força. A força que esqueci que tinha.

- Bella, senti sua falta.
- Eu também. - olhei Edward e sua cara de poucos amigos, aliás nenhum - Er. Como você está bem, né. - ri nervosa.

Amo as surpresas da minha mãe. Acho que já deu para perceber.

Meu peito apertou. James tinha sido meu primeiro namorado e único, tirando Edward. Namorávamos desde a sétima série, mas o que ele tinha feito comigo, me deixou magoada de tal forma que, depois daquele verão que antecedeu o casamento de Renne e Charlie, não me permitia nem pensar mais nele. Ele tinha me abandonado e me largado sem mais nem menos.

Me soltou do abraço alguns segundos depois, mas manteve um dos braços sobre os meus ombros.

- Gostou da surpresa filha? - minha mãe perguntou animada.
- E como. - tentei não engasgar.
- E aí? Tudo bem? - se dirigiu à Edward.
- Podia estar melhor.
- Crianças, vou deixar vocês sozinhos. Tenho que olhar meus biscoitos. Carlisle, porque você e Edward não tiram as malas do volvo?

Foi impressão minha ou minha mãe acabara de jogar uma piscadela hiper discreta para James?

- Tudo bem. Vamos lá, filhão. - Carlisle disse dando um tapinha no ombro de Edward o puxando para fora.

Isso mãe, me entrega mesmo numa bandeja de prata com uma maçã na boca para esse desgraçado. Foi direto para a cozinha e os dois saíram pela porta atrás de nós. Ficamos em silêncio pelos primeiros segundos até que ele ficou na minha frente e segurou meu rosto.

- Fiquei esperando as férias inteiras por você.
- Que coisa. - se contar todo o tempo que esperei por ele.
- Quis fazer uma surpresa, mas quando cheguei aqui você já tinha ido viajar com aquele, er, esqueci o nome.
- Edward.
- Esse aí mesmo. - respondeu sem interesse - Poxa Bella, pensei que ficaria mais feliz ao me ver.
- Mas estou feliz. - nem sabe o quanto.
- Fiquei preso nessa cidadezinha te esperando.

'Porque não desistiu como da última vez e caiu fora?' - pensei, mas não ousei falar.

- Não precisava. Podia ter voltado.
- Acho que não.
- Mas sabe - interrompi minha frase quando percebi o real sentido no que tinha dito.

E principalmente me chamou atenção suas feições extremamente felizes. Felizes demais para o meu gosto.

- Como assim "acho que não", James? - perguntei confusa.
- Eu vim para ficar, Bella. - a porta se escancarou - Para ficarmos juntos. - respondeu sorrindo.

Virei o rosto na direção da entrada e Edward estava ali ouvindo a conversa com as malas na mão. Perfeito, não?


[...]

A música era alta o suficiente para me fazer esquecer de pensar. Não queria imaginar o que me esperava amanhã no café-da-manhã ao encarar Edward. Muito menos amanhã a tarde, já que James resolveu me levar para o cinema.

Que loucura. Isso só acontece comigo, Deus. Porque James tinha que voltar logo agora e querendo reatar o relacionamento que acabou daquela forma? Ele não tinha consciência? Senti algo vibrando no bolso de trás da minha calça jeans e girei para alcançar o celular.

'Temos que conversar.' - bufei irritada.

'Por favor, agora não.'

'Eles já estão dormindo, vou aí agora.'

'Não Edward. Tá louco?'

Antes que conseguisse enviar a mensagem a porta do quarto se abriu. 'Outra discussão não, por favor?' - pedi internamente.

Ele entrou com uma expressão carregada. Parecia com raiva de alguma coisa, provavelmente, de mim.

- Está louco? - perguntei baixo o vendo se aproximar da cama e se sentar ao meu lado.
- Não sou idiota, Bella. Passei no quarto deles antes. Estão no décimo segundo sono. - resmungou.
- O que veio fazer aqui?
- Que história é essa de cinema amanhã com aquele palhaço?
- Abaixe o tom de voz porque não quero briga. - apontei o dedo na sua cara.
- Então abaixe o dedo. Também não quero discussão. - ralhou.
- Se não quer, por que chega já cheio de marra?
- Marra? Como você quer que eu chegue? Você marcou um cineminha com seu ex-namorado na minha frente. Cadê aquela história toda de contar para os nossos pais?
- Eu não esqueci se é isso que você pensa. E abaixa mais a voz, antes que minha mãe venha aqui.
- Pode parar de se preocupar um instante com a sua mãe e pensar na gente?
- Acha que não estou pensando? Se manca, Edward.
- Você não vai naquele cinema com o James amanhã. - rosnou apontando o dedo na minha cara.

Abaixei sua mão com rispidez.

- Você é meu pai por um acaso?
- Eu não acredito que vai topar se encontrar aquele cara. - quase gritou.
- Cala a boca, merda. - rosnei pondo a mão sobre seus lábios.

Ele ficou vermelho de raiva, mas permaneceu em silêncio. Apenas, afastou minha mão de seu rosto.

- Tá mais calmo? - perguntei cruzando os braços e ele assentiu de má vontade - Então, me escuta.
- Fala.
- Preciso ir amanhã. Preciso dar um fora no James e quando voltar para casa contamos tudo. Será que não percebeu que minha mãe está praticamente me jogando para cima dele?
- Praticamente? Ela só falta gritar: leva logo embora. - a cara que fez foi engraçada e tentei ao máximo segurar o riso, mas não consegui.

Me encarou cruzando os braços, aborrecido com meu ataque repentino, mas foi inevitável.

- Tá rindo do que?
- Da sua cara. Desculpa? - pedi tentando engolir a vontade.

Mesmo assim ainda ri um pouco depois. Um pouco não, ri muito. Agarrei o travesseiro e enterrei minha cara nele para abafar a gargalhada.

- Para de rir, Bella. - deu uma cutucada no meu braço.

Eu parecia uma louca rindo acho que também de nervosismo.

- Meu Deus. A mulher desenbestou. - a vontade aumentou, mas soltei o travesseiro e respirando fundo engoli a risada.

- Desculpa?
- Você é doida.
- Mais louco é você que me ama. - brinquei.
- Devo ser mesmo. - se ajoelhou na cama - Um louco de confiar meu coração nas mãos de uma garota que... - abriu minhas pernas e entrou entre elas, depois foi me empurrando até me deitar ficando por cima - Que nem tem noção do perigo que corre dormindo no quarto ao lado.

Edward me acertou com um beijo de tirar o fôlego. Me explorando inteira. Suas mãos escorregaram da minha cintura até o quadril e me puxou mais para perto, se é que era possível. Seus lábios se desprenderam dos meus quando o ar se foi por completo e começou a fazer um caminho pelo meu pescoço e colo.

"Tomára que minha mãe não levante para ir no banheiro."

- É melhor... - soltei um gemido - Você p-parar. - deu ainda um último chupão e depois se sentou.
- Acho que tem razão. Não sei onde estou com minha cabeça.
- Ah, eu sei. - sentei também tentando regularizar a respiração.
- Acho que vou para o meu quarto. - apontou para a porta.
- Eu acho que vou dormir.

Fitei sua boca. A queria tanto com a minha. Ele fez o mesmo e depois deu um sorriso sem-graça. Ficamos mais um tempo nos olhando, testando um ao outro.

- Quer saber? Dane-se. - sussurrei, pulando no seu colo.

Ele me abraçou de novo e voltamos a nos beijar, mas não poderia passar disso.


[...]

- Quer pipoca? - James perguntou sorrindo.

Ainda não tinha entendido o porquê de toda a educação, a gentileza ou o carinho. Era tudo uma bela encenação de auto-controle.

- Não, obrigada. - dei um sorriso amarelo.
- Poxa Bells, você não parece estar confortável aqui. - passou seu braço pela minha cintura.

Tentei o afastar, mas era bem mais forte que eu.

- Não me chama de 'Bells', okay? - pedi chegando para o lado o máximo que pude.
- Sempre te chamei de Bells, qual o problema agora? - me puxou até estarmos na fila.
- Só gosto que me chamem de Bells os meus amigos e meus pais. - cruzei os braços impacientes.
- Pais? - indagou surpreso - Quer dizer sua mãe e o esposo dela?

Notei também o que havia dito. Eu tinha considerado Carlisle nessa categoria?

- Não enche, por favor? Estou sem paciência hoje.
- Percebe-se, gracinha.
- O que disse? - apoiei as mãos no quadril.
- Só falei que você está nervosinha. Desde ontem quando cheguei na sua casa. - deu um sorriso sem-graça - Era saudade, né. - brincou, mas estava tão irritada com suas babaquices que respondi.
- Costuma-se sentir saudade só daquilo que é bom. - rosnei.

James enrugou o cenho.

- Sempre foi bom, Bells. - entonou o apelido com deboche - Pelo menos, você sempre disse que gostou. E como gostava de dizer. - deu uma piscadela ridícula.
- Realmente, amei quando foi para faculdade e só fiquei sabendo quando já estava se agarrando com a primeira vagabunda que viu pela frente.
- Bella, não vamos discutir isso de novo.
- Claro que não vamos discutir isso de novo, até porque nunca discutimos isso. Você vai me levar agora de volta para Forks. - dei dois passos na direção da saída - Anda.

Veio atrás de mim, mas alguns passos antes da porta agarrou meu braço com muita força o que deixaria roxo.

- Não vou te levar para casa. E você vai voltar bonitinha para fila comigo, ouviu bem? - empurrei suas mãos de mim.
- Não vou mais tolerar suas ignorâncias comigo, James. Não tenho mais quinze anos. Não quer me levar para casa? Ótimo. Vou de táxi.

Sai lhe dando as costas e já na calçada peguei um táxi. Acabei não conseguindo fazer o que queria, que era dar um fora nele e ainda ganhei uma outra dor de cabeça.

Edward não ia gostar nada disso.

[...]

Cheguei em casa por volta das três da tarde. Gritei uma ou duas vezes por alguém, mas parecia que estava mesmo sozinha. Entrei na cozinha e encontrei três bilhetes pendurados na geladeira.

O primeiro dizia: 'Emergência no hospital. Chego para o jantar. Amo vocês, C.'
O segundo logo embaixo foi escrito com uma letra um pouco mais calma e redonda: 'Não tem nada nessa casa. Fui ao supermercado. Também amo vocês, R.'
Dei uma gargalhada alta ao ler o terceiro: 'Fui jogar basquete com uns caras. Gente, que melação! E.'

Tive um aperto no coração e passei a mão por cima das pequenas notas em papel amarelo. A sensação de estar em família não me deixava tão feliz desde que se casaram. Quero dizer, era tão bom ter mais gente em casa e ver os três todos os dias.

Subi para o quarto um pouco mais disposta e resolvi tomar um banho. Tentei ao máximo racionalizar os últimos acontecimentos. A avalanche de problemas que caía diretamente nas nossas costas. Eu ainda não sabia como contaria para Edward que não tinha resolvido minha situação com James. Precisava tanto das minhas melhores amigas, queria tanto conversar e ter uma segunda opinião. Um ponto de vista de fora que abrisse meus horizontes. Contava para meus pais sobre eu e Edward antes ou depois de conversar com James? E como me livrar daquele imbecil que resolveu voltar para me pertubar? Estava uma pilha de nervos, e nem um bom banho quente conseguiu me aquietar.
Então me lembrei que escrever tudo que estava acontecendo seria uma boa saída. Era algo que não fazia há muito tempo. Não era um diário ou “confessionário adolescente”. Era apenas um caderno onde gostava de colocar meus pensamentos nele esvaziando minha cabeça, me deixando um pouco de paz. Meses que não o usava.
Sorri comigo mesma ao ler a última folha que tinha a seguinte frase: “Hoje jantei na casa do Cullen. Faltam três semanas para o casamento acontecer. A situação está estranha. Às vezes consigo ficar perto dele em silêncio, não preciso e nem quero me preocupar em ocupar o vazio gigantesco que há entre nós com palavras (até porque não volto a falar com ele até se desculpar pela briga no carro), mas outras vezes tudo fica muito estranho, como se quisesse dizer alguma coisa que nem mesmo eu sei o que é”. Pus no papel tudo que aconteceu desde a última vez que escrevi. O casamento, os meses com Edward, os incidentes que nos aproximaram, a festa e nossa primeira vez. Suspirei ao escrever sobre minha suspeita de gravidez e concluí com a chegada de James.
Quando acabei, notei que já eram quase seis, então antes de fechar e guardar o caderno no esconderijo dele embaixo do piso, voltei até aquela última frase e puxei uma seta para o canto logo depois de “nem mesmo eu sei o que é” e escrevi: 'Agora eu sei... Eu te amo!'


Edward Pov

Eles pegaram alguns sacos de biscoitos na prateleira e abriram. Estava sem fome, então fiquei no canto girando a bola de basquete no dedo.

- Hey Edward? - alguém bateu no meu ombro.

Não era nenhum dos caras do basquete, pois estavam todos na minha frente ali no corredor do supermercado. Então, já virei irritado. E tudo piorou quando vi o demente e loiro Mike.

- Newton. - rosnei.
- Poxa, não sabia que vocês já tinham voltado de viagem.
- Só eu e Bella voltamos. - foi claro demais os olhos dele brilhando ao ouvir o nome dela.
- Er, minha mãe conversou com Renne e fiquei sabendo que ela estava doente.. Já se recuperou? - perguntou ansioso.
- É médico por um acaso? - ele ergueu uma sobrancelha.
- Só perguntei por preocupação.
- Bella já tem quem se preocupe por ela. - rosnei de novo.

Mike arregalou os olhos sentindo a ameaça na minha voz.

- Não precisa ficar assim, cara. Só perguntei porque-
- Porque é afim da minha... - respirei fundo - ... irmã. Agora, se você ainda não percebeu que ela não quer nada com você, fico no papel de abrir seus olhos. Apesar de querer abrir a sua cara. Acho melhor você ir embora, Newton. - deu dois passos para trás completamente amedrontado.
- Er, tchau.
- Tchauzinho.

Já estava a alguns metros quando me lembrei do que Isabella disse e gritei:

- Ah, e Newton agora eu sei sobre o chiclete na sétime série. Me aguarde na educação física. - a frase o fez correr ainda mais.
- Edward? - Embry tocou meu ombro - Que estresse, cara.
- Ah, gente. Não enche a paciência também, tá?
- Quanto ciúme. - resmungou.
- Vou embora. - estava dando bandeira demais.

Dei a bola para Embry e caminhei na direção da saída ao final do corredor. Andei rápido demais e, quando estava saindo de lá, um carrinho de compras bateu na minha lateral pegando bem forte na minha coxa. Levantei e abracei a perna.

- Puta que pa. - não terminei quando vi a louca que dirigia.
- Querido, me desculpa. - Renne veio para o meu lado.
- Er... Oi. - respondi sem graça.

Abaixei a perna e verifiquei se ainda estava ali. Não estava pendurada ou qualquer coisa do tipo, então suspirei.

- Te machuquei muito? - perguntou me avaliando.
- Estou bem. Er, eu acho. - deu uma risada.
- Não sabia que estava aqui.
- Fui jogar basquete com o pessoal e passei só para comer alguma coisa.

Olhou para dentro do corredor e viu todo mundo.

- Ah, entendi.
- Está indo para casa? - assentiu.
- Só vou pagar as compras antes. - apontou para o carrinho cheio.
- Posso pegar uma carona?
- Não vai ficar com seus amigos?
- Perdi a vontade. Além do mais. - tomei a direção de suas mãos - A mãe da casa está precisando de ajuda.
- Se for por mim, não quero te atrapalhar.
- Que isso. Não custa nada.

Começamos a caminhar na direção do caixa e pagamos todas as compras. A ajudei a colocar tudo na picape e voltamos para casa. Estava com uma parte das compras nos braços, enquanto Renne abria a porta de casa para mim. Entrei e estranhei a luz ligada, mas logo encontramos Bella toda encolhida no sofá e sua cara não me trouxe boas lembranças.

- Filha? - Renne estranhou.

Caminhei até a cozinha o mais rápido que pude para voltar para a sala a tempo de escutar a conversa. Renne tinha se aproximado do sofá e apoiado a mão no joelho de Bella que sentava abraçando as pernas.

- Pensei que estaria no cinema com James. - Renne choramingou.

Bella levantou o olhar caído.

- Não me senti muito bem.
- Será que é por causa da anemia? - se desesperou e passou as mãos no rosto do meu anjo.
- Ain, mãe. Claro que não. Só fiquei com um pouco de dor de cabeça. - resmungou.

Renne apoiou uma das mãos no peito e suspirou aliviada.

- Comprei várias coisas hoje no supermercado para você se alimentar direito. Aliás, vou começar a fazer seu jantar. Fígado com beterrada. - disse se levantando.

Bella esperou que Renne ficasse de costas para fazer uma careta e me fez rir.

Subi os primeiros degraus da escada e depois chamei Bella apenas com a mão para que me seguisse. De má vontade o fez sem chamar atenção de sua mãe na cozinha. No segundo andar, deixei a porta do meu quarto aberta e depois que ela entrou pedi que a fechasse.

- O que houve, Edward? Estou com dor de cabeça. - resmungou cruzando os braços.
- Quero saber o que aconteceu. Você está com a mesma expressão preocupada que estava na viagem.
- Esquece isso. - se virou e tocou a maçaneta.

Corri o espaço que estava entre nós e a impedi.

- Calma, Bells. Não terminei.
- Sei o que você quer saber, Edward. - rosnou - Não, não consegui conversar com o James. Saí do cinema antes que começasse a vomitar na cara dele tamanha a quantidade de besteiras que o idiota fala. Agora, por favor, sai da frente e me deixa em paz. Eu não estou bem hoje.

Vi uma lágrima se formando, deixando vermelho o espaço em volta das enormes bilhas chocolate e depois escorreu pela bochecha. Mas antes que até mesmo pensasse em tentar acalmá-la, saiu do quarto batendo a porta com força.


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