Tudo começou tão simples. Eu apenas o admirava de longe sem grandes pretensões. Ele era incrível... Sempre confiante, inteligente, bom em todos os tipos de coisas existentes. Parecia impossível que um dia eu poderia se quer trocar algumas palavras com aquela pessoa.

Mas aconteceu.

Distraída e ingênua como sempre fui, acabei por esbarrar nele. Despejei milhares de desculpas e apenas ganhei um sorriso compreensivo e uma passada de mão no cabelo, além de murmúrios formados por algumas palavras que na hora não pude entender.

Delirando fiquei desde aquele momento, como uma garota boba que acredita em qualquer coisa. Tive sonhos, esperanças, devaneios, vários acessos de riso espontâneo e cantarolei por todos os lugares que ia.

Parecia febril e doente... E só havíamos trocado uma frase. Não entendia o porquê, mas eu estava feliz.

Nos dias que se seguiram, sorrindo de maneira tola, atravessei os corredores normalmente quando finalmente vi sua figura... Ele acenou com a mão e então me chamou para tomar um sorvete. Apenas gaguejei um “sim” desconcertado.

Quando tornamos a nos encontrar, meu coração acelerava de maneira descompassada, não sabia o que estava acontecendo comigo. Nunca me senti assim. Era uma sensação totalmente inexplicável.

Então finalmente me toquei.

Estava vivendo um daqueles sonhos de adolescente apaixonada. Sempre recriminei esse tipo de atitude, mas... Agora eu entendia como era a situação. O mundo parecia diferente, não enxergava as coisas direito... Parece que não havia realidade. E era isso que eu mais adorava em toda essa história.

Mas o tempo se passou. Infelizmente ele não poderia parar.

As coisas mudaram de rumo. Estávamos cada vez mais íntimos e mais unidos... Até que aconteceu.

“O primeiro beijo teve gosto de lágrimas.

Era como romance de novela.

Como se estivesse esperando pelo momento certo, o sino de partida tocou.”

As lágrimas eram da minha louca felicidade. E assim que nos beijamos, elas deceram descontroladamente. Não as pude evitar. Parecia que o mundo havia sido feito somente para aquele momento. Nada poderia substituir aquela sensação maravilhosa que fluia por minhas veias.

Há cada dia que passava, estávamos mais unidos. Sempre estávamos juntos e nossos momentos felizes eram insubstituíveis. As horas ao seu lado eram as melhores que já vivi. Queria que tudo se congelasse e não parasse nunca de acontecer.

“Os lábios que estavam prestes a falar...

A distância entre nós se tornou zero.”

Aqueles sentimentos que eu nunca disse estavam entalados em minha garganta. Sim, estávamos juntos mas nunca disse o que realmente sentia. Não revelei que ele era o meu primeiro amor. Havia algo dentro de mim que sinceramente me impedia de dizer. O meu grande erro foi achar que isso não era importante... Foi aí que as coisas começaram a complicar.

Por causa de minha enorme covardia, aquele que eu amava foi se distanciando de mim aos poucos. Sempre culpei minhas atitudes pelo o que estava acontecendo, mas sinceramente nunca entendi o real porquê de toda aquela sensação maravilhosa estar acabando de maneira tão rápida e cruel. As conversas já não eram tão freqüentes, mas as brigas sim. Eu mesma nunca entendi por que brigávamos... Só estava enraivecida por tudo estar dando tão errado... E meu segundo maior erro foi culpá-lo por isso.

Até que um dia... O fim chegou. E chegou mais rápido e doloroso do que eu imaginava.

“Um vento frio do inverno roçou minha bochecha.
Então eu esfreguei as minhas mãos tentando mantê-las aquecidas.”

Eu me sentia terrível. Era como se o vento mais frio morasse dentro de meu peito e parecia me congelar por dentro. Aquela emoção sem explicação deu lugar para um grande buraco negro que não aparentava ter um final.

– Acabou – Foi o que eu ouvi de seus lábios naquela manhã – Como vou ter certeza do que você sente por mim se não demonstra? Se mantém distante e fria... E já não posso também afirmar que sinto o mesmo por ti com o mesmo fervor que sentia há alguns meses atrás. Eu já não te amo mais.

As palavras me golpearam como uma faca afiada. Por causa do meu medo, da minha insegurança eu acabei por deixar tudo ir por “água a baixo”.

A dor rolava em forma de lágrimas em meus olhos. Não consegui responder nada a princípio. As palavras não conseguiam se formular em meus lábios.

– Obrigada e adeus – Foi o que finalmente respondi, depois de tanto tempo em silêncio e fui embora... Sem nenhum rumo em mente.

Mas tudo havia terminado e eu simplesmente nunca revelei meus verdadeiros sentimentos.

“Eu simplesmente não consegui dizê-los.

Os sentimentos que eu mantenho escondidos.

Isso foi o que eu decidi fazer.

Está tudo bem,

Eu não irei olhar para trás.”

Fui covarde até o fim e não disse que o amava. Não disse o que realmente estava aninhado aqui dentro... Mas agora só restava o frio e desconsolo da perda. As palavras ainda engasgadas em minha garganta e o pensamento de que “amanhã eu direi a ele” estavam recentes de mais para serem esquecidos.

“Obrigada, adeus.

Esse amargo amor não correspondido.

Se eu olhar para trás agora, eu poderia pensar em voltar para o nosso passado,

Então...

Obrigada, adeus.

Eu não vou chorar agora."

Mas não resisti... Lágrimas teimosas caiam como se fossem cachoeiras retidas há muito tempo. Doía de mais pensar em todos aqueles bons momentos que vivemos e lembrar que tudo havia acabado um uma simples frase, tão pequena quanto a que nos uniu.

“Eu não te amo mais”

Aquela sua voz ecoava todo o tempo em minha mente. No começo me senti infeliz. Mas o tempo, felizmente, também passa para os momentos tristes. E então pude ver tudo com mais clareza.

Os bons momentos virariam lembraças... Lembranças agradáveis do que eu havia vivido... Mas nós também as esquecemos quando nos convém. E era isso que me convinha naquela hora: esquecer.

E esses momentos de nostálgia sempre aconteciam quando eu voltava para casa de trem e lembrava quando tu costumava a me embalar com seu casaco nos dias frios.

Mas agora eram apenas memórias de tempos passados e eu iria esquecê-las. Aprendi que o tempo é o melhor remédio para acontecimentos desse tipo.

“Meu corpo está trêmulo.

O trem chegará a qualquer instante.

Isso está me incomodando."

Com o tempo eu adiquiri maturidade. Aprendi a reconhecer meus erros e a ver que não estava totalmente errada quando tudo terminou.

Quando me perguntam se eu ainda me sinto infeliz depois de tanto tempo que esse fato se passou, sabe o que respondo?

“Sim, obviamente. Mas a palavra foi dita: adeus. Não pude voltar atrás, éramos muito orgulhosos para isso. Só queria que ele me abraçasse forte e dissesse que não era verdade. Que ficaríamos juntos para sempre... Mas não era bem assim. Chorei naquele momento, mas quando uma decisão é tomada não se pode voltar atrás.”

Estou muito feliz por termos nos conhecido e em algum lugar do meu coração, quem sabe, eu ainda te ame verdadeiramente. Aquele tolo sentimento que nunca expressei e acabei por perdê-lo.

“Estou tão feliz que nós nos conhecemos.

Eu te amo.”

Mas chega a hora que também temos que partir e que a vida segue e que encontraremos alguém que saberá o que sentimos sem antes mesmo dizermos tal coisa.

E é para isso que experiências como essa servem: para aprendermos com elas.

Tudo bem, sempre é triste quando o primeiro amor acaba, principalmente quando ele passa a não ser mais correspondido... Mas ele nunca é de todo mal. Sempre teremos as lembranças agradáveis de que um dia aquele sentimento realmente existiu.

FIM