Deixei algumas cartas em cima da cama.Se você as encontrar as entregue a Clarice.

Ah,Clarice!Perdoe-me por ser fraco.Por não fazer o que me pediu.Por não te esquecer como ordenou.

Por ter te seguido naquela noite.

Ah!Você estava tão bela naquela noite,tão bela...Mas aquilo não era para mim.

Era para o seu ex.

Ah,Clarice!Se ainda o amava,por que o deixaste?Por quê?

O gosto do adultério era tão bom assim?Ou você só queria o meu dinheiro?

Você não demonstrava isso em seus beijos.Ou você estava fingindo?

Você também estava fingindo quando o beijou?

Você também estava fingindo enquanto ele te acariciava?

Você esteve fingindo o tempo todo,Clarice?

As palavras que vocês trocaram,os beijos que vocês deram...

E aquilo,é aquilo.Aquilo que vocês fizeram na cama dele...Era fingimento?

Tudo parte de uma peça teatral ensaiada durante esses 2 anos de noivado?

Ou era tudo de verdade?

Verdade.Coisa que nunca houve em nossa relação.

Mas eu te amava...Sim eu te amava.

E esse amor só se comparava a raiva que me fez entrar naquele quarto.

A raiva que me fez espancar aquele cretino que roubou o que era meu.

A raiva que me fez quebrar o crânio dele na cabeceira da cama.

Ainda me lembro da expressão de medo visível em seu rosto.Você ficava tão bela assim...

Da sua expressão de nojo ao ter o rosto acariciado pelas minhas mãos sujas de sangue.

O vermelho combinava tão bem com você...

Lembro-me de ver você gritar a me ver aparecer com o meu usual sobretudo de trabalho.

Trabalho.Ah é...Uma das mentiras de nosso relacionamento obscuro.

Sim,você se lembra das noites em que eu cheguei sujo de sangue?

O cheiro de sangue te enjoava.

Talvez fosse por isso que você vomitou quando eu me aproximei para te beijar.

Seria um belo beijo...Um beijo vermelho-escarlate,minha cor favorita.

Mas você tinha que estraga-lo,assim como toda nossa relação.

O vomito se misturou com os lençóis que te cobriam,fazendo você se levantar para se afastar dele e de mim.

Você tentou correr,mas foi em vão.Eu estava lá se lembra?

Você também se lembra daquela palavra imunda que você pronunciou em meio ao choro desesperado?

“Assassino”

Ah,querida!Você podia dizer tudo,menos aquilo...Eu matava pessoas,mas não fazia isso por que era necessário...Não,eu fazia por diversão.Também me trazia dinheiro,mas era por diversão.

Você assinou sua sentença de morte ao quebrar um jarro de cristal em minha cabeça.Não perdeu a chance e correu para a porta.Como um fantasma eu voltei para te assombrar,você gritou e eu ri.

As lágrimas rolaram pelo seu belo rosto.A cena era tão bela...

Mas a raiva ainda era presente.

E sem pensar duas vezes eu te joguei na cama,peguei a faca que trazia comigo.

Oh,Clarice!Nosso último beijo foi tão memorável,foi dado em meio a lágrimas e a sangue que ainda estava presente em minhas mãos.

Clarice,perdão..Perdão,perdão..

Mas isso não adianta,não é?

Eu cortei a sua garganta,não é?

Eu te esquartejei,não é?

Eu queimei o corpo daquele cretino,não é?

E a policia me pegou não é?

E agora eu estou indo cumprir minha sentença de morte.

Talvez eu não tivesse que morrer em uma maca com agulhas em minhas veias à injetar o veneno letal...

Se eu não tivesse ido tão longe,se eu só tivesse te matado...

Mas eu tinha que levar para o lado da vingança...

Perdão...

Agora eu irei morrer.

Talvez eu te encontre no inferno...

Assim nós poderemos queimar nossas almas juntos.