Segredos Gregos escrita por Khelita


Capítulo 3
Capítulo 3 - Verdade


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora os capítulos serão um pouquinho maiores.
Nessa parte já temos algumas revelações sobre quem Dafne realmente é.
Espero que gostem!



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Voltar as 17:00h seria um problema. Por causa do fuso horário eu estava meio lerda e com olheiras de quem não dormia há uma semana. Resumindo, parecia um panda. Sai da casa de meus avós ao meio dia e tinha planos de voltar no horário estipulado para não causar encrencas logo no primeiro dia.

            Como o meu maior objetivo era trabalhar na biblioteca nacional, esse foi o primeiro local que visitei, embora achasse muito difícil conseguir realizar esse meu objetivo. Não foi muito difícil localizar a biblioteca, embora ela fosse longe de casa. Segui as instruções do mapa e me deparei com um lindo prédio todo de mármore branco com lidas escadarias na entrada, colunas monumentais e uma estátua de George Averoff ( mais tarde fui descobrir que ele foi homenageado com essa estátua devido aos benefícios que prestou a seu país). O interior era melhor do que eu havia imaginado. Estantes altas, livros de todos os tipos e épocas e um cheiro de madeira espalhado por toda a biblioteca. O local exalava tradição.   Estava admirando a beleza do local quando uma moça atarracada e com óculos desproporcionais me cutucou e perguntou em grego se eu desejava algo. A figura dessa moça me deixou totalmente desnorteada, como se ela me fizesse mal. Perguntei a ela como fazia para trabalhar lá e, ao invés de falar que seria impossível, ela deu um sorriso amarelo e me levou até o responsável pelos funcionários. Ana, nome muito comum para uma pessoa tão estranha, me levou para o andar de baixo, onde ficavam os escritórios. Nesse andar as prateleiras eram de metal e o chão de concreto, dando a impressão de ser um lugar frio. A sala era um escritório comum, com um carpete vermelho no chão. Não demorou muito para Milton, o responsável pelo escritório, chegar. Ele era mais velho, cerca de 50 anos, alto, com um cabelo duvidosamente muito preto e com um óculos fundo de garrafa. Apresentei-me e falei sobre a minha formação e expliquei o meu objetivo.

            - Você é uma garota bastante determinada Dafne. Isso nunca aconteceu antes, e olha que eu trabalho aqui há 25 anos! Será um desafio e tanto para você, mas ao mesmo tempo será uma ótima oportunidade para você conhecer suas raízes. A sorte está realmente do seu lado, pois semana passada, uma das nossas funcionárias do setor de manuscritos sofre um acidente de carro e ficará um longo tempo em recuperação. Acredito que você possa ocupar o lugar dela, mas lembre-se, é uma vaga provisória!

            - Sem problemas! Esse emprego é tudo que eu preciso!

            - Como você chegou hoje, vou lhe dar uma semana para você conhecer a cidade e, na outra semana você pode começar. Começaremos com um treinamento e eu irei avaliar como você manuseia e traduz os manuscritos.

            - Sem problemas! Semana que vem estarei aqui pontualmente!

            - Assim espero... – Milton suspirou e olhou desconfiado para Ana.

            Subi para o andar principal da biblioteca e comecei a caminhar pelo local que, em breve, trabalharia. Enquanto caminhava, percebi que a recepcionista, Ana, me olhava. Senti-me intimidada, como se alguém estivesse me filmando. Tinha a impressão de que ela conseguia ler meus pensamentos. Fiquei tão desconfortável que fui para o fundo da biblioteca, local silencioso e longe dos olhos medonhos de Ana. Estava tão cansada que me sentei em uma mesa, abaixei a cabeça e adormeci em alguns minutos. Foi o sonho mais louco que eu já tive na minha vida. Estava no Partenon, aparentemente quando ele havia sido construído, pois não havia nenhuma rachadura. Tudo estava na mais perfeita ordem. Olhei para meu corpo e reparei que estava vestida em uma túnica branca e com lindos cabelos grandes presos em uma trança lateral. Levantei meus olhei e reparei que havia um grande trono a minha frente. Aquele lugar me passava uma sensação de conforto inigualável. Alguém tocou em meus ombros e me virei para trás assustada. Uma linda mulher, com cabelos mais longos que os meus e olhos azuis penetrantes, muito parecida comigo por sinal, sorria sinceramente para mim.

            - Bem vinda de volta querida! Senti tanto a sua falta! – a moça falou em uma voz que suave.

            - Onde estou? – perguntei ainda extremamente desnorteada, como se tivessem arrancado todas as minha memórias e eu não soubesse nem mesmo como andar.

            - Que pergunta tola! Pensei que você se lembraria de Atena, sua própria mãe! Mas afinal de contas, eu nunca te visitei e nem lhe dei nenhuma explicação. Enfim, escolhi entrar em seus sonhos para lhe contar a verdade pois assim eu não precisaria de me expor aos humanos. Você, na verdade Dafne, é minha filha com o seu pai mortal. Pode parecer difícil de acreditar, mas me apaixonei por seu pai e o fruto de nossa relação foi você.

            Ela falava como se aquilo fosse algo simples, como se eu fosse a coisa mais normal do mundo você ser filha de uma deusa. Meu coração estava sendo arrancado para fora de meu peito. Não entendia o que estava acontecendo e, se aquilo era realmente verdade, porque ninguém nunca me contou?

            - Sei que você deve estar se perguntando por que ninguém nunca lhe contou a verdade. Mas eu não podia! Seria castigada! Porém, a situação mudou e nós agora precisamos de sua ajuda. – sua voz agora soava em completo desespero, como se o mundo fosse acabar naquele mesmo dia.

            - Você ficou distante todo esse tempo e agora espera que eu aceite que eu sou sua filha e ainda te ajude?! – o absurdo era tanto que eu sequer conseguia expressar minha surpresa. Quanta audácia daquela mulher! Não me interessava se ela era uma deusa, eu era sua filha. Merecia o mínimo de respeito. 

            - Desde quando você nasceu, nós já sabíamos a sua missão: proteger o segredo dos deuses. Porém só podíamos te contar quando você retornasse para a Grécia. Tudo que você precisa aprender sobre os nossos segredos e como protegê-los está nos manuscritos achados recentemente. Os manuscritos que você está estudando.

            - Como eu posso saber que você está dizendo a verdade? – não podia me entregar assim facilmente, tinha que ter provas. Minha mente estava confusa e ao mesmo tempo em que eu queria aceitar tudo isso como verdade, meu cérebro se recusava a assimilar todas essas informações.

            - Você nunca se perguntou como aprendeu a falar grego sem ninguém lhe ensinar? Ou por que se parece apenas com seu pai? Ou até mesmo por que conseguiu se formar em um curso extremamente difícil com apenas 22 anos? Você tem o meu sangue correndo em suas veias! O sangue da inteligência, da estratégia e da força! – seus olhos ficaram ferozes, como se saíssem faíscas deles.

            Eu apenas abanava minha cabeça negativamente. Era muita informação para ser digerida. Meu coração e minha mente não queriam acreditar que todos ao meu redor mentiram para mim durante toda minha vida! Meus olhos queimavam enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto. Não conseguia encarar Atena, minha mãe! Quem era aquela mulher?

            - Sei que você não vai aceitar isso facilmente, portanto lhe darei um tempo para assimilar tudo o que lhe falei. Mas pense com carinho. E quando você acordar, lhe darei uma prova de que tudo isso não foi um sonho. Agora vá! Mas não se esqueça de tudo o que lhe falei. – eu ainda não conseguia olhá-la nos olhos.

            Quando abri meus olhos, senti as lágrimas em minhas bochechas. Estava com uma sensação de sofrimento, como se tudo no mundo tivesse perdido o sentido. Senti que algo pesava em meu pescoço, como se tivesse uma âncora me puxando para baixo. Olhei para o meu peito e percebi que usava um belíssimo colar de ouro puro. Seu brilho era inigualável, como se nada pudesse tirar a sua glória. Havia uma medalha na ponta da corrente com dizeres em grego antigo que diziam: “Dafne, filha de Atena”.


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Notas finais do capítulo

Em breve, Santorini!



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