Like A Stone

Katherine Casay.

Quando voltei já tinha bastante gente acordada, e estavam todos sentados na frente do ônibus, inclusive Novak, que passara todo o fim de semana em repouso, com a cabeça enfaixada. Todos se mantinham em silencio quando eu cheguei.

_Eaí, Novak? Tá melhor? –Lhe dei um abraço e lhe passei a mão na cabeça, como se fosse um filhote de cachorro.

_Tô sim, obrigado.

_Porque vocês não saíram ainda?

_Agente estava te esperando, donzela. –Ashley respondeu, sorrindo furtivamente, como se estivesse passado por algum tipo de preocupação, eu logo percebi e me preparei para o que poderia ouvir.

_Então, Kat. É que todo mundo ouviu sua briguinha básica com o Bert e acordou... –Roxane começou. –Aí o Bert começou a brigar com o Ville.

_O quê? Por que com o Ville? –Levei um baque.

_Disse o Bert que é por causa do Ville que você está terminando o namoro com ele. –Bam respondeu. –É, eu falei pra ele não dar em cima de você que isso ia acontecer.

_M-mas eu não fiquei com o Ville, eu não tenho nada com o Ville! De onde o retardado do Bert tirou isso?

_Da cabeça retardada dele. Eu sabia que isso ia acontecer, porque você e o Ville ficaram super amigos do nada, e por algum motivo o Bert encrencou com ele, simplesmente por que não vai com a cara dele, ele me disse isso. –Gerard assumiu o controle pra terminar de me deixar puta.

_E eu nem namoro ele pra terminar algum namoro, cacete! –Tentei respirar fundo, todos se mantinham sentados, olhando em meus olhos, esperando pelo que eu diria. Perguntei se eles tinham se esmurrado ou algo do tipo, e Cassie me afirmou em detalhes como Bam e Raab seguraram Ville enquanto Frank e Quinn seguraram Bert e separaram a briga.

_E o que mais houve?

Todos ficaram em silencio

_Caralho, seus filhos da puta, me respondam!

_Agente ta esperando o seu namorado voltar, Katherine. –Ville saiu de dentro do trailer. Eu gostava do jeito que ele dizia meu nome, nao dizia kéterine e sim katarine, com aquele a europeu. Sacudi a cabeça, que hora ridícula pra reparar no sotaque do garoto. – Sinceramente, por mim ele morre atropelado na rua. –Nunca havia ouvido tanto ódio concentrado em apenas algumas palavras, os olhos de Ville se mantinham calmos, mas já não eram verde-água, e sim verde-musgo; Seu rosto, como sempre demonstrava nenhuma emoção, mas ele não conseguira esconder com sua forte voz rouca o que acontecia ali de baixo daquela casca.

_Ville? M-mas, onde o Bert foi? -Puxei o vampiro de canto pela manga da camisa preta larga.

_Ele foi correndo loucamente atrás de você, disse que te daria uma surra, mas ninguém conseguiu segurar ele. –A voz de Bam surgiu atraz de mim, sempre odiei a maneira como ele furtivamente podia aparecer em qualquer lugar sem ser percebido.

_É, agente ficou preocupado com você, mas pra piorar você fez o favor de deixar o celular aqui. Ele ta fora de si, e o Ville também. –Dunn arrematou, surgindo de trás de Bam.

_Não, eu já to calmo, fiquei puto por vocês me segurarem e não me deixarem ir atrás daquele psicopata. -Mantinha a voz de pessoa-ainda-muito-puta, o que desmentia suas próprias palavras.

_Ia ser pior.

_Ia ser pior? Ele poderia ter espancado a Katherine! –Ville aumentou o tom de voz assustadoramente e seu rosto se contraia em desdém enquanto apontava para mim.

_Calma Ville, ela ta aqui, e esta bem, não esta? Então fica tranqüilo. –Migé se levantou e tentou consolar o amigo, parecia que ele também ouvia a conversa alí do lado. –Agora agente só precisa esperar o esquentadinho voltar e ver no que dá...

Todos à nossa volta olhavam para nos, sentados na grama, esperando alguma coisa.

_Kat, você precisa tentar tranqüilizar esse cara, se não vai foder tudo, a viajem, a turnê e o reality. –Raab estava sentado ao meu lado enquanto esperávamos pela volta de Bert.

Todos estavam agitados, inclusive Bam, Jeph e Ville. Eu sabia que os três estavam mesmo preocupados com o que poderia acontecer comigo, Bam e Jepha eram grandes amigos meus, mas eu sabia que lá no fundo, Bam guardava parte de sua preocupação para o seu reality show, Jeph se preocupava com seu amigo Bert, e também com o estrago que aconteceria a sua primeira chance na Warped Tour... Mas Ville, eu não sabia exatamente o porquê de ele estar tão preocupado comigo, tão extremamente puto, já que o mesmo mal me conhecia, eu sentia que Bert devia ter falado algo realmente forte pra ele se preocupar tanto.

_Mas... E se ele começar a brigar e... Sei lá. –Eu estava com medo, como se fosse brigar com um cara que eu mal conhecia e que poderia me bater. Sempre quis acreditar que Bert se fazia de forte, mas na verdade não matava sequer uma formiga.

_Relaxa Kate –Ville sentou-se ao meu lado. –Eu não vou deixar aquele louco encostar em você, nem eu nem mais ninguém aqui, ok?

_Obrigada. E... Desculpe-me, por tudo isso.

_A culpa não é sua, ok? –Ele sorriu e me teu um tapinha no ombro, sua voz parecia ter voltado ao normal, e seus olhos voltaram a ser verdes-água.

Bam se sentou do seu lado.

_Eaí, garota? Tá tudo bem com você?

_Impressionante, eu fodi com a cabeça e ninguém se importou tanto comigo. –Novak riu. E em seguida todos riram.

Passaram-se 5 minutos, estávamos todos preocupados, ligando aflitamente para Bert, mas seu celular parecia desligado. Então a imagem dele apareceu lá de longe, entrando no estacionamento. Ville se levantou junto comigo, ao meu lado, contraindo o rosto como um animal defendendo o território.

_Calma, Ville, deixa que eu me viro.

_Eu não vou deixar você ficar perto dele sozinha, ele é um covarde!

Eu não conseguia entender porque Ville estava puto daquele jeito, e achei melhor não perguntar, não naquele momento.

_Calma, me deixa ir lá. –Sorri pra ele como quem diz que está tudo sob controle, lhe dei as costas e fui em direção ao Bert, ele não poderia fazer nada de mal a mim, Bert não era daquele tipo, eu queria acreditar naquilo.

Ele me olhava fixamente nos olhos enquanto nos aproximávamos, e eu continuei andando em direção a ele, sem saber nenhuma palavra do que eu ia dizer. Eu tinha um segundo e meio pra falar alguma coisa antes que ele começasse a falar e aquilo saísse do meu controle. Eu prometi que tranqüilizaria Bert, e se eu não fizesse isso por mim, faria ao menos por Bam e por todos naquele ônibus e nos outros, pois isso acabaria atrasando mais a turnê, que já estava há dois dias atrasada por causa da cabeça de Novak.

_Bert, o que aconteceu aqui enquanto eu saí?

_Cala a boca, eu falo! –Ele apontou o dedo na minha cara, eu o obedeci. –Você acha que eu sou babaca? Acha? Eu não sou nenhum tipo de babaca não! Você acha que é assim, então, você me trai e fica por isso mesmo, me fazendo de idiota!? -Disse malandro.

_Bert, do que você ta falando? Eu não te traí! –Na verdade eu quis dizer que nem estávamos juntos pra ele dizer se eu tinha traído ou não. Mas achei melhor não cutucar a fera.

Bert me mandou calar de novo, seus olhos estavam completamente vermelhos, brilhantes e vidrados olhando nos meus, com todo o ódio do mundo. Ele não falava nada que pudesse fazer sentido, então eu percebi o que realmente estava acontecendo, e senti nojo e dó de Bert.

_Você esta completamente drogado, Bert. Não sabe nem o que está falando! É a droga do Cristal Metanol de novo, não é? –Ele se calou, uma afirmação. –Caralho, Bert! Você disse que tinha parado com essa merda, como você trouxe isso pro ônibus? Seu retardado! –Fiz um gesto com a mão, apontando para minha própria cabeça, virei as costas, na verdade com muito medo do que ele poderia fazer, antão andei com passos rápidos mas não o ouvi atrás de mim.

Quando me aproximei dos garotos, não parei de andar.

_A conversa já acabou. –Disse apressada e bem alto, para que todos pudesse ouvir, inclusive Bert, que vinha logo atrás.

_Boa, Kat, foi rápida, hein! –Frank deu um risinho tosco.

_Ele ta drogado! Por isso ta tão nervoso, não vou gastar minha saliva falando com um drogado! Daqui a pouco ele volta ao normal e eu falo com ele. –E eu tinha certeza de que ele tinha ouvido, pois se aproximava calado, como se sentisse vergonha de simplesmente falar. Ele sabia que se abrisse a boca comigo ali junto, eu ia deixá-lo no chão e dizer todos os seus podres mais humilhantes na frente de todos, e uma coisa que Bert prezava mais que a honra, era a sua posição como maioral e inquebrável.

Eu entrei, deitei na primeira cama que vi no corredor, fechei a cortina e sem querer, comecei a dormir, como se meu cérebro bloqueasse toda a dor e se desligasse para poupar uma pane no sistema.

Acordei com o barulho do trailer em movimento, havia um silencio incomum no lugar, resolvi ficar ali, não saberia o que dizer e nem como reagir na frente de todos, depois da merda que aconteceu. No mesmo momento, minha cortina se abriu. Era Ville.

_Já acordou? –Ele sorriu.

_Bom dia. –Me espreguicei preguiçosa. –O que aconteceu enquanto eu dormi?

_Bom, o Bert deu um ataque de loucura, não sei como você não ouviu. Ele quis te acordar, mas o seguramos... Tem certeza que você não acordou com os urros dele? –Sorriu. –Mas depois ele se acalmou... Quer dizer... Ele desmaiou, mas está tudo bem. Ele ta dormindo como uma pedra dês daquela hora. –Foi quando percebi que sua face direita estava roxa e inchada na linha dos olhos.

_O Bert fez isso em você? –Estava pasma e podia sentir pânico e vergonha em minha voz.

_Sim... Ele tem um gancho e tanto. –Sorriu. –Mas não se preocupe, e também não se culpe, eu estou bem, daqui uns dois dias isso some.

Toquei seu rosto por cima do inchaço com cuidado e o mesmo se contraiu de dor, dizendo um ai baixinho. Pedi perdão três vezes seguidas, aflita. Ele se mantinha calmo e sorrindo, pedindo para que eu não me culpasse por aquilo. Mandou-me voltar a dormir, porque obviamente parecia muito cansada, fechou a cortina, e eu caí no sono de novo, enquanto me remoia com a imagem do rosto inchado do finlandês. Acredito não ter dormido por muito tempo, pois quando acordei ainda começava a escurecer, e o ônibus continuava em silencio. Perguntei-me de quem seria a cama na qual eu dormia, provavelmente era de um homem, eu sentia perfeitamente o cheiro da colônia masculina forte no travesseiro. Um cheiro estonteante, cítrico.

Eu sabia que era errado, mas resolvi pesquisar pelos objetos nas gavetas abaixo na cama. Achei vários livros, mas não parei pra ver a capa nem ao menos ler algum deles. Fechei as gavetas sem olhar muito, me sentindo errada. Mergulhei a cabeça no travesseiro novamente, e respirei fundo para sentir de novo aquele cheiro gostoso.

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Cristal é usado para dar energia durante sexo ou para dançar por muito tempo. Ele pode fazer você sentir viajando, bem aceso, confiante (às vezes invencível), impulsivo, menos propenso a sentir dor, e com muito tesão (e com menos inibições).

Cristal eleva a temperatura do corpo, batimentos cardíacos e pressão sangüínea talvez a níveis perigosos, com risco de ataque, derrame, coma ou, se azarado, morte.

Você pode ficar dias sem comer ou dormir. O fim do efeito pode te deixar sentindo exausto, agressivo e paranóico, e em alguns casos pensando em suicídio.

Dependendo de como você toma cristal, pode danificar os pulmões, nariz e boca. A má reputação desta droga vem dos vários problemas que tem causado na cena gay dos Estados Unidos e Austrália.

Fonte: http://www.quedroga.com.br/toxicos/cristal

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Like A Stone - Alice In Chains