Sexo, Escola e Rock And Roll escrita por Fernanda Lima


Capítulo 1
O mundo colegial e a filosofia dos menosprezados


Notas iniciais do capítulo

* Versão de Isabel Rigardi *



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Antes da aula

  Primeiro dia de aula no melhor colégio desse quilômetro quadrado.

  Há.

  Como eu sentira saudade de acordar às 5 horas da manhã, pegar três ônibus para ir até uma escola pública no outro lado do Universo. Por que eu estudava ali mesmo? Ah, sim. Paixonite de ginasial.

  Será possível que eu ia ficar na mesma turma de novo? Desde a sétima série, as pessoas não mudam. Não entra ninguém novo, não sai ninguém velho. Pelo menos nesse ritmo dava para manter alguns amigos.

  Mas então, chegando na sala, eu tive que retirar essas palavras. Porque tinha uma garota nova na classe, sentada no meu lugar preferido, bem atrás e na janela.

  - Então, você vai ficar sentada aí mesmo? - Eu me aproximei da garota, que me olhou indiferente.

  - Vou. Por que, você queria sentar aqui? 

  - Não, não é por nada. - Então me sentei ao seu lado.

  - Qual o seu nome? - Não era eu quem deveria perguntar isso?

  - Isabel. E você é... Sabrina.

  - De onde te conheço? - Mais uma duvidando de minhas habilidades.

  - Daqui. Não nos conhecíamos antes. Eu adivinhei o seu nome. 

  - Leu na lista de chamada?

  - Não, é um dom. Olhe bem atentamente para alguém ou para algo, e você consegue achar as palavras ou os nomes perfeitos que descrevem aquilo. 

  - Interessante. Você escreve?

  - Muito bem, por sinal. - Nessa hora, vi meu melhor amigo adentrar a sala. - Espere, vou te apresentar uma pessoa.

  Andei até a outra ponta da sala para falar com Jack e apresentá-lo à novata.

  - Jake, essa é Sabrina, a novata da sala. - Sabrina se levantou para cumprimentá-lo.

  - Prazer. - Os dois disseram ao mesmo tempo. Enquanto Jack enrubescia, a novata continuava com uma expressão indiferente, quase sensual.

Intervalo

  - Eu sei que a novata é bonita, mas ficar vermelho só porque os pombinhos disseram "prazer" ao mesmo tempo?

  - Pára com isso. Acabei de conhecê-la. Não fiquei vermelho, deve ser coisa da sua mente.

  Fiquei quieta. Um dia ele veria como eu estava certa e me pediria desculpas.

Durante as aulas finais

  - Pessoal, vocês sabem que nosso show de talentos semestral normalmente ocorre em abril, mas por razões pessoais, o diretor vai fazer uma viagem nesse período. Então resolvemos colocar o show para fevereiro, já que vocês não terão provas ainda.

  Ótimo. Uma chance de humilhação para nós. E com antecedência!

  - Quem gostaria de se inscrever?

  Ninguém levantou a mão. Depois de uns 40 segundos de silêncio, escutei Sabrina dizer ao meu lado:

  - Eu gostaria de me inscrever, professora. 

  - Muito bem. Viram, gente? Ela é nova na escola e já quer participar de nossos eventos. - Pronto, a professora arranjou um bichinho de estimação. - Seu nome e tipo de apresentação, por favor.

  - Sabrina Svarowski van Gerard. - Uau. Atrás de uma personalidade pobre, sempre há um nome impronunciável ou peitos do tamanho de bolas de futebol. Ela tinha os dois. - Irei me apresentar com um solo de guitarra e de canto.

  Olhei para ela, entediada como ela mesma estava. Além de nome, peitos e cabelos oxigenados, ela ainda cantava e tocava guitarra? Achei melhor me proteger com um livro, pois a qualquer hora ela poderia sair voando pela janela e o vidro se estilhaçaria em cima de mim.

  - Professora, a senhora soube escrever meu nome?

  - Eu ia perguntar isso, querida. Venha cá me ajudar. - Sabrina levantou e andou até a mesa da professora. Os garotos observavam seus cabelos loiros cacheados e seus peitos balançantes, enquanto as garotas morriam de inveja.

  Peituda, cabeluda oxigenada, cantora, guitarrista, nome impronunciável e agora com modos perfeitos.

  Voar era pouco. Devia ser a prima polonesa da Haruhi Suzumiya. 


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