Fazia um calor infernal quando cheguei a Atenas. Meus avós, Carina e Dimitri, já estavam a minha espera no aeroporto. Minha avó era pequena, com olhos tão azuis quanto os meus e com lindos cabelos pretos, com indícios de alguns fios brancos. Só de olhar para meu avó, já soube de quem havia herdado o nariz. Tinha os cabelos já bem brancos, um bigode que escondia sua boca e olhos claros, de uma cor de folhagem. Minha avó me deu um abraço tão forte que pude sentir o seu coração batendo de emoção. Meu avô, mais reservado, me deu um abraço mais tímido, mas em compensação, um belo sorriso, bem parecido com o de meu pai.

            Para a surpresa de meus avós, meu grego era fluente e não tivemos qualquer problemas de comunicação. A casa onde moraria no próximo ano, ficava relativamente longe do aeroporto, o que me deu a oportunidade de conhecer um pouco melhor Atenas. Uma mistura de modernidade e antiguidade começou a me encantar à medida que avançávamos em direção a casa. Chegando a casa, meu avô estacionou o carro e para meu encanto percebi que iria morar praticamente de frente para o mar. A paisagem não me era estranha e, após alguns segundos, percebi que aquele era o local com o qual havia sonhado no avião. Inicialmente achei que era apenas uma coincidência bizarra, mas desisti da idéia quando, segundos depois, senti um calafrio subindo pela minha coluna ao ouvir uma voz familiar dizendo “Seja bem vinda”, bem ao pé do meu ouvido. Virei para trás e meus avós já estavam abrindo o portão da casa. Ignorei o fato, afinal deveria ser apenas cansaço da viagem.

            A casa de meus avós era simplesmente encantadora. Apesar de ser pequena, parecia que tudo ali se encaixava perfeitamente. Tinha um muro branco baixo, na altura da cintura, e uma porta azul de entrada, bem tradicional. Logo na entrada tinha um grande espaço em aberto com uma grande mesa para os almoços da família, uma escada que levava para o segundo andar e uma sacada com vista direto para o mar. Dentro da casa todos os móveis eram claros, em estilo praiano e tudo muito organizado. No segundo andar só havia o meu quarto, todo branco, e uma linda escrivaninha embaixo da janela (ótima para escrever!). Me senti tão confortável naquele lugar, como se morasse ali a minha vida toda. Até mesmo os cheiros eram familiares.

            Arrumei meus pertences no quarto e desci para fazer um lanche.

            - Gostou do seu quarto Dafne? – indagou minha avó com um enorme sorriso no rosto.

            - É ótimo vovó! Tem uma vista linda! Mas eu quero mesmo é conhecer a cidade!

            - Muito cedo ainda para andar sozinha – resmungou Dimitri por baixo do bigode.

            - Deixe disso Dimitri! Ela não é uma criança! Não há nada quem um mapa não resolva.

            - Pode. Mas volte antes das 17:00h.