Hereditary escrita por almightymag


Capítulo 9
Right choices? Wrong feelings...


Notas iniciais do capítulo

Cara, vocês não tem noção do quanto está sendo difícil escrever Hereditary >.< Ainda mais nessas férias onde tudo é feliz e shining o/ escrever uma coisa dark e fúnebre e algo tipo Zoey-depois-da-morte-de-sua-família fica complicado :x Quer dizer, eu tenho toda a história na cabeça, mas na hora de colocar tudo em palavras é que nem sempre fica bom, por isso eu imploro a vocês que abusem da imaginação o// kkkkkkk'



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Tudo que eu menos precisava era de mais hostilidade, porque afinal era isso que eu via em todos os olhares que se direcionavam para mim. Eu não os culpava, claro! Eu ateei fogo na escola deles, pior, na casa deles! Frambhale era um internato, portanto, como eu, muitos não tinham para onde ir ou onde ficar.

Já passava das onze da manhã, e isso significa que ninguém pregou os olhos. Bom, já estava bem de madrugada quando o incidente aconteceu, não demorou muito a amanhecer. Muitos ficaram lá com lágrimas nos olhos assistindo o fogo consumir a escola. Eles chegaram a chamar os bombeiros, mas o fogo já havia tomado boa parte. Eu não voltei lá para ver o que tinha sobrado.

Eu não queria ver o estrago que fiz.

Agora todos estavam armando barracas no campus do casarão. Eu poderia estar ajudando, mas o próprio diretor disse que era melhor eu me manter afastada dos outros alunos.

E como se isso tudo não bastasse, também recebi a notícia de que as duas meninas que dormiam no mesmo quarto que eu... bom, não tiveram a chance de escapar a tempo.

Eu aceitava a culpa, eu aceitava a hostilidade nos olhos deles, mas era uma culpa injusta afinal porque...

– Não foi uma opção minha, eu não quis fazer aquilo – Eu estava sentada em cima de uma pedra na beira do rio.

Darien estava ao meu lado numa pedra um pouco mais baixa que a minha.

– Eu sei que você nunca faria aquilo, Zoey – disse Darien jogando uma pedra na água.

Ela quicou duas vezes e afundou.

– Eles nunca poderão entender...

– E por um acaso você entende? – indaguei, minha voz saiu um pouco mais alta do que eu queria.

Ela jogou outra pedra e essa quicou apenas uma vez antes de afundar.

– Posso dizer que sim – Ele escolhia outra pedra.

Eu olhei para ele, mas ele estava ocupado demais com as pedras no chão. Sempre houve algo demais nos olhos do Darien, e eu não estou falando do quão verde eles são.

O que é você? – minha voz estava mais suave agora – Você não veio para cá porque seus pais acham que essa escola lhes daria um filho empresário.

O canto de sua boca ergueu em um breve sorriso.

– Quem me dera... – Ela jogou outra pedra e esta quicou três vezes. – Já ouviu falar no Chisso?

Chisso. Minha mãe já me falara sobre isso. Disse que é uma das quatro maldições como o Dengen – fogo. Não tenho certeza a respeito das outras, mas creio que sejam ar e terra, os únicos dois elementos que sobraram. E Chisso era gelo.

– Congelei um copo d’água com quatro anos de idade – disse ele.

Eu franzi o cenho.

Quatro anos?

Ele assentiu naturalmente como se congelar um copo d’água sem nenhuma intervenção da tecnologia ou do tempo fosse normal para qualquer criança de quatro anos. Mas como se eu só comecei a lidar direito com o Dengen aos 12 anos, e muito mal? Ele poderia ter sido uma criança bem dotada como o... Jasen, mas o Chisso não é hereditário. Isso significa que provavelmente os pais dele não sabiam que ele seria o que é hoje.

– É claro que com o seu Dengen é diferente – falou ele – Se você pensar bem, tudo que o fogo pega ele não devolve. Eu quero dizer que se eu congelar uma coisa – A pedra em sua mão foi tomada por uma camada espessa de gelo. – o tempo pode descongelá-la numa boa. Mas se você queimar uma coisa – Ele jogou a mesma pedra na água, ela não quicou. – ela nunca vai voltar a ser o que era antes.

Eu desviei o olhar e me mexi incomodada com os meus ombros tensos.

Foi assim que encerramos nossa conversa.

Eu também ainda não havia dito ao Darien que sairia do acampamento – ou melhor, que fui expulsa – e acho que seria melhor assim, se ele não soubesse. A vida dele seria melhor sem mim, a de todo mundo daquela escola afinal.

Por que Jasen não me matou junto com a minha família? Por que ele me deixou viva? Para sofre? E a troco de quê?

Eu ia conseguir essas respostas. De preferência, hoje à noite.

A sala do casarão não era grande o suficiente para sustentar 200 alunos. Por isso teríamos de comer do lado de fora. Eu comi bastante, porque eu não sabia quando eu ia comer de novo.

Todos jantavam em volta de uma fogueira, a mesma fogueira em que alguns tostavam marshmellows. Eu estava encostada na grade da varanda assistindo eles, mas meus olhos involuntariamente sempre voltavam para o rosto do Darien. Seu rosto moreno iluminado apenas pela luz alaranjada da fogueira, seus olhos ficavam mais verdes assim.

Ele não olhava para mim. Havia umas quatro garotas em volta dele. Sobre uma coisa ou outra que elas falavam ele ria, e ele tinha um sorriso tão perfeito... Só assim eu tive a certeza de que ele ficaria melhor sem mim.

Agora havia poucas pessoas em volta da fogueira, as outras já estavam dormindo. Só faltavam o Darien, um casal de namorados e as irmãs gêmeas Lind e Luly – essas olhavam para o Darien, cochichavam e riam, mas paparam com isso e se levantaram para ir para suas barracas quando eu resolvi me juntar a ele.

– Você me salvou daquelas garotas... – sussurrou Darien ainda olhando para a fogueira.

– Você parecia estar gostando.

– Eles são insuportáveis, mas não deixam de serem garotas – respondeu ele com um sorriso repugnante, ainda bonito, mas repugnante.

Depois de uns dez minutos de silêncio e estalinhos de beijos por parte do casal a nossa frente, eles resolveram se levantar e irem para a barraca deles – o que eu achava perigoso, se é que me entende.

– Não vai dormir? – perguntei.

– Estou sem sono...

Eu ergui os olhos da fogueira e encontrei os olhos de Darien me encarando.

– Mas está tarde – falei – E amanhã você tem que acordar cedo.

Ele franziu o cenho.

– Você também – a voz dele falhou no final.

Ele olhava tão dentro de meus olhos que eu me sentia vulnerável, transparente. E o fato da voz dele ter falhado no final me fez recear se ele sabia de alguma coisa.

Ele engoliu em seco.

– Eu vou com você.

De repente eu me senti impotente como se ele tivesse acabado de tirar o céu das minhas costas. Ele não poderia estar falando sério, ele não poderia saber disso. O que é agora, ele também sabe ler mentes?

– Não, você não vai – sussurrei.

– Eu não vou deixar você sozinha...

– Como você sabe? – indaguei.

– Não é difícil de saber quando alguns alunos ficam anunciando por aí que a que a garota que tacou fogo na escola vai ser expulsa.

Eu trinquei os dentes.

– Você não vai se arriscar – disse entre dentes.

O rosto de Darien se aproximou mais do meu, ele ia mais fundo em meus olhos.

– Por que não? Eu posso te seguir.

– Isso é... um problema pessoal. E além do mais, eu não quero que você se meta na minha vida, Darien – minha voz era gélida. Minhas próprias palavras me cortavam.

Eu não sabia o que exatamente eu sentia em relação ao Darien. Ele foi a única pessoa que me fez sentir relativamente bem no meu primeiro dia na Frambhale. Seria melhor mesmo se eu não soubesse o que eu sentia por ele, seria mesmo bem melhor se eu fosse embora antes que esse sentimento cravasse em meu peito. Um dia, um inútil e patético dia com o Darien foi demais. E eu também queria saber o por que.

Era como que eu já o conhecesse-se apesar de ter certeza de nunca ter visto o seu rosto antes. Nada era como um sentimento que brotava, mas como um sentimento que estava se desencadeando, e ele já era forte o suficiente.

E eu só podia notar isso agora, olhando em seus olhos como se eles fossem infinitamente fundos e eu já estivera bem abaixo da superfície deles.

Seu maxilar dilatou por um segundo e depois ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu o interrompi.

– Vai dormir. Está tarde.

– Se é assim que você prefere – E então ele se levantou me deixando sozinha junto com o fogo fraco da fogueira.

Eu me levantei e peguei minha mochila que estava dentro do tronco de uma árvore petrificada. Então partir sem pensar, porque sei que se eu pensasse, eu ficaria. Tive tempo de ver a fogueira se apagar afundando o acampamento no negrume da noite fria.


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Notas finais do capítulo

Vão postar reviews? Sabem que a única coisa que me prende a essa fic é as reviews de vocês... ah, e tbm porque eu to loooouuucaa para escrever o final *O* IAUSHAIUSHAIUSH'
POSTEM REVIEWS! o/ faça uma escritora feliz :D



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