Já eram cinco horas da tarde, o dia estava chuvoso, peguei as chaves do quarto e uma boa quantia em dinheiro para pagar os serviços do homem, sai e tranquei a porta, fui até o elevador, ele já estava parado no meu andar. Apertei o botão do térreo e esperei a porta se abrir novamente.

Só havia um homem na recepção, ele me olhou de cima abaixo, com certeza devido aos meus trajes, mas não me importei e sai para a rua. Não havia quase ninguém, isso era bom para mim, estava começando a ficar incomodado com tantas energias diferentes.

Chegando no café fui para a mesma mesa de ontem e o homem já estava lá. Sentei-me, e ele me entregou um envelope branco, eu o abri só para me certificar de que havia tudo que precisava ali, mas não tirei nada de dentro.

“Quanto vai ficar tudo?” Perguntei.

“Quanto você achar que deve me pagar, sempre faço isso com os Volturis.” O homem sorriu um sorriso nervoso, só agora havia percebido sua energia, ele tinha medo, muito medo. Ele sabia o que éramos, ou então porque teria medo?

Peguei todo o dinheiro que havia levado e entreguei á ele.

“Obrigado, agora preciso ir, tenho outro encontro” disse e saiu rapidamente. Só me deu tempo de acenar com a cabeça.

Eu peguei o envelope e saí do café, agora que já tinha todos os documentos necessários, tinha que decidir o que ia fazer da vida, e onde iria me estabelecer, afinal tinha que viver como uma pessoa normal, eu tinha 17 anos, ainda não tinha terminado os estudos e não poderia passar o resto de minha existência dando golpes, eu devia trabalhar e conseguir meu próprio dinheiro.

Meus pensamentos foram interrompidos por um ardor, minha garganta ardia, como se estivesse secado e agora estivesse rachando. Eu precisava me alimentar, rápido, antes que fizesse alguma besteira. Corri para uma rua estreita e escura que havia entre uma livraria e um restaurante. Ao chegar no fim tive uma surpresa, Jane estava lá, haviam cinco pessoas caídas, duas mortas e três desacordadas. Não dissemos nada, ela viu que eu olhava para os três corpos como um leão olha sua presa. Ela fez um sinal positivo com a cabeça e eu avancei, em meio segundo eu me tornara o mais perigoso dos predadores, suguei até a última gota do sangue quente e doce daquelas pessoas, eu ainda odiava a idéia de me alimentar de humanos inocentes, mas ainda era preciso, até eu descobrir uma forma de fazer isso parar.Quando terminei joguei os corpos para o lado e me virei para ver se Jane ainda estava lá. Ela me observava, eu a encarei e disse:

“Como sabia que eu estava aqui e com sede?” perguntei

“Eu te segui, e vi que seus olhos estavam de um vermelho vivo, você esqueceu os óculos.”

Só agora havia reparado que estava sem óculos, como pude bobear desse jeito?

“Escute-me.” Jane interrompeu meus pensamentos, “você precisa sair daqui agora, Aro quer muito você na guarda e qualquer motivo vai ser o bastante para ele.” Ela falava em um tom muito sério.

“Mas eu nem sei para onde vou ainda.”

“não importa para onde vá, só saia daqui, agora!”

Senti uma coisa, que não sei explicar o que era, só senti e disse:

“Venha comigo.”

Ela arregalou os olhos, como se eu tivesse dito algo muito ruim.

“Eu não posso!”

“Porque? Os Volturis iriam fazer algo com você? Olha eu sei que você não gosta desse lugar, eu sinto isso, e também sinto que você tem inveja por eu ter tido a chance de escolher entre ficar e ir, venha comigo, não vou deixar eles tocarem em você, eu prometo.”

Eu tinha mexido no ponto certo. Ela olhava no fundo dos meus olhos.

“Tudo bem, mas vamos agora.”

Saímos correndo, queria passar no hotel e pegar minhas coisas, mas ela disse que não havia tempo, corremos o mais rápido que podíamos, o que era fácil pois estávamos fortes. As imagens não passavam de meros borrões. O que iríamos fazer? Eu não sabia.