Shinigami Golden escrita por chibi-onigiri


Capítulo 7
Capítulo final - Presente de aniversário




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- Ichigoo! Vai chegar tarde na escola - gritava Masaki da cozinha - mamãe vai te deixar para trás hein?

- Estou pronto - disse o menino descendo as escadas correndo.

Um menino baixinho e com bochechas salientes de aproximadamente 8 anos desceu pelos degraus da escadas correndo e ao chegar bufando no hall passou as mãos pelos cabelos alaranjados, tentando inutilmente alinhá-los.

Masaki colocou a mochila do filho nas costas dele e pegou sua pequenina mão. Acenou para Isshin e para as filhas, dizendo que logo estaria em casa.

- Mamãe advinha onde eu estou lendo c-a-s-a - disse o menino sorrindo para a mãe, quando caminhavam pela rua em direção ao colégio.

- Ali! - respondeu Masaki apontando para um outdoor onde havia uma propaganda de produtos de limpeza - agora é a minha vez... Onde eu estou lendo 'paralelepípedo'?

- Ah! Isso não é justo. Eu nem sei ler direito - argumentou Ichigo fazendo bico e olhando para a mãe.

- Sei disso filhinho. Eu só estava brincando - sorriu, dando um beijo na bochecha do filho.

Os dois foram "brincando de adivinhar palavras" pelo caminhou até que uma placa chamou a atenção de Ichigo. A placa digital tinha os dizeres "14 de janeiro, 8:30 am" que depois eram substituídos por "tenham um bom dia".

"Rukia-chan" pensou Ichigo ainda olhando a placa.

- Qual é o problema, filho?

- Mamãe hoje é aniversário da minha amiga e eu esqueci - o garotinho respondeu sentindo os olhos marejarem - eu sou um amigo horrível.

A mulher abafou um risinho com a mão livre, para logo depois bagunçar o cabelo arrepiado do filho.

- Não é não... Você é um amigo maravilhoso só... é um pouco distraído - disse Masaki com um sorisso calmo nos lábios.

- Mas mamãe... No meu aniversário a Rukia-chan me deu um desenho. O desenho era feio, muito feio, mas ela me disse que o moranguinho de cabelo laranja era eu e a coelhinha de cabelo preto era ela, então, eu acabei gostando. O que eu vou fazer?

- Eu saí desprevenida de casa, mas eu tenho um pouco de dinheiro aqui - respondeu remexendo na bolsa que carregava - Vamos escolher um presente para ela, o que você acha?

O rosto do menino logo se encheu de alegria. Sua mãe era a melhor!

Entraram numa loja que acabara de abrir. Ichigo percorreu o lugar com os olhos, eufórico. Encontrou um coelhinho branco de pelúcia com uma cenourinha nas patinhas dianteiras. Ele mostrou o bichinho para sua mãe, que alegremente aprovou o presente dizendo "Rukia-chan é uma sortuda".

Ichigo saiu da loja com o presente em mãos, cantarolando feliz e jogando o coelhinho para o alto e depois o parando a mão para que ele não caísse no chão.

Masaki tinha assuntos a resolver com uma amiga que morava ali perto. Pediu que Ichigo a esperasse na pracinha, pois ele era alérgico a gatos e a amiga dela tinha uma coleção dos mais variados tipos dos felinos existentes.

O garoto se sentou no banco da pracinha, colocou o presente que segurava ao seu lado para poder jogar gameboy tranqüilamente.

Não muito longe dali uma menina de longos cabelos ruivos o observava atentamente. Murmurou "Kurosaki-kun" e apertou a barra da saia um pouco nervosa e com as bochechas rosadas, pensando se deveria ou não falar com ele. O que não fez.

- NÃO! Ei... Não... Morri de novo - disse Ichigo enquanto apertava compulsivamente os botõezinhos do jogo - já vou mamãe - respondeu ao ouvir sua mãe o chamando.

Ichigo saiu tão apressadamente que esqueceu o pobre e solitário coelhinho no banco da praça.

Passou correndo pelo portão da escola, antes que o porteiro pudesse fechá-lo e impedir sua entrada até o segundo tempo. Acenou para a mãe e ia em direção a sala de aula quando notou que algo estava faltando. Pensou por uns instantes e nada veio a sua mente, mas ele sabia que estava faltando algo... Algo branco e com uma cenourinha...

- O coelho! - gritou desesperado - eu perdi o coelho... NÃOO... E agora o que eu faço?

O garoto andava em círculos gritando "coelho".

"Maluco coitado" Pensou o porteiro.

- Você é Kurosaki Ichigo, né? Seu cabelo é inconfundível.

Ichigo confirmou com a cabeça.

"Coitado! Herdou a loucura do pai"

- Você está bem? - perguntou o porteiro duvidando da sanidade mental do garoto.

- CHOCOLATE! - respondeu Ichigo pulando de supetão.

"Pobre criança! Essa não tem mais salvação" O porteiro do colégio conclui sua teoria de que a loucura era hereditária. Pelo menos na família Kurosaki era.

O sorriso estava de volta a face de Ichigo. Havia resolvido seu problema. Daria uma barrinha de chocolate, que estava guardada em sua mochila, para Rukia.

Entrou na sala de aula pedindo desculpa pelo atraso e se sentando em seu lugar de costume, ao lado de Rukia.

- Bom dia! - ele cumprimentou baixinho a menina ao seu lado.

- Bom dia! - ela respondeu no mesmo tom.

A aula transcorreu normalmente até que os alunos foram liberados para a aula de educação física.

- Rukia-chan! - chamou Ichigo impedindo que a menina se juntasse ao aglomerado de alunos que se acotovelavam para sair da sala - espera!

- O que foi, Ichigo? - perguntou olhando o garoto procurar algo dentro da mochila.

- Eu trouxe...

Ichigo parou de falar quando notou o que estava segurando. Olhava entristecido o chocolate totalmente molenga em suas mãos, era praticamente líquido.

- Seu bobo! Você achou que seu chocolate não iria derreter?

O garoto murmurou um "uhum" sem nenhum entusiasmo quando se deu conta da sua ingenuidade.

- qual o problema, Ichigo? - perguntou Rukia olhando a expressão de desânimo na face dele.

- Han?... Nada. Vamos descer depressa - o garoto logo mudou de expressão e sorrindo puxou Rukia pelo pulso - Inoue, você não vai descer? A professora vai brigar. - disse ele para a única pessoa na sala além dos dois.

- Já vou descer, Kurosaki-kun - respondeu sorrindo.

O garoto apenas deu de ombros e continuou puxando Rukia pela mão.

Orihime, agora que estava sozinha, tirou da bolsa um lindo coelhinho branco de pelúcia.

- Kurosaki-kun... - murmurou beijando o pequeno bichinho e em seguida o encarando - seu nome vai ser... Jotebas! - disse ao coelhinho como se estivesse conversando com um ser vivo.

"Ele deve ter esquecido que hoje é meu aniversário. Ichigo é um baka-cabeça-de-vento... É só bater nele que fica tudo bem." Pensava Rukia enquanto era arrastada.

- Ai! - disse Ichigo ao sentir um tapa na nuca - por que fez isso? - perguntou fazendo bico.

- Por nada...

Ichigo num minuto desfez a cara emburrada e soltando o pulso da menina disse provocativo:

- Quem chegar por último é mulher do padre.

E saiu em disparada sendo seguido por Rukia.

- Ganhei! - anunciou uma animada e ofegante Rukia.

- Não vale! Você disse que meus sapatos estavam desamarrados.

- E você acreditou - respondeu mostrando a língua.

- Kuchiki e Kurosaki parem de enrolar e vão fazer as atividades que eu mandei. Isso não é hora para ficarem namorando - disse a professora se abanando com um leque.

- Eca! - disseram em unissímo.

- Ela é só minha amiga - esclareceu Ichigo, apontando para Rukia.

- Sei... Já tive muitos amigos assim... - a professora disse sentindo um calor incontrolável dentro de si e se abanando compulsivamente.

Ichigo despediu da amiga e foi ao encontro dos outros meninos para jogar bola.

Como das outras vezes, seu time havia perdido. E os garotos cabisbaixos se encaminharam para o vestiário, olhando sem entusiasmo o time vencedor entrar gritando e pulando dentro do recinto.

No caminho para o vestiário havia uma árvore, não muito alta, com uma única e solitária flor. Era muita sorte ter uma florzinha na árvore, já que não estava na época. As outras flores já haviam caído, sobrando apenas a solitária flor vermelha de miolo muito amarelo.

"Rukia-chan" Pensou Ichigo olhando para a flor.

Olhou em volta e viu que os garotos já haviam entrado no vestiário.

Olhou determinado para a flor. Decidiu que iria pegá-la sozinho para dar de presente para sua amiga.

Ichigo colocou um pé no tronco da árvore e o impulsionou para cima, abraçando a árvore em seguida para não cair. Fez isso sucessivas vezes até chegar ao galho onde descansava a bela flor. Esticou o braço para pegá-la, mas não alcançou. Tomou fôlego e mais uma vez esticou o braço. Sem sucesso Ichigo decide se aproximar mais alguns centímetros da ponta do galho.

Coração acelerado, um vento forte contra o rosto, um baque surdo de alguém batendo em algo duro são as últimas coisas que experimenta antes de sentir um ardor no joelho e se dar contar que estava no chão.

O garoto sentia uma dor terrível nos joelhos e nos braços. Seus olhos começaram a marejar, mas Ichigo se segurava para não chorar.

- Kurosaki-kun, você está bem?

- Han... Inoue? Eu estou ótimo - respondeu Ichigo com o rosto inchado de tentar prender o choro e tirando a poeira da roupa.

- Eu acho melhor você ir até a enfermaria...

- Não. Eu to bem já disse.

- Mas... Kurosaki-kun...

Ichigo despediu de Inoue com um aceno e foi em direção ao vestiário, mas não entrou. Sentou-se no chão soprando o joelho, que teimava em arder.

- Ei, Ichigo! Ouvi dizer que você levou um tombo feio - disse Rukia se aproximando.

- Eu só me desequilibrei - respondeu ainda soprando o joelho.

- Bobo! É melhor você passar remédio aí.

- Eu sou homem. Não preciso disso - disse o garoto se levantando e estufando o peito.

- Sei... Você não vai à enfermaria?

- Não.

Rukia soltou um suspiro cansado e pegou Ichigo pelo pulso. E não dando atenção às reclamações dele, continuou o arrastando até a enfermaria.

Poucos minutos depois o garoto saiu da lá com um curativo no joelho e parecendo mais contente.

A próxima aula seria de artes. Ichigo decidiu usar essa aula para fazer um presente para a aniversariante com suas próprias mãos.

Aula de educação artística estava saindo como planejado. A amiga morena desenhava coelhos horríveis distraidamente em uma folha, nem prestava atenção no que Ichigo fazia.

Ichigo fazia uma verdadeira obra de arte em sua folha. Seu desenho era composto por:
Um céu azul onde se lia "para Rukia-chan", um sol sorrindo e com olhos, uma árvore que chegava a tocar as nuvens, duas pessoas quase do mesmo tamanho da árvore, uma casa que também chegava a tocar as nuvens e vários coelhinhos no chão. Se não estivesse escrito Ichigo ao pé de uma das pessoas e Rukia na outra ninguém nunca saberia que aquelas pessoas ali desenhadas eram os pequenos.

O garoto contemplou orgulhoso seu desenho e se levantou para entregar seu presente para a amiga.

- Rukia-chan, feliz...

Um vento forte soprou fazendo com algumas folhas dos alunos voassem pela sala, inclusive a de Ichigo que não a segurava firmemente. Por azar o desenho do garoto foi o único que saiu pela janela.

- Meu desenho! - gritou saindo correndo da sala para ver se conseguia pegá-lo.

- Ichigo! - Rukia também gritou, correndo atrás do amigo.

- Kurosaki-kun... - Inoue sussurrou antes de sair correndo atrás dele também.

- Ei! Kurosaki volta aqui... Kuchiki, Inoue... Voltem - a professora tentava inutilmente impedir os alunos de sair da sala - Asano... Arre! Tudo bem. Turma liberada para o intervalo - ao olhar em volta a professora notou que era a única na sala de aula.

Ichigo olhava o horizonte onde via seu pedaço de papel voando com o vento. Cansado pela corrida ele senta no chão.

- Consegui pegar seu desenho, Ichigo? - disse Rukia ofegante.

O menino apenas negou com a cabeça.

- Depois você desenha outro - falou a menina tentando animá-lo.

- Mas é que... Aquele era especial

- Por quê? - perguntou curiosa.

- Bem...

- Kuchiki-san! - uma alegre ruiva vinha ao encontro dos dois - vem almoçar com a gente hoje?

- Ahn? Inoue... Hoje não dá, fica pra outro dia. - respondeu sorrindo.

- Mas você vai ficar sozinha na hora do almoço?

- Não se preocupe comigo. Eu tenho uma coisa pra fazer...

- Pode deixar eu fico com ela - interrompeu Ichigo.

- Kurosaki-kun, você não vai almoçar com o Keigo e os outros?

- Ah não... Keigo é muito chato.

Ao longe pode-se ouvir o dito cujo gritando um "eii", que foi ignorado por todos no pátio.

- Mas... Você vai ficar sozinho com a kuchiki-san? Todo mundo diz que vocês são namorados e...

Ichigo soltou uma gargalhada, assuntando tanto a ruiva quanto a morena.

- Eu... Namorar uma menina encrenqueira e baixinha - disse Ichigo limpando as lágrimas de tanto rir.

- Baka! - falou Rukia com a voz firme e lhe deu um soco no estômago, fazendo Ichigo cair no chão se contorcendo de dor.

Inoue sorriu mais abertamente murmurando um "entendi" e foi cantarolando em direção as outras meninas.

- Sua boba! Por que me bateu?

- Porque você é um burro e um idiota e... EU ODEIO VOCÊ! - disse Rukia pisando duro e indo em direção a grade do colégio.

- Nani? O que foi que fiz? - Ichigo parecia confuso. "Garotas são realmente complicadas", pensou.

Rukia apoiou sua mão na grade e se preparava para subir quando sentiu alguém puxando sua blusa.

- O que foi Ichigo? Já não disse pra você sumir daqui? - perguntou sem olhá-lo.

- Rukia-chan, você ta nervosa comigo?

A garota não deu atenção à pergunta do garoto e tomou impulso para poder pular a grade, mas mais uma vez foi impedida por uma mão que insistia em segurar-lhe a blusa.

- Não vou soltar você até responder a minha pergunta - disse um decidido Ichigo.

- Você disse que eu sou baixinha e encrenqueira - falou Rukia apontando um dedo acusador para ele.

- Mas você é mesmo - respondeu Ichigo com uma gota na cabeça - mas eu só disse aquilo pra Inoue não pensar que a gente tava namorando - completou, tentando proteger o máximo do corpo que conseguia com as mpequenas mãos, ao ver Rukia mais brava do que antes e prestes a bater nele mais uma vez.

- Baka! - disse tentando disfarçar um sorriso e olhando para Ichigo viu que ele sorria abertamente.

- Não precisamos ser namorados porque somos amigos né? - o garoto sorria e coçava a bochecha - namorados se beijam - completou torcendo o nariz.

- Ahn? Qual o problema? Beijo é somente um cumprimento.

- Não é não!

- É sim!

- Não. Beijar é colocar a língua na boca de outra pessoa. - disse o ruivo sabido - Você nunca viu televisão não?

- Não é não!... É um cumprimento - disse Rukia convicta.

- Como quiser - falou o garoto com uma gota na cabeça - o que você ta fazendo? - perguntou ao ver Rukia se preparar para pular a grade do colégio.

- Vou ver meu irmão - respondeu a menina já do outro lado da grade.

- Seu irmão é da sexta série, não é? Você é doida! Não podemos passar pro outro lado do colégio.

- Não se preocupe! Eu já fiz isso antes.

- Então me espera, eu vou junto com você.

- Ora ora, olha quem ta ficando corajoso.

- Eu SOU CORAJOSO! - disse Ichigo pulando a grade e franzindo o cenho.

Rukia apenas mostrou a língua brincalhona.

Correram por entre aquelas pessoas que, para eles, pareciam tão mais altas.

A garota olhava por todos os cantos onde provavelmente estaria seu irmão. Encontrou-o sozinho sentado sob a sombra de uma árvore com a mesma expressão séria de sempre.

- Nii-sama! - gritou indo até ele. Ichigo foi logo atrás.

- Rukia! Eu já disse pra você não vim aqui. Você conhece muito bem as regras do colégio - disse numa voz firme e sem olhá-la.

A garota não respondeu. Apenas olhou para baixo e tirou um papel dobrado de dentro do bolso do uniforme, entregando-o ao irmão. Ele pegou o papel e guardou no bolso do próprio uniforme.

- Pode ir agora. Se o monitor te pegar aqui você vai acabar levando uma detenção.

- Hai! - respondeu com um sorriso tímido nos lábios.

A pequena concordou. Uma detenção significaria uma semana sem assistir seu desenho favorito "chappy", além de uma grande bronca da mãe.

- Byakuya-san! - disse uma menina muito bonita se aproximando - trouxe suco de maça, era o único que ainda tinha.

A menina entregou a Byakuya uma caixinha de suco. Reparou nas duas outras pessoas ali presentes.

- Rukia-chan! - falou apertando Rukia num forte abraço e beijando-lhe a face.

- Como vai, Hisana-san? - perguntou a menina um pouco envergonhada.

- Eu to ótima - respondeu passando as mãos pelos cabelos de Rukia - e você tá linda como sempre. Quem é seu amiguinho?

- Sou Kurosaki Ichigo - apresentou-se Ichigo.

- Hum... Nome legal. Significa...

- Moranguinho - interrompeu Rukia sorrindo.

- Isso mesmo! - concordou Hisana também sorrindo.

- Nada disso! Significa "protetor" - respondeu olhando emburrado para a cara de diversão das duas garotas, mas logo desfez a expressão.

Hisana parou de rir e se sentou perto de Byakuya, sob a árvore.

O garoto ficou sem jeito em tê-la tão próxima assim, suas mãos só não se encontravam por questão de centímetros. Mas ele não deixou transparecer seu nervosismo, continuou com sua expressão habitual de seriedade.

- Um presente pra você, Rukia-chan! - disse mexendo no bolso da saia e entregando um saquinho de doce para Rukia.

- Obrigada! - agradeceu, abrindo o saquinho onde havia vários doces e um bilhetinho de "feliz aniversário".

- Não sabia que você era fã de RBD - disse Hisana se virando para Ichigo.

- E eu não sou.

- Então porque pintou o cabelo de laranja?

- Meu cabelo é natural - respondeu Ichigo passando a mão pelos cabelos.

Byakuya apenas observava a situação sem se pronunciar. Furou o buraquinho da caixinha de suco e o tomava a goles pequenos.

- O sinal já vai tocar. Vão pra sala de vocês. - disse ele, finalmente se expressando.

- Sim, nii-sama!... Hum... Tchau, Hisana-san.

- Tchau, Rukia-chan - falou Hisana sorridente - e tchau pra você também - completou se referindo a Ichigo e entregando a ele seu suco de caixinha, que ela nem havia aberto.

Ichigo pegou a caixinha e a olhou intrigado.

- Você só tem que agradecer, moranguinho - brincou Rukia ao ver a cara curiosa do garoto.

- Meu nome não é moranguinho.

Olharam-se por uns instantes e depois mostraram a língua um para o outro.

Rukia deu alguns passos e se virou ao ouvir seu nome ser chamado. Ichigo, distraído, nem percebeu e continuou andando.

- Rukia! - Byakuya a chamava com a voz demasiada grave para um menino da sua idade.

Ela voltou até onde o irmão estava.

- Pra você! -disse ele estendendo uma caixinha perfeitamente pintada.

Rukia olhou o presente encantada. A caixinha era toda pintada de roxo claro com uns detalhes brancos nas bordas e com um coelho desenhado na tampa. Dava para perceber que a caixinha foi feita a mão, mas dentro da mesma havia uma pequena almofada vermelha com uma linda tornozeleira dourada.

- Obrigada, nii-sama - agradeceu um pouco corada, olhando nos olhos do irmão. Estava feliz.

- Ei, Rukia-chan! - gritou Ichigo de longe - vem.

Byakuya observou a irmã correr até onde Ichigo estava. Olhou a caixinha de suco em sua mão, balançando-a e constatou que ainda havia bastante suco ali dentro. Estendeu a caixinha à Hisana, dizendo:


- Suco de maça é gostoso mesmo.

- Ahn? Não precisa me dar seu suco, Byakuya-san - disse sorrindo.

- Você deu o seu pra aquele garoto. Toma o meu, senão você vai ficar com sede.

- Obrigada! - falou pousando sua mão sobre a dele - Rukia-chan tem sorte de ter você como irmão.

Byakuya sentiu o coração bater mais forte ao sentir a mão dela sobre a sua. Observou a menina ao seu lado tomar o suco alegremente e observar o céu distraidamente. Estava feliz em tê-la ao seu lado, mesmo ela insistindo estupidamente que as nuvem eram feitas de algodão.

Ichigo e Rukia chegaram do outro lado do colégio sem que ninguém os notasse. Foram conversando até o playgraund da escola.

- Rukia-chan, eu já contei que vou ganhar outra irmãzinha?

- Umas 10 vezes...

- Eu perguntei pra minha mãe de onde vem os bebês e ela não quis me falar.

- Você é baka mesmo, Ichigo. Todo mundo sabe que eles vêm da barriga das mães deles.

- Sério? E como eles vão parar lá dentro.

-Hum... – disse Rukia pensativa – boa pergunta! Sei lá, mas deve ser algo que elas comem...

Ichigo ficou pensativo também, mas logo sua atenção foi desviada para o balanço. Não teriam mais aulas em sala nesse dia então poderiam brincar até a hora de irem embora. Puxou a amiga pela mão, a sentou no balanço e começou a empurrar.

A hora de ir embora chegou. A maioria das crianças já haviam ido embora. Sobraram umas poucas, que esperavam pelos pais.

Ichigo e Rukia, que estavam brincando de pique-pega enquanto esperavam para serem levados para casa, deitaram na grama cansados.

- Você corre bastante – disse ele enxugando o suor da testa.

- Sei disso – falou ofegante a menina.

O garoto de repente lembra que não tem absolutamente nenhum presente para dar de aniversário para sua amiga. Olhou para o céu pensativo.

É. Talvez desse certo... Na televisão sempre dá. Era o que passava pela sua cabeça enquanto olha de esguela a amiga.

- Rukia-chan – o menino chamou, aproximando o rosto do dela – feliz aniversário!

Antes que Rukia pudesse dizer alguma coisa Ichigo colou seus lábios no dela, lhe dando um selinho. Ouviram um barulho estalado quando separam suas bocas. Ele sorriu e saiu correndo deixando uma Rukia intrigada para trás.

"Por que o Ichigo tá me cumprimentando?"

Byakuya apareceu no portão procurando pela irmã. Assim que ela o viu, pegou sua mochila e foi até ele.

- Nii-sama, beijo é um cumprimento não é? – perguntou Rukia um pouco receosa.

- Depende.

Ele olhou para os dois lados da rua, pegou a mão da irmã e então atravessou.

- Nii-sama, por que as pessoas se beijam? – insistiu na pergunta.

- Quando duas pessoas se gostam, elas se beijam.

- Ham... Você já beijou a Hisana-san?

- Rukia! Quieta! Você pergunta demais. - ele virou o rosto para esconder as bochechas rosadas.

Foram em silêncio pelo resto do caminho. Rukia ainda não entendia o porquê de Ichigo tê-la cumprimentado naquela hora. E também Byakuya não era a pessoa mais indicada para conversar sobre isso.

A sensação do presente era boa. Era suave, dava vontade rir e parecia a ela que alguém fazia cócegas em sua boca.

Esse dia apenas serviu para confirmar o que a pequena já sabia: que Ichigo era muito esquisito. Mas... Ela não reclamaria de ter outros presentes desse com ele.


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Notas finais do capítulo

Sim, aqui Hisana não é irmão da Rukia xD

Bom galere, it's over. Espero que todos tenham gostado.

=*