Consequências escrita por LiaLune


Capítulo 5
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o que era para ser o final do capítulo anterior.
Não sei se eu demorei muito, mas se sim, desculpa ai.
Divirtam-se!



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Tentei prestar um pouco de atenção na aula, mas era tão tediosa que chegava a me dar enjôos. Tudo bem que o pãozinho que eu engoli (já que estava atrasada) hoje de manhã tenha afetado meu estômago, mas aquela aula tava chata para c...aramba!

     Coloquei no lixo os bilhetes quando a aula acabou. Eu e Sam fomos até a parada de ônibus, que ficava em frente ao colégio, e esperamos. Depois de algum tempo o ônibus chegou e nos levou até meu apartamento. Peguei o elevador, entrei em casa e fui para o meu quarto, aonde atirei minha mochila.

    - Ok, ok! – Sam levantou as mãos em sinal de rendimento. – Eu sei o que eu disse e blá, blá, blá, mas eu queria muito decidir os nomes agora.

    Ela piscou esperançosamente os olhinhos brilhantes. Neguei seu pedido, mas como era uma amiga querida, Sam insistiu até que eu aceitasse.

   

Lista de prováveis nomes para o bebê

S – Sam

B - Becky

Juliet – É um nome muito bonito.

B: Não, imagina só as cantadas que ela vai receber. “Juliet, me deixe ser seu Romeo”. Nossa, que horror!

S: Affe, Rebecca.

Suzannah – Adoro esse. “Oh, Suzannah, não chores mais por mim...”

B: Não.

Fergie – Sim?

B: ...

Scarlet – Nome de rico, hein?

B: É bonito. Mas muito incomum.

S: Melhor do que se fosse comum, não é? Imagine se ela se chamasse Anne. Ou Mary. Ou Mary Anne, então. Credo.

Catherine – Daí o apelido podia ser “Katty” ou “Kitty”.

B: “Oh, hello, Kitty!” Não, não. Esse não.

Emma – Que tal? Esse é legal.

B: Talvez...

S: EBA! DALHÊ EU.

B: Hum. Tudo bem então...

S: !!!

B: Próximo, Sam.

Tiffany – Érr... Não

B: Jamais, nunca.

Elizabeth – Então?

B: O apelido podia ser Eliza

S: Ou Liza

B: Ou então Lizzie

S: Também podia ser Lizy

B: Ou Elizzy

S: Ou Beth!

B: Hum, não.

Grace – Em homenagem à música Grace Kelly, do Mika.

B: É, total. Amo essa música.

S: A garotinha de olhos azuis é tão fofa. Imagina se sua filha herdar seus olhos, vão ficar tão parecidas.

B: Mas e se ela herdar os olhos do seu irmão?

S: Eu sou adotada, já disse.

B: Ok, e se ela herdar os olhos do Matthew?

S: Ih, daí ferrou. Outro nome.

Claire – Eu amo esse nome. Que nem o da Claire de Heroes, mas sem os superpoderes fodões.

B: Concordo! Claire é lindo.

S: Sobraram então: Scarlet e Claire.

B: Scarlet... Não, me lembra Escargot, sabe, aquela comida chique feita de lesmas. Claire é melhor.

S: Sim! Oi, Claire. Eu sou sua tia. Mas eu não tenho irmão.

B: Então ela não tem pai, dã.

S: Mas e se for um menino?

B: Ah, eu não sei. Richard?

S: Eca, não. Derek? Edward? Harry? Peter? Samuel?

B: Não, não... Harry é legal mas, é muito... Harry Potter, sabe?

S: Pode ser Draco! Ou Sam! Se bem que... É meio que meu nome.

B: Ah, você acha? Que tal... Dean?

S: Dean! Gostei.

Nomes escolhidos: Claire e Dean

    - Tem certeza que essa lista foi mesmo útil? – pergunto, analisando a folha em minhas mãos.

    - Óbvio que sim! – ela afirmou. – Nós temos os nomes, não temos?

    - Hum, sim – respondo. – Dean e Claire. Claire e Dean... D...

    - Ok, mamãe. Chega de momentos maternais e deixa para babar pelo bebe depois que ele nascer – Sam diz, sentada no chão. Pega o controle e liga a televisão, que estava no meu canal favorito. – Olha só. Soulja Boy!

    Então Sam começa a dançar, imitando um avião em uma certa parte da música. Começo a rir da cena.

    - Qual é, meu? Vai encarar? Quero ver se faz melhor – ela desafia, cerrando os olhos e cruzando os braços, com cara de durão. Não me contive e me matei rindo. Ai, ai. – O quê?

    - Nada, Sam, nada não. Mas tem certeza que tomou todos os remédios hoje de manhã? – brinco, me deitando no sofá.

    - Há, há. Nossa, como você é engraçada! – ela diz, rolando os olhos.

    Thriller, do Michael Jackson toca. Nos mesmo instante rimos juntas, nos  levantamos e começamos a dançar. Ah, fala sério. É Michael Jackson! Clássico! E quem nunca imitou aqueles zombies mexendo as mãos como um caranguejo? É, talvez não seja tão normal assim... Ok, ok! Nós somos anormais, eu sei.

    - Cause this is thriller, thriller night – Sam canta, usando o controle remoto como um microfone.

    - And no one’s gonna save you from the beast about to strike! – continuo a cantar, fazendo – ou tentando fazer -, um moon walk.

    Ok, talvez tentar fazer um moon walk não seja boa ideia. No final levei um tombo, bati a cabeça na quina da mesa e Sam teve que correr para pegar a caixa de primeiros-socorros, que mamãe guarda no banheiro.

    - Tenta não se matar da próxima vez, ta? – Sam pede, passando um remédio – que ardia para beleléu-, na minha testa.

    - Vou tentar me lembra disso – A fuzilei com os olhos.

    Ela terminou de limpar a minha testa - que havia parado de sangrar -, e guardou a caixa.

    -  Ah! E o meu celular? – ela perguntou.

     Levanto meio zonza e pego o celular, que eu havia guardado na estante. Lá, encontro algumas fotos antigas. Eu quando era bebê, no colo da minha mãe. Eu e minha mãe brincando com Barbies. Eu e minha mãe quando compramos o Sleeper. Minha mão era simplesmente demais.

    Eu ia fazer de tudo para ser uma boa mãe. Dar comida, colocar para dormir, brincar com o bebe...  E, com exceção da parte suja (trocar fraudas e toda a parte cheirosa da coisa), estava tudo tranquilo.

    Voltei para sala, vendo que Sam já havia ligado à televisão novamente. Sentei ao seu lado e entreguei o celular. Ele tocou no mesmo instante, o que me fez dar um pulo. Sam atendeu rindo.

    - Alô? – Ela fez uma espécie de careta e se ajeitou no chão. – Eu estou na casa da Becky. Hum, é mesmo. Estou indo. Sim. Tchau.

    - Sua mãe? – pergunto curiosa. Ela assente e se levanta. – E vai ter que ir embora, acertei?

    - E a resposta está E...Exata! – Ela coloca a mochila nas costas. – Te vejo amanhã, hein, mamãe?

    - É. Até amanhã – Sorrio e ela vai embora, fechando a porta atrás de si.

     Entediada, faço meus temas e trabalhos atrasados. A semana passada havia sido tão corrida e tão estressante que eu havia deixado a escola de lado. Não que a situação fosse mudar agora, bem pelo contrário. Como meu avô dizia, “Não há nada tão ruim que não possa piorar”. E olha que ele era positivo.

    Mas então, ao anoitecer, minha mãe chega do trabalho. Quando vou até a cozinha, me deparo com ela sentada no sofá, com uma expressão séria. A primeira coisa que me veio em mente: alguém tinha morrido. A segunda: papai viria nos visitar.

    - Rebecca – ela me chama e aponta para o lugar ao seu lado. – Sente-se. Nós precisamos conversar.

    Eu me espantei com seu tom duro, mas fiz o que ela mandara. Ela descruzou as pernas e me encarou por algum tempo.

    - Posso saber o porque de ter contato ao seu amigo que eu estou grávida, quando na verdade eu não estou? – ela perguntou.

    Sem respostas para sua pergunta e assustada ao mesmo tempo, eu apenas fiquei em silêncio. “A mentira tem perna curta”, dizia o ditado. Mas não imaginei que fosse tão curta assim. O que era para te me livrado de um problema, só havia criado outro. Um pouco pior, eu diria.

    - Eu... Não sei – respondi hesitante.

    - Rebecca, o que está acontecendo? – mamãe pergunta. – Você vem agindo tão estranhamente ultimamente que eu nem te reconheço. E agora isso, ainda por cima. Que tipo de brincadeira é essa? Mentir sobre uma gravidez?

    - Eu... Me desculpa – abaixo a cabeça envergonhada, pois eu nunca mentia. Tudo bem, era uma mentira, mas eu não tinha uma intenção má. – Eu...

    - Você...? – ela incentiva para eu continuar, e assim eu faço.

    - Eu tive que inventar isso – respondo sinceramente. – Para me safar de uns problemas.

    Ela continuou a me encarar seriamente. Não sabia se ela suspeitava de algo, mas, de qualquer modo ela parecia aborrecida.

    - Ah. E que tipo de problemas são esses? – ela pergunta.

    - Eu não queria que... Que Luke soubesse o porque de eu estar na loja para grávidas – respondo. E depois me liguei na grande merda que eu havia dito.

    Ela arqueou as sobrancelhas. Ficou pensativa por uns instantes e colocou a mão sobre o rosto, fechando os olhos.

    - Rebecca, por favor, me conte o que está acontecendo – ela pede angustiada.

    Ela havia desconfiado. Não, ela sabia exatamente o que estava acontecendo. E o que eu podia fazer? Negar? Mas é claro que não. Como negar a mais pura verdade quando eu deveria a contar o quanto antes?

    - Eu – Respiro fortemente. – Eu vou ter um bebe, mãe.

E eu não chorei dessa vez. Não me parecia mais um grave erro. Eu já havia me acostumado com a ideia de ter um filho, mesmo que sozinha. Tudo parecia se encaixar em seu devido lugar.

    Mas a reação da minha mão foi diferente das outras duas. Ela respirou fortemente, apoiou os cotovelos na mesa e cruzou as mãos. Ficou em silêncio por longos instantes. Esperei agoniada por sua resposta, que veio logo depois de um suspiro.

    - Antes de qualquer coisa, vou marcar uma consulta para você – ela diz. Eu apenas assento com a cabeça. – E agora, você sabe o porque de estar nessa situação, não é?

    Eu assento novamente.

    - Sim. Você transou com um garoto, mas não usou camisinha – ela acusa. – Nós não conversamos tantas e tantas vezes sobre isso, Rebecca?

-\t    Sim, mas... – respondo, sendo interrompida.

-\t    Isso mesmo. Mas o quê?

    - Nós estávamos bêbados, mãe – eu continuo, envergonhada. Não deveria ter bebido. E ainda mais por um motivo tão idiota.

    - Desde quando você bebe? – ela pergunta em seu tom calmo, mas eu sabia que ela estava braba.

    - Foi a única vez – respondo.

    - Ah – Ela desvia o olhar e depois volta a me encarar. – E quem é o pai dessa criança, Rebecca?

    Paro e hesito antes de responder. Eu não queria ter que falar que Matthew fazia parte disso, porque para minha mãe, ele era o irmão mais velho da minha amiga. Só isso. Mas pra mim, ele não era mais nada. Eu tinha que esquecer ele, e como Sam disse, eu não podia contar com ele. Ele não ajudaria.

    - O Matthew, mãe – Espero e analiso sua reação. Ela abre a boca e arregala os olhos. – Eu...

    - Mas eu pensei que fossem só amigos! – ela diz incrédula. – E... Ele tem dezessete anos, Becky. Eu pensei que nem se falassem!

    - E nós não nos falamos, mãe – lhe digo. – Principalmente agora.

    - Você já contou a ele? – ela pergunta. – Antes de mim?

    - Sam disse que eu deveria falar com ele antes de qualquer decisão. E ela também me obrigou a contar para você, mas eu não tinha coragem.

    - Oh, Becky – Ela me olha tristemente. – Você deveria ter me contado! E esse garoto, o irmão da Samantha, ele não pensou em usar camisinha?

    - Ele estava no mesmo estado que eu.

     - E o que ele disse a respeito do assunto? – ela pergunta.

    - Matthew disse que vai arranjar dinheiro para... Para o aborto, mãe – digo e mamãe arregala os olhos. – Mas eu não quero isso. E eu já me decidi, eu vou ter o bebe e vou cria-lo.

     Ficamos em silêncio. Mamãe fez sinal para que eu deitasse em seu colo. Eu não enxergava direito, percebendo em seguida que eram as lágrimas que atrapalhavam a minha visão. Pensei que não iria chorar, mas... É, errado. Eu sou uma babaca mesmo.

    - Não chore, Becky – mamãe passava a mão sobre meus cabelos. – O que está feito, está feito. Nós só precisamos parar, pensar bem e decidir o que fazer. Aquele garoto pode não te apoiar, mas eu, seu pai, Sam e todas as pessoas que te amam estão ao seu lado. Vamos lá, eu sei que você é forte. Pode chorar agora, mas depois, você vai levantar, lavar o rosto e dizer para si mesma quantas vezes for preciso: Eu sou forte e vou lidar com essa situação de cabeça erguida, está bem?

     Assento e caio no choro novamente. Eu sabia que podia contar com ela. Ela e minha amiga estavam ao meu lado. Agora só dependia de mim.

     Quando o choro cessou, eu sorri para minha mãe, que retribuiu o sorriso, e depois me levantei. Fui até o banheiro, lavei o rosto e ri. E eu ri novamente.

    - Eu sou forte e vou lidar com essa situação de cabeça erguida – Eu ri da cena cômica. – Eu definitivamente pareço uma retardada.

    Mamãe veio e me abraçou calorosamente.

    - Se eu for uma mãe tão boa quando você é, o bebe não vai precisar de mais nada – eu lhe disse, sorridente.

    - E se o bebe for um filho como você... – Ela pausa e ri. – Não, esqueça. Ele vai precisar de juízo!

    - Ah, obrigada – Revirei os olhos.

\t\t E depois disso, fomos assistir a um filme. Um filme que nos emociona até o último minuto, com lições para toda a vida: Shrek. Mas valeu a pena. No final, descobrimos que até ogros tem mais sorte que eu. Mas pelo menos eu tenho a minha mãe e a Sam. E pelo menos meu banheiro fica dentro de casa. Err...


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Notas finais do capítulo

Uhuuuhl, férias! Finalmente. Acho que esse ano foi o mais difícil, nossa. Nunca tive tantos trabalhos para fazer u.u Acho que agora eu vou poder postar com mais frequencia, mas talvez, só talvez, eu tenha que viajar. De qualquer forma, eu vou avisar vocês :D
Beijo e um queijo