_Por que tem que ser nessa casa?_Perguntei temerosa, com uma careta.

_Porque é assustadora._Manuel veio imitando um fantasma para cima de mim._Tem demônios, vampiros, o satanás vive lá!_Ele ficou muito próximo de mim.

_Ah, para!_Gritei, me afastando._Odeio isso!

_Você é muito medrosa Bruna._Gabriela falou, colocando a cabeça sobre as mãos enquanto me fitava._Vamos curtir um pouco.

_Isso mesmo gatinha._Kaio, o namorado dela disse dando um breve beijo em sua cabeça.

_Só concorda porque ela é sua namorada._Bufei contrariada, com os braços cruzados.

_Nem vem com isso Bruna._Gabriela sorriu de lado e eu já sabia que vinha coisa._Você tem ciúmes de mim por eu ter um namorado, principalmente por você ser...

_Cala a boca!_Gritei nervosa._Antes que solte o que não deve._Murmurei.

_Calma Bruna, ela só está brincando._Lilian falou com a voz doce que quase nunca era ouvida por aquele grupo de amigos.

_Ótimo._Murmurei.

_Então, todos trouxeram suas coisas?_Gabriela perguntou se levantando.

_Sim._Falamos em conjunto.

_Então ótimo, depois da aula vamos para a ?mansão assombrada? de carro, com a minha mãe.

_Tudo bem, mamãe._Respondi e ela me deu um tapinha na cabeça enquanto eu ria._Você é a líder, não tenho culpa pelo seu apelido.

_Bobona._Respondeu enquanto nos afastávamos do nosso grupo, indo para a sala.

O nosso colégio era grande. Tínhamos um trabalho de português, na qual valia quase 50% da nota do bimestre naquela matéria. O trabalho era o seguinte: se separar em grupos, ir á algum lugar assustador, fazer uma analise, escrever e trazê-la na terça-feira.

Eu e meus amigos, Gabriela, Lilian, Michael e Kaio, resolvemos fazer juntos, já que éramos mais íntimos e inseparáveis. Eu era da altura da Gabriela, que era minha melhor amiga e estava no grupo, tinha cabelos castanhos e escuros, que batiam até um pouco depois das minhas costas. Eles eram bem repicados, como minha franja sobre a sobrancelha, o que me dava um ar mais ?Lolita roqueira?, se é que me entende. Eu usava agora o uniforme do colégio, que não era lá muito original. Uma blusa social branca e saia de pregas xadrez. Mas eu, sinceramente, adorava. Como sempre, eu havia deixado os primeiros botões abertos, para não apertar muito. Eu não gostava de decotes, então abria apenas do primeiro botão. As mangas estavam suspensas até meus cotovelos e a blusa em si estava dentro da saia, saindo um pouco para fora, para não deixar tão formal.

Meus olhos eram castanhos, tinha um tom cor de mel á exposição do sol. Minha pele era clarinha, quase pálida, mais clara do que a de Gabriela. Meus lábios não eram carnudos nem finos, um meio termo normal e rosado. Cílios longos, seios ligeiramente fartos para a minha idade. Quadril e coxas normais, panturrilhas definidas e curvas bonitas, posso dizer. Eu não posso dizer que tinha uma alto-estima lá nas alturas. Quer dizer, quando Gabriela estava falando que eu tinha ciúmes por ela ter um namorado, ela iria dizer depois que eu era BV. Como se eu me importasse, a única coisa que eu não quero é que se espalhe pela escola.

Bem, com certeza eu perdia para o ser ao meu lado. Gabriela usava o mesmo uniforme, claro, esbanjando sensualidade. Seus cabelos eram ondulados, até mais ou menos dois palmos depois dos ombros. Seus lábios eram mais grossos que os meus, olhos castanhos e afins. Seios fartos, quadris largos, curvas lindas e toda essa babozeira que eu invejo na menina. E enfim, ela era minha melhor amiga! Linda, mas minha melhor amiga. Desde os 7 anos juntas, faziam dez anos que nos conhecíamos, ou seja, estávamos na flor da juventude, 17 anos. Voltando aos meus amigos...

Kaio era o namorado da Gabriela. Alto, com um corpo atlético. Cabelos loiros, olhos castanhos com um ar devorador, do tipo ?eu vou te comer quando você menos esperar?. Bom, metaforicamente e literalmente, mas isso não vem ao caso. Segundo Gabi, ele beijava ?super bem?, mas isso é coisa de namorada.

Manuel era o que mais me irritava. Claro, irritava de uma maneira ?saudável?. Ele usava óculos, tinha várias espinhas nas bochechas, olhos e cabelos castanhos. Sempre foi um dos mais certinhos, como Lilian, e o mais nerd, com certeza.

Lilian era linda. Tinha olhos cor de mel, cabelos cacheados e negros, sua pele era um pouco mais escura do que a minha (quer dizer, até uma albina tem a pele mais escura que a minha! Tá, exagerei, eu não era tão branca), os seios médios, quadris também, curvas quase imperceptíveis. Ou seja, ela parecia uma fada. E no comportamento também. Ela era uma santa, tinha pensamentos puros e sempre era um doce. Notas boas, a melhor filha do mundo, romântica como eu.

Esse formava o nosso grupo. Um dos mais estranhos que eu já vi, mas era um grupo unido. Eu já tinha chegado à minha sala, com Gabriela. Depois os outros chegaram e acenaram para nós. As três ultimas aulas passaram rápidas e logo estávamos no carro de Gabriela chegando á mansão abandonada. Chegamos lá, demos um ?tchau? rápido para a mãe dela e fomos até o portão.

A mansão estava para alugar, por isso fingimos uma história que iríamos ver se alugávamos, mas era só para o trabalho. O jardim em frente à mansão, que parecia mais um castelo, estava seca. Com algumas rachaduras na terra, flores murchas... Gabriela abriu o portão com uma chave enferrujada e entramos. Fomos calmamente até a mansão, mesmo que todas as células, gotículas de água, órgãos e membros gritavam desesperadamente para eu voltar. Devia ser só medo, nunca liguei muito para esse lance de ?pressentimento ruim?. Gabriela abriu a porta de madeira gasta em frente á mansão e entramos. Logo o ar seco entrou em minhas narinas e eu tossi muito. Tenho algum problema com isso. Abracei-me ao corpo de Michael, respirando um pouco contra a blusa dele, enquanto o mesmo me abraçava.

_Epa, calminha aí._Ele falou enquanto afagava meu braço.

Olhei em volta. A casa estava normal, até bonita, tirando toda aquela poeira que cobria a casa como um grande manto. Depois de falarmos um pouco sobre a sala, que estava pintada e tal, com os móveis cobertos por um manto branco e quadros do mesmo modo, fomos até a cozinha. Comemos alguns salgados, pois ninguém pensava em cozinhar alguma coisa naquelas panelas velhas cheias de teias de aranha sobre a bancada e a pia.

Depois disso, Gabriela tomou sua posição de líder, abrindo a planta da casa.

_Ótimo gente, vamos procurar coisas na casa que podem ser recordações. Documentos, cadernos, qualquer coisa. Encontramo-nos aqui daqui á 30 minutos. Kaio fica aqui por baixo, na sala e na cozinha. Lilian procura nos quartos, Bruna no porão, eu no sótão e Lilian nos banheiros._Ela falou, dividindo, aquela sensação estranha ainda me invadia.

_Por que ?eu no porão??_Perguntei temerosa.

_Porque sim._Ela deu ombros._Não tem nada aqui, é só uma casa velha comum, não precisa ter medo._Me reconfortou.

_Tudo bem._Tentei por aquilo na cabeça.

Separamos-nos e eu fui até o porão. Alguma coisa me dizia que aquela ideia de se separar não era nada boa.