Edward Pov

Aquela já era a segunda semana de férias. Às vezes tínhamos uma festa para ir, mas sempre tínhamos que ficar separados. Forks estava um saco e essa eram as primeiras férias de verão que eu não viajava. As brigas com ela estavam ficando mais verdadeiras a cada dia, mas eu tinha que colocar a cabeça no lugar e lembrar de tudo. Chegava a ser engraçado as nossas discusões, e Jasper já tinha esquecido aquela história da festa à fantasia.
A desconfiança sumiu dele e nós conseguiamos enganar bem todo mundo. Eu sentia que Bella não estava nem um pouco confortável com essa situação. Muito menos eu, mas era necessário. Nessas duas últimas semana, Renne havia ficado mais próxima de mim. Sempre vinha puxar assunto, pedir ajuda em alguma coisa, ou simplesmente bater na porta do meu quarto e perguntar se eu estava bem.

Já traiu alguém? Se sim vai saber do que estou falando. Meu peito apertava cada vez que me olhava da mesma maneira que olhava para Bella. E eu estava cada dia mais apaixonado por aquela garota. Estava começando a me viciar em seu perfume, em seu sorriso. A maneira como me olhava pela manhã ou como conversava comigo. Cada beijo que me dava eu tinha ainda mais certeza de que havia perdido muito tempo da minha vida sem ela. Sem seu carinho.

Agora, estávamos no meu carro, ouvindo uma de nossas bandas favoritas e indo pra casa de Alice. Até a forma com que ela cantava as músicas me encantavam. Mas nesse momento estava um pouco preocupado. Porque Alice havia convocado uma "reunião de emergência" na casa dela. Bella não parecia pensar no assunto, mas eu sim.

Assim que chegamos, descemos do carro e entramos. Todos já estavam lá. E Alice tinha aquela expressão "idéia maléfica no ar".

- Ah! - gritou enquanto pulava em Bella - Que bom que vieram.
- É claro que nós viemos. Agora, me solta por favor? - estava completamente sufocada.
- Desculpa, gostosura. - a soltou e sorriu.
- Será que agora já pode contar o que está acontecendo, Lice? - Rose pediu.

Ela estava deitada com a cabeça apoiada no colo de Emmett no sofá da sala e Jasper sentado numa poltrona. Alice foi dançando até o colo dele e se sentou.

Eu e Bella fomos cada um para um canto da sala. Ela se sentou perto de Rosalie no chão e eu fiquei apoiado numa parede.

- Bem, chamei todos vocês aqui porque tenho uma ótima notícia. Bells, se lembra da minha tia Josephine, aquela que morava em Nova Ioque?
- Lembro.
- Chamou a gente para ficar relembrando o passado, Alice? - Emmett resmungou.

Logo depois ganhou um belo tapa de Rosalie nas pernas.

- Fica quieto. Ela não terminou.
- Ai, amor.
- Obrigada, Rose. Recomeçando: lembra que ela tinha uma casa de praia?
- Lembro, mas onde você quer chegar com esse túnel do tempo? - Bella perguntou se levantando.
- Ela me ligou ontem a noite e disse que estava saindo da casa e perguntou se eu não queria passar minhas férias lá. - quase gritou.
- E? - perguntei.
- Gente, parem de ser lerdos... ela me chamou e eu estou chamando vocês.

Bella deu um pulo no mesmo lugar e um grito baixinho.

- Sério? A gente vai pra praia? - perguntou batendo palmas - Ai! Caramba, não acredito.

Rose se levantou e segurou na mão de Emmett.

- A gente tem que ir, Emm. Vai ser muito legal.
- Por mim tudo bem.
- E quando pode ser isso, amor? - Jasper perguntou virando Alice pra ele.
- Assim que a gente quiser. - gritou.

Bella veio correndo até onde eu estava.

- Nós vamos, certo? - perguntou para mim bem baixinho.
- Claro. Eu não perco uma oportunidade assim. - respondi animado.

Olhei em volta para os outros casais, estavam bem intrertidos uns com os outros, então me aproximei e sussurrei:

- Tem certeza que vai viajar sozinha comigo?
- Não estaremos sozinhos. Agora pára de dar bandeira.

Sorri malicioso.

- Vocês dois estão brigando? - Alice perguntou na nossa direção.
- Pra falar a verdade, ainda não. Mas bem que estou aqui pensando como vai ser ficar no carro com esse garoto mais que cinco horas. - Bella disse girando nos calcanhares e ficando de costas para mim.
- A gente resolve isso rapidinho. Você não precisa ficar comigo no carro. Eu te levo no teto.

Olhou para trás com cara de poucos amigos, mas percebi que estava segurando um riso. Alice pareceu ignorar o príncipio de briga e começou a discutir um monte de coisas sobre viagem.
Casa, carro, dias na estrada e hotel para passar a noite. Era tanta coisa que cheguei a ficar confuso, ainda mais com Bella discutindo sobre tudo isso comigo no carro. Agora tínhamos que pedir permissão a eles... os pais!

Bella Pov

[...]

- Você vai fazer o seguinte... - entreguei na mão de Edward a lista de compras - Traga essas coisas aqui do mercadinho e volte para casa o mais rápido possível, okay?
- Para que isso, Bells? - perguntou confuso.
- Faz o que eu tô pedindo, cacilda. - o empurrei na direção da porta da sala - E vai bem rápido antes da minha mãe chegar?
- Mas porque? - insistiu em perguntar antes que eu abrisse a porta e com um empurrão o jogasse na varanda.
- Não questiona. - fechei e voltei para cozinha.

Tinha muito trabalho a fazer. Comecei a descascar várias batatas e coloquei para cozinhar. Preparei os ingredientes para a massa e fui tomar um banho. Entrei no chuveiro pensando no que faria. No jantar, com o prato preferido da minha mãe na mesa, com certeza puxaria a conversa sobre a viagem. Edward não estava entendendo nada, mas sempre que eu ia pedir alguma coisa para minha mãe, fazia o prato que ela mais amava. Bem, para falar a verdade, ela fazia o mesmo. Sempre que precisava fazer um exame de sangue ou qualquer outra coisa que eu não quisesse, minha mãe me preparava uma lasanha. Tal mãe, tal filha.

- Você devia trancar a porta do banheiro. - a voz dele veio de trás de mim, me tirando completamente dos meus pensamentos.
- Edward. - tentei me cobrir com as mãos - Sai daqui, anda.
- Porque? - perguntou tirando a camisa.
- Edward, nossos pais vão chegar daqui a pouco para o jantar, você está louco?

Abriu o botão e o zíper da calça. Não resisti vendo aquele corpo perfeito na minha frente. Mordi o lábio e tentei reprimir as idéias que vinham na minha cabeça, mas não resisti muito tempo e o puxei para dentro do box comigo. Ele me beijou urgentemente, me imprensando na parede do chuveiro. Suas mãos desceram do meu rosto para a minha cintura e me puxaram para mais perto dele. Separei nossos lábios sem ar.

- Para Edward. - implorei abaixando o rosto.
- Tem certeza? - perguntou subindo a mão pela minha barriga.

Senti meu chão sumir. Minhas pernas fraquejarem. Era essa a reação que me causava.

- Acho que não. – sussurrou rindo rouco no meu ouvido.

Seus dedos longos tocaram meus seios. Arqueei minha coluna, apoiando minha cabeça no azulejo. O gemido que saiu de meus lábios foi inevitável e aquela era a resposta para ele - quase um pedido - para que continuasse. E continuou.
Nem a água fria que caia sobre nós dois conseguia diminuir o fogo que consumia minha pele quando a tocava. Eu o queria meu mais uma vez, mas estava tensa, nervosa. E se alguém chegasse?

- Já estava começando a sentir sua falta, sabia? – disse no meu ouvido – Duas semanas sem te tocar de verdade. Eu ... queria muito isso.

Porque tinha que falar isso logo agora? Me contorci de desejo em seus braços. Sem poder esperar mais, ele puxou sua boxer para baixo - de roupa dentro do chuveiro, só agora havia me dado conta - me imprensou mais forte e me beijou.

Suas mãos pousaram na parte de trás da minha coxa e a puxou para cima para que eu passasse minhas pernas em volta de sua cintura.

- Geme meu nome, Bella. - colocou só a cabecinha.
- Edw-edw. Ham.
- O nome, Bella. - mordeu meu pescoço e deu uma pequena rebolada.
- Edward. Hum. Mais. - cravei minhas unhas em suas costas.
- Isso mesmo. - disse antes de colocar tudo de uma vez.

Tentei morder os lábios para não gritar, mas foi inevitável. Começamos a nos movimentar. Juntos conseguiamos as melhores sensações. Ele sabia exatamente o que eu queria, sem nem dizer. Ele conseguia me dar tudo. Amor, carinho, prazer, amizade. Nunca pensei que conseguiria isso dele.
Tenho que admitir que o velho ditado está correto. O ódio é o sentimento mais próximo do amor. E tudo aquilo que antes sentia por ele havia se transformado no sentimento mais forte que já nutri por alguém. Quem diria que a Bella "durona" poderia se apaixonar dessa forma. Só não quero me machucar de novo, como já fiz antes.

- Te amo. - gemeu rouco no meu ouvido.

Estávamos próximos do climax e aquelas duas palavras me deram a certeza de que não me machucaria. De que ele jamais me machucaria.

- Eu também... Edward. - falei entre lufadas.

Logo senti meu corpo se contraindo em volta dele. Mergulhei naquela sensação única. E então, ele também veio, derramando seu líquido dentro de mim. Um tempo depois, minhas pernas escorregaram pelo seu tronco, até me sentir firme no chão. Ele me abraçava com força, me segurando contra seu peito. Acariciou de leve o alto da minha cabeça, enquanto tentava normalizar minha respiração.

- Vamos terminar nosso banho, Srtª Swan? - murmurou com a testa na minha.
- Acho que vou deixar sempre a porta aberta a partir de hoje.

Deu um sorriso torto e puxou meu rosto me dando um beijo. Suas mãos acariciavam de leve minhas costas, mas não deixei seus lábios.

Foi quando ouvi um barulho vindo da sala, mais precisamente da porta da frente.

Edward enrijeceu assim como eu.

- Você ouviu? - perguntei num sussurro.
- Calma. - pediu.

Mas ele mesmo estava nervoso. Como pedir calma?

Outro barulho na porta. Dessa vez como se ela estivesse fechando.

- Bella. - a voz da minha mãe - Tá em casa, filha?

Comecei a tremer. Nem eu e nem ele sabíamos o que fazer. Porque logo agora?

Ouvi passos lentos subindo pela escada. Edward saiu do box o mais depressa que pode e trancou a porta do banheiro que já estava fechada.

- E agora? - sussurrei.

Do nada a maçaneta girou.

- Filha? É você?

Edward olhou para mim com os olhos clamando por uma resposta.

- Oi mãe. - falei tentando normalizar a voz, mas eu estava nervosa demais.
- Você está bem, querida? Está com uma voz estranha.
- É que... que... - peguei a toalha e me enrolei - Eu deixei shampoo cair no meu olho.

Que desculpa mais idiota. Ele me olhou com uma interrogação na testa.

- Okay. - ela disse um pouco desconfiada - Eu vou tomar um banho, tudo bem? Peguei uma chuva na rua e estou toda ensopada.
- Tudo ótimo, mãe. - falei tentando me acalmar.
- Onde é que está o Edward? - perguntou.

A essa altura seus olhos já tinham virado pratos.

"Você deixou as compras aonde?" - perguntei apenas fazendo movimentos com a boca.

"Na cozinha!" - respondeu da mesma forma.

Minha mãe tinha entrado pela sala, então não tinha visto as sacolas.

- Ele foi no mercadinho comprar umas coisas pra mim. - falei um segundo depois.
- Tudo bem. Vou para o banho. Você leva uma toalha para mim, filha? Não quero ir na área buscar.
- Tudo bem. Levo sim. - ainda bem que ela não ia na área.
- Obrigada

Ouvi as batidas do salto pelo resto do corredor e depois a porta do quarto dela se fechando. O suspiro saiu pesado pelos meus lábios entreabertos. Foi o alívio chegando.

Edward Pov

- Hum. - Renne disse com desconfiança - Seis adolescentes juntos numa casa. Sozinhos, sem nenhum responsável. Isso é mais do que minha capacidade de controlar meus instintos maternais pode agüentar.
- Mãe, mas você sabe que sou responsável o suficiente. Já te dei várias demonstrações disso. E quanto a mim e Edward, vocês não precisam se preocupar. Lembra que ele ficou aqui na semana da lua-de-mel?

Renne e meu pai assentiram.

- Então, nós nos cuidamos muito bem.

Para falar a verdade, não usaria aquela semana como um exemplo concreto. Eu quis aniquilá-la por várias vezes seguidas. E ela também. Mas como essa fase se foi (ainda bem), então o exemplo foi superado.

- Nisso eles tem razão, Renne. - meu pai ponderou.

Acho que nós já tínhamos ganhado a confiança dele. E realmente, aquele prato de nhoque que Bella havia feito para o jantar tinha ganhado muitos pontos com sua mãe.
Nota Mental: Mulher se ganha pelo estômago? Usar isso mais tarde.

- Quanto a eles eu confio. Mas e os outros? - Renne disse cruzando os braços.
- Mãe, você conhece os gêmeos desde pequenos, sabe que ele são responsáveis. E a Alice. - Renne ergueu uma sobrancelha - Bem, o namorado controla ela.
- E o outro o filho dos McCarty?
- Esse é meio avoadinho, mas é um bom garoto. - meu pai a tranquilizou.

Renne sorriu vencida.

- Acho que não tenho mais argumentos.

Bella deu um pulo na cadeira.

- Então isso é um sim?

Renne sacudiu a cabeça de um lado para o outro.

- Um talvez. - disse passando as mãos na nuca.
- Ai, mãe. - gemeu encostando a cabeça na mesa.
- Bella, você está pedindo para ficar quase um mês longe de casa com crianças.
- Não somos mais crianças. - falei baixinho tentando não me meter no assunto.

Depois daquele quase flagra no chuveiro, preferi ficar quieto no meu canto antes que abrisse a boca e falasse alguma besteira. Pior, alguma besteira que entregasse todo o meu nervosismo.

- Sei que vocês não são mais crianças, crianças. Mas, eu tenho um certo receio. Ou não pode?
- Claro que pode, mãezinha. - Bells disse pegando na mão da mãe largada sobre a mesa - Se é assim que a senhora quer, a senhora tem o tempo que precisar para pensar, está bem?

Se levantou e deu um beijo na bochecha da mãe, depois passou pelo meu pai e deu um beijo de boa noite nele também.

- Vamos subir, Edward? - perguntou, parando na porta da cozinha - Acho que vou ligar para Alice, e com certeza também vai querer falar contigo.

Ia?

- Tá. - respondi desconfiado.

Me levantei e desejei boa noite para os dois.

- Bella, pensei que. - já estávamos na escada.
- Shiu. - me repreendeu. - Você não conhece meu planos Cullen, então não estrague.

Chegamos na porta do meu quarto.

- Que planos? - perguntei confuso.

Ela me deu um sorriso espertinho e ficou em silêncio por um bom tempo, mas por alguma coisa nas suas feiçõe sabia que não era para falar nada.

De repente, levou os dedos para o alto e foi contando regressivamente. Cinco. Quatro. Três. Dois. Um. Mais um segundo se passou e:

- Bella. - a chamaram.
- Uau! Ela pensou mais do que o normal. - disse sorrindo e descendo de volta as escadas.

Não desci, afinal não tinha sido chamado, mas fiquei curioso, então nem entrei no quarto. Uns minutos depois, ouvi a voz de Bella:

- Edward, dá um pulinho aqui embaixo. É rapidinho.

Desci as escadas devagar, tentando não parecer muito apreensivo.

- Nós vamos. - Bella gritei animada assim que apareci na sala.
- Va-vamos?

Como essa garota conseguia ter o controle sobre tudo, hein.

- Pensamos melhor e achamos que vocês podem mesmo ir. - meu pai disse calmo.
- Acho que temos que arrumar as malas. - meu amor começou a bater palmas. - Vou ligar para Alice.
- Bom mesmo. E eu quero falar com a mãe dela. - Renne completou.
- Tudo para você, mãezinha.
- Acho que vou subir! - me despedi de novo dos dois.

Renne e Carlisle viraram sua atenção para o telefone e Bella para mim. Ela deu uma leve piscadela e me ofereceu um sorriso.

Bella Pov

[...]

- Não agüento mais dirigir esse carro. - Edward reclamou quando já estavam todos sentados na mesa da lanchonete.

Era a primeira parada da viagem.

- Eu termino daqui até de noite dirigindo. - falei num tom óbvio.

Não sei porque, mas os três homens naquela mesa me olharam com um olhar fulminante.

- Você? - perguntou jasper.
- Dirigir? - perguntou Emmett.
- O meu carro? - Edward completou com raiva.
- Qual o problema, garotos? - Alice nos olhou de braços cruzados.

Estávamos todos à caminho da casa da tia dela. Tínhamos saído de manhã de Forks e já estávamos na estrada desde aquela hora. Cada casal no seu carro. Eram dois dias de viagem, então havíamos decidido que só faríamos uma parada para almoço e depois escolheríamos um hotel para passar a noite.

- Problema? Hum. Ela é uma garota. - Emmett respondeu, mas logo se arrependeu pois tomou um belo chute de Rosalie por debaixo da mesa.
- Olha o preconceito. Vocês parecem homens da caverna.
- Concordo. Vocês acham que eu não dirijo bem? Apesar de não ter muita prática sei dirigir.
- Saber até tudo bem, mas mulher no volante, perigo constante. - Jasper disse cruzando os braços.
- E homem do lado, perigo dobrado. Ao contrário de você meu querido irmão, Alice sempre nos levou para escola de carro e nunca sofreu um acidente. Nunca teve até que esconder o carro na rua detrás para o pai não ver que tinha arranhão no para-choque. - Rosalie rosnou séria.

Se eu soubesse não tinha nem aberto a boca.

- Vamos parar com a discussão e pedir alguma coisa para comer? Meu estômago está roncando.

Ouvi um "dirigir" irônico e baixo de Edward e depois bufou. Resolveria mais tarde. Engraçadinho.

Pedimos o lanche e comemos em paz, apesar de sempre algum engraçadinho ou engraçadinha tentar voltar ao assunto.

- Eu estou olhando nesse guia aqui. Tem um posto de gasolina a duas horas daqui e um hotel que é mais ou menos umas cinco horas daqui.
- Você parece um relógio, Alice. - Emmett disse de boca cheia.
- Olha o abuso - Jasper rosnou passando seus braços em volta da namorada.

Percebi que tinha feito um cronograma completo da viagem. Minha amiga e suas maluquices.

- Allie, relaxa. - passei minha mão em seu braço.

Ela fez um bico estranho. Senti meu celular vibrando no bolso. Era uma mensagem de texto de Edward.

'Vamos dividir o quarto no hotel?'

'Talvez se você for bomzinho e me deixar dirigir.'

'Volvo e namorada são coisas que não se misturam, okay?'

'Preconceituoso! *bico*'

'Quem faz bico quer beijo. Não me obrigue a te agarrar aqui na frente de todo mundo.'

'Nem arrisque. Engraçadinho.. Rum!'

Deu um risinho rouco e guardou o celular no bolso.

- Vamos então? - Rose perguntou se levantando.
- Vou no banheiro antes. Peraí! - Emmett jogou o guardanapo na mesa e saiu para os fundos.

Edward foi com ele e eu voltei para o carro onde liguei o ar e o som. Não tinha nada para fazer, então mexi um pouco na minha bolsa e depois abri o porta-luvas. Foi quando achei a carta da escola de Nova Iorque que ele havia recebido. Porque tinha trazido aquilo para cá? Ainda não tinha dado uma resposta para o pai. Será que estava pensando em ir e fazer o terceiro ano em outro estado? Meu coração apertou ligeiramente. Que ódio de mim por querê-lo perto.

- Vamos. - entrou no Volvo com um grande sorriso que se desmanchou.

Joguei a carta no porta-luvas, mas não consegui esconder a tempo. Me olhou como se esperando uma resposta.

- Eles já foram, Eddie. - apontei para o Mercedes e a picape que já tinham saído do estacionamento. Abaixou o rosto e arrancou. Pelo visto, teríamos uma conversa séria nas próximas horas.

Edward Pov

Durante toda a viagem até aquele ponto, nós conversamos. Muitas vezes um assunto que surgia na hora, algo que passava por nossas cabeças, o silêncio entre as conversas era normal, nada constrangedor ou incômodo. Mas desde que entrei no carro, era exatamente esse silêncio que imperava.
Não queria dizer a ela que ainda estava pensando naquele assunto. E para ser sincero, não queria nem cogitar a idéia de me afastar logo agora que tudo estava dando tão certo. Mas e o meu futuro? Com aquela oportunidade seria certo o meu ingresso em qualquer universidade. Sem ela eu teria que me esforçar mais, talvez muito mais.
Meu pai me disse: "A decisão é sua, Edward. Você tem que saber o que é melhor para o seu futuro."

E que futuro.

Uma música começou a tocar muito baixo no rádio. Tive vontade de aumentar o som para tentar esquecer o que estava pensando, mas Bella desligou o aparelho.

- Edward. - chamou muito baixo.
- Liga o rádio de novo, por favor?
- Eu queria antes disso conversar sobre uma coisa.
- Porque você mexeu no porta-luvas? - me adiantei.
- Porque você trouxe essa carta?
- Eu não trouxe. - respondi alto. - Ela-
- Ela?
- Já estava aí. Joguei no carro porque não agüentava mais olhar para ela em cima do meu armário.

Bella acreditou em mim e se ajeitou no banco ficando de lado para me olhar.

- Você já se decidiu? - não passava de um sussurro.
- Olha, nós estamos indo aproveitar nossas férias de verão. Por favor, não vamos falar sobre isso.
- Você está evitando falar sobre esse assunto há duas semanas. Acho que é um bom momento. Nós estamos sozinhos e podemos falar e escutar.
- Bella, chega. - bati as mãos de leve no volante.
- Não. Não chega, Edward. Porque você não quer conversar?
- Porque não.
- 'Não' não é resposta suficiente para mim, Edward. - se soltou do cinto de segurança e se aproximou.
- Sua teimosia me irrita e você sabe disso.
- Sua cabeça-dura também e nem por isso fico assim cheia de ódio. - retrucou sorrindo.

Sorri também e a chamei para se deitar em mim. Apoiou a cabeça no meu ombro e pousou suas mãos no meu abdômen.

Sabia que não precisava dizer mais nada, mas queria.

- Eu vou decidir no meu tempo.
- Eu só estou dizendo que você precisa decidir isso logo. Não é algo que se possa resolver da noite para o dia, Edward.
- Com pressão não adianta. - começaria a me irritar com o rumo da conversa.
- Não estou fazendo pressão. Só gostaria de ser a primeira a saber sua decisão. - fez carinho me acalmando.
- Mas eu ainda não decidi.
- Tudo bem. Eu não toco mais nesse assunto até quando você quiser.
- Obrigado. - se aconchegou mais no meu peito.

Bella Pov

Acordei toda amassada naquela cama de solteiro que havia no quarto do hotel que passamos a noite. Ficamos em dois quartos: Meninas e meninos. Apesar da contrariedade dos casais. É claro, só os assumidos. O dia de viagem foi calmo e já era final de tarde quando chegamos na casa da Tia de Alice.

Era um enorme sobrado pintado de branco. No peitoril de cada janela havia uma jardineira com margaridas amarelas. Na varanda redes penduradas na parede eram convidativas. Alice disse para pararmos o carro na frente da casa mesmo, em cima da grama perfeitamente aparada.

- Já tinha me esquecido de como aqui era lindo. - falei quando descemos do carro.

Peguei a minha mala na traseira do Volvo.

- As levo para dentro para você. - Edward ofereceu sorrindo.

Agradeci e peguei somente minha mochila, continuei olhando a casa completamente embasbacada.

- Alice, abre logo a porta. Quero entrar. - Jasper reclamou com bolsas nas mãos.
- Já vou. Já vou. - subiu as escadas indo até a varanda e depois abriu a porta com um chaveiro que carregava.

Entrei ajudando Jasper a tirar as malas do meio do caminho. Logo Emmett também entrou carregando as dele e de Rose.

- Gente, tem cinco quartos de casal. Vocês podem escolher à vontade. - Lice gritou sorridente.

Parei para olhar um pouco a sala que tinha uma pequena lareira e logo acima um quadro que retratava o mar. Algo tão clichê e extremamente confortável.
Edward entrou em seguida rindo com Rose e carregando nossas malas.

- Deixa que eu levo minhas coisas para cima, Eddie.

Subimos as escadas e logo cada um escolheu um quarto.

O primeiro do corredor ficou com Jasper e Alice. O segundo com Rosalie e Emmett. O terceiro ficou comigo e o que ficava logo em frente ficou com Edward.

Joguei as malas sobre a cama e entrei logo para tomar um banho. Todos os quartos eram grandes suítes. Quando mais novas, eu, Alice e Rose corríamos pelo corredor e brincavamos de pique-esconde nos vários cômodos. Lembrei também do tempo que catávamos pedrinhas e conchas na areia. Na verdade, Rose nunca gostou muito, mas sempre fez companhia para mim e Lice. Saí do chuveiro e vesti apenas minha calcinha e meu sutiã, enrolei meu cabelo na toalha e voltei para o quarto.
Abri a mala e comecei a escolher uma roupa. Então, bateram na porta.

- Quem é?
- Lice.
- Entra.

Abriu a porta sorridente e também de roupa trocada. Vestia um vestido azul curto e rodado. O tipo de roupa que você jamais a veria usar em Forks.

- Vou sair com o Emmett, o Jas e a Rose para comprar alguma coisa para comermos, tudo bem?
- Querem ajuda?
- Não, só queria pedir um favor para você e Edward.
- O que?
- Enquanto a gente está fora, além é claro de não tentarem se matar, gostaria de pedir que vocês dessem um jeitinho na sala e na cozinha. Tudo bem?

Foi aí que percebi: eu ficaria sozinha com ele pelas próximas horas. Idéias me vieram na cabeça, mas tentei manter minha seriedade.

- Tudo ótimo. - respondi segurando o riso.

Bella, não é assim que se mantêm a seriedade. Alice sorriu sem perceber nada.

- Vamos comprar bastante sorvete pra gente, tudo bem? - falou se sentando na minha cama.
- Só serve de creme, hein. - lembrei sorrindo.
- Não vou esquecer. - deu uma olhada no relógio.

Peguei uma calça jeans dentro da mala e comecei a vestir.

- Você e o Edward brigaram muito no carro? - perguntou rindo.
- Por que a pergunta?
- Porque sempre brigam. Mas desde que contei que a gente viria para cá não vi mais vocês se atracando.
- Ai Alice, você sabe que eu nunca me atraquei com Edward. - nunca da forma que você pensa.

Eu tenho que começar a controlar meus pensamentos. Tenho que começar a controlar meus pensamento. Eu tenho.

- Teve aquela vez que vocês quase caíram na porrada, lembra? No início das férias. Uma semana antes da festa à fantasia. - hora de cortar o assunto.
- Você acha que devia ter trazido um casaquinho? Não tenho nada do tipo. - falei vasculhando minha mala.
- Aliás Bella, você nunca me contou sobre o que aconteceu na noite da festa à fantasia. Depois que o Edward foi atrás de você. Disse muito por cima naquela vez na Rose. O que aconteceu no quarto? Aliás, o que aconteceu que vocês demoraram tanto para chegar em casa naquela noite. Eu lembro de ter ligado para o seu celular e você ainda não tinha chegado. - me senti enrijecendo.

O nó se formou na minha garganta.

- Bella. - olhou para cima - Tá viva?

Bateram na porta duas vezes.

- Alice, vamos logo, não quero demorar na rua. Estoucansado de dirigir, amor. - Jasper disse.
- Tá bem. - levantou e foi até a porta, mas antes se virou para mim e disse:
- Salva pelo gongo, hein gata. Não esquece do jeitinho que vocês vão dar na cozinha.

Deu uma piscadela e saiu do quarto.

Acho que agora eu posso respirar.

Edward Pov

Desci as escadas arrumando o cabelo. Quer dizer, bagunçando. Bella estava sentada no sofá da sala com cara de preocupada.

- Cadê os outros? - perguntei vendo que não tinha ninguém com ela.
- Eles saíram. Foram comprar alguma coisa para gente sobreviver esses dias.

Estávamos sozinhos? Era tudo que eu pedi a Deus. Fui me aproximando do sofá e dela. Me sentei do seu lado colando nossos corpos.

- Sorte a nossa, não é mesmo? - tirei seus cabelos do caminho e comecei a distribuir beijos no seu pescoço.

Se arrepiou e aconchegou seu corpo no meu peito. Fiz carinho nos seus braços, enquanto relaxa com meus beijos.

- Eles podiam deixar a gente mais tempo sozinhos assim, né?!
- Não sei se é certo. - falou bem baixo.

Me perguntei mentalmente se tinha mesmo ouvido aquilo.

- Porque não? - perguntei a virando de frente para mim.
- Devíamos contar, Edward. Eu estou com medo.
- De que? - a puxei para que sentasse no meu colo.

Encostou suas costas no meu peito e encaixou o rosto no espaço do meu pescoço.

- Se eles descobrirem vai ser bem pior.
- Por que acha que vão descobrir?
- Porque a Alice não é idiota o suficiente para ser enganada. - disse em tom óbvio.
- Por que isso agora?
- Porque hoje ela veio com um papinho de querer saber o que aconteceu na noite da festa à fantasia. E você sabe muito bem o que aconteceu.
- É eu sei. - cheguei perto do seu ouvido - Ficamos juntos pela primeira vez, e eu jamais vou esquecer. - deu uma risadinha baixa.
- Também não. - suspirou - Mas... - levantou do meu colo repentinamente me deixando com cara de desolado - A gente não vai fazer um flashback se é o que você quer. - soltou uma gargalhada.
- Mas - fiz biquinho.
- Sem "mas". Temos serviços e vou te fazer de meu escravo. - pegou minha mão. - Vamos, anda.

Me puxou até a cozinha onde explicou que teríamos que lavar toda a louça da casa.

- Tá louca, mulher? - perguntei cruzando os braços - Não faço nem a pau.

Me olhou com uma sobrancelha erguida. Acho que não devia ter tirado a autoridade dela, né.

- Você disse o que? - perguntou também cruzando os braços.
- Bem, er, disse que não gostaria de fazer isso.
- Não gostaria, mas vai.
- É claro.

Deu um sorriso de meio-de-boca e se virou para o armário pra tirar os pratos de lá de dentro. Só podia estar brincando comigo. Não conseguia mais aguentar ficar perto dessa mulher sem pelo menos abraçá-la. E foi o que fiz. Cheguei bem sorrateiro e a abracei por trás, dando selinhos na sua nuca.

- Isso não vai te livrar da louça. - disse sorrindo.
- E você não vai se livrar de mim.

Alice Pov

Entrei na casa e fui até a sala pegar a carteira de Jasper que havia esquecido em cima da mesa. Me apressou tanto e tivemos que voltar. Foi quando ouvi uma risada na cozinha. Fui até lá sorrateira e só dei uma espiada para dentro do cômodo.

Foi quando vi Bella e Edward se... beijando. Fiquei mais alguns segundos atrás da parede vendo os dois que se agarravam. Sentada na bancada da cozinha, as pernas em volta da cintura dele. Eles? Não acredito que mentiu desse jeito para mim.

Bella Pov

[...]

- Sabe o que eu reparei na vinda pra casa? - Emmett disse coçando a cabeça.
- Imagino que seja algo que não presta. - Edward resmungou para si mesmo, mas todos ouvimos.

A risada foi geral e cheguei a me engasgar com o sundae de chocolate que eu tinha nas mãos.

Emmett ergueu a sobrancelha em reprovação, mas relaxou em seguida.

- Fala amor, o que reparou? - Rosalie se aproximou mais do namorado.

Os dois estavam sentados em um dos sofás da casa, enquanto Alice e Jasper sentaram no chão comigo, mas longe de mim. Edward estava em uma poltrona solitário.

- Reparei que aquela boate no centro parece bem interessante.
- Uaaau. Incrivelmente, não é uma besteira. - Edward implicou mais.
- Para de encher o saco, chato. - lhe dei uma pequena cutucada com o pé.
- Sai pra lá, Swan. - respondeu rindo.

Dei uma risada também e voltei minha atenção pra Emm.

- Pensando em um passeio pra gente, cara? - indaguei.

Deu de ombros.

- Talvez se não for sair do plano de viagem da pequena Alice. - respondeu segurando uma risada.

Todos nós gargalhamos outra vez, mas foi quando reparei que a única que não estava rindo era a pequena. Não porque Emmett estava implicando com seu jeito estressado e controlador, mas porque parecia mesmo nem ouvir o que nós conversavamos. Aliás, não tinha expressão nenhuma no rosto. Me preocupou.

Tentei me desconcentrar do rosto dela e voltei ao assunto.

- ... se todo mundo topar. - consegui pegar o final da frase de Edward - Tá dentro, insuportável? - perguntou me olhando de rabo-de-olho.
- Er, estou sim.
- Então, Lice? Jasper? - Emmett perguntou levantando as mãos - A tal boate amanhã?
- Claro - Jasper respondeu com entusiasmo.

Alice, no entanto, não levantou o olhar do chão.

- Gente ela tá doente? - Emm perguntou - Vocês tem certeza que a gente não precisa tomar algum tipo de vacina para vir pra cá, sei lá. Acho que algum daqueles mosquitos malucos picou ela.

Cheguei a abrir a boca para defendê-la, mas se adiantou me surpreendendo. Incrivelmente, estava prestando atenção na nossa conversa.

- Não fui picada por nenhum mosquito, Emmett. Ao contrário de você que foi pelo da idiotice. - brincou rindo.

A mudança de humor me deixou desnorteada. O que estava acontecendo com Alice?
Edward e Jasper riram do que ela havia dito e Rosalie tentou, inutilmente, segurar o riso também. Eu fiquei um pouco estática sentindo o sorvete derreter na minha mão.

- E quanto a boate: eu ia amar ir lá com vocês. Pode ser amanhã mesmo depois que voltarmos para casa da praia. - deu de ombros e se levantou - Agora se me dão licença, eu estou com sono, a viagem foi longa e ontem a noite não fiquei muito bem naquela cama de solteiro do hotel. - enrolou um fiapo do cabelo que caía no seu rosto.
- Também vou dormir. - Rose disse se levantando.

Me levantei também levando o pote do sorvete para cozinha, mas cruzei com Alice antes e o que senti não foi nada bom: indiferença.