PDV Eloise

Flash Back on

Havíamos viajado por cerca de cinco horas, só paramos numa pequena floresta para que Isaac pudesse caçar. Eu ainda não conseguia entender como o seu autocontrole se mantivera intacto, mesmo depois da transformação.

Paramos na frente da enorme casa, conseguia sentir os cheiros diferentes que emanavam dos diversos cômodos.

- Acho que demoramos mais do que o esperado.

Virei o rosto para encará-lo, seu olhar escarlate não saia da mansão.

- Tem certeza que pode lidar com isso? Se quiser podemos ir caçar de novo. – Me referia a Nessie, obviamente.

Isaac se virou para mim e deu um meio sorriso.

- Estou bem, já passei por coisas piores.

Fiquei na ponta dos pés para estampar um beijo em seu rosto.

- Então vamos. – Segurei sua mão, e com a outra, abri a porta.

Nunca havia isto a minha casa tão lotada. Por sorte aquele pessoal todo não precisava dormir.

Meus olhos passaram pelos egípcios, os irlandeses, Tanya e Kate, Peter e Charlotte, Mary e Randall, até finalmente parar em Carlisle, Esme, Edward, Bella, Nessie e Jacob.

E devo dizer que esses últimos não estavam com umas expressões muito amigáveis. Comecei a preparar meu discurso de explicação assim que Carlisle deu dois passos em nossa direção abrindo a boca para despejar mar de perguntas que eu tinha certeza, iriam me deixar surda.

Só que nada disso aconteceu, ele parou, suspirou e disse:

- Mas o que... Isaac! O que aconteceu com seus olhos?! – E a expressão de todos passou para algo entre pena e preocupação. – Não me diga que...

- Não! – Ele cortou – Não é nada disso, parem de me olhar desse jeito. Eu não matei ninguém!

- Não? – Carlisle perguntou, com aquele ar de cientista, arqueando a sobrancelha.

Respirei fundo, seria uma longa historia.

Flash Back off

Precisamos de um bom tempo até terminar de contar o porquê de Isaac ser um recém criado agora, e mais outro bom tempo para fazê-los acreditar que estávamos dizendo a verdade e não... Endoidado de vez.

- Isso é ótimo!  - Edward disse entusiasmado. – Primeiro o escudo de Bella e agora seu poder de transformar vampiros em humanos. Realmente acho que teremos uma boa chance.

- Espere. – Olhei para Bella. – Escudo?

- Um escudo mental, na verdade, qualquer poder que afete a mente eu sou capaz de repelir. – Fez uma careta. – Estou treinando para conseguir projeta-lo para outras pessoas... Mas não está funcionando direito.

Edward passou o braço por cima de seu ombro.

- Não seja tão dura consigo mesma, está indo muito bem. Além do mais, agora poderemos contar com o poder de Eloise também...

- Mas há algo me preocupando. – Carlisle comentou da ponta do sofá onde estava sentado. – Você disse que tem que libertar todo o seu poder antes de concentrá-lo e expandir-lo para fora...

Franzi o cenho, assenti com um movimento.

- Então por um breve momento você perde todo o controle sobre ele.

- Aonde quer chegar, Carlisle? – Isaac.

- Estou querendo dizer, que se seguirmos a lógica, o uso continuo dessa nova habilidade de Eloise, fará com que ela própria se torne humana a longo prazo.  – Arregalei os olhos, não havia pensado nisso. – Não sentiu nada de diferente? Não se sentiu mais fraca?

Neguei com a cabeça, ao mesmo tempo em que tentava me lembrar de qualquer coisa que fosse diferente do meu normal.

 O barulho estridente da porta dos fundos se abrindo tirou nossa atenção da conversa, não era necessário sentir o cheiro para saber quem era o brutamontes que faria todo aquele escândalo. Emmett apareceu na porta da cozinha no instante seguinte. Seguido por Rose, Carmem e Eleazar.

Suspirei, Emmett era tão... Emmett.

- Isaac? – A voz grave de Eleazar ecoou pela sala, virei o rosto para ele, assim como todos os que estavam na sala.

- Eleazar? – Voltei meus olhos para ele, um sorriso sapeca em seu rosto. – Rá, não acredito que é você!

Flash Back on

Volterra- 1728

PDV Autora

- Diga o seu nome, meu caro.

Aro encarou o jovem vampiro a sua frente que estava sendo segurado por Felix e Demetri, havia sido pego há pouco tempo quebrando uma das maiores regras do mundo vampiro. Se expondo à luz.

A única resposta que ganhou foi um olhar de tédio, talvez fosse um recém criado que não conhecesse o seu lugar.

Suspirou.

- Jane?

A ilusão de dor criada pela pequena, fez com que o julgado sucumbisse nos seus joelhos, agoniando naquela dor imaginaria por curtos segundos, mas que para ele lhe pareceram anos.

- E então? – Aro repetiu assim que Jane parou sua tortura tão peculiar.

- Isaac... Isaac Legrand.

O centenário riu consigo mesmo e lançou um olhar divertido aos irmãos.

- Viram, Caius, Marcus, eu lhes disse que cedo ou tarde algum parente de Emanuel Legrand acabaria se transformando num vampiro. Não acham incrível como a nobreza rica tem certo apreço pela imortalidade? 

Isaac grunhiu baixo atraindo a atenção de Aro.

- Vejo que tem um temperamento rebelde, não aprendeu a lição?

- Eu não sou do tipo que aprende rápido. – Disse sarcástico.

Aro arqueou uma sobrancelha perante tamanha audácia.

- Eleazar? – Chamou, e no instante seguinte um vampiro moreno estava ao seu lado lhe oferecendo a mão para que pudesse ler sua mente. – Hmn... Entendo.

Isaac franziu o cenho, confuso com tudo aquilo, era um vampiro há apenas cinco anos e não sabia muito sobre os Volturi, mas não imaginava que seriam tão... Estranhos.

- Parece, meus irmãos, que temos um jovem com muito potencial. O dom da persuasão e outro de controlar a radioatividade.

- O que? – Isaac perguntou, até onde sabia, somente tinha um dom. – Radioatividade? – Que coisa mais ridícula era aquela.

A risada de Aro ecoou pelo salão.

- E vejam, é um dom tão adormecido que ele nem faz idéia de sua existência.  – Ficou serio de repente. – Então, Legrand, estou disposto a fazer um acordo com você, sua vida pelos seus serviços na guarda, o que me diz?

(...)

Eleazar já estava há algum tempo ajudando Isaac a desenvolver seu poder de controlar a radiação, e esse era o pior de todos os que havia visto.

- MINHAS MÃOS! QUE INFERNO! ELEAZAR EU VOU MATAR VOCÊ!

Ele sabia que Isaac não falava sério, ele era seu único amigo na guarda, todos os outros o olhavam como o revoltado que não respeitava a nada e a ninguém, e agora, como alguém muito perigoso.

Sim, aquele poder sem duvida se tornaria muito perigoso quando Isaac conseguisse controla-lo perfeitamente.

- Pare de agir como um garotinho! – Disse num tom severo. – Se não controlar esse poder, ele vai te consumir.

Isaac ainda gemia de dor, liberar a radiação de seu corpo e acumular-la nas mãos era o mesmo que queima-las. E se o brilho alaranjado se espalhasse pelo resto de seu corpo também significaria sua morte.

- É isso que você quer?! Morrer como um completo inútil?!

Balançou a cabeça e se concentrou mais naquele brilho infernal, tentando ignorar a dor.

- NÃO!

Eleazar encostou-se na parede da sala onde estavam e continuou olhando para aquele garoto. “Lutar contra si mesmo, que poder terrível.” Pensou.

E então sorriu, o brilho diminuía aos poucos e ia assumindo a forma de uma esfera.

-Muito bom, revoltadinho, continue assim.

Flash Back off

PDV Eloise

Isaac conversava animadamente com Eleazar num canto da sala quando resolvi me sentar perto de Bella.

- Bella? – Comecei.

Ela, que antes olhava para Jacob e Nessie brincando com umas bonecas, se voltou para mim.

- Eloise? O que foi?

- Onde estão Alice e Jasper? Até agora não os vi.

Sua expressão murchou, senti meu coração se apertar, o que poderia ter acontecido?

- Eles desapareceram, foram embora pouco depois de Isaac e você. – Prendi a respiração. – A única coisa que deixaram foi um bilhete.

Ai senhor, Alice, eu definitivamente vou matá-la. Aquela criatura com problemas de altura, como ela faz um negócio desses!

- Mas, vocês tentaram procura-los, seguir seu rastro?!

- Sim, mas foi em vão, eles não querem ser encontrados. Não temos idéia de onde estão.

Escondi o rosto nas mãos. Preocupação era pouco. O que ela estava pensando? E se acontecesse alguma coisa? Como entraríamos em contato? E se eu nunca mais a visse???

Tive vontade de chorar, pois Isaac poderia ser o amor da minha vida, mas Alice era a minha alma gêmea. Éramos tão parecidas em tudo, o único ser vivente (ou não) que me acompanhava nas compras e que entendia minha necessidade por unhas bem feitas e roupas combinando! A única que me apoiava nos meus planos ridículos... O que eu faria da minha vida sem ela... Ela era a irmã baixinha que eu nunca havia tido.

Senti uma mão no meu ombro. Bella me deu um sorriso confortador.

- Não se preocupe, ela sabe se cuidar. E Jasper está com ela.

Concordei com a cabeça, sorri fraco.

- É... Tem razão.

Mas eu não estava convencida... O que aquela anã estava aprontando?

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Na manhã seguinte acordei me sentindo estranha, pesada, cheia, e mesmo assim, uma sede terrível queimava minha garganta, tão forte que até mesmo o cheiro de Renesmee me pareceu tentador. Tampei o nariz na hora.

- Isaac, me tira daqui, rápido! – Falei contraindo todos os músculos do meu corpo.

Ele entendeu a emergência nas minhas palavras, e sem outra palavra, me pegou no colo e pulou pela janela do quarto, correndo em direção a floresta.

Eu nunca havia caçado tanto em toda minha vida de vampira, e o pior era que o sangue dos animais herbívoros não me agradava, e o dos carnívoros saciava em parte aquela estranha sede.

Aquela estranha sede por sangue  humano.

Joguei-me no chão encostando as costas num tronco oco, sem me importar se o musgo sujaria para sempre meu pijama caríssimo de Londres.

Escondi o rosto nas mãos, lágrimas escorreram pelo meu rosto... Eu estava com medo.

Isaac me envolveu num abraço, trazendo-me para perto de seu corpo.

- O que está acontecendo comigo? – Apoiei a cabeça no seu peito.

- Não sei... Mas não deve ser nada, não se preocupe. Nada de ruim vai acontecer. – E então beijou o topo da minha cabeça. – Eu prometo.

(...)

Carlisle não tinha idéia do que poderia estar acontecendo, Jacob insistiu para que Nessie fosse mantida longe de mim até que o meu estranho surto passasse. E por isso, Bella, Edward e Renesmee estavam no chalé.

A sede ainda arranhava a minha garganta, me obrigando a correr para a cidade e iniciar uma chacina... Por sorte, eu era mais forte. E por via das dúvidas, fiz Isaac me prometer que faria qualquer coisa para me impedir, inclusive usar seu poder. Disso ele não gostou muito.

Levantei-me do sofá onde conversávamos com as recém chegadas Zafrina e Senna. Todos olharam para mim na hora.

- Vou dormir. – Ergui as mãos como se dissesse “Sou inocente, juro”.

Subi as escadas, faltavam poucos degraus para chegar ao segundo andar. Meu celular vibrou no bolso da minha calça jeans parando completamente meu movimento.

Abri o aparelho, uma mensagem de número desconhecido:

“Será menina.

A.B.”

Nem tive tempo de digerir a informação daquela mensagem estranha, embora eu tivesse certeza de quem era seu remetente.

Minha visão ficou nublada e minha cabeça começou a girar. A última coisa que ouvi foi meu nome sendo chamado por várias vozes antes de desmaiar completamente.