Anjo Caído escrita por yumesangai


Capítulo 12
O que se esconde na escuridão


Notas iniciais do capítulo

Kaworu está pilotando a Unidade 04.
Não sei se já mencionei, mas estou usando a Asuka do filme, logo, o sobrenome dela é Shikinami.

Desculpem a demora e boa leitura!



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"Tem alguma coisa acontecendo com o Shinji-kun?" Misato perguntou aleatoriamente no meio de uma manhã qualquer quando a terceira criança não se encontrava no apartamento.

Asuka estava deitada no chão folheando um livro, ela não conseguiu conter o sorriso.

"Do que você está falando?" Perguntou fingindo estar entediada ao olhar para a major.

"Eu não sei... ele anda diferente". Misato respondeu mais para si mesma.

"Diferente no caso daquele baka é uma coisa boa". Disse girando os olhos.

Misato continuou com uma expressão concentrada. "Não é bem isso..."

"Talvez seja a puberdade". Asuka debochou. "Aquele garoto precisa de alguns pêlos na cara pra parecer um homem de verdade".

Os olhos da major se arregalaram um pouco.

"Você não está falando do Kaji, está?" O tom de Misato era acusador.

Asuka continuou com um sorriso desdenhoso estampado. "Não, eu estou falando do comandante Ikari" Debochou. "Claro que é do Kaji!"

A expressão na major era impagável. Ela levantou de sua cadeira e deu alguns passos até ficar em frente a segunda criança.

"Fique longe do Kaji, mocinha, ele não é pro seu bico".

Asuka se sentou. "Mas o Kaji olha pra mim" E fez questão de enfatizar as palavras. "Além disso, foi ele quem me buscou na Alemanha, nós tivemos um tempo para nos conhecermos melhor e... "

O rosto da major estava vermelho. "Nosso assunto era o Shinji!"

Asuka girou os olhos e se levantou com o livro nas mãos. "Por que o alvoroço repentino por causa dele? Instinto materno?" E saiu de lá antes que panelas voassem em sua cabeça.

Misato não reparou que o livro que Asuka estava lendo era Lolita.

—/-

"Essa é a última caixa?" Shinji perguntou segurando a caixa de papelão lacrada.

"Sim, você acha que conseguimos subir com a bicicleta junto?" Kaworu perguntou enquanto a guiava pelo corredor.

Eles estavam no térreo de um dos prédios de muitos andares de Tokyo-3, os apartamentos eram pequenos e Shinji já estava familiarizado com o design, Rei também morava lá. O elevador era algo de antes do segundo impacto e pouco confiável, mas nenhum deles queria fazer o exercício de subir 10 andares e ter que fazer mais de uma "viagem".

Havia três caixas amontoadas no elevador, a bicicleta entrou de alguma forma, a quarta caixa estava ocupando um espaço na frente do painel e Shinji e Kaworu estavam meio esmagados, Shinji olhava para cima confirmando que o elevador estava subindo e Kaworu sorria enquanto murmurava Ode to Joy.

Ter seu espaço pessoal invadido parecia ser um hobbie da quinta criança, mas dessa vez parecia que eles estavam testando as leis da física sobre dois corpos ocuparem o mesmo espaço.

E de repente as luzes de apagaram e o elevador deu um baque, Shinji só não voou de cara com a grade porque Kaworu o segurou pela cintura.

"O que foi isso?" Foi Kaworu quem perguntou.

As luzes de emergência acenderam.

"Será que nós passamos do limite de peso?" Shinji perguntou tentando ler a placa que falava sobre isso, mas a bicicleta estava no caminho.

Kaworu apertou o botão para subir algumas vezes, mas o elevador continuou parado. Shinji apertou o de emergência.

"Eu não acho que alguém vai aparecer tão cedo pra tirar a gente daqui". Kaworu murmurou com toda sua calma.

Shinji estava começando a se sentir claustrofóbico, estava quente, eles estavam meio esmagados e o elevador estava parado.

"Você tem sinal?" Shinji perguntou tentando tirar o celular do bolso.

Kaworu tentou mexer o braço, mas bateu na pilha de caixas que ameaçou desabar.

"Hm... Shinji-kun? Você pode tentar pegar? Está no meu bolso".

Essa era uma daquelas situações que só aparecem em filmes e você pensa que é algo totalmente ridículo e nunca aconteceria com ninguém.

"Hm, eu não--" Shinji murmurou com o rosto corado, que não podia ser percebido graças a luz de emergência.

"Shinji-kun, é só o celular". Kaworu tentou acalmá-lo sem achar graça da situação, que ele por sinal não estava tão incomodado assim.

Shinji tentou não tornar a situação pior do que já era, Kaworu tentou não sorrir muito abertamente.

Quando ele pegou o aparelho percebeu que havia um pontinho de sinal, mas ao trazer o aparelho para mais perto de si o sinal desapareceu.

"Por que isso só acontece quando nós precisamos?" Resmungou, Kaworu deu de ombros. "Não tem como ficar pior..."

E o sinal que soava por toda Tokyo-3 indicando a presença de um Anjo podia ser ouvido. Os dois pilotos se entreolharam e imediatamente tentaram forçar a porta do elevador a se abrir, por sorte eles estavam presos no meio do caminho e não precisavam de muito esforço para passar pelo espaço disponível.

"Acho que a NERV deveria preparar melhor seus pilotos para essas situações". Kaworu brincou quando saiu de lá.

—/-

Shinji estava nervoso, mais nervoso do que estar num elevador parado com Kaworu. A ideia de enfrentar um Anjo era sempre algo perturbador, muitas coisas poderiam dar errado e ele ainda se lembrava de quando quase estragou tudo da primeira vez e o EVA entrou em Berserk ou de toda a dor infligida durante os ataques.

Nada daquilo era uma simulação, os Anjos e seu poder destrutivo eram reais. Eles corriam pela rua e Shinji olhou rapidamente para a quinta criança, seu rosto sério e aqueles olhos vermelhos que sempre se mostraram tão generosos... Ele não queria que nada acontecesse com ele ou com Rei, Asuka, Misato...

Não era por isso que ele pilotava o EVA?

Mas o fato de ter Kaworu ao seu lado, de realmente tê-lo por perto era diferente. Pesava diferente e fazia com que seu coração se apertasse ainda mais. Qual era o nome desse sentimento?

...

"Droga!"

Mal eles chegaram e encontraram com Asuka brigando com o cartão de acesso.

"Precisamos de uma nova rota". Kaworu anunciou assim que avistou a primeira e segunda criança.

Rei tirou da bolso um pequeno guia.

"Onde diabos vocês estavam!?" Asuka gritou desistindo de tentar conseguir entrar pela porta.

"Presos..." Shinji murmurou. "É mesmo um Anjo?"

"Não seu idiota! É um teste de evacuação!" Asuka estava mais irritada do que o normal. "É claro que é um Anjo!"

"O sinal de alerta funcionou, mas toda a energia não funciona, o que foi isso?" Shinji murmurou mais para si mesmo.

"Quem se importa com isso? Nós precisamos chegar aos EVAs".

"A Rota 07 é o caminho indicado pelo guia". Rei anunciou.

Asuka girou os olhos e saiu seguindo na frente, Kaworu apenas sorriu na direção de Shinji e os quatro pilotos seguiram. As portas de acesso foram abertas manualmente pelos dois pilotos, Rei dava as direções segundo o que lia e Asuka guiava o caminho graças a lanterna do celular.

Eles param quando se deparam com uma bifurcação.

"Pra onde agora?" Asuka perguntou se virando para a primeira criança.

Rei fechou o pequeno guia e o guarda novamente.

"Eu acho que pela direita". Respondeu.

Asuka grunhiu. "'Eu acho' não vai nos fazer chegar até os EVAs". E se virou para os outros dois que vinham logo atrás. "Baka Shinji, o que você acha?"

Shinji odiava ser colocado contra a parede e dar uma opinião, mesmo numa situação como essas, seria o mesmo que escolher entre as duas.

"E-eu, eu não..."

Kaworu colocou a mão em seu ombro. "Você está nos guiando não é? Vamos pelo caminho que você achar melhor".

Shinji respirou aliviado. Asuka pareceu contente com a resposta.

"Ótimo!". E com isso eles seguiram pela esquerda.

O caminho era uma subida, Asuka percebeu o erro, mas agora era melhor chegar ao tal destino do que dar meia volta sem saber o que os aguardava, os outros pilotos também preferiram não dizer mais nada.

A única coisa ao final da subida era um porta que foi aberta com um chute. Coincidentemente ou não o Anjo que andava por Tokyo-3 estava de passagem, era uma criatura que lembrava a figura de uma aranha.

A porta foi fechada tão rapidamente quanto aberta após o susto. Os três a encaravam ainda sem dizer nada.

"Hehe, agora que confirmamos o alvo vamos nos direcionar para os EVAs".

—/-

O único atalho disponível foi por um duto de ventilação, Rei subiu primeiro já que todos finalmente chegaram a conclusão de que se alguém saiba o caminho correto era ela.

Kaworu estava com um sorriso divertido apesar da situação em que se encontravam.

"Parece que é o nosso destino nos metermos em situações assim hoje". Disse no seu tom calmo de sempre, mas que agora parecia uma provocação.

Kaworu entrou no duto deixando um Shinji vermelho para trás e uma Asuka curiosa.

"O que foi isso?" Ela perguntou o segurando pelo ombro e o impedindo de subir.

"Nós ficamos presos num elevador mais cedo..." Shinji murmurou tentando não parecer mais patético do que estava se sentindo.

Um sorriso largo se formou nos lábios da segunda criança.

"Vocês estavam não estavam num encontro?" A provocação era quase palpável.

"E-eu só estava o ajudando com a mudança". Murmurou em chamas.

"O que tem dizer que foi um encontro?" Asuka questionou. "Sério, vocês Japoneses fazem muito drama por coisas pequenas". E subiu no duto na frente dele. "Se olhar por debaixo da minha saia eu te mato".

Shinji queria pensar melhor sobre o que ela disse, mas agora não era o momento.

—/-

Os EVAs já estavam em standby quando os quatro chegaram ao Geofront, Kaworu e Shinji seguiram para o vestiário masculino para trocarem de roupa.

Shinji estava quieto, a testa franzida e um olhar preocupado. Kaworu sentiu o coração apertar, se aproximou, mas Shinji sequer percebeu sua presença. Colocou a mão em seu queixo o erguendo fazendo com que ele olhasse para si.

"O que você tem?" Sua voz soava preocupada.

Shinji imediatamente olhou para outra direção.

"É só que... eu estou com medo". Admitiu de cabeça baixa.

"De pilotar o EVA?" Perguntou confuso.

Ele balançou a cabeça negativamente. "De que algo aconteça, de que você se machuque".

Kaworu não pôde evitar de sorrir com aquilo. Humanos e suas palavras...

"Nada vai acontecer comigo ou com você". Suas mãos pousaram agora em seus ombros. "Eu vou protegê-lo".

Shinji sentiu um calafrio e ergueu o olhar, não eram apenas palavras encorajadoras ou uma promessa para acalmá-lo, existia um brilho determinado quase feroz que vinha daqueles olhos vermelhos, como se ele quisesse dizer mais...

... Talvez porque agora eles estavam juntos ou...?

"Arigatou, Kaworu-kun". Por alguns instantes o peso em seu peito diminuiu, esse era o efeito que a quinta criança tinha sobre ele.

E aquele sorriso que era só para ele se formou em seus lábios.

"Eu vivo por você". As palavras saíram rápidas e baixas.

Shinji franziu o cenho, sem muita certeza do que ouviu e não teve tempo de questionar pois Asuka passou pelo corredor gritando que eles deveriam se apressar e não se aproveitar dos cantos escuros da NERV.

—/-

— Plugs conectados

— Travas hidráulicas liberadas

— Remoção de todos os freios e travas

— Unidades ativas em moda de bateria

— Pilotos das Unidades 00, 01, 02 e 04 em espera.

Os EVAs fizeram a parte final da remoção de suas travas e seguiram agachados por um túnel que os guiariam até um poço, o Anjo estava exatamente ao topo.

"Túnel vertical a vista". Kaworu anunciou.

Os EVAs escalavam com os pés e mãos em cada uma das laterais da parede. A medida em que eles subiam, Kaworu percebeu algumas coisas caindo. O braço da Unidade 02 foi atingido e Asuka deu um grito surpresa.

"Cuidado, é ácido". Rei foi a primeira a perceber o que estava acontecendo embora fosse a terceira da fila.

Com mais ácido caindo foi o bastante para a Unidade 02 tirar o braço da parede e perder o equilíbrio levando a Unidade 01 consigo.

"Shinji-kun!" A distração de Kaworu foi o bastante para a Unidade 04 escorregar no ácido e arrastar a Unidade 00 que vinha logo embaixo.

"Nós precisamos reagrupar". Rei disse quando conseguiu segurar a Unidade 04.

Todas os EVAs voltaram para a o corredor inicial onde vieram, o ácido não caia como chuva e parecia ter um ligeiro intervalo.

"Como vamos acabar com ele?" Shinji perguntou.

"Podemos usar os rifles". Asuka sugeriu.

"Nós só temos 3 minutos e meio de bateria". Rei disse olhando para o relógio.

"Vamos ter que usar a faca progressiva para cortar o campo A.T." Kaworu ponderou.

"Você percebeu que ele solta ácido?" Asuka resmungou. "Um EVA sozinho não vai conseguir escalar e se equilibrar para usar a faca, a Unidade vai estar totalmente acabada até chegar ao topo".

Essa ideia dava calafrios em Shinji.

"Não se fizermos uma barreira". Rei estava finalmente entendendo o plano.

"Com o que?" Asuka cruzou os braços.

Os olhos de Shinji se arregalaram. "Com os EVAs. Kaworu-kun, você está sugerindo fazer uma barreira com os EVAs?"

"Exatamente. Três Unidades vão subir e parar na posição horizontal, o EVA de ataque vai escalar essas três Unidades e destruir o alvo".

"Quais as probabilidades de sucesso?" Asuka perguntou.

"65%?" Kaworu chutou.

"Vai ter que funcionar". Asuka disse animada. "Eu vou ser o ataque".

"Asuka, é perigoso!". Shinji não conseguia acompanhar o ritmo de adrenalina da alemã.

"Eu não acho uma boa ideia". Kaworu se virou para ela. "O braço do seu EVA foi atingido, o que vai acontecer quando você chegar ao topo e receber uma carga de ácido ainda maior? Se o seu braço não estiver bom, as chances de você utilizar a faca com a precisão necessária vai cair assim como a nossa taxa de sucesso".

Asuka queria retrucar, mas o aviso da bateria indicava que eles não teriam uma segunda chance.

Shinji só queria que os comunicadores com o GeoFront estivessem funcionando, ele só queria que as ordens partissem de Misato. Ele acreditava em Kaworu, mas e os danos? E se o plano não funcionasse? As unidades cairiam no poço e receberiam o ácido diretamente, sem falar que eles não poderiam ejetar o cilindro.

"Eu vou ser o ataque". Kaworu tomou a frente.

O coração de Shinji falhou uma batida.

"Shikinami, eu estou contando com você para ser a primeira barreira, a Unidade 00 em seguida e por último Shinji-kun".

Asuka sorriu. "Protegendo o seu namorado?"

Kaworu sorriu de volta. "Algo assim".

"Tsc, deixando uma garota de isca. Isso vai realmente doer". Ela respirou fundo. "Se o seu ataque der errado tente não cair por cima de mim, vou usar o rifle se ainda me sobrar alguma bateria".

"Kaworu-kun, me deixe ser a primeira defesa!" Shinji pediu finalmente se fazendo presente na discussão.

"Não. O EVA 02 já está danificado e a Unidade 04 vai precisar de reparos, o que você acha que vai acontecer se um outro Anjo aparecer? Vai contar apenas com a Unidade 00?" O tom de Kaworu era sério.

Shinji sentiu como se estivesse batendo de frente com Misato. Ele realmente se sentia como uma criança.

"Esse plano é estritamente profissional?" Shinji perguntou.

Kaworu assentiu.

"Ok, vocês podem continuar com a terapia de casal depois que a gente acabar com esse desgraçado. Vamos começar!"

Asuka pulou para fora e começou a escalar até chegar numa altura razoável, a Unidade 00 não demorou a seguir com o plano.

E antes que a Unidade 01 fosse, Kaworu ativou o canal restrito.

"Vai ficar tudo bem, eu prometi a você, lembra?"

Shinji assentiu. Ele precisava confiar em Kaworu.

A unidade 01 também foi para a formação combinada. Kaworu olhou para o relógio que indicava 1 minuto e alguns segundos.

"Tsc..."

A parede estava escorregadia graças ao ácido, quando ele chegou na altura da Unidade 01 para passar por cima dela, Asuka parecia estar atingindo seu limite.

"Nagisa, mais rápido!" Ela gritou.

Kaworu subiu na Unidade 00.

"Ayanami, segure a Unidade 02, Shinji-kun, se prepare para o impacto das duas".

A unidade 02 quase caiu de formação quando o EVA 04 subiu sobre si, Kaworu saltou com a faca, os pés eram a única coisa o equilibrando na parede, enquanto tentava a todo custo cortar o campo do Anjo.

Asuka, Shinji e Rei observavam de onde estavam.

"Nagisa, 15 segundos!" Asuka gritou.

"Kaworu-kun!"

O LCL na cabine borbulhava, o ácido caia do pescoço para baixo, as camadas protetoras dos braços estavam se desfazendo.

"5 segundos!"

"Kaworu-kun!"

Todo o corpo de Kaworu gritava, a sensação era absurda. Seus olhos pegavam fogo, ele não seria obrigado a se revelar agora, maldito fosse Matarael. Num último ímpeto a faca conseguiu atravessar o campo A.T. e atingir o núcleo, bem a tempo do indicador de bateria marcar 0.

—/-

As Unidades foram recuperadas e os pilotos rapidamente removidos. Kaworu e Asuka saíram carregados. E foi como se aquilo fizesse parte de algum pesadelo, aquela imagem dos dois desacordados e gritos e máquinas sendo trazidas.

Shinji voou para o quarto onde Kaworu estava assim que conseguiu ser liberado. A quinta criança estava deitada, porém já consciente.

"Yo, Shinji-kun~" Kaworu sorriu.

Era mais forte do que ele e toda a barreira que havia criado. Os olhos de Shinji estavam cheios d'água e seu coração aliviado. Ele estava bem. No entanto, ele também não conseguia controlar o que estava sentindo.

Shinji ocupou uma beirada da cama, as mãos se fecharam a medida que ele agarrava a camisa de Kaworu com as mãos trêmulas. A testa encostou sobre o ombro da quinta criança. E ele chorou.

Os olhos de Kaworu se arregalaram, ele sequer sabia se abraçava Shinji.

"Por que você está chorando?" Decidiu perguntar.

"Baka! Baka! Baka!" Shinji socou de leve seu peito, as mãos ainda trêmulas. "Nunca mais faça algo assim, eu achei que tinha perdido você".

"Me desculpe". Murmurou afagando seus cabelos.

"Eu não sei o que faria se você--"

"Está tudo bem agora". O assegurou. Shinji o encarou como se quisesse ter certeza do que ouvia. "Eu estou vivo".

E aquilo parecia ser uma grande realização para o próprio Kaworu. Shinji assentiu, eles estavam sentados, os rostos próximos em meio a um turbilhão de sentimentos após tudo o que passaram.

"Nee... Kaworu-kun..."

"Hmm?"

"Eu posso te beijar...?"

Kaworu foi novamente pego de surpresa. O rosto extremamente corado diante de si, o próprio coração batendo de uma forma que ele nunca tinha sentido.

Não houve resposta. Não precisava de uma. Kaworu inclinou o rosto para atender ao pedido, quando seus lábios se tocaram foi como se alguém tivesse os deixado completamente expostos. Havia excitação, medo, alegria.

A realização de estar vivo e de viver por alguém.

Kaworu o puxou para mais perto sem interromper ao beijo. E apenas naquele instante, não existia mais ninguém, nem vergonha.

Qual era o nome desse sentimento?

Ah...

Continua.


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Notas finais do capítulo

O capítulo ficou com tamanho de uma fanfic de verdade, hahaha
Espero que isso sirva como desculpa pela demora...? Sei que disse que o 12 já estava pronto, mas agora eu quero colocar mais coisas...