Capítulo X – Hoje eu mato uma fada!

POV Bella 

Argh! Por que ele tinha esse efeito sobre mim?! Por que eu simplesmente não acabava com a sua raça e me via livre daquele ser repugnante? Por que toda vez que eu o olho meu coração bate em falso, eu sinto meu corpo mole, minha boca seca e louca por um beijo seu? Por que meu corpo parece querer grudar no dele como um imã na geladeira? Por que eu ainda o amo?!

Alice é uma fada do mal! Como pode fazer isso comigo? Ela é a única que sabe como eu ainda sofro por causa dele e mesmo assim armou um jeito de trazê-lo para perto de mim! Estou louca de vontade de dar umas belas palmadas naquela vidente de araque!

Argh! Argh! Argh! Mil vezes Argh!

Ela passou de todos os limites possíveis, será que os outros também sabiam? Não, não, do jeito que aquela tampinha é, tenho certeza que armou tudo sozinha. Intrometida! Abelhuda! É hoje que eu mato uma fada!

Continuei correndo pelos corredores do colégio, sentindo as lágrimas em meu rosto, a raiva que estava sentindo de mim, de Edward, de Alice, dominou meu sistema nervoso e eu soluçava alto fugindo de mim mesma, fugindo de meu coração que está prestes a explodir.

- Hey! Bella espera! – gritou a voz de meu amigo e eu parei de correr, mas não me virei para fita-lo.

Tentei a todo custo fazer as lágrimas pararem de pular de meus olhos, mas confesso que estava difícil de mais. Limpei meu rosto com a manga de meu casaco e controlei meus soluços, respirando fundo.

Caio pôs uma mão em meu ombro e eu perguntei em um fio de voz.

- Foi por isso que disse para eu não ir para a aula?

- Quando eles se apresentaram eu logo liguei os pontos... – explicou calmamente.

- Eu vou embora. – sussurrei.

- Faça isso, vá para casa e coloque a cabeça em ordem, se quiser vou contigo.

- Não, eu vou embora dessa cidade. – disse e ele segurou forte meus ombros e me virou para ele.

- Está louca? – perguntou quase gritando, mas logo deixou seus olhos caírem quando viu meu rosto molhado e meus olhos se enchendo de lágrimas novamente. – Bella, me escuta ta? Eu sei que está difícil agora, mas você vai permitir que ele estrague sua vida desse jeito? Olha, as coisas passam, o tempo cura. Não pode fugir toda vez que ele chegar perto. Uma hora vai ter que enfrentá-lo para poder conseguir seguir em frente.

As lágrimas já rolavam pela minha face e ele me abraçou, forte.

- Não sabia que gostava tanto assim dele. – murmurou e eu segurei as lágrimas, meu amigo não merecia que lhe estragasse a camisa, por causa dele.

Funguei e olhei seu rosto preocupado.

- Vou pra casa... Pensarei no que me disse e depois te mando uma mensagem. – disse com a voz meio engasgada, ele apenas assentiu e me soltou para que eu seguisse meu caminho. – Ah! E não brigue com ele! – adverti, não queria meu amigo com os ossos da mão em migalhas.

- Não se preocupe, não vou me meter na briga de vocês. – disse dando de ombros e então ele voltou para a sala e eu assim que virei em um corredor vazio olhei para os lados me certificando que não havia ninguém.

Ser bruxa ajudava muito na hora de escapar de momentos dos quais não queríamos viver. Fui para casa em uma espécie de tele transporte. Não chegava a ser um tele transporte, pois eu não desaparecia de um lugar e aparecia em outro simplesmente. Eu entrava em uma velocidade maior que a de um vampiro, algo realmente surreal. Para quem via de fora, enxergava uma espécie de nevoa extremamente branca. Isso era muito útil nas lutas contra os bruxos das trevas, porém eles também conseguiam fazer isso, mas em vez de nevoas brancas, são nevoas negras.

Assim que cheguei em casa desabei no chão, meu peito queria explodir e eu tentava a todo custo segura-lo dentro de mim. Chorei desesperada. Essa reação foi tão forte que meu corpo reagiu aos soluços de uma maneira descontrolada.

Eu não conseguia mais respirar, e tentava puxar o ar do fundo de meus pulmões e isso me provocou uma ânsia incontrolável. Com as ultimas forças que tinha em meu corpo corri para o banheiro e abracei o vazo.

Quanto tempo fiquei ali? Eu não sei. Estava desesperada de mais para prestar atenção no tempo.

POV Edward

- Nossa por que Bella estava brava com você? – perguntou a garota chamada Drica para minha irmã que sorriu dando de ombros.

- Digamos que eu não avisei que eu e minha família estudaríamos aqui. – explicou a baixinha. – Principalmente meu irmão. – bufei.

- Você merece belos tapas por isso. – disse me encostando em minha carteira que ficava na parede.

- Não seja chato Ed. – Alice fez bico e eu revirei meus olhos.

- Quer dizer que nem seu irmão sabia que vinha estudar no mesmo colégio que ela? – perguntou o garoto loiro... Erick, bastante curioso.

Minha irmã sorriu mostrando seus dentes brancos em uma expressão de triunfo.

- Nem ele nem meus outros irmãos e nem meus pais... Digamos que eu os convenci para virmos para cá, mas não disse exatamente o motivo. – ela olhou para mim que baixei a cabeça massageando minhas têmporas.

A expressão de ódio de Bella não saia de minha cabeça e depois seu choro e sua corrida... Será que ela está bem? Quando o garoto que saiu atrás dela voltou com uma expressão preocupada, Drica e Patrícia quase pularam nele para saber onde sua amiga estava.

- Hey Caio, cadê ela? – perguntou Fernando.

- Ela foi para casa. – murmurou ele.

- Vocês brigaram de novo? – perguntou Guilherme, seu tom era especulativo e Caio revirou os olhos.

- Já disse que ela é apenas minha amiga... E só para a informação de vocês, quando ela entrou nesse colégio ela já tinha namorado. – ele então olhou para mim rapidamente me analisando, pelo jeito era o único que sabia quem eu era.

- Não acredito! Aquela vaca nunca contou para a gente! – quase gritou Patrícia e Alice riu.

- Por um acaso perguntou a ela?

- Não, mas... Poxa isso se conta para as amigas né?

- Então aquele anel em seu dedo não era apenas um anel, e sim uma aliança! Nossa! Quem diria hein? Bella com namorado. Por isso nunca deu chance para os garotos daqui. – Drica riu quando terminou de falar.

Automaticamente levei minha mão até a aliança de Bella que estava pendurada em minha corrente, a minha ainda estava em meu dedo. Não via razão para tirá-la já que nenhuma outra garota me interessou depois que minha bruxinha me deixou. Caio foi o único a prestar atenção em meu movimento e o vi bufar e então sentou em minha frente.

“Não acredito que vou fazer isso!” – pensou ele.

- Olha, er... Não desista dela. – disse ele e eu olhei sem entender.

O garoto nem me conhecia e estava falando isso, sinceramente não entendi. Todos estavam em um papo animado agora sobre alianças e compromissos e não perceberam nosso assunto paralelo.

- Sinceramente eu devia estar enfiando a mão na sua cara agora, mas... Bella te ama... Então... Devolva o sorriso de minha amiga. – minha boca se abriu levemente e então abri um sorriso.

- É o que eu mais quero. – disse sincero e ele sorriu para mim como se aprovasse minhas palavras, mas o sorriso de meus lábios desapareceu. – Mas não sei se ela vai querer voltar para mim.

- Não sei o que aconteceu entre vocês, ela não quis me contar... Mas seja lá o que for não acabou com o sentimento que ela tem por você e pelo jeito nem o seu por ela... Bella é jogo duro, mas se insistir ela cansa. – com suas palavras abri um grande sorriso e ele fez careta. – Cara esse papo está muito gay, e eu nem te conheço.

Eu ri baixo com suas palavras e então estendi a mão.

- Não se preocupe com isso... Valeu cara. – disse sinceramente e ele retribuiu o cumprimento fazendo aquele barulho de quando fica ar entre as mãos.

- Vai me dizer que se conhecem também? – cruzou os braços Patrícia com um olhar interrogatório para Caio que sorriu de um jeito forçado.

“Não te interessa loira burra!” pensou e eu segurei o riso.

- Não, mas acabamos de nos conhecer, quer conhecê-lo também? Edward loi... Patrícia, Patrícia Edward. – apontou a mão para nós e eu quis rir, mas a loira, quer dizer, Patrícia olhou monotonamente para ele.

- Engraçadinho.

- Sempre meu bem. – ele apertou o nariz dela que grunhiu de raiva e então levou a mão do bolso olhando uma mensagem no celular e depois sorriu.

Caio virou para mim e então disse.

- Cara, boa sorte... Você vai precisar. – e então riu em quanto eu o olhava sem entender nada.

A professora de Artes que estava atrasada chegou correndo e mandando que todos se unissem nos grupos para fazer o trabalho, rapidamente aqueles que vieram falar conosco nos chamaram para fazer parte de seu grupo... Er... Tenho a leve impressão de que Bella não vai gostar disso.

POV Bella

Depois de devolver tudo o que tinha no meu estomago eu fui tomar um banho e escovar meus dentes, estava me sentindo fraca, com o corpo mole. Mas em quanto a água escorria pelo meu corpo eu comecei a pensar no que meu amigo me disse.

Eu não podia mais fugir dele, fingir que nunca existiu. O que aconteceu entre nós foi muito forte e acho que não é algo que se apague com o tempo, sinceramente eu não sei se um dia o esqueceria. Infelizmente o tempo não cura todas as feridas. Mas também não podia permitir a mim mesma de mudar a minha vida por que ele apareceu. Não está certo, e meu orgulho não me deixa fazê-lo. E talvez Caio estivesse certo, talvez eu precisasse enfrentá-lo para poder seguir em frente.

É exatamente isso que farei, minha vida vai virar um inferno convivendo com Edward, mas pode ter certeza que a dele também vai virar, e eu vou me prontificar a fazê-lo sentir na pele a acidez de uma vingança... E eu usaria os pontos fracos de meu querido ex-namorado... Sedução e indiferença.

Sai do banho sorrindo, coloquei uma roupa soltinha e me joguei na cama pegando meu celular e mandando uma mensagem para meu amigo.

De: Bella

Para: Caio

Você tem razão... Não vou deixá-lo transformar minha vida em um inferno... EU vou transformas a vida dele num inferno antes... E pode ter certeza que usarei minhas melhores armas ;*

Ele não me respondeu, mas tenho certeza que riu com as minhas palavras. Edward vai descobrir da maneira mais dolorosa o que ele perdeu.

Fui para a cozinha e tentei comer algo, mas foi só sentir o cheiro de algum alimento que a ânsia voltou. Corri para o meu quarto e abri a janela sentindo o ar puro entrar em minhas narinas, antes que eu abraçasse o vazo sanitário novamente. Existe coisa mais nojenta que vomitar?

Deitei na cama respirando fundo e acabei cochilando e só acordei quando Sirius bateu em minha porta.

- Entra.

- Er... Você está...

- Bem? Sim estou muito bem obrigada. – ouvi meu amigo suspirar.

- Eu vi os...

- Viu os Cullens no colégio e veio saber como eu estava me sentindo já que a corna encontrou o ser que a córneo não é?

- Credo que bicho te mordeu?

- O bicho da vingança. – disse finalmente o fitando e ele fez negativo com a cabeça.

- Eu sabia que isso ia acontecer... Só Bella, tome cuidado para não machucar mais seu coração do que ele já está. – dizendo isso Sirius fechou a porta.

Machucar-me mais? Impossível.

Levantei em um salto e me arrependi no exato momento já que a minha pressão baixou rapidamente e eu senti meu corpo mole, como se eu estivesse prestes a desmaiar, deitei na cama e após respirar fundo levantei, só que agora devagar e segui para a sala.

- Você está bem? Esta mais branca que papel. – Siriú estava na mesa da sala corrigindo alguns trabalhos escolares.

- Minha pressão baixou, deve ser por que não pus nada no estomago dês de cedo. – respondi indo até a cozinha e pegando uma maça.

[...]

A campainha tocou eram cerca de 20:30, e ao abrir a porta eu bufei.

- Vai embora Alice, não quero proibi-la de entrar em minha casa também.

- Antes de me expulsar ou me dar alguns tapas, venha comigo até a praça... Uma conversa é o que proponho. – disse ela em tom formal e eu franzi a testa.

- Ok Alice, eu só vou porque eu nunca a vi usando esse tom sério antes. – disse pegando minha bolsa e mandando um beijinho para Sirius que ainda analisava os trabalhos de seus alunos.

Segui em silêncio com ela até a praça principal, o que é muito estranho. Alice nunca conseguiu ficar muito tempo sem falar.

Olhei a estatua no meio da praça e lembrei-me da história que meus amigos comentaram que um bêbado tinha se abraçado nela e até gritado para o mundo parar que ele queria descer. Eu com certeza teria me matado de rir se visse essa cena.

Sentamos no banco de madeira da praça e ela me olhou com cara de choro.

- Ah, por favor, Alice. – pedi antes que ela me convencesse com aquela carinha de cão sem dono.

- Não Bella, me escuta é sério... Olha eu posso até ser intrometida, querer sempre que as coisas saiam como eu quero, mas dessa vez não é essa a questão. – disse ela olhando para as suas mãos.

- Qual a questão então fadinha? – perguntei após um suspiro, eu não conseguia ficar brigada com Alice.

- Eu não agüentava mais vê-los desse jeito Bella. – ela espremia uma mão na outra e olhava para frente. – Dês de que tudo aconteceu com vocês... – engoli em seco, eu não estava preparada para falar sobre isso, depois que ela e Rose saíram lá de casa eu tranquei todos esses sentimentos em meu peito, por isso toda noite eu choro, por isso sinto como se meu coração fosse explodir em tristeza.

- Ali... – gemi sentindo minhas lágrimas querendo se apoderar de meus olhos.

- Por favor, eu preciso desabafar... – pediu olhando em meus olhos intensamente e eu apenas assenti. – Dês de que você e meu irmão terminaram eu perdi os dois... Você se tranca dentro de si mesmo e sofre em silêncio, chora todas as noites... Bella eu vejo! E é sempre a mesma coisa... Edward está tão mal quanto você, meu irmão não tem mais vida, não sorri, não reage! E essa situação de vocês dois está me deixando louca, eu vejo minha amiga e meu irmão definhando ao mesmo tempo! Tem noção de como é isso? Desculpe-me se me precipitei em armar esse plano, mas eu não agüentava mais vê-los dessa maneira! No fim pode-se dizer que é puro egoísmo meu, mas eu não me importo! Não me importo mesmo, por que eu sei que no final vocês vão ficar bem. Se estarão juntos ou não, eu não tenho certeza, mas eu quero a vida de novo nos olhos de meus irmãos. – Alice agora me olhava com sua face miúda molhada por lágrimas sinceras, do mesmo jeito que eu.

- Você é uma fada do mal Alice, mas eu só vou te perdoar porque estava sentindo muito a sua falta e de seus irmãos. – disse rindo entre o choro e ela me abraçou.

- Que bom que está de volta Bellinha! – gritou ela em meu ouvido e eu quase fiquei surda e então se separou de mim com um sorriso largo nos lábios.

Eu fiz negativo com a cabeça sorrindo e então ela pulou me puxando pela mão.

- Então me conta tudo! O que está planejando hein?

- Oi?

- Ora, não me enrole! Eu vi seu olhar determinado hoje à tarde! E que história é essa de vingança... Hun, já vi que vou me divertir! Mas Sirius está certo quanto a tomar cuidado para não se machucar... – Alice é sempre Alice.

- Não vou contar a você, só posso te dizer uma coisa. – fiz suspense a olhando e ela balançou a mão ansiosa pelo o que eu iria falar. – Cansei de chorar, cansei de ficar parada. Agora eu vou agir! – disse séria e seu semblante se tornou preocupado.

- Bella, minha amiga, minha irmã... Tome cuidado, não quero te ver sofrer mais.

- Impossível ficar pior Ali. – dei de ombros e seguimos papeando até a minha casa.

Tenho que admitir que eu estava feliz por Alice estar aqui comigo, é bom conversar sem ter que tomar cuidado com suas palavras.

- Do jeito que você reagiu hoje de manhã pensei que não estava feliz em me ver. – fez bico a baixinha e eu a abracei de lado.

- É claro que fiquei sua chata... Mas podia ter me visitado sem a companhia do...

- Ok, ok... Mas o Jazz nos disse para dar um tempo a você e tals.

- E dês de quando você segue alguma coisa que dizemos? – ergui uma sobrancelha e ela gargalhou.

- É tem razão... Todos estamos sentindo sua falta, Esme e Carlisle também estão mortos de saudades.

- Qualquer dia desses eu faço uma visita, dês de que...

- Meu irmão não esteja em casa.

- Exatamente! – sorri e ela suspirou.

- Preciso ir, tem gente querendo me matar em casa.

- Se esconda em baixo do tapete, ninguém vai te achar lá. – brinquei e ela me olhou monotonamente.

- Háhá! Deixa eu ir enfrentar as feras. – disse ela me dando um beijo na bochecha e saiu saltitando para a sua casa.

Entrei no meu apartamento e fui direto dormir, eu estava me sentindo um caco, mas o cansaço não afastou as lágrimas que insistiram em cair. Como se isso fosse minha rotina. E o pior é que virou rotina!

[...]

Acordei com despertador e tive vontade de jogá-lo na parede, parece que não descansei nada de ontem para hoje. Acho que os pensamentos de vingança me deixaram um pouco... Tensa.

Tratei logo de levantar e após um banho rápido e colocar um roupa legal para o colégio, fui até o banheiro e fiz uma leve maquiagem tentando esconder minhas olheiras como todos os dias, o que sinceramente não adiantava muito. Aproveitei e passei o lápis o deixando bem preto em meus olhos, destacando-os de uma forma sedutora. Nada de maquiagem emo, aquilo me da à impressão de tristeza, solidão e não é essa a imagem que quero passar. E também não fiz nada exagerado, afinal eu ia para a escola e não para uma boate!

Olhei-me pela ultima vez no espelho e segui para o colégio. Que os jogos comecem!

Fim do Capítulo.