Jared Lilly: Aventuras no Colegial!! escrita por raycosta


Capítulo 7
Capítulo 2 - Entendendo os Sentimentos.. (Parte 1)




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Não me lembro de um jantar tão silencioso assim em toda a minha vida. As últimas horas, aliás – desde que chegamos do colégio –, foram um mar de silêncio. O humor piorado de Jared conseguiu contaminar toda a atmosfera ao redor dele, mas eu, honestamente, não poderia culpá-lo dessa vez. Pela minha óptica, ele até que estava reagindo bem, diante do acontecido. Se tivesse sido comigo aquela brincadeira estúpida de roubar os pertences, não sei se eu estaria tão controlada à uma hora dessas...

Se ele já não fazia questão de se alimentar com comida regular quando estava “normal”, hoje a noite então ele só permaneceu na mesa para nos fazer companhia – exigência do meu pai. Porém, foi só o primeiro de nós dar indícios de que já havia concluído, para que ele se erguesse desanimadamente e se dirigisse até o seu quarto. Ouvimos o ferrolho da porta ser trancado. Minha mãe suspirou.

– Essa situação não pode ficar desse jeito, Jake! – ela disse, se levantando para levar o prato para a cozinha.

– Eu sei. – ele desempenhou um suspiro também – Emmett já está por dentro de quem foram os responsáveis por essa “brincadeira”. Amanhã, eu acredito que as coisas já estarão resolvidas.

– É... Mas ele não vai querer voltar, pai! – sinalizei-o, retirando o garfo que eu estava passeando pela boca – Vocês sabem disso, né?!

– Nós estamos cientes do fato, Lilly! – ele começou a se preparar um café. Minha mãe reapareceu no arco da cozinha com a sala de jantar:

– É natural que ele precise passar um ou dois dias em casa, depois de hoje... Mas largar o colégio está fora de cogitação, e ele já sabe bem disso!

– Meu bem – meu pai suspirou outra vez, transigente –, não é como se ele tivesse uma “obrigação” em ir ao colégio... Eu achei que nós estivéssemos fazendo isso mais por diversão.

– E estamos.

– Então...?!

Ela retornou para a mesa.

– Jake, Jared é novinho ainda... Se nós incentivarmos essas reações dele a qualquer coisa ruim que aconteça, ele vai crescer um ser humano incompleto.

– Bom, tecnicamente falando, ele não é um ser humano, e nem tem mais pra onde crescer! – meu pai fez graça, mas ela cerrou os olhos de leve:

– Você me entendeu...

– Ok, pessoal – acabei minha lasanha, então me preparei para levar minha louça para a pia também –, o papo está muito interessante, mas eu peço licença por que também preciso arejar minha cabeça. O meu dia não foi exatamente do jeito que eu planejava...

Deixei os dois, ainda discutindo teorias sobre criação de filhos, enquanto me dirigi para o cômodo ao lado.

A janela sobre a pia estava aberta e uma brisa noturna suave alisou o meu rosto. Exatamente agora, “alguém” do outro lado de La Push deveria estar terminando o seu jantar também. Senti um arrepio, e não foi pela brisa. Pensar em Seth me levava à beira da constipação às vezes... Quase que a louça foi ao chão! Eu tinha que me controlar – já havia me dito isso meio milhão de vezes hoje, então praticamente se tornou um mantra que me ajudava a reaprender como se respirava direito.

Depositei os pratos junto com os da minha mãe e abri a torneira. Na nossa escala, hoje deveria ser o dia de Jared lavar a louça do jantar. Mas, obviamente, ele não cumpriria com a tarefa dessa vez, então os pratos sobrariam pra algum de nós mesmo. Para qualquer pessoa que chegasse à uma casa como a nossa e se perguntasse a razão de ainda não termos uma lava-louças, nós daríamos uma desculpa absurda do tipo “lava-louças não substitui uma lavagem manual!”. Mas a verdade era que nós apreciávamos qualquer tipo de atividade que trouxesse um pouco de “humanidade” pra as nossas vidas – um hábito incentivado especialmente por minha mãe. Eis a razão para a escola.

Mas o meu irmãozinho não pensava muito como a gente. Ele tinha um caso de amor consigo mesmo e com sua natureza insuportável. Sempre estava no topo de suas prioridades. Tudo bem, eu admito que ele era, no geral, muito responsável e, quando eu precisava – não poucas vezes –, ele acabava me ajudando, mesmo que demonstrasse má vontade no início. Nessa área, eu é que tinha mais dificuldades em retribuí-lo, de fato. Mas, no quesito “dar preocupação aos nossos pais”, eu tinha a leve impressão de que ele ganhava de mim.

Sim, por que os dois estavam sempre se preocupando em não pressioná-lo. Em não chateá-lo. Em não contrariá-lo. Resumindo: em estragá-lo! Graças a isso, o cara era um completo bebê até hoje...

“Será que dava pra me dar um desconto, pelo menos agora?!” – ele me ouviu. Droga, eu precisava reaprender a controlar isso...

– SAI DA MINHA CABEÇA, QUE EU TE DOU UM DESCONTO, SEU CHATO! – nem é preciso salientar que o meu volume de voz foi altíssimo.

“Você acha mesmo que, se eu tivesse outra escolha, estaria te pedindo isso com tanta delicadeza?!” – sua voz estava tão sem ânimo que eu nem tive saco pra retrucar mais.

Terminei a louça em 20 minutos – tínhamos que lavar numa velocidade “comum”, afinal, o objetivo era exercitar o nosso lado humano – e me dirigi à sala de estar.

– Lilly! – minha mãe me lançou aquele tom de sobreaviso, insatisfeita com a minha falta de compreensão com o “queridinho” dela.

– Ah, mãe... Você age assim por que não vê o quanto ele é perverso comigo. E nem poderia...

Emburrei a cara e larguei o corpo sobre o sofá – já acostumado à minha forma nada delicada de me “sentar” nele. O Joystick do videogame estava jogado no chão ao meu alcance, então o catei e apertei o canal certo no controle remoto da TV. Não tínhamos muitos jogos legais em que eu pudesse me divertir sozinha. Que saco... o bebezão fazia falta nessas horas!

– Pai, vem jogar comigo?! – implorei, com voz de criança. Era uma filha plenamente consciente de que ele sempre teria sérias dificuldades em me negar qualquer coisa, quando eu fizesse denguinho. No entanto, dessa vez, eu não obtive o sucesso esperado:

– Me desculpe, Lilly... – ele se aproximou apenas para me entregar um carinho na cabeça – Mas é que eu prometi à sua mãe que a levaria para passear na reserva hoje à noite. Eu sinto muito mesmo, minha princesinha!

– Ah, tá... – se eu já estava emburrada antes, consegui ficar ainda mais. Eles dois ainda achavam que eu não sabia exatamente o que eles faziam nesses “passeios”... – Enfim, o que se pode fazer, não é mesmo?!

Ele puxou minha cabeça pra trás e depositou um beijo na minha testa.

– Seja boazinha, filha. Amanhã, eu prometo que jogo com você até nossos dedos caírem, está bem?! – exagerou ele, e muito.

– Tá, tanto faz, pai...

Escutei seu riso. Durante esse nosso breve papo, minha mãe se trocou como um foguete e reapareceu na sala, pronta para partir.

– Já estamos indo, filha. Cuide do seu irmão! – ela me instruiu, puxando meu pai pelo braço.

– Ah, isso é que não! – fiz questão de deixar bem claro. Ela nem se afetou, já me conhecia.

– Não durma tarde, criança!

– Bom “passeio”, pai! – desejei, com um tom maldoso. Ele revirou os olhos – Pra você também, mãe!

Ela ainda disse “obrigada”... Estava com tanta pressa que nem percebeu a minha ironia. Depois que os dois saíram pela porta, eu tive um vislumbre horrorizante causado por essa minha brincadeirinha atrevida. Bem feito pra mim... nunca mais faria gozação a respeito disso, nem com eles, nem com ninguém.

E o pior foi que a avalanche constrangedora trouxe consigo a lembrança de Seth na minha cabeça outra vez. Droga... mas que droga! Eu precisava esquecer esse garoto – pelo menos, por algum período satisfatório de tempo no decorrer do dia.

“Aleluia!” – Jared, o insuportável, não poderia deixar essa oportunidade passar.

Ignorei-o, colocando um jogo qualquer no console, depois me estirei toda no sofá. Aquela seria uma longa noite...

~~

“Seth... Seth... Seth...”!

Sem exagero, eu estava correndo um sério risco de me apaixonar por esse cara também, por lavagem cerebral! Eu compreendo que as garotas sejam meio problemáticas às vezes... Mas, no caso de Lillian, a coisa já estava tão fora dos limites toleráveis pela ciência, que nem ela própria se agüentava mais!

Enfim... Não importava o quanto a minha jovial mãe seria desfavorável: eu nunca mais retornaria àquela escola na minha vida. Já tinha cumprido a minha parte: permaneci um dia inteirinho naquela jaula, como uma boa pantera – além do bônus de ter sofrido um atentado violento ao meu ego. Ainda não era o suficiente?! Será que eu teria de aparecer com a cabeça raspada, ou travestido de freira numa próxima vez, pra que eles se convencerem de que essa palhaçada já tinha ido longe demais?!

Céus, isso não fazia sentido nenhum. Se era só pelo aprendizado, eu concordaria numa boa em receber aulas – à distância, se possível – de um professor particular então. Mas eu sabia que não era só por isso... “Temos que passar por todas as experiências humanas possíveis!” foi o argumento principal deles. Bom, se continuássemos nesse ritmo, eu ia mesmo ceder à mais extrema delas, muito em breve: o suicídio! Depois de hoje, eu até comecei a compreender um pouco o que se passava na cabeça dos adolescentes que fizeram isso. Ir ao colégio todo dia é algo letal – senão para o corpo, então para a mente!

Sentia muito pelo Fred, de verdade. Ele era legal e, provavelmente, se sentiria frustrado com o meu abandono às aulas. Mas seria um sacrifício grande demais pra mim... Eu poderia muito bem dar um jeito de levar a nossa amizade adiante, mesmo não estudando mais com ele. Enviaria o meu email por Lilly, já que eles continuariam na mesma classe.

Não... seria uma péssima idéia pedir uma coisa dessas a ela. Essa pirralha poderia entregar meu email à outra pessoa também: Laura West. A modelo fotográfica nova-iorquina esquisita! Não sei o que me deu, hoje mais cedo, mas eu certamente não me deixaria envolver – nem a mim, nem à minha curiosidade – por uma garota como aquela. Quer dizer, não que ela fosse “completamente” desagradável... Certamente, era simpática e, não se poderia jamais esquecer, muito atraente. Mas e daí?! Continuava sendo estranha demais. Misteriosa... Não se sentir “atraída” por mim era, com certeza, um mau sinal naquela “academia de peruas”!

Poxa vida, eu queria saber quando foi que eu me tornei tão narcisista assim... céus!

A essa altura, eu já deveria estar à meia hora me revirando no escuro. A colcha da cama estava totalmente bagunçada e nem sinal de sono da minha parte. Mas também, pudera... ainda nem deveria ser nove da noite. E eu, na verdade, só me tranquei no quarto porque estava sem ânimo para continuar com a minha família. Sabia que o dia deles não havia sido tão ruim quanto o meu e que a minha energia estava arruinando com a oportunidade deles compartilharem tudo uns com os outros. Não gostava de me sentir assim, não gostava mesmo. Aqueles garotos cretinos iam me pagar um dia. Ah, se iam!

Ainda não conseguia acreditar no mole que eu tinha dado. Isso era pra eu aprender definitivamente a não confiar tanto nas minhas habilidades, ao invés de no meu raciocínio e instintos. Se eu pudesse voltar no tempo, teria me imposto quando Emmett me nomeou como monitor da aula, e escolhido a arquibancada para assistir aos exercícios, em lugar de ceder feito um idiota. Assim, eu não teria precisado de ducha nenhuma, finalizaria esse primeiro dia completamente por cima, e, quem sabe, até toparia voltar para uma segunda experiência amanhã. Mas, depois dessa fatalidade – e do fato de que amanhã, a minha imagem recorreria à intervenção de um tio para ser vingada –, eu não poderia mostrar a cara em público antes de mais uns 15 anos, no mínimo. Seria preciso rezar pra que aquele incidente não tivesse uma repercussão muito grande entre o corpo dicente da “ilustre” Forks High School. Isso já seria demais para aturar...


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