Entrei no quarto silenciosamente. Tudo estava apagado, mas eu ouvia May fungando.

- Não Ís! Eu não quero ouvir que o que eu fiz foi errado e que eu vou sofrer muito com isso! Eu não quero ouvir que ele disse que me ama! Eu não quero ouvir nada! – ela falou soluçando.

- Que bom, porque eu não vim falar nada! – menti, mas assim fiz! Em silêncio, tirei meus tênis e deitei ao seu lado na cama.

- Ís, eu me odeio! – ela disse chorando.

- May, você só fez isso, porque não quer sofrer depois!

- Por isso mesmo eu me odeio! – com essa eu quase ri.

Ela ficou mais um tempo chorando até que se virou pra mim e me abraçou.

- Acho que iria morrer se você não estivesse aqui comigo!

- Tão dramática! – revirei os olhos no escuro.

- Eu sei – falou e deu uma risadinha – O que ele te disse? – perguntou depois de um tempo em silêncio.

- Nada! Entrei, falei e sai e ele nem parecia respirar! Acho que entrou em choque!

- Larga de besteira!

Ficamos um tempo em silêncio.

- Eu o amo! – ela disse voltando a chorar.

- May, você fez o que achou que era o certo e se isso te deixa feliz...

- Não deixa! Não to feliz! – soluçou.

- Você não queria sofrer, mas acabou só adiantando o sofrimento! – murmurei.

- Eu sou uma imbecil! – respondeu.

- Não May!

- Ís, o que vai acontecer agora? Se estando aqui eu não consigo nem respirar direito, imagina quando a gente voltar pro Brasil? – ela perguntou com medo.

Ela sabia que iria doer! Por isso ela terminou com ele! Ela já sofreu por amor e já sofreu por ele! Eu me lembro. Ela chorava todas as noites e desejava que ele fosse salvá-la, tirá-la do mundo em que vivia! Então começou a ver que seus lamentos eram idiotas e impossíveis, porque Justin nem sabia que ela existia! Então criou uma concha envolta de si mesma, não se permitindo amar a ninguém mais! Mas parece que essa barreira foi quebrada por ele. E não duvido nada, de que, a partir de agora, outra barreira será criada e apenas uma pessoa poderá derrubá-la.

- Vai ficar tudo bem! Tudo bem! – sussurrei acariciando seus cabelos.