Apaixonada por Um Fantasma escrita por Gibs


Capítulo 4
Capítulo 3 - Não lembro o nome dela!


Notas iniciais do capítulo

olá tchucas, tudo certinho?
estou com dúvidas do que vestir pra ir a boate, cês podem me dar algumas sugestões? xD



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Aqueles olhos verdes, aquela feição de dor e confusão. Queria tanto saber mais sobre ele, tanto. Ele aparecia novamente, sei que sim. E mais uma vez, eu sonhei.

“Eu estava no meio de escombros. O fogo queimava alguns carros, e ao longe vi uma caminhonete. Fui até ela e vi uma mulher deitada perto da mesma, ela estava inconsciente. Agachei e vi um rapaz. Era o mesmo que havia falado comigo. Ele estava de olhos abertos e me fitava, sua respiração estava desregulada. “Me ajude” - me pedia. Aquela voz era sufocante. A fumaça embaçava minha visão. Eu tentava chegar nele. Precisava tira-los do meio daqueles pedaços de metal que os matava, mas não conseguia. Quanto mais eu tentava me aproximar, mais eu me via longe dele. Consegui tocar na mulher, ela ainda estava viva. Levantei-me e olhei ao redor, havia ocorrido uma batida feia. Carros, caminhões, motos... Centenas de pessoas haviam se machucado, morrido. Vi uma profusão de fantasmas. Vinham em minha direção. “Me ajude, só você pode nos ver” - falavam. Agachei novamente e olhei para o rapaz, seu olhar estava petrificado em mim, ele havia morrido.”

Acordei assustada com minha mãe me sacudindo.

– Acorde! Você tem hora pra escola. - falou ela. Olhava-me como sempre. Como se eu fosse doida. Ela me deixou ali e foi pra cozinha. Sentei-me no sofá e olhei para ela, que já começava a preparar o café. Levantei-me e subi pro meu quarto. Tomei um banho demorado, deixando que a água escorresse por mim, levando consigo aquela sensação de perda. Sai do banho enrolada na toalha. Coloquei uma calça, uma blusa e meu casaco, meu tênis e fiz um rabo de cavalo, deixando minha franja de lado, peguei minha mochila e desci. Fui até a cozinha, coloquei minha bolsa no chão e tomei meu café, minha mãe saiu da mesma, subindo as escadas. Ouvi a batida de seu quarto. Ela se trancara lá dentro, mais uma vez.

Desde o dia que minha avó morreu minha mãe não foi mais a mesma. Talvez me culpasse por isso ou tivesse inveja por eu ter sido a última a vê-la. Viva ou morta. A mãe que eu conheci até meus oito anos havia sumido. Desde que soube de meu dom, ela mudou muito. Tentei até entender, mas foi impossível. No inicio, eu a odiava por proporcionar mais dor e repulsa por meu dom, porque fazer o que eu faço só me faz afastar pessoas que me importo. Porém, decidi deixar pra lá. Como minha vó dizia: “Não deixa que ninguém a julgue, você é como você é”. Ou seja, não seja outra pessoa só porque não gostam do seu jeito, se você é feliz assim, mesmo sendo especial, não há quem lhe diga que você não pode ser feliz. Então, decidi deixar pra lá, não faria diferença tentar alguma aproximação, seria perda de tempo.

Terminei de tomar café e sai pra escola. Ao chegar à mesma, encontrei Alan e Dana. Abraçaram-me e fomos para sala. Ao entrar, o vi parado perto da janela. O olhei e baixei os olhos quando encontrou meu olhar. Ele sorriu em resposta. Sua fisionomia estava diferente, estava mais... Alegre? Algo aconteceu. Olhei em volta, a sala estava cheia e o professor já havia chegado. Fui até minha mesa e me sentei, ele estava parado ao meu lado.

– Qual seu nome? Por que só você pode me ver? - perguntava. Ele abaixou ao meu lado, o olhava de relance. Dana e Alan me fitavam. Eu os olhei e engoli em seco. Eram os únicos que sabiam do meu segredo e os únicos que ainda estavam ao meu lado, mesmo sabendo disso. Eram os únicos com quem eu podia contar.

– Professor, posso ir ao banheiro? - pedi, levantando a mão. Ele assentiu e eu me levantei, olhando para o chão. Sai da sala e fui para o banheiro, vi se tinha gente lá dentro, e constatando que não, fechei a porta. Ele apareceu atrás de mim, me dando um susto.

– Qual seu nome? - me perguntou de novo.

– Victoria. - falei, o olhando admirado com sua beleza.

– Eu sou Sebastian.

– Prazer Sebastian.

– Por que só você me vê? - disse ele, sumindo e aparecendo atrás de mim.

– Por que eu vejo fantasmas. - ele deu um passo para trás quando lhe disse isso.

– Eu não posso ter morrido. O que está dizendo?! - gritou. Assustei-me. Ele começava a ficar agitado. As lâmpadas do banheiro piscavam.

– Calma, não fique assim. Está tudo bem. - dei um passo pra frente e ele parou, me fitando.

– Como ficar tudo bem? Eu estou morto! - gritou. As luzes se apagaram e acenderam de novo.

– Eu vou te ajudar. - murmurei, orando para que ninguém aparecesse agora. - Se acalme.

– Você é algum tipo de médium?

– Não. – falei rindo.

– Então... - disse, cruzando os braços.

– Eu tenho um dom. Eu vejo fantasma e os que estão presos aqui, eu os ajudo a atravessar.

– Não estou preso aqui. – disse, franzindo o cenho.

– Está sim, senão teria ido para luz. Tem algo aqui que o prende a Terra.

– Você sabe o que é?

– Pode ser algum familiar ou algo pendente. - falei, encostando-me à porta. - Algo que você tenha que fazer.

– E você vai me ajudar a descobrir. - não foi uma pergunta, foi como ... Uma ordem.

– Vou fazer o máximo.

– Não, você tem que me ajudar... - ele deu mais um passo na minha direção. Tentou me tocar mais não conseguiu.

– Você não pode me tocar, eu posso te sentir, mas não como um toque normal.

– Mas eu consigo mover coisas. - disse, dando um sorriso.

– Sua energia funciona melhor com objetos, mas é difícil para você agora, neste estagio, poder tocar em uma pessoa.

– Mas eu conseguiria? - perguntou, me olhando de cima a baixo.

– Sim, se ficasse tempo para isso na Terra. – falei. Algo brilhou em seus olhos.

– Só me ajude a encontrá-la. - murmurou, sumindo.

– Quem?

– Eu.. Não lembro o nome dela! - ele apareceu, me olhou, preocupado. - Mas que merda! - exclamou, sumindo.

– Sebastian? Sebastian? - o chamei. Ouvi baterem na porta, a abri e vi que era Dana.

– Você está bem? - perguntou ela.

– Estou com dor de cabeça. – menti.

– Outro fantasma?

– Sim. - confessei.

– Qual a historia dessa vez? - disse, entrando no banheiro.

– Ouve um acidente de carro e tinha uma mulher... Acho que ela pode estar viva.

– O que? Mas quem é o fantasma? – perguntou ela, olhando ao redor.

– É um rapaz. - falei. Fui até a pia e abrindo a torneira, fiz uma concha com as mãos jogando um pouco de água em meu rosto. Peguei algumas folhas de papel e sequei meu rosto.

– Jovem?

– Deve ter 20, 21. – deduzi.

– Jovem. E o que ele quer?

– Que encontre essa mulher. - jogando o papel no lixo, a fitei.

– Namorada? – perguntou, franzindo a testa.

– Não, provável que não. Talvez a mãe, ou alguém próximo.

– Temos que voltar Vic. O professor me mandou vir aqui ver se você estava bem, estava demorando muito.

– Tudo bem, vamos. - saímos do banheiro e voltamos para sala. Ao entrarmos, o professor perguntou se estava tudo bem, lhe disse que estava com dor de cabeça, mas já estava passando. Sentei-me em meu lugar e as aulas transcorreram normalmente. Olhei para fora da janela e vi que Sebastian olhava para mim lá de fora. Sorri ao vê-lo e ele sumiu.



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Notas finais do capítulo

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