Robbers escrita por americangods


Capítulo 1
Cigarros


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo servindo apenas de introdução para dois dos personagens, Abe e outro sem nome. Mais para frente eu explico mais sobre eles e a história, ou talvez atualize com um prólogo.

O tamanho ficou bem abaixo das minhas 11 páginas do word habituais, mas senti que o capítulo servia o seu propósito, então resolvi postar assim mesmo.



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"Você sabe, cigarro mata"

Falou e continuou andando. O outro ao seu lado fez o mesmo e não respondeu, resolveu manter o silêncio por mais algum tempo. O ritmo dos passos de ambos só diminuiu quando encontraram a metade destruída do que até momentos atrás foi um carro. O destroço enegrecido pela explosão e consequentemente pelo fogo bloqueava a passagem deles. O primeiro botou a mão no que sobrou do capô e subiu. Deu dois passos ali em cima e pulou para o outro lado. O segundo rapaz fez o mesmo, mas não antes de finalmente abrir a boca e começar o seu discurso.

"Viu? É o que eu sempre digo: você é compeltamente influenciável! Quantas vezes ja falei sobre a manipulação que a mídia faz em cima do cigarro?"

"Umas... Duzentas vezes?"

"... exato! E mesmo assim você continua com esse papo! Alias, eu nunca acendo os cigarros!"

"O que é bem estranho, convenhamos. Sabe, você deveria procurar ajuda psiquiátrica, psicológica, sei lá. Isso não é comum. Se você compra cigarros é pra fumar, mas você compra o maço, bota o cigarro na boca e fica com ele uns dois minutos e joga fora sem usá-lo. Dois dias depois você vai la e compra outro"

"E?"

"É um desperdício"

"De cigarro ou de dinheiro?"

"Ambos"

"Feh! Só por causa disso vou acender esse"

Ainda sobre o capo do carro destruído o "fumante" leva a mão a todos os bolsos do terno até finalmente achar seu isqueiro em um deles. O acendedor era completamente vagabundo, daqueles que se compra em qualquer mercado ou banca de jornal. Mas ele ja durara há um ano e meio, afinal, foi usado no máximo três vezes. Essa seria a quarta. Levou as duas mãos proximas do cigarro, uma segurando o isqueiro e a outra protegendo de qualquer brisa ou vento. Coincidentemente nenhum dos dois estava presente no dia, um terceiro, o calor infernal tratou de expulsá-los. Isso não impediu do rapaz fazer o movimento. Pelo menos fica estiloso, pensou ele.

"Viu?"

"Vi, agora fume"

Mais alguns momentos de silêncio. O que estava ao lado do carro ficou apenas observando, o outro olhou para os lados, coçou a cabeça, deu uma rápida olhada para o sol e deu uma ajustada no óculos escuro em seu rosto.

"Merda, eu não consigo"

"Por que não?"

"E se eu estiver errado? Imagina! Câncer. Vou ser derrubado por câncer. Não conseguiria aceitar isso"

"Cara, eu sinceramente não te entendo. Há dois minutos você estava correndo de um lado pro outro atirando em meio mundo. E nem se preocupava em morrer, mas foi só pensar na possibilidade de morrer de câncer e você já se borra todo"

"Ah! Dane-se"

Jogou o cigarro aceso para trás e pulou do carro. Caiu do lado do amigo e deu uns tapas no próprio terno para tirar a poeira e areia dele. Esse é o problema de se aventurar no deserto. A areia pode ser mais chata que um bando de inimigos. Os dois começaram a andar em direção ao leste onde ficava a estrada principal. Seria uma caminhada considerável, pouco menos de dois quilometros. Tudo bem que ainda havia aquele sol infernal para se incomodar, mas pelo menos ele não podia atirar de volta, como era o caso dos traficantes.

Em torno de 10 ou 15 metros percorridos após começarem a caminhada, os dois rapazes ouvem um barulho insurrecedor e em seguida são jogados ao chão por uma força desconhecida.

Bem, não exatamente. O fato é que aquele que estava de óculos conseguiu a proeza de acertar o cigarro em um rastro de gasolina. O fogo percorreu o caminho até chegar a um caminhão cheio do combustível. Só que aquele caminhão não estava ali por um motivo divino ou coisa parecida, nem foi uma cômica coincidência. Na verdade, o mesmo autor da façanha do cigarro também levava a culpa pelo caminhão estar ali capotado.

Em um momento iluminado, não realizou as consequências que atirar em um caminhão-tanque carregando gasolina poderia trazer no meio daquele tiroteio todo. Tudo bem, ele acertou apenas o traficante que dirigia o veículo, mas mesmo assim, a culpa ainda era de certa forma dele.

"Ei, Abe!"

"O que?"

"Parabéns, você acaba de chamar a atenção da polícia"

"E agora, José?"

"Correr seria o mais lógico. O carro está logo aqui perto!"

"É, mas e depois? Não podemos voltar por onde viemos"

"Sugiro o norte"

"O que tem no norte?"

"Tequilas"

"Tequilas?"

"Sim, tequilas"

"Eu gosto de tequilas"

"É, tequilas são legais"

"Muito. Tequilas são adoráveis"

"Ah, e Abe!"

"Hm?"

Ele nunca tinha feito isso antes, mas vira diversas vezes. Tudo bem que era um clichê, mas ao mesmo tempo um clássico, e a situação pedia por isso. Bom, na verdade ela não pedia nada. Mas como tudo aquilo parecia um filme, uma frase final de impacto não faria mal nenhum.

"Eu disse, cigarro mata"

"Ah, vai..."


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Notas finais do capítulo

Terminando com um clichê. Excelente lol.



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