Dream Land - as Cinco escrita por PerkyeFreak


Capítulo 2
Capítulo 1 - Por que está tão aflita hoje, Aghata?




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[Nar.Aghata]

A alvorada do alto da torre leste era sempre deslumbrante. No meio de nada, e no alto de nada.

                Acordei inquieta, aliás, acordei de um dia que se destacava entre os outros. Observava com tristeza a luz atravessar as enormes cortinas e passar pela alta janela do cômodo. As manhãs não eram as mesmas, e nunca foram desde o dia que ela partiu. Tudo ficou diferente, e não sei se iremos conseguir manter o controle com a essência, era apenas uma cópia.

                -Por que está tão aflita hoje, Aghata? – Perguntou Berenice.

                -Hoje era para ser uma data especial. Sabe disso, o aniversário da Jade... Pobre garota iludida. Achando que o mundo é um mar de rosas, e que pode fugir da vida, e do destino que á aguarda. Acho que não ensinamos que o mundo as vezes pode ser cruel. – Fiz uma longa pausa. – Hoje ela completaria 15 anos. Uma mera criança confusa ainda. E o mais frustrante disso tudo, é que eu sei onde ela está, mas não posso procurar por ela.

                                                               * * * * * * *

[Nar.Jade]   

Era o primeiro dia para mim, e o segundo para os outros. O primeiro dia em que finalmente irei deixar meus problemas de lado, e seguir em uma vida menos cansativa. Se é que ela existe.

O problema é se os problemas me perseguirem, e sei que é egoísta de minha parte tentar deixá-los de lado, já que eles fazem parte de mim.

                Mas acho que hoje eu iria ter que comemorar meu décimo quinto aniversário, sozinha.

                Coloquei meu capuz do casaco de modo que não desse para ver o rosto, sair agora pode ser perigoso.

E não sei se eles podem me rastrear...

* * * * * * *

[Nar.Anne]

Acordei com aquele solzinho fraco de dia nublado batendo no meu rosto.

Me sentei na cama.

Primeiro dia de aula... O primeiro de muitos que eu já tive.

Tinha de estar chovendo.

E um promessa que eu fiz á mim mesma: Iria conseguir novos amigos, irei sair mais, aproveitar mais o tempo em que meus olhos estão’’ abertos’’.

                Irei viver mais, e não de olhos fechados.

Se bem que faz dois meses e meio que não vejo mais Dream Land, e a ultima vez que vi Elliot, foi nos meus sonhos. E não nos meus sonhos reais, somente em sonhos. Eles não me mandaram lembranças, cartas, ou nenhum indicio de sua existência, a única coisa que eles deixaram para mim é saudade e recordações, as únicas coisas que provam para mim, a existência deles.

                Levantei-me e fui para o banheiro, poderia escutar a Raimunda cozinhando, e meu pai comendo a sua torrada barulhenta.

O engraçado do primeiro dia de aula, é que você fica ansioso, alunos novos, material novo...e no final do ano é ao contrário.

                Alunos novos...amigos novos. Espero que ninguém espalhe boato que eu um dia já enlouqueci depois da morte da minha mãe.

Peguei a minha mochila e fui para a cozinha. Meu pai estava comendo sua torrada – como previsto – sorrindo.

                -Feliz primeiro dia de aula.

                -Que felicidade. – Eu disse com sarcasmo.

Comi meu café da manhã ás pressas. Queria rever os meus amigos (queria rever Helena) e o Matheus, que parecia ser legal por sinal.

                Depois de acabar fui par ao carro. Fechei os olhos por causa do típico sono de ‘’depois das férias’’.

Sai do carro e fui recebida pelos abraços de Helena.

                -Anne, saudades. – Ela disse me abraçando. – Ficamos na mesma turma.

Eu sorri satisfeita.

                -Viajei para são Paulo, visitar meu pai. Dias nublados e engarrafamentos. Odeio.

                -Entendo. – Eu disse rindo com a espontaneidade.

Percebi a multidão de alunos.

Primeiro dia... – Pensei.

                -Todo mundo está comentando sobre a festa do ano passado. – Ela disse enquanto andava em direção ao prédio de salas. – O que para mim, foi o pior.

Acompanhei-a.

-Por que?

-Passei por uma situação...constrangedora, lembra? – Ela disse.

-Ah...

Havia esquecido que ela tinha ficado bêbada, imagino a reação dos pais ao chegar em casa.

                -Entendo. – Eu disse por final.

                -E o Elliot é bastante...exótico. – Disse ela. – Digo...quando disse ‘’Elliot’’, pensei em um garoto baixinho de cabelos negros. E não um cara incrivelmente alto com os cabelos cumpridos e ruivos. Ele é metaleiro ou algo do gênero?

Eu ri com a pergunta.

                -Não, é só o estilo dele mesmo. Mas ele é bem legal.

Ela sorriu.

                -Falando nisso não é só eu que deva estar comentando sobre ele. Percebi os olhares das pessoas, de cima á baixo...acho que você não reparou porque... – Ela deu um sorriso malicioso para mim.

Eu ri.

                -Que vergonha.

                -Vergonha de que?

                -Nunca fui exatamente o centro das ‘’fofocas’’.

Entramos em um corredor cheio de portas.

                -Sala 74C. – Disse a Lena. – Ah, voltando ao assunto...eu falei besteira?

                -Já falamos disso. Sim, você falou besteira.

                -É, eu sei. Mas quero deixar claro que foi sem querer.

Desviei meus olhos para uma garota baixinha de cabelos curtos e negros.

                -Aluna nova. – Disse a Helena. – Deve ser a ‘’Jane’’ que ficou na nossa turma. Ela não parece ser daqui, acho que é estrangeira.

                -Bonita ela. – Eu disse percebendo os olhos têm um tom de verdes incrivelmente claros.

O sinal tocou e entramos na sala de aula, que não pareceu mudar muito, quase mesmas pessoas do ano passado.

Sentei ao Lado da Helena.

Entrou um homem alto, na faixa etária de 35 anos no máximo, com uma mochila preta.

Ele escreveu na lousa:

‘’Roberto – História’’

                -Meu nome é Roberto, e ensinarei história do nono ano para vocês. – Ele disse. – Irei começar pela chamada.

Ele se sentou na cadeira.

                -Aline Freitas.

                -Aqui.

-Anne Hanson.

                -Oi. – Respondi.

                -Barbara Saldanha.

                -Aqui.

                -Breno Moretz.

Não prestei muita atenção na chamada, estava mais focada na novata, que por acaso se sentou uma mesa á minha frente.

Ela estava focada em um desenho. Reparei o quão ela desenhava bem (BEM ATÉ DEMAIS) sempre gostei de desenhar, acho que talvez não me sentia á vontade sabendo que tinha alguém que fazia o que eu faço de melhor, melhor do que eu.

              Estava criando um esboço de cinco torres no alto de um mar, de modo que a quinta torre ficava no meio das quatro. Mas parecia que a torre ‘’oeste’’ estava mais escura, e pouco borrada, como se não houvesse foco...

Ela fechou o caderno derrepente e o professor chamou:

                -Jane Barreto.

                -A...aqui. – Ela disse meio tímida.

Parecia que ela tinha medo das pessoas. Imagino o motivo que levou ela á sair da escola.

Ela virou um pouco a cabeça, e podia ver ela me olhando pelo canto do olho

Acho que ela não gostou de eu ter visto o desenho. – Pensei.

Até compreendo, não gosto quando me vejam desenhando ao menos que o desenho esteja pronto.

                -...que irei ditar. – Ouvi o professor dizer.

Abri urgentemente o caderno. Primeiro dia (ou melhor, primeiras HORAS de aula) e já precisa escrever algo? Tipo o que? O nome do professor de história?

                Olhei para a janela. Faz uma semana que não via cor nas árvores. Não estamos no verão?


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