Eu não sabia o que fazer. Tudo o que eu queria naquele momento era sumir para sempre onde ninguém pudesse me encontrar. Eu não queria escolher. Não suportava a idéia de magoar o Josh. Ou o Aaron. Mas... e se eu não precisasse escolher um dos dois? Peguei o cartão das Caçadoras de Ártemis e olhei atentamente. E foi aí que eu ouvi: Um grito aterrorizado, abafado por alguma coisa. Neste momento não importava minha futura escolha, Aaron precisava de mim.

Eu o coloco na cama e ele me fala Papai, veja se tem monstros embaixo da cama. Eu olho para seu entretenimento e o vejo, outro dele embaixo da cama, me encarando e sussurrando Papai, tem alguém na minha cama.

20 de dezembro, Hospital St Louis, Baltimore
Sabe quando você está lendo um livro superlegal e alguém - muito cruel - lhe conta que seu personagem favorito morre no final? Você continua lendo, triste, mas ainda com a ínfima esperança de que esse alguém esteja errado. Pois é, é mais ou menos assim que eu me sinto, só que pior.
A morte está chegando para mim. É claro que está chegando para você e para todo ser vivo da face da terra, pois o único requisito para morrer, é estar vivo. Mas a minha morte se aproxima com uma velocidade assustadora; eu posso sentir seu frio congelante, mas não posso vê-la. Está se esgueirando pelos leitos e corredores desse lugar horrível, sorrateira, ávida por sangue - ela vai se frustrar, é claro, pois já perdi boa parte do meu. Sei que ela vai chegar, só não sei quando. Talvez ela se atrase, ceifando outras almas pelo caminho. Mas talvez ela chegue agora, enquanto minha mão trêmula arrasta a caneta por essa folha de papel. Então todos teriam acesso aos meus pensamentos escritos. Não, morte! Por favor espere...