Eu não sou uma pessoa lá muito interessante. Tenho minhas loucuras, uma idade que não vivi e vi quase nada da vida e uma paixão irracional por livros, chá e gatos. Sou uma garota completamente normal que passa despercebida por todos os lugares. Sou uma daquelas garotas de cabelo castanho, óculos e tênis surrado qualquer que você vê correndo pela rua porque provavelmente está atrasada, porque ela nunca consegue chegar em nenhum lugar na hora. Ela também vive tropeçando e caindo pelos lugares, já até se acostumou com as risadas e agora ri junto, porque, céus, são quedas bem bobas. 

Sou uma daquelas garotas que você vê lendo um livro em um lugar qualquer e de repente dá uma gargalhada bem alta, só pra olhar ao redor e sentir uma vergonha surreal. Aquela garota que não se importa muito com aparência e prefere ficar em casa assistindo algum filme. Aquela que valoriza amizade verdadeira acima de tudo. 

Eu poderia dizer que não, mas estaria mentindo, e nossa, eu sou uma péssima mentirosa. Talvez péssima ainda seja um elogio. Eu gostaria de negar até o último segundo, mas mesmo assim, ainda estaria mentindo. Eu sou uma pessoa que confia rápido demais, que se doa rápido demais e que no final das contas sou a que mais sai quebrada. E acredite, eu já aprendi, mas mesmo assim é um defeito que se enraizou e não larga mais. Já confiei em gente que não deveria receber um mero bom dia meu. E lá vai eu, perdoar. Eu perdoo. Acredito que todo mundo merece perdão. Mas isso não quer dizer que eu vá esquecer, a dor me lembra. E então, confiar nunca mais.