Título: Sincronia

Pov’s: Mello e Near

Shipper: MelloxNear

~ Near ~

Era mais um dia normal na Wammy’s House, ou parecia ser. Eu estava montando meu quebra-cabeça como sempre quando ele chegou chutando-o e destruindo tudo.

- Mello.

- Near.

Ele estava diferente, não era o Mello que eu conhecia e secretamente admirava. Eu não sou bom em demonstrar essas coisas que as pessoas chamam de sentimentos, eu era o menino-sem-emoção ou o menino-sem-sentimentos. Era assim que me chamavam quando não estavam comigo, se não me tratavam de Near, menos ele, o impulsivo Mello, ele não tinha medo de me chamar de “anti-social”, “albino”, “sem-sentimento” e admirava isso nele.

~Mello ~

Fui para a biblioteca e lá estava ele montando seu quebra-cabeça, e eu destruí tudo. Às vezes eu tinha vontade de matar alguém, e sempre ia descontar no Near.

Queria saber me controlar, controlar as emoções como ele fazia. Eu na verdade tinha inveja disso.

- Mello.

Ele continuava lá tão insensível, tão branco, tão anti-social, tão Near!

-Near.

Como eu odiava ele, como eu tinha inveja dele, ele com certeza seria o sucessor do L, afinal era o mais parecido com ele. Mais do que eu. Hoje queria saber como ele conseguia ser tão insensível.

- Como você consegue?

- O que?

- Esconder seus sentimentos assim!

- Porque eu os odeio, eles são tão inúteis.

Ele contava isso sem se alterar, continuava o mesmo Near. Ao olhar ele assim me senti mal, pois eu notei algo diferente que provavelmente ninguém mais notaria... Isso lhe trazia más lembranças, que ele tentara esquecer, mas não conseguira. Lembranças de um passado de dor. Seus olhos denunciavam isso bem sutilmente, mas demonstrava, o mesmo olhar de quando ele chegou à Wammy.

- Flash Back-

Chovia, e chovia forte, uma das piores tempestades que eu já vira.

Estávamos todos no saguão esperando o Roger. A gente sempre ia para lá quando ele ia trazer algo, ou melhor, alguém. Eu estava realmente curioso pra ver quem era, afinal, o Roger estava mais animado que o normal. Então ele chegou trazendo pela a mão um menino que usava uma camisa que ia até os joelhos com os dois primeiros botões abertos, uma mão ele estava usando para segurar um ursinho, outra estava de mão com o Roger, era um menino magro, de cabelos brancos e quando abriu os olhos que estavam fechados, pareciam negros, mas não eram, eram acinzentados e demorou uns 5 minutos para eu notar sutilmente naqueles olhos - que pareciam não demonstrar nada - algo que parecia dor, a dor de perder alguém.

“Que fofo. Tão pequeno e frágil!”

- Esse é o Near. - Lembro vagamente de alguém perguntar onde ele iria dormir e Roger responder sozinho... Não lembro o número do quarto. Sinto raiva, pois quando eu pedi pra ter um quarto só meu, não pude e tive que dividir com o Matt que agora é meu melhor amigo. Essa fora a primeira vez que senti raiva dele.

- Fim do Flash Back-

Com os passar dos dias eu começava a odiar ele mais ainda, pois ele nunca mais demonstrara uma emoção que fosse...  Até agora melhor dizendo.

- Por quê?- Ainda mantinha o tom de “me conte agora ou morra”, mas por dentro estava fraquejando. Ele só disse duas palavras que me fizeram desabar por dentro e por fora.

-Meus pais...

- O que aconteceu?- Meu tom de voz agora estava mais para um amigo do que para uma ordem.

- Meu pai brigou com minha mãe, depois que ela acusou ele de traí-la com outra moça. Então eles se descontrolaram e papai pegou o canivete (ou faca sabe lá o nome daquelas faquinhas dobráveis mais pareceu errado chamar de faca o.o) do bolso esquerdo e deu um golpe no coração, na jugular, outro no rosto uns 15 nas costas e como mamãe tentou se defender ficou com umas 20 marcas nos braços e mãos da tentativa de defesa, mas papai conseguiu matar a mamãe. Então ele pegou uma corda e se enforcou no quarto mesmo.

- Depois que ele contou essa história vi uma lágrima cair e abracei-o, só percebi isso quando ele me abraçou de volta.

-Desculpa.

- Porque Mello?

- Por fazer lembrar-se disso.

-Tudo bem. - Ele sorriu bem levemente, mas sorriu.

- Você esta bem?

- Sim, por quê?

- Você acabou de sorrir.

-Ah, mesmo?

- Sim.

-Deve ser porque contei isso ao Mello e nem o Roger sabia, agora acho que não vou conseguir esconder o que sinto do Mello.

- Ah... Acho que eu vou ter que...

Não consegui terminar de falar, pois o Near me beijou. Assustei-me, mas retribui depois de uns segundos, e o que ele me disse foi mais surpreendente.

- Eu te amo Mello.

Fiquei sem saber o que responder, mas olhei pra ele, ele estava vermelho de vergonha obviamente e pensei em tudo o que sentia por ele e respondi.

-Te odeio.

Vi ele ficar surpreso e uma lágrima se formou, mas não caiu, ele perguntou então.

-Sério?

Eu ri e respondi.

- Não, eu te amo também.

Beijei-o, ele retribui meio tímido.

Eu amava isso. Ele era tímido apesar de tudo. Eu o amava, ele me amava, espero que esse momento dure para sempre, não quero perdê-lo para ninguém.

-Te amo.

Nós dois falamos juntos assim que nos separamos, porque a necessidade de ar foi maior do que a vontade de ter aqueles lábios nos meus, eu sorri apesar de tudo. Nossa sincronia era perfeita... Ficamos ali no quarto de brincadeiras. Tudo era perfeito... Cada palavra, cada movimento, tudo que fazíamos para demonstrar nosso amor, era igual; um complementava os movimentos e palavras do outro.