—Você deveria estar lá embaixo, na festa! –o Tom disse entrando no meu quarto e logo depois fechando a porta.

Não respondi A vista da sacada do meu quarto era totalmente linda e me inibia de fazer qualquer coisa que não fosse olhá-la.

—Tudo bem, Bill? –ele saiu na sacada e colocou a mão sobre o meu ombro esquerdo.

Dei uma rápida olhada para o relógio no meu pulso esquerdo. 23:00 horas ele indicava.

—Há algo te incomodando... –O Tom disse.

Tirei um cigarro do bolso do meu casaco e o acendi.

—Sim... –eu respondi sentindo as lágrimas descerem quentes pela minha face.

—Você pode me contar? –ele colocou a mão dele encima da minha que estava apoiada na grade da sacada.

—Tom, eu não entendo... –comecei e parei de repente. Traguei uma vez e vi que ele me observava, segurando um copo de Marguerita.

—O que? –ele perguntou. O vento que soprava gelado brincava com nossas roupas e balançava nossos cabelos.

—Eu não encontro ela... –minhas lágrimas agora caíam com mais força.

—Talvez, ela que você tanto procura já esteja aqui! Você pensou nessa possibilidade?

—Não Tom! Eu não tinha pensado desse jeito! –soprei a fumaça do cigarro no vento que batia contra o meu rosto.

—Mais cedo ou mais tarde ela vai vir! –ele sorriu, mas eu não sorri de volta.

—Você não entende... Cansei de ficar sozinho, casei de ter que dormir para preencher o vazio que ela me faz... Não posso mais! –virei meu rosto porque eu não queria que ele me visse chorando.

—Bill, somos novos demais para nos entregarmos a alguém! –ele sorriu de novo.

—Eu nunca vou encontrá-la! Sabe por quê? –sequei minhas lágrimas e olhei para ele.

—Por quê? –ele perguntou se apoiando na grade da sacada.

—Porque ela não existe! –respondi me entristecendo com a minha própria resposta.

—Mas é claro que existe! –ele me olhou sob o ombro direito. -E com certeza preso nesse quarto é que você não vai achá-la!

—Aqui o mundo não me vê. –traguei mais uma vez. –Todos gostam da minha imagem ridícula! Todos me vêem sorrindo e pensam que isso significa que estou feliz... Tolos! –eu disse soprando a fumaça do cigarro para fora dos meus pulmões.

—Eu conheço o Bill Kaulitz de verdade e eu te digo que te amo! Você é especial Bill! Você é o meu irmão! –ele tomou sua bebida vermelha.

—Grande coisa... –eu disse olhando para o céu. Ele estava realmente escuro e sem estrelas essa noite. –Tirando você ninguém mais gosta e mim!

—Vou te provar que gostam! –ele sorriu.

—Como? –apaguei meu cigarro na grade.

—Vira para mim e fecha os olhos! –eu não via o que eu podia perder fazendo o que o Tom me pedia. Fechei os olhos como ele pediu e esperei pela “surpresa”.

Senti os lábios do Tom tocarem o meu pescoço com delicadeza. Ele estava me mordendo devagar...

Abri meus olhos e o encarei.

—Que isso Tom? –me afastei dele.

—Bill eu te provei que te amo! Creio que estava bom... –ele sorriu de lado.

—Sim, estava eu não vou mentir!

—Eu sei que estava... –ele puxou a minha nuca para mais perto dele. Dessa vez os lábios dele tocaram os meus.

Não houve língua em nosso beijo. Foi algo realmente inocente. O Tom não apressou as coisas, e eu gostava disso.

Voltei ao meu consciente e empurrei o peito dele para longe de mim.

—Tom não podemos... Por favor, não! –dei alguns passos para trás.

—Tudo bem, Bill! –ele se aproximou de mim. –Seja meu essa noite! Pode até ser errado, mas ninguém sentirá a nossa falta na festa e eu posso te provar que alguém ama você!

As palavras me fugiram dos lábios.

Só pude fechar meus olhos e me entregar para o meu irmão essa noite...

Afinal... Tudo era apenas por uma noite...