Encontro ao Acaso escrita por Catherine


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não precisam entender, não mesmo. Nem eu sei quem são, ou o que vai acontecer.



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O garoto estranho estava sentado na praia Seu rosto estava vermelho, o que destacava seu cabelo e olhos negros. Assim que me viu, passou a manga da blusa no queixo, onde várias lágrimas escorriam. Hesitando, sentei ao seu lado. Ele pareceu estranhar, mas não falou nada.
Ficamos em silêncio por um tempo indeterminado. Ele parecia estar se esforçando para não chorar em minha frente, mas a atmosfera em sua volta era forte.
Falei a primeira coisa que me veio á minha cabeça.

– Você estava chorando? - Xinguei-me mentalmente. Que coisa idiota de se perguntar.

– Ao que parece, sim. - Ele respondeu ironicamente.

– Posso saber por quê? - Tentei melhorar o situação.

– Não. - Ele respondeu, frio.

– Nem ao menos saber por qual pessoa?

– Não. - novamente seco.
Assenti. Não podia acreditar nisso. Como ele podia ser assim? Quero dizer, eu estava tentando ajudar! 

– Você é sempre desse jeito? - Perguntei, minha raiva transparecendo.

– Como assim? – Respondeu, com certo olhar de curiosidade.

– Frio... seco. - Falei mais calma.

– Ah, isso - Ele parou - Na verdade eu nem reparo quando faço.

– Então, o que ela, ou ele, fez? - Indaguei.

– Ela - respondeu simplesmente - Falou que nunca mais queria me ver.

– Posso fazer alguma coisa por você? - O que? As palavras estavam saindo sem minha permissão!

– Nada. - Ele abriu a boca para falar, mas logo desistiu.
Olhamos para o mar, e novamente o silêncio predominou. Apesar de meus esforços, não conseguia repreender meu coração que estava palpitando mais rápido. 

– Por que parou? Você ia falar alguma coisa. - Sorri, o encorajando.

– Ela disse que nada mudaria sua opinião, e queria que nós fingissemos que não nos conhecíamos. – Ele respondeu, com os olhos molhados outra vez. Então, sem pensar, eu o abracei.

Ficamos por alguns minutos assim, e eu só podia sentir meu ombro encharcando.
Depois de algum tempo, murmurei em seu ouvido:

– E você vai fazer isso?

– O que? – Respondeu, saindo de seu transe.

– Fingir que não a conhece.

– Acho que sim - Ele nos separou - Se ela ficar mais feliz.
Não pude deixar de notar o ciúme que pulava em meu peito. Mas eu não tinha nenhum direito disso! Ele era só mais um garoto que eu conheci.

Ele ficou me encarando por um momento, e eu me perdi em seus olhos. Eram misteriosos, urgentes, porém deixavam qualquer um calmo.

– Seus olhos são lindos. – Falou. O choque atravessou meu rosto, e depois fui corando.

– Os seus também. – Murmurei, um pouco baixo demais, e ele riu. Ficamos mais algum tempo conversando, mas o sol já estava se pondo.

– Preciso ir. – Apesar de ter dito, eu não queria sair.

– Por quê? – o sorriso em seus lábios ficou sério.

– Já está anoitecendo. - Expliquei.
Ele assentiu, se levantou e disse. 

– Eu te levo em casa, então. - O garoto falou, convencido.

– Não. – respondi seca.

– Que tal um beijo de despedida, então? – ele falou, esperançoso.
Eu ri. Simplesmente por que queria.
E também por que não iria deixar.
- Você realmente acha que eu sou esse tipo de garota? - Falei.
Ele fez uma careta.
- Hm, creio que não. - O garoto falou em desgosto. Ficamos em silêncio.
Esperei alguns segundos, então me aproximei. Coloquei minhas mãos em sua nuca e massageei seu cabelo. Depois do choque ter passado, ele segurou firme em minha cintura. Fomos chegando mais perto, até que nossos lábios ficaram á centímetros de distância. Eu podia sentir sua repiração leve, e não pude deixar de notar o hálito de canela que ele tinha. Tão convidativo, tão viciante...
Tão errado.
Há minutos atrás ele chorava por uma garota, e agora estava indo beijar outra. Ridículo. 
Virei o rosto e soltei seus cabelos. Pude ver seu rosto confuso, mas ignorei e peguei meu casaco que estava no chão.
-  Então... Você ainda pode me levar para casa? - Sorri.
- Claro. - Ele bufou. 
Continuamos a conversar até chegarmos, e eu senti que ele era especial. 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado.