Quando tudo chega àquele ponto, definido com antecedência como o final, é que nossa mente vagarosamente absorve e pede clemência à dor do vazio. Vazio esse que insulta a morte em sua vã tentativa de embalar docemente aquilo que um dia já foi o centro de seu mundo, mas agora jaz quase fétida ao chão.
Adrian Ivashkov nunca se importou com as consequências de suas escolhas, afinal jamais conhecera a dor de um coração partido. Mas, internamente, ele sempre soube que o amor de Rose por Dimitri não esmaeceria facilmente, pois ele esteve evidente em sua áurea o tempo todo.
Restou, então por fim, apenas a constante indagação sem sentido de como ele mesmo se permitira chegar a tal ponto. Masoquismo? Traços insanos do Espírito? Não, era mais que isso: a paixão feroz e avassaladora percorria seu sangue e o cegou de maneira irreversível. Ele não podia apenas culpar Rose, pois o desfecho fora um desastre mútuo.
E não era como se ele não pudesse entender mensagens subliminares, afinal quem faria de alguém - possuidora da mesma própria escuridão - sua salvação?