Unreachable

16 – Novos Objetivos (04/04)

Era uma noite escura, o céu coberto pelas nuvens. Nenhuma estrela, nenhuma... nada para que algum forasteiro pudesse se guiar. O céu sem brilho e meu coração nas mesmas condições. Ao voltar de uma briga com meus amigos, meus ouvidos continuavam a escutar as barbaridades...

— Sinceramente, Anita, nunca esperei algo tão ridículo... Tão repugnante do Guillermo. — Disse Paco. — Tenho nojo dele.

— Pois é. Fizemos bem em ter se afastado dele! Poderíamos pegar a mesma doença.

— Guillermo? Você está bem? — Nicky estava verificando minha temperatura, passando uma das mãos na minha testa.

Observei a minha volta e aparentava estar tudo normal. Que alívio, foi apenas um pesadelo! Mas estava meio zonzo. Perto de onde eu deitava, havia sacolas e cheiravam deliciosamente bem — eram os cachorros quentes.

Olhei para cima, a visão foi boa! Nicky estava me observando preocupadamente. Resolvi, então, depois de alguns minutos, respondê-lo:

— Estou. — Disse meio sonolento.

— Certeza?

— Sim.

Ele sorriu e apanhou o lanche.

— Aqui está!  Dois para você e um para mim.

— Por que dois para mim?

— Caso sinta vontade de repetir, trouxe um extra.

— Obrigado, Robinson! Você é um amor.

— Eu só penso no seu bem-estar, é apenas isso! — E sorriu mais uma vez.

Tentei recompor minha visão, pois ainda estava embaçada. O sonho que tive foi horrível. Meus amigos não aceitariam em hipótese alguma meu namoro com Nicky Robinson.  Isso foi um modo de dizer que não conseguirei contar sozinho o que está rolando entre a gente. Medo... Por que isso agora?

Apesar de as palavras de Nicky serem verdade [...]

[Flashback] Se eles são seus amigos de verdade, te darão forças e vão te apoiar. Tenho certeza disso!

[...] eu continuo não tendo coragem.

À medida que vou pensando nisso, meu coração bate mais forte de puro nervosismo, indecisão. Pensando nas conseqüências de algo que não é aprovado por grande parte da sociedade... Deste mundo.

— Você está bem, Gui? — Perguntou ele, enquanto saboreava o cachorro quente. Eu estava com o meu na mão, nem mordi.

Deixe de ser fraco, Guillermo! Ele está ao seu lado, seja o que acontecer. Ele te assegurou. Por que esse medo? Sabe, me faço essa pergunta o tempo inteiro.

— Eu? Eu tô bem, não se preocupe. — Respondi sem um olhar definitivo.

— Tem certeza? Você está tão pensativo!

Nicky veio até mim, levantou minha cabeça pelo queixo e logo as lágrimas vieram mais uma vez. Estava sem saída.

Robinson me abraçou em sigilo. Seu silêncio, por incrível que pareça me confortava. Também, ele não tinha o que e como dizer. Mas eu tive de falar:

— Eu consegui o que queria! Estou muito feliz! Mas, quando consigo fazer algo que meu coração manda... atingir os objetivos... os obstáculos... outros problemas vêm para me enfrentar.

— Eu te entendo. Quero que se acalme. Se não tem coragem de falar... deixe para fazer isso na hora certa.

Por isso que o amava. Suas palavras eram confortadoras o bastante para esquecer de todos os problemas. Fora a tristeza, viva a felicidade e o amor!