Protège-moi de Mes Désirs escrita por missxXxnovocaine


Capítulo 2
Capítulo 1 // 2º parte - Early Sunsets Over Monroeville


Notas iniciais do capítulo

COMENTARAAM! *O*Brigada, gente. XDD



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Capítulo 1 // 2º parte - Early Sunsets Over Monroeville

   Eles chegaram perto do anoitecer do dia seguinte, ainda zonzos por tanta mudança em tão pouco tempo. A casa era espaçosa, cada um dos filhos de Jamia tinha seu próprio quarto. A paz que parecia habitar o quintal dos Nabokov não exercia papel ou fazia diferença alguma dentro da casa de parentes indiferentes. Jamia pediu que Gerard e Mikey fossem se adiantando e entrassem logo em casa, já que, provavelmente, não haveria ninguém lá dentro e por isso motivo algum para se acanharem. Enquanto ela seguiu para os fundos da casa, o mais velho se adiantou, assim como ela havia pedido, e entrou na casa da tia, tendo Mikey aos seus calcanhares. Na mesma hora em que puseram os olhos pelo interior do que eles a partir dali chamariam de lar, a idéia que eles tinham daquela família como a família perfeita desabou como um frágil castelo de cartas atingido por uma rajada de vento. Uma morena alta, de olhos verdes, cabelo liso, longo e rosa-choque e feições parecidas com a de Jamia discutia com um jovem homem baixo, e bonito, muito bonito, assim como a garota. Eles aparentavam ter quase a mesma idade, por volta dos 16, 17 anos. O garoto interrompeu a briga, acenando para a menina que segurava com força a almofada vermelha de camurça, pedindo para que ela parasse, já que havia dois estranhos na porta de casa. Lolita apenas mudou a expressão de fúria para surpresa.
-  "Awww, quem são vocês?" - Frankie, o belo garoto que segurou a atenção de Gerard, indagou, completamente desconfiado.
O garoto, ainda paralisado não conseguiu responder nada que fizesse sentido. Mikey pediu licença e passou a frente do irmão, indo apertar a mão de Frankie e cumprimentar a garota, que permanecia paralisada, assim como Gerard:
-  "Erm, olá. Sou Mikey Way e este é meu irmão, Gerard. Sua mãe nos trouxe aqui já que nossa avó..." - o pequeno garoto não conseguiu completar a frase, era completamente estranho falar aquilo e perceber que por pouquíssimos minutos pôde desviar sua atenção daquilo. Tentando contornar a situação, Lolita tentou fazer com que os meninos sentassem na poltrona e iniciarem alguma conversa:
-  "ah sim! Jamia me avisou!" -  disse ela, tentando quebrar o silêncio. - "Sou Lolita, filha dela. Prazer e tudo o mais. Este acéfalo é Frankie, meu irmão." - a menina sorriu e virou-se para Gerard, tentando forçar um sorriso surpreso - "Cruz credo... Você parece ser filho da minha mãe. Parece bem mais com ela do que eu."
Ele tentou desviar os olhos de Frankie e Mikey e prestar a atenção no que ela falava:
- "Eu sei... Sua mãe se parece muito fisicamente com a minha..." - respondeu, sem pensar muito no que estava falando.
   Jamia estava tentando achar um lugar confortável para os dois ficarem, porém em vão. Ela teria que tirar seus filhos do quarto, e isso era fato. Ou colocava Frankie do quarto de Lolita para os Way terem seu próprio quarto, ou colocava um dos Way com Lolita, e o outro com Frankie. Ela sabia que pôr alguém no quarto de seu filho seria fácil, já que ele s.e.m.p.r.e. se relacionava bem com as pessoas. Já no caso da menina a coisa seria completamente diferente. Ela simplesmente odiava ter alguém passando dos limites e invadindo sua privacidade constantemente. Porém daquela vez ela teria que entender....
   Mikey e Gerard já haviam deixado suas malas de lado e tentavam empurrar algo para o estômago, já que não comiam muita coisa haviam quase dois dias. Frankie parecia se enturmar muito bem com Mikey, bem até demais. Mas entre o Way mais velho e Lolita pouca conversa era travada e pouca coisa vinda dos dois era ouvida. Gerard tentava esquecer a falta da Avó e o medo de estar em um lugar totalmente novo para agir como alguém normal, além de ter de permanecer com seu velho casaco de flanela e assim tapar seus recentes cortes. Ao ver a garota pela primeira aquilo havia sido a primeira coisa que reparou nela: o casaco. Lolita puxava as mangas nervosamente, aparentando estar tentando tapar alguma coisa. Talvez aquilo fosse algo de família.
   A Sra. Nabokov entrou na sala silenciosamente, observando o circo que ali havia se formado: um falsamente animado Frankie tentava contagiar um tímido e triste Mikey, ambos no canto da sala, próximos a bela janela de madeira da cor mogno, que combinava perfeitamente com o ambiente meio creme, amarelado com detalhes vermelhos e tudo o mais... Porém na confortável poltrona vermelha de almofadas soltas dos Nabokov, estavam Lolita e Gerard, fechados demais dentro de seus próprios mundos para tentarem falar um com o outro. A garota estava jogada no canto direito da poltrona, observando a forte chuva que caía lá fora, e possuíndo nos olhos o que sempre mantinha: o ar triste e vazio. O garoto estava sentado na ponta esquerda, aparentando estar envergonhado ou coisa que o valha. Ele estava realmente tenso, olhando para seu tênis, enquanto tentava manter uma determinada distância da menina desleixada.
   Jamia fez menção de voltar para a cozinha quando foi vista por Lolita:
-  "Olá mamãe..." - disse a menina, com o falso carinho de sempre, acenando de seu lado da poltrona. Gerard se levantou rapidamente e cumprimentou a tia:
-  "Posso ajudar a senhora em alguma coisa?" - e estendeu sua mão a ela, fazendo parecer que não se viam há décadas. A jovem mulher apenas respondeu, sorrindo:
-  "Não quero parecer estar mandando todos para os quartos, mas é melhor decidirmos logo onde vocês irão ficar..."
-  "Eu com cer.te.za. não quero dormir junto com a Lolita, ela não pára quieta!" - interrompeu Frankie, fazendo sua irmã soltar um suspiro de um misto de desgosto e cansaço.
-  "Foi isso o que pensei. Então você fica com Gerard em seu quarto, está bem? E Mikey dorme com Lolita."
   Todos pareceram concordar, mas nenhum demonstrou que era aquilo que realmente queriam ou esperavam como decisão. E o pôr do Sol logo se concluiu em Monroeville e os "hóspedes" e habitantes foram obrigados a ir cada um para seu quarto "antes que Ray chegasse de reclamasse de algo que não cheirasse ao rabo dele", como a caçula dos Nabokov reclamou para os outros meninos. Porém nenhum deles se sentiu bem com o companheiro de quarto. Gerard, sempre calado, acabava por deixar o tagarela Frankie ou falando ou sozinho ou "boiando" com respostas sem lógica. Logo ao chegar a seu quarto, Lolita se trancou novamente em seu mundo e simplesmente se manteve a escrever em seu misterioso caderno por tempos e tempos. Misteriosa em excesso talvez fosse a única coisa que Mikey conseguia pensar sobre ela. Depois de tanto se sentirem completamente deslocados, a única pessoa a ter coragem de levantar a bunda e fazer algo foi o espevitado do Frankie, que entrou sem mais nem menos no quarto de Lolita junto com Gerard e saiu de lá com Mikey, deixando o garoto desconcertado diante do olhar curiosa da calada garota. Tentando quebrar o gelo, Gerard sentou no colchonete posto ao lado da cama de Lolita, já que não havia muito espaço no sombrio quarto, já ocupado com computador, piano, guitarra e violão...
-  "Você toca tudo isso?" - disse ele, de seu colchonete, tentando se cobrir com o cobertor azul.
-  "Hunhum!" - e foi só isso que se foi ouvido dela por volta de 6 minutos, até que ela se levantou, com os olhos vermelhos e se trancou no banheiro de seu quarto. Depois de um bom tempo por lá, Lolita voltou com o braço esquerdo envolto em uma toalha branca, manchada de sangue. Gerard chegou a começar a falar, mas logo foi interrompido pela menina:
 -  "Ray logo arranjará uma cama para ti e Mikey. E, erm, eu sei como você está se sentindo e nem tente abrir a boca para dizer que eu não tenho idéia pq eu tenho, ok? E se você quiser pode tirar o casaco, não é novidade alguma pra mim alguém fazer isso. E, por favor não conte pra minha mãe o que viu, já que ela sequer faz idéia sobre o que eu já fiz na vida ou ainda faço..." - na altura do campeonato, ela já estava chorando, quebrando a aparência de ser tão forte. Sentada na cama, apertando os cortes com força para estancar o sangue, Lolita percebeu que não era a única a estar perdida naquele quarto ou apenas chorando como alguém de fora se visse a cena, diria.
-  "Você corta muito próximo do pulso e em diagonal. Pode acabar morrendo assim." - advertiu o garoto, logo após ter tirado o casaco e se cobrir novamente, para depois secar as insistentes lágrimas que brotavam de suas vistas.
-  "E alguma coisa como essa importaria se eu já estou morta?"
-  "Se estivesse morta garanto que não estaria falando comigo e muito menos sangrando." - tentando reunir coragem para enfiar isso na cabeça da garota, pois ninguém naquela família precisava de mais uma pessoa morrendo, muito menos ele. Ao pensar sobre isso, foi ainda mais difícil abafar o que relutava em fazê-lo desabar.
-  "E alguém nota que estou sangrando? Alguém por acaso se importa se eu morrer? Palavras não mudam merda nenhuma de coisa alguma"
Gerard tentou levantar os olhos e observar o estado que o braço da menina poderia estar, quando ela continuou a falar:
-  "Meu pai morreu quando eu tinha 3 anos... Logo depois minha mãe se amigou com o Ray... Por volta de uns 6 anos depois minha vida levou o "start" necessário para começar a implodir e credite boa parte da culpa ao marido dela. Mas não há problema algum... Acabei me acostumando, e você vai ver, logo se acostumará também." - e Lolita se virou de lado, para tentar dormir. E ele tentou fazer o mesmo, se perguntando se deveria ficar chocado com a última coisa que ela disse.

   No quarto ao lado, o clima era diferente. Frankie ria alto enquanto Mikey soltava apenas algumas risadas leves. O dono do quarto apanhou uns comprimidos no armário e os ingeriu, para logo depois ficar ainda mais feliz, ainda mais animado, ainda mais insuportavelmente atraente. Mas logo o espevitado colega de quarto de Mikey caiu no sono, deixando o garoto sozinho com sua tristeza e dor, pensando que a esta hora, em sua própria casa, estaria dando boa noite para sua Avó e vivendo sua vida sem dúvida ou tragédia alguma.

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