Dream Land - o Jardim escrita por PerkyeFreak
[Narr. Anne]
Faltei à escola,e disse para a Raimunda não voltar em casa para trabalhar.
Queria que o Elliot estivesse aqui, ele poderia me ajudar.
Uma vaga lembrança do dia que conheci o Elliot passou pela minha cabeça.
Foi no jardim, eu tinha 10 anos, fazia seis meses que havia acontecido o acidente. Estava debaixo de uma macieira do jardim, comendo maçãs. E uma flecha acertou logo acima de minha cabeça, acertando a árvore.
Quase me engasguei com a maçã e tremi de medo.
Um menino que parecia ter uns 14 anos, alto e de cabelos ruivos e longos saiu do meio das árvores. Mas não me assustei pelo fato de que a flecha quase me matou, e sim de que existia alguém lá além de mim.
Ele veio andando na minha direção com uma expressão séria, segurando um arco e flecha.
-Quem é você? E o que faz na passagem? – Ele mirou a flecha em mim.
Não disse nada, só consegui ficar encarando com um ar de medo.
-Responda. – Ele disse com voz firme.
-E-Eu sou uma menina. – Foi à primeira coisa que vem a mente.
-Eu sei que você é uma menina, mas não foi isso que perguntei. O que você é? – Ele repetiu mirando a flecha em mim.
Repeti a pergunta em minha mente. Lógico que eu sou humana. - Pensei.
-Eu sou...humana.
-Não, você é de Dream Land ou de Nightmare Land?
-Nenhum dos dois, eu sou uma humana e sou do Brasil.
-Humana? – Ele repetiu em voz baixa franzindo a testa, em seguida abaixou o arco.
-Sim, você não? – Perguntei meio tom de ‘’dã’’.
Ficamos um instante sem dizer nada, então eu disse.
-Você...quer uma maçã?
Ele ficou frustrado, mas logo sentou-se debaixo da macieira comigo.
Se desculpou, pois nunca havia visto uma humana. Perguntei o que ele era então, um pouco com medo da resposta, e ele disse:
-Meu nome é Elliot. Sou um elfo paladino da família Vanyar, da floresta cinzenta de Dream Land.
-Hum...prazer Elliot, meu nome é Anne, da família Hanson, e moro no Rio de Janeiro.
Ele sorriu.
-O que é este lugar? – Perguntei.
-É o que fica entre a realidade que não existe para você, e o seu mundo.
Explicou bem hein. – Pensei.
-O que tem além dessa floresta? – Eu perguntei.
-Um mundo diferente do seu.
-Diferente como?
-Ele é dividido por duas terras, Dream Land e Nightmare land.
-Hum...nunca ouvi falar.
-Porque ele é selado com duas chaves. E cada chave fica nessas duas terras, sendo protegidas a qual quer custo para não serem roubadas.
-Por que não? Vocês têm medo do meu mundo?
-O seu mundo tem medo de nós.
-Eu não tenho medo de você. – Eu disse.
-Humpf, á alguns minutos atrás tinha. – Ele respondeu com um sorriso provocador.
-Estava assustada, é diferente.
Ele sorriu.
-Por que meu pai, ou meus amigos não conseguem te ver quando dormem? – Perguntei.
-Por que você é...especial
-Como especial? É algum tipo de deficiência?
-Você é...como chamaríamos no nosso mundo...um sonhado. São pessoas que podem visitar esse mundo, tanto Dream Land quanto Nightmare Land. São pessoas raras. É algum tipo de...poder que é passado de geração em geração, quando a pessoa morre.
-Você é real?
-Eu sou real, este mundo é real.
Ele se levantou e foi andando em direção ás árvores, parou e disse:
-Adeus, Anne Hanson.
-Espere!
Eu me levantei e corri para abraçá-lo.
-Não vá, eu não quero ficar sozinha.
Meu estômago interrompeu o meu flashback.
Fui na cozinha pegar algo para comer, abri a geladeira e encontrei maçãs. Peguei uma, sorrindo como boba me lembrando daquele dia.
Derrepente algo fez barulho no meu quarto, como se algo tivesse caído.
Fui ao meu quarto devagar, com a maçã na mão. A porta do meu quarto estava encostada. Fui abrindo devagar para olhar o que tinha lá dentro e...
Encontrei o Elliot.
-Elliot! – Disse correndo em sua direção para abraçá-lo. Finalmente algo bom aconteceu!
-Uh, oi Anne. – Ele respondeu meio assustado.
-Pensei que você não poderia ir além do jardim, o que está fazendo aqui?
-Claire, uma das integrantes do conselho de Dream Land me mandou eu vir te buscar.
-Me buscar?
-Roubaram a chave de Dream Land, Anne.
-Quem ?
-Não temos certeza...
Franzi a testa e olhei bem a expressão do Elliot.
-Foi ela não é? – Eu senti o tom da minha voz mudar.
-Precisamos ir, agora.
-Antes preciso lhe mostrar uma coisa.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas fui correndo para o meu quarto, e peguei a foto – a do suposto reflexo da menina no vidro – que estava na mesa do meu quarto.
Peguei a foto e mostrei ao Elliot.
-O que aconteceu com o seu pai?
-Eu não sei. – Eu disse com um nó na garganta. – Ele simplesmente não veio.
-Já basta, Anne. – Ele disse com uma voz meio tensa. – Vamos voltar á Dream Land. – Ele se virou.
-Espere. Co...como você veio ?
Acho que deu para entender.
Ele suspirou. Acho que eu nunca o vi tão sério .
-Chave réplica. Como já diz o nome, é uma réplica da chave original. A diferença é que só pode ser usada duas vezes. Uma vez para ir, e outra para voltar. E não é tão poderosa quanto a original. Os membros do conselho me deram, está...chovendo em Dream Land. – Ele retirou do bolso, uma chave dourada do tamanho da palma da minha mão, inteiramente enfeitada e esculpida.
Ele fez um gesto de como quem tivesse abrindo uma porta no ar, em seguida empurrou literalmente o nada como quem estivesse abrindo uma maçaneta, e um portal surgiu na minha frente, dava para ver dentro dele.
O jardim... – Pensei semi-boquiaberta ao ver o jardim do outro lado do portal.
-Não acha que seria mais seguro se eu ficasse aqui? Não me sinto confortável, indo na direção de alguém ou algo que roubou o item mais poderoso de Dream Land e seqüestrou o meu pai.
Que por algum motivo, não me levou junto... – Pensei.
-Eu não ficaria seguro em estar em um lugar, sabendo que o que veio até o quarto do seu pai na sua casa, pode fazer de novo. – Ele fez uma pausa e entrou no portal. -Então, você não vem? – Ele sorriu.
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