"Se pode o homem se esquecer de sua Origem, não pode a Origem se desprender do homem. As causas cobram seus efeitos na trama ilusória da carne. A mãe pediu, escrevam suas vidas no meu ventre! E ao invés de poesia, o homem teceu a narrativa da guerra e da morte. Por isso, o Juiz vem corrigir o delírio de nossas escritas, de nossas escolhas. Ele apagará todos os atos de nossa conquista, todo capítulo da ascensão humana. Restará aquele, se houver o direito de aquele restar, que compôs sua vida em versos, escrevendo Amor em algum de seus estrofes."

Quanto mais contida for a palavra, mais forte e libertador será o grito. Porém, a função deste é somente quebrar o que a perfeição das coisas construiu, aos suspiros laboriosos da Senhora Tempo e seu Senhor Silêncio. Eu quero gritar, mas sei que um grito me mataria. [...]

Entre duas bocas muito se dá. Muito se pede, muito se tem. Pouco, porém, se observa.

[...] De certo, aquilo seria algum flerte para se aproximar dela, a moça pensou. Mas o mal estar visível do rapaz não podia ser fruto de mera interpretação. [...]

[...] Numa madrugada, enquanto todos dormiam, Eçabará foi até a margem do rio mais próximo. Lá, depois de muito chorar e refletir, resolveu por fim à sua mágoa. Com uma pedrinha, dessas de beira-rio, esmurrou o próprio peito até tirar seu coração e o jogar na correnteza. Voltou para aldeia se sentindo mais leve, disposto como nunca esteve. [...]