Os Últimos Pensamentos de Yashamaru

Por Jujuba de Azevedo

“No fim do mundo,

Ou a ultima coisa que eu vejo

Você nunca está voltando para casa[...]

Eu Deveria? Eu Poderia?

E todas as coisas que você nunca me contou.

E todos os sorrisos que sempre vão me perseguir...” 

(Ghost Of You, MCR)

Eu nunca disse que deitaria e esperaria para sempre

Se eu morresse, estaríamos juntos

Não posso simplesmente esquecê-la sempre...

Yashamaru precipita-se floresta adentro, as arvores ao seu redor não são nada alem de um borrão verde disforme. As ordens da Anciã Ogen, foram de levar o pergaminho que oficializa a disputa ninja entre Igas e Kougas para Ikisubagakuri.

—- “Uma disputa ninja para decidir a sucessão do Chogunato... Mas que droga!!!” – Yashamaru continua correndo mais rápido, mais rápido. – “Preciso chegar logo a Ikisubagakuri... Preciso avisar meus companheiros... Preciso proteger Hotarubi ...” – Ao pensar no nome de sua amada a vinca de preocupação se aprofunda na testa do belo ninja.

Correndo. Correndo...

As folhas batendo contra o rosto, os obstáculos no caminho que devem ser superados. Yashamaru corre... O cabelo escuro não atrapalha mais, já que fora cortado durante a luta com Kazamachi Shogen.

—- “Ah! Hotarubi... vou chegar logo. Me espere... Não lute sozinha...” – O ninja continua correndo, o rosto de sua amada o impulsiona. A saudade dela é seu combustível.

O belo ninja de olhos escuros lembra da ultima conversa que teve com sua  adorada, das palavras que dissera para ela. -- “Não quero ver suas lindas mão sujas de sangue...”

— E não serão sujas... – O ninja salta sobre uma pedra, toma impulso e da um salto mortal para o outro lado de um córrego.

Correndo.

Yashamaru nada ouve alem do vento em seus ouvidos, das folhas nas arvores, dos seres da noite que habitam as florestas, seu tortuoso caminho iluminado pela luz prateada da lua.

“Justo agora... Agora que, a Senhorita Oboro e o Senhor Genosuke iam se casar.” – Ainda correndo. – “Com o casamento deles eu poderia pedir a mão de Hotarubi...” – Ele aperta em sua mão esquerda a pequena borboleta rósea que Hotarubi lhe dera quando partira para a demonstração ninja. – “Hotarubi...”

As nuvens cobrem a lua. Começa a chover.

Sinto que você nunca esteve

Completamente sozinha e eu lembro agora

No auge do meu suspiro, nos meus braços ela morre

Ela Morre...

—- “Hotarubi... E seus pequenos lábios rubros. Hotarubi... e suas delicadas mãos. Hotarubi e seus profundos olhos escuros. Hotarubi e sua macia pele branca. Hotarubi e seus cabelos que pareciam seda ao toque. Minha Hotarubi... E se eu cair? Se você cair? O que vai ser de nós agora?” – Yashamaru ainda correndo, volta à face para o céu e deixa a leve chuva lavar as lagrimas de seu belo rosto. Mais uma vez, ele aperta a borboleta na mão.

Se eu cair...

Se eu... cair...

            Um inimigo Kouga. Lanço meus fios mortais para abatê-lo.

Ele não poderá fugir.

“O que é isso?” – Misteriosa mão surge de dentro das paredes e agarra o pescoço de Yashamaru em um aperto mortal, o erguendo no ar.

“Kasumi Gyobu, não...” – As mão do belo ninja estão impossibilitadas de se mexer sob o braço de urso da  outra mão do ninja Kouga que as segura firme impossibilitando qualquer forma de defesa. – “Hotarubi...” – A mente de Yashamaru numa tentativa desesperada de manter a consciência inunda-se de lembranças de Hotarubi, sua voz, seu cheiro, sua pele, seu sorriso, seus beijos... Qualquer coisa que fizesse o coração continuar batendo. – “Não posso morrer assim...“ – a dor é insuportável, o ar não entra mais nos pulmões. – “Não posso morrer... Por todos os beijos ainda não foram dados... Por todos os sorrisos que ela não sorriu... Por todas as historias que ela ainda não me contou... Não!!!”

            Lentamente tudo começa a ficar em paz, silencio, cada músculo do corpo relaxa, as batidas do coração começam a ficar lentas, o ar não é mais vital. Os olhos se abrem por uma ultima vez para ver a lua. – “Hotarubi...” – A morte o envolve em seus tranqüilos braços o embalando em seu sono eterno. Da mão esquerda de Yashamaru cai uma pequena borboleta rosa.

Nunca voltando para casa,

Nunca voltando para casa,

Nunca voltando para casa,

Nunca voltando para casa...