Magister Dixit escrita por Diego Seta


Capítulo 1
Magister Dixit




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 Observando a constância temporal, pode-se alocar um contemplar sobre o número vário de tramas que decorreram. Com uma rede lógica coerentemente tecida, percebe-se como cada um dos atos gradualmente moldou o presente, da mesma forma que os atos deste moldam o que será.

 

Focando de forma direta, um ato de muitos séculos passados resultou no nascimento de uma das grandes forças do presente: O ato sobre o Bosque das Almas.

 

“Levante-se” – comandou seguramente o homem – “quero atravessar o bosque até o amanhecer”.


Com braços atados, uma jovem figura com cabelos negros amarrados seguia o homem a certa distância. Seus passos porém, mais cautelosos, motivados por uma bandagem que cobria seus olhos.


“Não perderei mais meu tempo com isso. Ache-me.” – impacientemente, o comandante desaparece na escuridão, deixando o vendado jovem à deriva da madrugada.

 

“De novo isso...” – contemplou melancolicamente o remanescente.

 

Algumas horas mais tarde, o jovem percebeu uma mudança no ambiente, chegara a um campo aberto. Fazia alguns metros que passara a sentir o cheiro de algo carnoso.

 

“Cheguei aqui em dez minutos. Você levou três horas. Como explica isso?” – perguntou o homem.

 

“Acompanhei sua Reiatsu, mas é claro que seus olhos estavam desvendados” – afirmou em resposta o ainda vendado rapaz.

 

O homem removeu a bandagem, e o jovem pôde ver que estava frente a uma fogueira com algum tipo de animal sendo assado. A luz das chamas lhe perfurava os olhos habituados às sombras internas.

 

“Olhe para trás” – orientou rapidamente o homem.

 

Ao obedecer mais este comando, o jovem perscrutou o caminho de onde viera, o arvoredo que se perdia em sombras.

 

“Do que adiantam os olhos, quando não há luz?” – indagou retoricamente o homem, voltando ao ponto onde estava sentado anteriormente.

 

A refeição decorreu normalmente, neste tempo, o jovem habituou-se a ver normalmente. Percebeu que aquelas feudais vestes de couro do homem à sua frente estavam desgastadas. O jovem encarou aquilo como um símbolo, do tempo que estava sob a tutela daquele que já lhe parecia envelhecido quando se conheceram, há décadas.

 

Genryūsai-kun, um dia nada disso será necessário” – pronunciou estoicamente o homem – “estas centenas de batalhas de clãs, estas guerras civis, estas buscas por guerreiros capazes de liberar suas lâminas em combate.”

 

O jovem olhou para sua Zanpakutou embainhada enquanto ouvia seu tutor proferir aquele discurso idealista.

“O futuro está em nossas bainhas. Nos seres que habitam nossas lâminas, que tantos homens passam suas existências buscando. E quando atingirmos esse nível superior cabe a nós criar um novo mundo, e lecionar aos novos guerreiros. Guiá-los.” – finalizou o homem.

 

O jovem Genryūsai entendia a rigidez de seu tutor. Milhares de guerreiros buscavam o entendimento de suas Zanpakutou e a liberação de suas habilidades inatas. Os poucos que se mostraram capazes, tornaram-se líderes, figuras impactantes naquela carnificina que decorria ao longo de tempos antes de sua existência. Mas este não era seu objetivo.

 

Naqueles tempos, aquela realidade post-mortem se assemelhava às mais pessimistas noções humanas de inferno.  Não havia santuário para ser algum, apenas a força, a sanguinolência e o medo era a língua falada por todos. Desde sua chegada àquele mundo, Genryūsai vira dezenas de seus aliados eliminados. Mas resignara-se à situação. Era parte do ciclo. Exceto no ato final do Bosque das Almas.

 

“O velho nem sequer conseguia liberar sua Zanpakutou!” – zombou um robusto e rudimentar homem, banhado a sangue.

 

A série de insultos da mais baixa estirpe que veio daquele grupo invasor do bosque disseminou-se, ressoando no corpo das mais altivas e antigas árvores.

 

“Agora vem o aprendiz de verme” – gritou o mesmo homem, aparentava ser o líder do rumoroso bando.

 

Genryūsai não ouvia aqueles seres. Vira o corpo de seu tutor, cortado em partes, espalhado ao chão. Mas faltava algo.

 

“Ryūjin Jakka...Ryūjin Jakka...Ryūjin Jakka...Ryūjin Jakka...” – ouvia o jovem.

 

Alguns dos brutos encaminhavam-se em sua direção. Ao olhar um pouco mais acima, percebera o que faltava, e onde estava.

 

“Ryūjin Jakka...Ryūjin Jakka...Ryūjin Jakka...Ryūjin Jakka...” – a voz era estrondosa.

 

A cabeça daquele que tanto ensinara, jazia falecida nas mãos daquele que parecia ser o líder.

 

“Reduza toda criação a cinzas, Ryūjin Jakka” – o saque da Zanpakutou aconteceu enquanto tais palavras letais foram pronunciadas pela primeira vez.

 

A explosão de Reiatsu tombou todos aqueles homens, como mortais perante a uma figura divina. A quilômetros, seres tremeram por tamanha demonstração antes oculta. Tal evento porém, tornou-se pífio.

 

O golpe proferido por Genryūsai incinerou de forma imediata todos em seu caminho. A onda de calor chegou aos céus, marcando eternamente aquele momento como o nascimento da mais impressionante das forças já vistas.

 

Em alguns minutos, dentre as cinzas do Bosque, Yamamoto proferiu:

 

“Não pude conservar seu corpo. Mas conservarei seu sonho. Este mundo mudará, pelas minhas mãos, e me tornarei o mais poderoso de todos.”

 

E assim termina o Ato final do Bosque das Almas, pulverizado pela Zanpakutou mais poderosa.

 

 


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