Acontece que eu conheci uma garota. Num desses cafés, de manhã tentando matar a ressaca. E eu não sei em qual momento entre um Bom dia, o incrível bom humor dela em contraste com o meu mau humor, seu interesse divertido na minha desgraça de estar ali acabado diante de uma xícara de café, curtindo uma dor de cabeça desgraçada da noite passada e ela e seu livro que eu nem lembro o nome, ajeitando os óculos enormes e sorrindo pra mim que foi que alguma coisa finalmente aconteceu comigo.

Eu queria poder fazer um discurso refinado e emocionante sobre o fim do ano. Dia de Natal, um novo ano prestes a começar. Mas as condições atuais não me permitem isso. Talvez, se eu relembrasse dos tempos de criança nessas datas importantes eu tivesse algo bonito para se contar. A espera ansiosa pela comida posta na mesa e a família reunida, os irmãos, primos, os presentes. A ingenuidade nos fazendo olhar por horas o céu estrelado a procura de uma estrela cadente para chamá-la de Noel. Poder dizer depois que havia visto um relance do seu trenó antes da meia noite. E se contentar com essas coisas simples.