Remember Yesterday escrita por Shaarp


Capítulo 8
Capítulo 8 - Love Is Paranoid


Notas iniciais do capítulo

Discuçãosinha no capitulo, é. ):



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Love Is Paranoid

Katherine Casay.

Depois de uma longa conversa com Bam, resolvi ir dormir, mesmo ainda tendo a cabeça atormentada. Bam me prometera que naquele mesmo dia providenciaria uma cama a mais no trailer. Enquanto isso, eu dormi novamente na cama de Ville.

Demorei a pegar no sono, a cabeça girava como se eu estivesse completamente embriagada, meu coração batia rapidamente, e eu sentia uma sensação de sufoco no mesmo, um pânico que parecia nunca acabar, eu respirava rapidamente, sentindo nenhum ar entrar em meus pulmões. Um ataque de pânico.

O que fazer?

Eu não tinha idéia, não consiga raciocinar e colocar os pensamentos no lugar. Sempre que tinha ataques de pânico era o mesmo motivo: Algo insolúvel aos meus olhos, do qual eu precisava solucionar. Dizem que é isso que é ser adulto, tomar decisões difíceis. Minha mãe me ensinara a não temer os ataques, e com o tempo eles ficaram muito mais calmos, simplesmente como um nervosismo passageiro. Ela me ensinara a primeiro respirar calmamente.

Não adiantou.

Ela me ensinara e fechar os olhos e tentar não pensar no motivo, pensar em outras coisas, coisas que me divertiam, coisas das quais eu mais gostava.

Ville.

Eu juro que tentei. As lágrimas continuavam a rolar por meu rosto e cair no travesseiro de Ville, fazendo o cheiro de sua colônia ficar mais forte.

Ville e Bert não saíam da cabeça, e as palavras de Bam continuavam ecoando na minha mente, não como um conforto, e sim como uma acusação.

“Não quero ser presa á sociedade, eu sempre detestei isso, e agora estou me remoendo em fazer o certo ou o errado, sem ao menos saber o que é certo ou errado.”

Minha ultima tentativa, mamãe também me ensinou, quando tudo falhasse, tentar relaxar a mente e organizar os prós e contras das decisões que eu teria de tomar...

...Mas você o ama...

...Mas se terminar com o Bert, coisas ruins podem acontecer, e você sabe...

...Você vai se entregar às vontades de um homem que nem se quer ama, por medo do que pode acontecer? ...Você deveria ser mais corajosa.

...Pensando bem, talvez as coisas possam se resolver com Bert, e tudo ficar ótimo, e você descobrir que o ama...

...Mas eu acho que estou apaixonada por Ville...

...Se eu ficar com ele, os dois podem acabar brigando. E isso vai foder com toda a turnê, e com o sonho de Bam...

...Pare de pensar nos outros...

...Mas eu não quero ser um incômodo para ninguém...

...Mas você já está sendo! O que acontecerá de mal se você foder com as coisas mais um pouco?

...Não quero que nenhum dos dois se machuque...

...Mas um dos dois vai acabar se machucando de qualquer maneira...

...Qual escolha machucaria mais pessoas?

...É com essa escolha que eu não posso ficar...



Acordei ainda atordoada, a luz vermelha da tarde entrava pela pequena janela, o trailer permanecia em silencio... A não ser por... Levantei-me para prestar atenção ao som.

Uma voz grave e rouca cantava ao fundo acompanhada de um violão, muito abafada mais ainda audível.

Saí da cama com cuidado, atravessei o corredor seguindo a melodia.



I hold your hand in mine

I hold your hand and you're so lonely

Oh, so lonely

Your eyes have lost their light

Your eyes have lost their light and you're empty

Oh my God you're so empty



Era Ville, eu encostei minha cabeça levemente à porta que dava ao lobby e continuei ouvindo.

(I'm in love with you)

You are my heaven tonight

(I'm in love with you)

You are my heaven tonight



Sua voz melódica e ao mesmo tempo rouca me dava arrepios, ele era perfeitamente afinado. Uma voz angelical e ao mesmo tempo diabólica, suave como seda e forte como uma flecha incandescente atravessando meu corpo.

Trying to find the heart you hide

Trying to find the heart you hide in vain

Oh, in vain

And you're my haven in life

And you're my haven in death, Baby

Life and Death my Darling



Tentei enxergar com cuidado pela fresta da porta, mas acabei perdendo o equilíbrio e entrei no lobby tropeçando ridiculamente. Ville se assustou e depois me sorriu, ficando corado. Eu simplesmente não sabia onde enfiar minha cara, senti meu rosto corar também e só consegui sorrir.

_Me ouvindo escondida? Que coisa feia. -Serrou os olhos, sorrindo brincalhão.

_Desculpe, não sabia quem estava cantando e tentei olhar pela fresta da porta... Não deu muito certo –Sorri amarela. –Quando for fazer o mesmo, lembre-se disso, dica! –Dei uma piscadela.

Ville sorriu graciosamente, os olhos brilhavam e seu rosto parecia mais corado. Ele estava feliz como nunca havia visto, como se a casca por cima do garoto melancólico e misterioso que cobria rosto com o cabelo tivesse sido rachada.

Pedi para que continuasse a cantar, o finlandês logo corou, abaixando a cabeça e a cobrindo com o cabelo novamente. Disse que não havia mais musica, que acabara de escrever aqueles trechos. Pelas mechas do cabelo pude ver o sorriso aberto, mostrando seus dentes atacantes separados, como os de Madonna. Um charme, pensei.

Perguntei-me onde todos estariam, e então descobri que havíamos chegado em nossa primeira parada, finalmente.

_Um hotel de riquinhos babacas, que está fechado só pra nós. A equipe do Bam já distribuiu câmeras em todos os cômodos, agora sim essa merda parece com o Big Brother. –Ville debochava.

_E o que você está fazendo aqui sozinho, por que não foi até lá com todo mundo?

Ville corou.

_Estava esperando você acordar. E enquanto isso até inventei uma composição nova, foi uma espera gratificante... -Respondeu num tom bobo.

Eu corei sem saber o que falar, meu coração palpitou fortemente e senti meu estômago saindo pela garganta.

_Por quê? –Gaguejei.

_Eu queria conversar com você. –Levantou a cabeça e me fitou com os olhos brilhosos acompanhados de um sorriso meigo e sedutor.

Eu não esperava por nada daquilo, minha garganta deu um nó e eu pude imaginar minha cara de espanto e medo. E agora? O que eu vou fazer?

_Sabe... –Ville tirou o violão de seu colo e o colou ao lado. –Eu quero saber o que vai acontecer daqui pra frente... –Tirou as madeixas do cabelo do rosto.

_C-como assim? –Perguntei mesmo sabendo do que se tratava. Me sentei automaticamente no sofá adjacente ao em que Ville estava.

_O que vai acontecer... Entre nós dois, sabe? –Ele pareceu se perder em suas próprias palavras, os olhos verdes vagando pelo cômodo, procurando o que dizer. –Sabe... Não sei o que você deve pensar de mim, mas provavelmente não é a verdade... Quero dizer, eu não sou um cafajeste, não me aproveitei da sua insegurança essa manhã... Não era nenhum tipo de jogo idiota. –Ele sorriu, como se caçoasse de seus próprios pensamentos. –Não estou dizendo que foi algo realmente sério, você sabe... Não fizemos nada de mais, só que... Não foi algo comum, você entende? Pra mim... Pelo menos. -Guaguejou as duas últimas palavras, mas não pareceu um completo idiota como eu quando guaguejava, pareceu... Lindo.

Concordei com a cabeça, em silêncio e com os olhos vagando para qualquer lugar daquele cômodo que não fosse os olhos de Ville.

_Tipo... Ah... Me desculpe.–Fez uma careta antes de colocar o rosto entre as mãos. –Eu só estou falando merda... Desculpe, eu dramatizo de mais as coisas e sei que isso não é preciso... Quer dizer, já somos adultos maiores de idade, não precisamos agir como se aquele beijo de hoje de manhã tivesse sido nosso primeiro, e nem que esse seja o primeiros romance de nossas vidas... Não quero que pareça uma encenação para que você tenha dó de mim... –Ficou em silencio por um instante, eu concordei que era maior de idade, não ia mudar de assunto naquele momento. –Diga algo, por favor. Me diga o que passa na sua cabeça afinal, você é a garota mais misteriosa que já conheci, não sei o que te falar, não sei como agir perto de você, pareço um porra de um virgem. –Ele riu, finalmente retirando o rosto das mãos e me fitando, me esperando falar algo.

Fale alguma coisa agora, sua idiota.

Decida-se!

Calor escaldante. O ar desapareceu do cômodo. Coração palpitando até doer. A sensação de sufocamento no peito, apertando-o com uma pressão fortemente contínua e gradativa.

Decida-se, sua imbecil!

_Eu não sei, Ville.

Resposta errada.

Anda! Você é mais corajosa que isso! É só dar um fora nele de uma vez, você já fez isso varias vezes...

_A-Acho melhor pararmos com isso Ville... –Disse rapidamente, como uma criança que confessa que roubou os biscoitos do pote da cozinha para a mãe, esperando o croque na cabeça e o castigo.

Ficamos em silencio por um momento. Eu tentava retroceder minha respiração até que ficasse normal, tentando ao mesmo tempo não parecer uma psicopata ou doente-mental.

_Por quê? –Ville perguntou calmamente, como se nada daquilo o chocasse ou como se simplesmente não fizesse diferença... –Não fique nervosa desse jeito, eu não sou o Bert, não vou te bater, nem gritar, nem te xingar. Só quero saber o porquê.

_Porque essa é a melhor decisão, você não vê? –Minha voz tremia.

_Qual motivo faz dessa a melhor decisão pra você? -Continuava falando calmamente, o que me irritava de certa forma.

_Não é obvio, Ville? Esse nosso lance não faz o menor sentido, pra que isso? Eu não tenho o direito de machucar o Bert, que eu conheço há tantos anos, só porque um gringo que eu mal conheço deu em cima de mim e me enfeitiçou.

_Hey, hey,calma aí garota. Eu nunca, em nenhum momento, dei em cima de você.

_Como assim? E todo aquele joguinho de sedução, era minha imaginação?

_Eu sou assim, tento ser legal com todos, você interpretou errado. –Continuava mantendo a voz calma, mas rude, e se recusava de qualquer maneira a olhar na minha cara. –Se você acha que todos que se aproximam de você querem te pegar, querem tranzar com você, está muito enganada. Não julgue as pessoas sem ao menos conhecê-las, Katherine. Eu não sou como todos os outros babacas que querem se aproveitar de você quando está bêbada ou drogada de mais pra se lembrar no dia seguinte.

_Do que você está falando?

_Eu estou falando desse fim de semana, Kate. Você provavelmente nem se lembra do que aconteceu, e eu não vou me meter na sua vida, quem tem de te alertar são seus amigos. –Sua voz agora era mais forte, mas ainda tentando conter um pouco a raiva, sem sucesso.

Ville parou, respirou fundo e me respondeu com uma voz mais controlada.

_Só não queria te ver machucada, não te conheço, mas achei que você não merecesse isso. Agora já não tenho tanta certeza disso, talvez seja isso que você queira pra sua vida. –Fez mais uma pausa. –A ultima coisa que quero agora é discutir com você. Faça o que bem entender, não vou mais ficar dando em cima de você, está bem?

Ville se levantou e foi até a porta, e antes de abri-la me olhou com um sorriso propositalmente sínico.

_Espero que seja feliz com seu namorado, Katherine.



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Love Is Paranoid _The Distillers


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Notas finais do capítulo

Bom, pra quem não sabe, o trecho que coloquei é da música Heaven Tonight do HIM, se nao conhece, jogue no youtube, mesmo que nao conheça a banda, eu acho que essa música vale a pena



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