Ubl Unreachable escrita por JoongGuSeong


Capítulo 24
Estrela Guia


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente, demorei muito tempo para escrever um capítulo. Não por falta de tempo, mas por desanimação como escritor...
E falta de inspiração. O capítulo tá bem fraquinho, entretanto consegui concluir a proposta do capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/100302/chapter/24

Joong Gu Seong:

Unreachable
24 – Estrela Guia

[POV. Guillermo] Ah, segunda-feira! O famoso dia em que ninguém está afim de trabalhar e estudar. Segunda-Feira é um inferno! É um bicho do purgatório!


Restavam poucos minutos para eu me dirigir ao ponto de ônibus. Era mais um dia nublado, porém sem aquele frio de arrepiar. Antes de sair, no telejornal matutino foi dito que mais tarde a temperatura voltaria a cair até doze graus.


Droga! Ao prestar muita atenção à televisão, me atrasei e fui correndo desesperadamente para o ponto de ônibus. Naquele dia, eu teria uma aula muito importante. Estávamos na véspera da semana de provas e eu pouco me instruí para a mesma. Pouca preparação me levaria à semana de recuperação. Até rimou!


Logo adentrei ao ônibus e sentei na poltrona dos fundos. Deixei o vidro da janela entreaberto, pois preferia o frio ao ficar num ambiente fechado com uma multidão de gente desconhecida.


Ainda na metade do caminho, observei uma placa que informava que um novo shopping seria inaugurado na semana que vem. Na minha cidade, havia apenas um shopping que ficava num bairro muito distante. Jamais fui.


— Bom dia! Você é o Guillermo, né? — Um rapaz alto e loiro me abordou, logo se sentando ao meu lado.

— Bom dia. Sou sim, por quê?

— Sou o Ricardo, o melhor amigo do Nicky! São namorados, né? — Ele falou aquilo naturalmente sem se importar com a opinião de terceiros. Não pude evitar reparar nos olhares maliciosos se voltando para mim e um receio de prosseguir naquela conversa.

— Não fale disso em voz alta, por favor.


Ele assentiu risonho e revelou as belas covinhas em ambos os cantos da boca.

— Nicky está muito feliz, cara! A todo o momento fala de você, do quão você o realiza.

— Sério? Isso me deixa contente! — Esbocei um sorriso e elevei meus pensamentos a ele.

— Para falar a verdade, já que somos amigos desde pequenos, ele sempre me contou os seus segredos e várias coisas do seu dia-a-dia. E assim reciprocamente.

— Entendo. Também tenho dois amigos fieis. — “Pelo menos até hoje”, pensei.

— Quais? Talvez eu os conheça. — Ele passou a mão no cabelo.

— Paco e Anita. São da minha turma. Meus melhores amigos!

— Ah, já conversei com eles uma vez. Na verdade, falo com muita gente no colégio, porém são poucos os que realmente merecem minha amizade.

— É. Talvez... Bom, não são todos que são dignos de nossa confiança. Meus amigos jamais me deixaram na mão. Sempre estão comigo.

— Sei como é.


Abri mais o vidro e perguntei:

— Qual foi sua reação ao saber que Nicky era bissexual?

— Normal. É só um detalhe. Depois de tantos anos de amizade, não é algo desses que vai me separar de um bom amigo. Afinal, isso é normal. Estamos em pleno século vinte e um.


Ricardo transparecia a imagem de um bom amigo, em minha opinião. Conforme fomos conversando, aos poucos o mesmo foi se revelando um rapaz gentil e educado, livre de qualquer preconceito. Isso me deixou aliviado, pois Nicky tinha em quem confiar.

— Agora me conta de você. Como está?

— Muito bem, porém estou preocupado com o Nicky.

— O que houve?

— Olha. Não vai contar para ele, certo?


Aproximamos-nos para dar prosseguimento à conversa. Murmurando, eu disse:

— Há alguns dias que ele anda apresentando alguns sintomas estranhos. No início, um registro em sua instante me deixou assustado também. Ele tem alguma doença?


Ricardo ergueu a cabeça, aparentemente surpreendido e ficou trêmulo. Parecia estar ciente de que Nicky era doente, mas não pensou que eu fosse perguntá-lo a respeito.

— Ehr... Não, não. — Ele se enrolou ao falar. Provava que não poderia me dizer uma palavra sequer.

— Não adianta dizer que ele não tem, pois o que anda acontecendo não é normal. — Falei em um tom mais sério, o deixando receoso para falar comigo. — Ele esteve tendo crises de vômito e muita febre!


Os passageiros voltaram suas atenções para nossa conversa.

— Desculpe, não quis ser arrogante. — Falei arrependido.

— Tudo bem.

— Me desculpe. Realmente preciso perguntar isso a ele.


Chegamos ao colégio. Antes de adentrarmos, selamos a amizade em um aperto de mãos. Durante todas as aulas daquele dia, eu permaneci calado escrevendo meus pensamentos de forma contínua na última folha do meu caderno, sem me importar com todo o conteúdo que os professores passavam no quadro. E em que mais eu poderia pensar? Prestar atenção na aula era impossível para mim. E para me preocupar ainda mais, Nicky não veio ao colégio.


Na saída, meus amigos me abordaram e me pediram alguns minutos para conversar comigo no pátio do colégio. Enquanto conversávamos, víamos todos cruzando a portaria do colégio em direção às suas casas – ou não. O pátio se esvaziou, sobrando apenas eu e meus amigos.

— Conte-nos o porquê de estar tão diferente hoje. — Anita indagou.

— Sim, amigo. Pode confiar na gente. — Paco completou.


Eu suspirei fundo e pensei comigo: poderia contar sobre todas as minhas preocupações, desde que eu não incluísse minha relação com o Nicky nesse meio, pois não saberia a reação dos mesmos. Se fossem contra, seria mais uma coisa para me deixar mais para baixo. Ainda teria que esperar até chegar o momento em que eu estivesse pronto.

— É o Nicky... Eu acho que ele está doente, mas não quer me dizer do que se trata. — Respondi finalmente.

— Por que acha isso? — Os dois perguntaram em uníssono.

— Durante os últimos dias, reparei em como ele apresentava indícios de uma saúde comprometida. Isso me preocupa. — Falei como um nerd naquele momento. Nossa.

— Fale a nossa língua! — Anita reclamou.

— Ele tem crises de vômito, muita tontura, vive o tempo todo enjoado, debilitado...


E contei o que de mais sabia e quais eram todas as minhas preocupações. Eles não tiveram muita reação quando falei de um registro médico que encontrei no quarto dele. Mas no final fui pego de surpresa por palavras que me fizeram refletir e perceber algo que jamais haveria notado.
— Está certo, Guillermo. Entendemos perfeitamente o motivo pelo qual você está preocupado.
Olhei inexpressivo para os dois.
— Mas preciso te perguntar: você confia no Guillermo? — Paco colocou as mãos em meu ombro. De cabisbaixo, ergui minha cabeça e nos olhares se encontraram.

— Sim. — Respondi sinceramente.
— Mesmo? — Ele forçou-se para enxergar a verdade em meus olhos.
— Completamente.
Paco, ainda olhando para mim, falou para Anita:
— Amor, pode deixar-me a sós com Guillermo por um curto tempo?
— Tudo bem.


Anny beijou-me a bochecha antes de se retirar. Seus olhar me deixou preocupado.


Paco e eu estávamos próximos a uma sorveteria que ficava quase que no portão do colégio. Quando todos os alunos passaram por ele, finalmente pôde continuar conversando comigo.

— Gui, se você confia em Nicky, por que fica tentando descobrir se ele esconde algo? Está certo que pelo o que você me contou, tem todos os motivos para desconfiar dele. Mas se tem algo que aprendi é que devemos respeitar o espaço do outro, ou seja, se ele confia em você da mesma maneira em que você confia nele, logo você saberá se ele realmente está doente. Só precisa esperar.

Eu ouvia calado tudo o que Paco me dizia e, ainda com as mãos em ambos os meus ombros, ele continuou:

— Não devia ter mexido no que não era seu. Isso só te fez ficar paranoico quanto a isso, percebe?

— Sim. — Eu disse, hesitante. Era verdade.

— Em um relacionamento é necessário que haja confiança um no outro.


Minha barriga gelou. Ele disse “relacionamento” ou eu não ouvi direito? Rapidamente providenciei de tirar aquela dúvida.

— Você disse “relacionamento”?

— Sim.


De fato, ele havia dito. Se Paco sabia que eu namorava Nicky e até o momento conversou comigo tão tranquilamente, significava que ele... Me... A-a-ceitava?

Fiquei cabisbaixo novamente, mas desta vez, as lágrimas saíram com toda a força.

— Oh, por que está chorando? — Paco afagou meus cabelos.


Não tive forças para responder. Simplesmente deixei-me ser abraçado por ele. Seus braços me envolveram e me senti aquecido e protegido. Eu chorava em seu ombro molhando todo o seu casaco preto enquanto ele em silêncio acariciava meus cabelos.

Não precisa ficar triste, tá bem? Eu jamais deixaria de ser seu amigo por você gostar de um menino. Nunca, nunca...  — Senti a voz de Paco comovida, e que ele passou a chorar junto comigo. Caímos de joelho sobre o chão e ele me apertou. Ele não queria deixar de me abraçar. Foi uma atitude tão fofa, tão meiga.

— Obrigado por provar mais uma vez que posso confiar em você. — Falei enquanto podia. — Você é muito especial para mim!


Naquele momento, eu não queria pensar em nada. Apenas queria estar ali com ele, sabendo que ele jamais me abandonaria não importasse o que acontecesse. Durante aquela tarde, Paco fora muito atencioso comigo. O tempo todo demonstrava sua proteção, lado dele que eu estava conhecendo.

— Anita está nos esperando. Vamos comer muuuuita pizza até sairmos de lá obesos. — Paco me puxava. Depois de tanto choro, vi seu rosto reluzir de alegria. O sol havia aparecido e iluminado uma pessoa como uma estrela guia.

— Você não imagina o quanto fica fofo assim. É o Paco que conheço.


E assim foi meu dia, repleto de emoções que marcariam minha vida para sempre. Pela primeira vez, Paco demonstrou ser além de um rapaz divertido: mostrou-se uma pessoa de belos sentimentos e com uma maturidade suficiente. Não teve vergonha de me abraçar e de chorar comigo diante das pessoas que passavam pela rua e que olhavam de todas as formas – fomos alvos de olhares compreensivos, imaturos, discriminadores e de tudo o que a sociedade mais sabia fazer: prejulgar seus semelhantes.

— Guillermo?

— Eu!

— Depois da pizzaria vamos passar na minha casa. Preciso te emprestar uma coisa. — Falou alegremente.

— O que seria?

— O KAMASUTRA!

— VOCÊ TÁ DOIDO?


Fomos correndo para a pizzaria. Quando eu o alcançasse, eu apertaria seu pescoçosinho até... AAARGH!


Continua...



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!