Anjo Caído escrita por yumesangai


Capítulo 20
Correnteza




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Shinji abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi o teto, que não era o teto de seu quarto, mas ironicamente era um teto familiar. Quantas vezes ele já havia acordado na enfermaria?

Um par de braços o envolveu e a única coisa que ele conseguiu visualizar era uma cabeleira azulada familiar. Ele sorriu.

"Misato-san".

"Baka! Baka! Baka!" Ela chorava e o apertava. "Eu achei que tinha perdido você".

"Saia de cima dele, deixa ele respirar!" A voz irritada era de Asuka que puxava Misato pelo ombro que secava as lágrimas.

As duas discutiam algo sobre boas maneiras, mas Shinji não conseguia entender. Ayanami envolveu a mão dele.

"Fico feliz que esteja bem". Sua voz calma soava aliviada também.

Ele assentiu ainda com um sorriso. "Obrigado".

"O Comandante Ikari esteve aqui". Misato anunciou chamando a atenção da terceira criança.

"O... o meu pai?"

"Sim, mas você ainda estava dormindo. Achei que deveria saber". Ela piscou para ele. "Eu tenho assuntos a resolver, então já tenho que ir. Deixem ele descansar". Disse mais especificamente para Asuka que virou o rosto fingindo que não era com ela.

"Misato-san, obrigado".

Ela lhe sorriu sincera e acenou antes de deixar o quarto. Guardando o quarto, dois agentes da NERV se encontravam no corredor. Kaworu estava encostado na parede, provavelmente a esperando.

"Qual o significado disso?" Ele perguntou.

Ela sabia do que se tratava.

"Ele não tem autorização de deixar a NERV". Respondeu séria.

"Eu vou ficar com ele". Ele esperou por uma reação, mas Misato não esboçou nenhuma. "O meu quarto aqui ainda existe, não é? Ele pode ficar comigo".

Ela franziu o cenho. "Ele pode ficar em outra unidade, existe mais de uma disponível".

"Eu não vou deixá-lo sozinho".

Misato preferiu ignorar o tom. "Se você tentar escapar com o Shinji-kun, ambos vão ser presos. Em celas separadas". Fez questão de frisar.

Kaworu estreitou os olhos, mas não disse nada.

...

"Você deveria comer um pouco". Asuka colocou uma bandeja sobre o apoio que ficava na lateral da cama.

Shinji deu um sorriso torto. Comida de hospital continuava sendo comida de hospital.

"Eu fiz uma sopa de miso". Ayanami tirou um frasco de dentro de uma sacola, destampou e despejou o conteúdo quente ali.

"A-ayanami quem fez?" Shinji segurou o pequeno copo. A aparência era ótima. "Obrigado".

Asuka girou os olhos, mas estava com um sorriso no rosto. "Ha quanto tempo você está praticando?"

"Desde que fomos ao centro de tratamento". Respondeu virando-se para a alemã.

Ele sorriu ao beber, o gosto também estava ótimo. "Ayanami, isso está muito bom, obrigado".

Ela sorriu de volta.

"Vocês japoneses e essa mania de agradecer o tempo todo". Resmungou alto, ligeiramente irritada.

"Asuka".

"Huh?"

"Obrigado".

Uma veia saltou da testa da alemã, ninguém a escutava?! Mas ela respirou fundo.

"Por que está me agradecendo?" Cruzou os braços.

"Acho que eu só consegui sair de lá porque lembrei do que você disse".

Isso pareceu a acalmar, ela descruzou os braços, a expressão também estava mais relaxada. Ele olhou em volta.

"Onde está o Kaworu-kun?"

"A quinta criança saiu um pouco antes de você acordar".

"Eu vou chamá-lo". Asuka deixou o quarto primeiro, Rei pegou suas coisas e também saiu. Shinji se sentou na cama.

A porta do quarto se abriu, e mal Shinji se virou e foi abraçado fortemente por Kaworu.

"Okaeri".

Shinji o abraça de volta. "Tadaima".

E eles ficaram algum tempo assim, até que Kaworu o soltou. Shinji percebeu pela primeira vez que estava com o cheiro do LCL, isso o fez torcer o nariz.

"Preciso de um banho". Resmungou se levantando.

"Posso ir junto?" O tom divertido de Kaworu o fez corar dos pés a cabeça.

Jamais iria descobrir se era proposital.

"E-eu acho que sim".

...

Em cabines lado a lado, o jato de água quente era a melhor sensação depois do contato caloroso de um abraço. Shinji sentia que poderia ficar ali por um bom tempo.

“Eu senti falta disso”. Admitiu mais para si mesmo.

“De banho?” Kaworu perguntou ligeiramente confuso. Ele desligou a água de seu chuveiro.

Shinji riu. “Não, da sua proximidade”.

Isso o deixou sem palavras, mas Shinji não esperava uma resposta.

A pequena porta é empurrada e Kaworu adentrou o pequeno espaço, e antes que Shinji pudesse dizer qualquer coisa, ou se virar, ele o abraçou. Queixo apoiado em seu ombro, mas o envolvendo.

"Kaworu-kun está próximo demais". Shinji choramingou.

“Eu pensei que não fosse te ver de novo”. Admitiu com a voz amargurada.

E isso faz com que Shinji relaxasse um pouco, um suspiro escapou de seus lábios. “Eu também pensei isso". No entanto, as palavras da quinta criança o atormentou. "Espera, você estava com medo Kaworu-kun?” A surpresa em sua voz era inevitável.

“Ah, eu fiquei realmente assustado”. Seu abraço se apertou um pouco mais.

“Eu não sabia que você poderia se sentir assim”.

Kaworu recuou um pouco, mas continua dentro do espaço pessoal de Shinji.

“Acho que é um efeito que você tem em mim”.

Shinji se virou, ficando de frente para ele. A água quente batendo em suas costas.

“E-eu?”

Kaworu sorriu. “Sempre me fazendo sentir coisas que eu desconheço”.

“Essa é a minha fala, Kaworu-kun”.

“Se você não voltasse eu não sei o que faria”. Era mentira, sabia muito bem o que faria, mas deixou esse pensamento sombrio num canto da mente.

“Eu estou aqui agora”. Disse de forma libertadora, como respirar novamente.

“Eu não vou mais deixar você fugir e também não vou a lugar algum”.

“Kawo--”

E seus lábios foram capturados, eles tropeçam até Shinji bater com as costas na parede do chuveiro.

Lábios macios contra os seus, coração acelerado, o contato de pele contra pele. Isso era bem além do que ele havia imaginado que poderia acontecer.

Uma língua intrusa adentrou sua boca, e a sensação de calor que percorreu seu corpo não tinha nada a ver com a água quente que ainda estava caindo.

Um gemido escapou por seus lábios, o rosto agora completamente enrubescido. Eles se afastaram um pouco, a respiração pesada, as pernas ligeiramente bambas. Shinji olhou timidamente na direção de Kaworu.

Ele passou a língua pelos lábios e sorriu.

Shinji engoliu em seco.

E de repente a luz foi desligada junto com o chuveiro. Ele teria se assustado se já não estivesse acostumado com o sistema da NERV.

“Acho que estão nos expulsando”. Murmurou.

Kaworu manteve o sorriso. “Eles tem câmeras aqui?”

“O-O QUE?!” Shinji olhou desesperadamente para cima.

Kaworu riu. “Estou brincando”.

“K-kaworu-kun...”

“Hmm?”

“...Eu... eu posso dormir com você?” Shinji perguntou de cabeça baixa, olhando para os próprios pés como se fossem a coisa mais interessante do mundo. Ele perdeu a surpresa no olhar da quinta criança e o sorriso doce que se formou em seus lábios. “A-a Asuka me disse que tenho que fazer novos testes e que não posso deixar a NERV, e.... e disse que você ficaria aqui hoje também... então..."

Kaworu inclinou o rosto para frente, até a ponto dos lábios roçarem no ouvido da terceira criança.

“Eu adoraria”.

Outro arrepio.

“Hm... você pode ir na frente?” Perguntou ainda evitando olhar para ele. “Eu ainda preciso terminar o banho...”.

“Você sabe que a água quente do chuveiro foi desligada junto com a luz, não é?” Perguntou meio dúbio.

Shinji assentiu. “N-não tem problema”.

Kaworu concordou e saiu da cabine. Shinji precisava mesmo de um banho frio.


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Notas finais do capítulo

Por que o Shinji não pode sair da NERV? O que aconteceu com o EVA 1? Isso ainda será explicado, mas não no próximo capitulo. No próximo teremos um pouquinho mais de KawoShin ; )