POV Annabeth

Eu fui até a fogueira arrastada pelos meus irmãos, encarei aquele traidor de meia tigela por alguns segundos e desviei o olhar, assisti a uma ou duas músicas e voltei para o meu chalé, no meio do caminho, uma mão toca meu ombro e eu vejo aqueles olhos verdes me encarando.

- Annie, o que você tem hoje? Olha, eu sei que eu não devia ter te tratado daquele jeito ontem, mas você me evitou o dia inteiro. – Eu apenas os encarei por alguns segundos e dei a volta por ele em direção ao meu chalé. – Annie...Sabidinha?

- Não...me...chame...de...Sabidinha. – Eu respondi com os dentes semi-serrados, ele chegou perto e me olhou nos olhos de novo, eu estava tão irritada que não consegui evitar de ter raiva dele, ele era tão cínico, como se ele não soubesse que eu o vi lá, eu arqueei uma sobrancelha e ele parou um pouco para pensar.

- Isso tudo é por causa do que aconteceu hoje na praia? – Ele disse sério.

- Então aconteceu alguma coisa, não é pegador? – Eu respondi ríspida.

- Não, não aconteceu coisa alguma, eu apenas estava conversando com uma nova amiga.

- Sei... – Eu respondi irônica.

- Annabeth, você não vai brigar comigo por causa de um ataque de ciúmes sem cabimento, não é? – Ele falou sério de novo, eu fiquei com raiva por ele ter dito isso e dei um tapa nele e saí correndo para a praia, senti minha vista embaçar e sabia que já estava chorando, tirei o anel do meu dedo e fiquei observando-o com cuidado, cada mais derramando mais lágrimas.

Foi aí que uma coisa inesperada aconteceu, eu vi um clarão por perto e logo depois minha mãe se aproximou de mim e se sentou ao meu lado, ela me examinou com os olhos por um tempo e eu a abracei por instinto, eu estava muito triste por ter brigado com Percy.

- Filha, por que você fez aquilo?

- Eu...eu não sei, mãe. – Eu respondi em meio a soluços.

- Annabeth, você precisa deixar o seu orgulho de lado às vezes, eu sei como isso é difícil, mas entenda que certas vezes é necessário.

- Eu sei mãe, mas...

- Nada de mas, você sabe que aquele estúpido só tens olhos pra você, acredite, ele já teve muitas oportunidades de ter outra e sempre escolheu você, pare com seu ciúme sem razão.

- Mãe, por que a senhora está defendendo o Percy? – Eu perguntei curiosa, seu olhar se perdeu por alguns segundos no mar e ela respondeu:

- Porque eu sei como é estar apaixonada e sei mais ainda como ficamos quando nos decepcionamos com a pessoa que amamos, mas isso só acontece quando alguém dá razão para isso acontecer, e no momento, você está dando estas razões. Você precisa confiar nele, e se for preciso, dar uma segunda chance a ele.

- Você também devia mãe, dar uma segunda chance a ele.

- Eu já disse que aprovo o namoro de vocês, não que agora eu adore Jackson, mas acho que ele evoluiu bastante desde nossa última conversa.

- Eu não estava falando do meu peixinho mãe, estou falando do seu. – Ela me fitou por alguns minutos e desapareceu em uma névoa branca, saí correndo pelo acampamento atrás de Percy, encontrei-o perto do lago de canoagem sentado fitando o nada com Jess ao seu lado, ela se levantou e saiu, ele deu um suspiro pesado e se levantou também, eu olhei seu rosto, tinha uma marca vermelha do tapa que eu havia dado nele, Percy não olhava nos meus olhos, eu me aproximei sentindo lágrimas escorrerem do meu rosto e o beijei devagar, estava com medo que ele me rejeitasse, mas ao contrário do que eu pensei, ele aprofundou nosso beijo e quando nos separamos, ele enxugou minhas lágrimas delicadamente.

- Odeio quando você chora.

- Desculpa Percy, eu sou uma idiota, sou burra, eu estou arrependida, prometo que no futuro eu vou confiar em você, prometo que não vou mais fazer brincadeiras de mal gosto com você, mas, por favor, me perdoe. – Ele pousou seus lábios nos meus.

- Esqueça o que aconteceu hoje, eu não estou bravo Annie, eu te amo.

- Eu também te amo Percy. – Nós nos beijamos de novo, agora eu tinha certeza de que eu tinha meu cabeça de alga sempre pra mim.

Bônus Olimpoooo

POV Atena

Eu voltei para o Olimpo e fiquei pensando no que a minha filha havia me dito, não é do meu peixinho que eu estou falando mãe, é do seu. Meu peixinho...havia tanto tempo que eu não pensava mais nisso que até tinha me esquecido, fui até a minha biblioteca e peguei um álbum escondido no meio de livros, peguei uma chave que abria o cadeado e abri o álbum, havia tantas fotos lá, tantos momentos bons, somente nós dois no mar, eu era tão...feliz.

A culpa não era minha disso ter acontecido, eu não o mandei aparecer no meu templo com outra, isso prova que ele nunca me amou, que eu era exatamente como todas, eu era apenas mais uma da lista dele. Eu olhava as fotos, estávamos nós na praia, eu estava descontraída e ele me abraçava, lembro-me de me sentir protegida naqueles músculos, o cheiro de maresia que me encantava, o sorriso perfeito, ele era perfeito pra mim.

Perdoá-lo, será que eu sou capaz de pisar no meu orgulho por isso? Eu o conheço muito bem, sei que ele nunca me amou, sem perceber eu estava derramando pequenas lágrimas em cima do meu álbum, limpei-o com cuidado, eram as minhas únicas lembranças de quando eu era realmente feliz e apesar de eu querer esquecer estes momentos, não posso, por isso guardo em um lugar onde ninguém possa ver.

Será que eu seria capaz de amar outra vez? Eu conseguiria deixar tudo de lado para me entregar na minha verdadeira paixão? E se eu me decepcionasse de novo? Não podia correr este risco. Mas me lembrei de palavras de uma pessoa sábia: Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É verdade, mas então por que todos sempre estão em busca do amor? Comecei a me lembrar daqueles pequenos momentos e sabia que apesar de tudo, todos aqueles momentos era mágicos pra mim e isso era o que todos buscavam no amor, momentos mágicos. Eu tive vários momentos mágicos com ele, nunca me arrependi desses momentos, talvez seja a hora de eu começar a me arriscar, afinal, como dizem: quem não arrisca, não petisca.

Enquanto eu estava mergulhada em meus pensamentos, fui caminhando pelo Olimpo, eu não prestava atenção onde eu estava indo, apenas andava e pensava, se eu realmente estava disposta a perdoá-lo, precisava arrumar um jeito de fazê-lo saber disso, mas como eu faria isso? Até que bati em algo e quase caí no chão.

- Desculpe-me, eu não estava prestando a... – Aí eu vi aqueles olhos verdes e fiquei paralisada. - ...atenção.

- Atena, você está bem?

- Poseidon. – Eu assenti e coloquei meus pensamentos no lugar. – Estou bem, eu estava tão concentrada em meus pensamentos que não prestei a atenção onde estava indo.

- Isto eu percebi, mas eu fui falar com meu filho hoje e sua filha me disse que você precisava falar comigo, estou procurando você há mais ou menos duas horas. – Ele estava me olhando preocupado, aquele olhar carinhoso que eu costumava receber dele todos os dias, de repente, minha razão tinha sumido por inteira, eu precisava uma vez ouvir alguém que não fosse eu, assim como minha filha fez e olhe como ela é feliz.

- Isso mesmo, eu preciso conversar com você, venha, eu tenho um lugar perfeito para conversarmos. – Ele me seguiu até a minha biblioteca e fomos até a ala de meus trabalhos pessoais. – Poseidon, eu quero que você veja algo. – Ele me olhou curioso e aquela troca de olhares que tínhamos durante nossos passeios à praia voltou, ele pareceu entender, pois estava sorrindo. Eu tirei o álbum do esconderijo dele e o entreguei a Poseidon, ele abriu devagar e olhou todas as fotos, junto viu os pequenos poemas que eu escrevia quando sentia falta dele, ele viu que eu tinha guardado todas as cartas que ele me escreveu, eu estava com meu rosto queimando, ele parou por um tempo e me encarou compreensivo.

- Deve ter sido difícil pra você me mostrar isso. – Eu concordei e ele sorriu.

- Eu preciso saber de uma coisa Poseidon. – Ele me incentivou a prosseguir, eu respirei fundo e disse: - Você se arrepende daquele dia?

- Atena, eu me arrependo de muitas coisas, me arrependo de ter casado com Anfitrite, de ter brigado com você e, principalmente, por aquele dia. – Eu não agüentei ficar parada olhando ele se culpa e o abracei. – Eu nunca te esqueci Atena, eu perdi você e me culpo por isso todos os dias.

- Então pare de se culpar, eu queria dizer que resolvi te dar um segunda chance, se você quiser.

- Eu quero me redimir com você minha corujinha, mas antes, eu quero fazer isso direito. – Ele me deu um beijo delicado na testa e seu perfume de maresia me encheu e eu fiquei tonta sem acreditar no que estava acontecendo. Sentei-me na cadeira com um sorriso bobo no rosto, ainda processando o que estava acontecendo, agora eu sabia que eu não era só mais uma da lista dele, ele nunca me esqueceu assim como eu nunca o esqueci.

POV Poseidon

Eu voltei para o meu palácio no fundo do mar com um sorriso bobo no rosto, ela ainda me amava, entrei na sala do trono e encontrei Anfitrite parada lá me olhando com seu ar de superior.

- Poseidon! Onde você estava? – Ela começou, eu revirei os olhos, já que ela queria briga, briga ela teria.

- Não é da sua conta Anfitrite, não mais. Eu quero que você saia do meu palácio agora, nós não somos mais casados a partir de agora.

- Mas...mas...Poseidon! Você me paga! – Ela começou a chorar e a gritar, eu estalei os dedos e malas com as coisas dela apareceram, chamei uma carruagem e a mandei de volta para o castelo de Nereu, ele sim merecia todo o mau humor dela. Tritão foi junto com ela, ele ficou indignado comigo por eu ter expulsado Anfitrite assim, ele praticamente me disse que ele não era mais meu filho, eu fiz o que era sensato e concordei, ele ficou ainda mais ultrajado e foi embora também, logo eu tinha meu castelo somente para mim e, futuramente, para outras pessoas especiais que eu quero colocar na minha vida.

Eu olho para o lado e vejo Percy aparecendo em uma mensagem instantânea ao lado de Annabeth.

- Pai, Tyson me mandou uma mensagem, ele disse o você expulsou Anfitrite e Tritão do palácio. – Eu concordei com a cabeça. – O que aconteceu?

- Eu nunca amei Anfitrite, Percy. Foi isso que aconteceu, finalmente, a pessoa que eu realmente vai me dar uma segunda chance, e tudo isso graças a esta brilhante mulher que está ao seu lado. – Eu disse agradecendo a minha futura nora, ela corou e Percy sorriu.

- Poseidon, todo Cabeça de Algas precisa de uma Sabidinha. – Annabeth disse sorrindo e Percy riu, eu passei a mão pela mensagem e ela se dissolveu, voltei imediatamente ao Olimpo e encontrei Atena ainda em sua biblioteca com um sorriso bobo no rosto, eu fui ao encontro dela e a puxei para um beijo apaixonado, fazia muito tempo que eu queria fazer isso de novo.

- Eu deixei Anfitrite, não existe mais nada entre nós agora Atena, eu promete ser seu pra sempre. – Eu disse presenteando-a com um anel com a sua pedra favorita Safira. Ela me beijou de novo e fomos pegos de surpresa por ninguém, ninguém menos que Afrodite, ela deu o maior grito que eu já ouvi e todos os deuses apareceram assustados. Apolo ria descontroladamente, Afrodite dava pulinhos de alegria, Hefesto e Ares estavam na mesma, Héstia sorria pra nós, Deméter e Dioniso tinham as mesmas caras de tédio total, Hera sorria aprovadoramente para nós e Zeus me olhava desconfiado.

- Eu devo expulsá-lo daqui minha filha? – Ele perguntou para Atena que negou.

- Não pai, eu que o beijei. – Ela respondeu determinada e os outros deuses foram embora, sobraram apenas eu, Atena e Zeus.

- Você tem certeza? – Zeus perguntou pra ela.

- Eu tenho pai, vou assumir os riscos. – Ela disse sorrindo do mesmo jeito que ela sorria quando estávamos juntos e me deu um selinho, Zeus assentiu e também foi embora.

- Eu juro que ele estava sorrindo por dentro. – Eu disse quebrando o silêncio entre nós e Atena riu. Eu a amava, e dessa vez, não iria falhar com ela, eu provaria que mereço minha segunda chance, eu vou provar que amo minha sabichona. Eu continuei beijando-a com carinho, matando toda a saudade que eu tinha dos seus beijos, Atena me levou para o palácio dela e nós nos sentamos no pequeno sofá, eu a beijava e dizia que a amava, ela sorria e me beijava também, eu era louco por ela.

- Existe apenas um detalhe. – Ela disse interrompendo um beijo. – A minha promessa a Zeus.

- Ele pode abrir uma exceção pra mim. – Eu respondi rindo e a beijando de novo, distribui beijo pelo seu pescoço e contornei sua boca com meus lábios, eu queria ficar ali pelo resto da minha vida, mas sabia que daqui a pouco eu tinha deveres a fazer e sabia que Atena não iria deixar eu protelar meus deveres.

- Eu tenho que ir meu amor. – Eu disse a beijando mais uma vez e voltei para o meu reino para cuidar das coisas que estavam acontecendo, hoje eu deixei o mar perfeito, estava limpo, calmo, na temperatura mais relaxante e extremamente convidativo, eu estava mais feliz do que nunca, nada poderia me abalar, eu tinha voltado a amar.