Eu estava no meu quarto ouvindo música, quando a minha mãe bateu na porta (odeio quando ela faz isso)

- Filho! Já são 11 horas, hora de estar na cama.

- Tá mãe, já tô indo.

Nossa que saco, eu já tenho 15 anos e nem posso dormir à meia-noite? No mínimo? Caramba. Desliguei meu celular (onde estava ouvindo a minha música antes da chatinha me incomodar), e abri a janela.

Eu amava subir no telhado antes de dormir e contemplar as estrelas. Elas eram brilhantes, cintilantes e alguma vez ou outra eu ficava contando quantas eu aguentava. Imaginava eu e meu pai numa aeronave quando era criança, mas ele morreu de infarto quando eu tinha apenas 10 anos. Ele era estressado a maioria das vezes, mas dizia que quando ficava assim era só vir ao meu lado, no telhado, e olha pro céu. Ajudava. Ajuda até hoje. Enquanto eu subia a escadinha que levava até o telhado, percebi que havia uma garota lá em cima. Que doida! A casa nem era dela e ela, do nada, subia no telhado dos outros? Pensando bem, ela parecia triste. E cantarolava uma música de uma língua que eu não conseguia entender. Ela usava uma camisola de manga comprida que ia até os joelhos e era branca como a neve. Ela mexia seus pés, fazendo com que a camisola flutuasse num movimento elegante. Eu percebi isso tudo em uma fração de segundos, enquanto ela olhava pra mim com uma cara de sono. Ela tinha um rosto familiar...