Bocchan no Game escrita por LawlietShoujo


Capítulo 1
Início da rodada




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O motorista levava um jovem rapaz no banco traseiro de um transporte da época. A estrada não era das melhores, então sacolejavam repetidamente dentro do automóvel. "Que tipo de pessoa mora quase fora da cidade?", o rapaz pensa, olhando para quem conduzia com um olhar desconfiado. A paisagem monótona aos poucos era substituída por uma plantação exuberante que enchia os olhos com um verde que cintilava. Em pouco tempo já era possível ver uma mansão. Uma mansão enorme.

- Chegamos, senhor. - O motorista diz, num tom formal, estacionando na área da frente do lugar.

A entrada era decorada com uma fonte que servia de centro para uma vegetação rasteira bem cuidada, com alguns arbustos em simetria. Uma larga escada de mármore encaminhava os visitantes para a porta de frente, feita da mais resistente madeira entalhada com o brasão da família Scarlet.

- Por aqui, por favor.

- Sim.

O motorista o deixa na entrada da mansão e volta para cuidar de outros assuntos. O rapaz é então recepcionado pela dona do lugar e dois mordomos - um bem jovem e outro muito mais velho - impecavelmente trajados. Um vestido de cetim cobria o corpo esguio dela e, apesar dos longos cabelos negros, era possível ver os brincos de rubi que usava. Um luxo desnecessário e estonteante.

- Ah, professor! Que bom que veio cedo!

- Bom dia, senhora Scarlet.

- Pode me chamar de Harumi, vamos diminuir a formalidade, sim? - A bela moça conduz o outro até uma das salas com as mãos. - Professor  Arthur Black, creio que meu funcionário já passou a você as informações mais cruciais.

- De fato.

- Nosso pequeno Seishirou... - O tom de voz da mulher é marcado por uma melancolia estranha. - ... Ele não sai de casa e não fala com ninguém... Entenda, professor, que o senhor é nossa última esperança. É o último da cidade! Todos os outros... Bem, todos desistiram.

- Não se preocupe, Harumi-san. Eu terei paciência com ele.

- Quero que o ensine tudo o que corresponder à série escolar que ele deveria estar. Nosso mordomo, Keiichi, o ensinou o básico. Mas, mesmo agora com seus quinze anos, meu filho se recusa a aprofundar os estudos e desde os dez que se enclausurou desta forma terrível.

- Compreendo. Fique tranquila, senhora.

- Keiichi! - A moça ergue a cabeça, chamando por seu mordomo. - Traga o Seshirou-kun.

- Sim, madame. - O jovem subordinado faz uma reverência quase imperceptível e sobe as escadas, rumando o quarto do menino.

- Por favor, professor, lembre-se de ter muita paciência com ele.

- Claro. Vai ficar tudo bem.

"Os outros disseram o mesmo", a dama pensa, abaixando o olhar. Do alto da escada, já era possível ver o herdeiro inexpressivo, vestido como um pequeno lorde. Os cabelos pretos desalinhados lhe davam um aspecto displicente, enquanto os olhos azuis hipnotizavam os mortais. A impressão que se tinha era de estar contemplando um príncipe.

- Seishirou-kun, este é o Arthur. Seu novo professor.

O garoto reage com um silêncio sepulcral e ares de superioridade, num semi-sorriso de manipulador brilhante. O professor o cumprimenta, sem sucesso.

- Seishirou Scarlet, responda o rapaz!

- ...

- Não o force, madame. Quando ele se sentir à vontade, ele responderá.

- O professor passa a mão sobre seus cabelos loiros escuros e empurra o óculos que usava casualmente. - Além do mais, não precisamos dialogar para que ele aprenda.

A mulher vacila, olhando para ambos sem notar o clima conflituoso que geravam silenciosamente. Ao olhar para o relógio, se levanta rapidamente.

- Está tarde, tenho que ajudar na administração da fábrica. Professor Black, você começa imediatamente.

- Certamente.

Com a mesma pressa empregada ao se erguer, ela sai, deixando algumas ordens com o mordomo mais velho e se encontrando com o motorista na entrada do lugar.

Keiichi encaminha seu jovem mestre e o professor para a sala de estudos, que era um cômodo com decoração suntuosa, possuindo dois sofás brancos que ficavam um de frente para o outro, com uma mesa de vidro no centro. Do outro lado, havia uma mesa rodeada por confortabilíssimas cadeiras revestidas em veludo. Na parede, uma pintura do pai de Seishirou e algumas outras imagens Um ambiente calmo e aconchegante.

- Se precisarem de mim, apenas toquem a sineta.

O mordomo se retira sem dizer mais nada e deixa a posta encostada, indo cumprir outros deveres da casa. O silêncio ressurge, ecoando por alguns minutos no local, mas é quebrado bruscamente pelo professor.

- Vamos começar por português.

Seishirou não parecia estar interessado - embora de corpo presente, suamente flutuava por toda a mansão e além, imersa em devaneios aleatórios. Ele se esparrama no sofá, pondo os pés sobre as almofadas e deixando seu cabelo liso cair como uma cortina sobre seus olhos.

- ... Não... Vamos começar por etiqueta. Sente-se apropriadamente, Seishirou-san.

Aquela miniatura de príncipe exalava arrogância e impaciência, desviando seu olhar perdido para os olhos negros de Arthur, que o fitavam de forma tranquila e segura de si.

- Sente-se apropriadamente, Seishirou.

Naquele instante, o menino vacila um pouco, olhando de forma estranha o retrato de seu pai. Como uma cobra, Arthur percebe a movimentação e a reação temerosa do menor, planejando seu bote, mesmo sem esperar algum tipo de sucesso.

- Sente-se como se estivesse diante de seu pai.

Como que por um encanto, Seishirou se põe de pé, ajeitando a roupa com as mãos e sentando com a postura de um lorde, sem se deixar afundar no sofá macio.

- Eu sei que tipo de pessoa você é. Aquela que nasce em berço de ouro e cria barreiras ao seu redor, revoltando-se sem motivo. É o tipo de ser humano que eu mais odeio.

- ... Se você odeia, por que está aqui? - Era a primeira vez que se ouvia a voz de Seishirou. Levemente rouca, grave na medida certa.

- Essa informação não faz parte de seu ciclo de estudos. Não é da sua conta.

- Que seja. Me livrarei de você do mesmo jeito que fiz com os outros.

- É um desafio, Scarlet-san? - Arthur muda de posição, com um sorriso suave nos lábios.

- ... Tome minhas palavras como quiser.

O professor pega sua maleta, colocando-a sobre a mesa de vidro e entregando um pequeno livro ao menino, que o atira sobre uma estante que estava próxima.

- Sendo assim, que o jogo comece...


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Notas finais do capítulo

B-bem, esta é a introdução >—____< Espero que tenham gostado, un.
Vou me esforçar pra fazer algo realmente bom!
Beijos!



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